segunda-feira, 25 de setembro de 2017

NOVO PR DE ANGOLA | 40 mil pessoas no acto de posse



A Praça da República tem tudo a postos para acolher amanhã o segundo acto solene de investidura de um Presidente da República de Angola escolhido nas urnas. Em 2012, na mesma data e local, José Eduardo dos Santos tomou posse como Presidente eleito.

Os chefes de Estado da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, e de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, são aguardados hoje em Luanda, onde testemunham, amanhã, a investidura do Presidente da República eleito, João Lourenço. Os dois estadistas, convidados pelo Presidente da República cessante, têm encontros separados com José Eduardo dos Santos, no Palácio da Cidade Alta.

José Mário Vaz tem ainda agendado um encontro com a comunidade guineense residente em Angola.  

Dois dias antes de desembarcar em Luanda, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu nunca se sentir desconfortável quando defende os interesses de Portugal depois de ser confrontado com acusações do vice-presidente da UNITA, Raúl Danda, que em entrevista à Lusa considerou que Portugal se tem “vergado” nas relações com Angola, colocando-se numa “situação de verdadeira dependência”.

O estadista português recordou, a propósito, que as diversas forças políticas concorrentes às eleições em Angola reconheceram a vitória do MPLA, justificando por isso as felicitações que dirigiu a João Lourenço, o Presidente da República eleito.

“Felicitei o Presidente, tendo presente que as mais diversas forças políticas reconheceram que houve a vitória de uma força e, de acordo com a lei angolana, bastava uma força política ter mais um voto do que as demais para o cabeça de lista dessa força ser Presidente da República”, disse.

Em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita que fez à Festa do Outono, que decorre este fim-de-semana, em Serralves, no Porto, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que “ninguém discutiu, nem a nível internacional, nem a nível interno, que tenha havido uma força vencedora” em Angola.

Tendo sido “respeitada a lei eleitoral e a Constituição” angolana, “há um Presidente eleito, e o Presidente da República de Portugal, uma vez convidado, vai à posse do novo Presidente da República de Angola pensando nas relações fundamentais que existem entre milhares e milhares de portugueses que estão em Angola e também alguns milhares de angolanos que estão em Portugal”, acrescentou. Marcelo Rebelo de Sousa referiu ainda que existe “uma relação muito especial no quadro da Comunidade de Países de Língua portuguesa” e que por isso “Portugal deve estar presente, sempre que possível, na posse dos chefes de Estado de países de língua portuguesa”. Nas declarações que prestou à Lusa, o vice-presidente da UNITA considerou que “o facto de lá para trás Portugal ter colonizado Angola não devia fazer com que se jogasse um papel mais ou menos inverso, que é o que eu observo”. “Se surge um órgão de comunicação social a falar de um membro do Governo (angolano), uma alta figura na hierarquia do MPLA, zangam-se, fazem uma birra que nem crianças, agora não queremos mais Portugal e Portugal verga. 

Quando Angola diz que a ministra não vem, agora não queremos, Portugal verga. Quando gritam agora podem vir para vir à tomada de posse (do novo Presidente, João Lourenço), Portugal verga”, afirmou. Para o dirigente do maior partido da oposição em Angola, “por uma questão de dignidade, a determinada altura é preciso que olhemos para os outros de igual para igual”. Actualmente, existe “uma relação de verdadeira dependência de Portugal em relação a Angola" e isso "não é bom”, frisou Raúl Danda.

Enviado de Mugabe


O Vice-Presidente do Zimbabwe, Phelekela Mphoko, chegou na noite deste sábado a Luanda para, em nome do Chefe de Estado zimbabweano, participar no acto de investidura do Presidente da República eleito.

Primeira entidade a escalar a capital do país para o acto de investidura de João Lourenço, Phelekela Mphoko recebeu, no Aeroporto 4 de Fevereiro, cumprimentos de boas-vindas do secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto.

Ontem, chegou a Luanda  o ministro timorense dos Negócios Estrangeiros, Aurélio Guterres, que representa no acto o Presidente Francisco Guterres “Lu-Olo”. No aeroporto, o dirigente timorense recebeu cumprimentos de boas-vindas do director para Ásia e Oceania do Ministério das Relações Exteriores, Agostinho Fernandes.

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, é outra das personalidades internacionais que figuram na lista de convidados para a cerimónia de investidura.

O convite foi formulado pelo Presidente cessante, José Eduardo dos Santos, e entregue na semana passada pelo representante permanente de Angola junto das Nações Unidas, em Nova Iorque, Ismael Martins.

Mais de 40 mil pessoas são aguardadas na Praça da República

O vice-governador de Luanda para Área Técnica, Joaquim Malichi, garantiu que tudo está a posto para a realização, amanhã, do acto solene de investidura do novo Presidente da República eleito.

A estimativa é que 40 mil pessoas, entre individualidades nacionais e estrangeiras, vão dar à Praça da República,  na Marginal da Praia do Bispo, para assistir à investidura de João Manuel Gonçalves Lourenço, eleito Presidente da República nas eleições de 23 de Agosto. “Trabalhamos arduamente e não tivemos qualquer constrangimento. Temos tudo organizado de formas a receber o novo Presidente nesta terça-feira. Serão 40 mil pessoas sentadas nesta cerimónia”, disse Joaquim Malichi.

Segundo o vice-governador de Luanda, vão ser instalados oito postos de atendimento médico para a população, assim como transportes que estão mobilizados por distritos e municípios. “Vamos ter uma cerimónia bonita e teremos a nossa população em ordem e com disciplina”, garantiu.

João Lourenço, 63 anos, é o segundo Presidente da República eleito em eleições democráticas e pluripartidárias na história da democracia em Angola. Candidato pelo partido MPLA, João Lourenço arrebatou o eleitorado com um discurso pragmático centrado na máxima “corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”.

Combater a corrupção, diversificar a economia, reduzir as assimetrias regionais e melhorar a eficácia da acção governativa são alguns dos compromissos assumidos por João Lourenço, que sucede assim a José Eduardo dos Santos, o primeiro Presidente da República eleito na história da democracia angolana.

O local em que vai decorrer o acto de investidura tem um grande significado, pois a Praça da República faz parte do Memorial Dr. António Agostinho Neto, onde repousa o Fundador da Nação.

Jornal de Angola | Foto: Jaimagens | Edições Novembro

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