Martinho Júnior | Luanda
... “Una
importante especie biológica está en riesgo de desaparecer por la rápida y
progresiva liquidación de sus condiciones naturales de vida: el hombre.
Ahora
tomamos conciencia de este problema cuando casi es tarde para impedirlo”…
… “Cesen
los egoísmos, cesen los hegemonismos, cesen la insensibilidad, la
irresponsabilidad y el engaño.
Mañana
será demasiado tarde para hacer lo que debimos haber hecho hace mucho tiempo”.
1-
Por incrível que possa parecer a um extraterrestre recém-chegado à Terra, ainda
que sábio conhecedor das infinitas linguagens da nossa Torre de Babel, o homem
está hoje em unidade, com os sentidos em uníssono nas coisas que ao espaço
dizem respeito em pleno século XXI, mas dilacera-se à superfície, na agónica
atmosfera, como nas profundezas do subsolo, como se estivesse no século XII, ou
XIII, ali onde se sente feudalmente sugado até à morte…
Será
um efeito da gravidade do misterioso planeta azul que é sua casa comum?…
Mesmo
que o extraterrestre conseguisse decifrar todas as linguagens e gestos humanos,
ser-lhe-ia indecifrável esse comportamento do homem com os pés no chão e
consciência no espaço, mesmo que percebesse muito de psicologia, de sociologia,
da antropologia, de história, de economia, de finanças e até do homem voltado
para a fascinação exterior…
A
Terra assemelha-se de facto, com essa humanidade, neste ano da graça cristã de
2017, a uma azotada nave de loucos!...
2-
Há uma dialética entre o que é da civilização e o que é da barbárie inerente à
morfologia e complexa textura humana, que mesmo em pleno século XXI se torna
indecifrável, quando sem fronteiras está no espaço e desamparado inventa
alucinado tantas fronteiras e muros, a ponto de perder o próprio pé na Terra,
numa exposição capaz de corroer intestinamente qualquer extraterrestre e
moer-lhe a paciência até ao infinito!
A
coisa é de tal maneira grave para o homem de pés no chão, que uma votação
abrangente (122 países dispostos a assinar) a favor dum Tratado de Proibição de
Armas Nucleares na Assembleia Geral da ONU, foi sacudida com a oposição da NATO
(imposta por tabela a todos os vassalos dos Estados Unidos dentro dessa
organização, incluindo os de “brandos costumes”), contra a iniciativa, i
que não deixa de ser sintomático depois do veto de Trump ao Acordo climático de
Paris!
Consta
que o homem sem fronteiras e sem qualquer problema de linguagem no espaço, em
breve pode estar na Lua, ou em Vénus, ou em Marte, continuando a saga dos
primeiros passos no sistema solar e perscrutando o universo a partir de outras
gravidades, de outros ângulos, de outras paragens, de outros módulos!...
…Mas
no chão da Terra, onde a gravidade terráquea deveria propiciar o melhor dos
equilíbrios, há cada vez mais tensões, conflitos e guerras, cada vez mais
ambientes degradados, cada vez mais alienadas religiões e caos e terrorismo e
fome e desamparo e miséria e muros… sempre os muros!...
Para
os “deuses da loucura” como Trump, até os furacões dão uma ajuda: é
só constatar a obstinada crueza de suas declarações em Porto Rico!
60
anos depois do lançamento do Sputnik, a mentalidade humana está ainda agrilhoada
a um passado remoto, à barbárie, em todos os seus ciclos de vivência, desde o
seu berço à sua morte, mesmo que pelo caminho não haja equívoco algum, como se
um atavismo molecular intransponível o estivesse a prender definitivamente à
irracionalidade… e a civilização fosse algo que apenas tivesse a ver com a
consciência no espaço e… sem pés na Terra!...
Martinho
Júnior - Luanda,
6 de Outubro de 2017
Fotos:
1 - Imagem-testemunho dos episódios da fome na Terra
2 - Lançamento do Sputnik, o primeiro satélite artificial, há 60 anos
A
LENDA DO SPUTNIK!
Há
60 anos o Sputnik voou em órbita e transformou-se no primeiro satélite do
espaço. Seguiu-se a cadela Laika, Yuri Gagarin e Alexei Leonov – uma lista de
lendas espaciais soviéticas, que deixaram um legado que ainda continua.
Tudo
começa no museu privado da RSC Energia, a empresa pública russa que
construiu o primeiro satélite do mundo: o Sputnik-1. Neste espaço, que guarda
tesouros de Moscovo, entre sondas espaciais pioneiras está uma das peças do
Sputnik, construída em 1957.
O
nosso guia é o cosmonauta (e herói da Federação Russa) Alexander Kaléry.
Relembra como o primeiro satélite foi projetado para ser simples e eficaz:
“Após
os primeiros lançamentos bem sucedidos do R7 foi-me sugerido o lançamento de um
Sputnik, o mais simples possível. O que significava que não não era suposto que
tivesse nenhum equipamento científico, apenas baterias, um sistema de regulação
térmica e um módulo de transmissão”.
O
Sputnik foi lançado a 4 de outubro de 1957.
Simples e eficaz – transmitiu um sinal único da Rússia para o mundo. “Acredito que foi muito importante emocionalmente, para todo o povo soviético. Já que foi um avanço sério, a prova do progresso tecnológico e a prova do sucesso dos programas que estavam em andamento – liderados por Sergey Korolev e outros cientistas. No total, conseguiram criar uma indústria espacial que é líder mundial em muitas áreas”, diz o diretor geral da Roscosmos, Igor Komarov.
Há
60 anos, a notícia espalhou-se à velocidade da luz. Segundo Roger-Maurice
Bonnet, antigo diretor científico da ESA: “Foi um evento importante, foi o
início da conquista do espaço por parte dos soviéticos – que ninguém esperava.
Estávamos à espera que fossem os americanos, é claro. Eles vieram mais tarde,
mas foi o pânico nas capitais do oeste, ao saber que os russos, os soviéticos,
eram capazes de fazer tal coisa.”
O
historiador de ciência e tecnologia John Krige explica: “O Sputnik foi
extremamente importante porque lançou a corrida espacial com os Estados Unidos
– entre os Estados Unidos e a União Soviética. Muitas vezes, as pessoas
compreendem mal a sua importância e pensam tratar-se de um satélite, mas a
principal ameaça do Sputnik foi o míssil que o colocou no espaço. Foi um míssil
balístico intercontinental que a União Soviética havia desenvolvido, testado no
mês anterior pela primeira vez e, pela primeira vez na história, os Estados
Unidos sentiram-se ameaçados”.
Com
a corrida espacial em andamento, Sergei Korolev e os seus engenheiros avançaram
rapidamente. Menos de um mês depois do Sputnik-1 lançaram o Sputnik-2, com a
cadela Laika a bordo. Tornou-se no primeiro ser vivo no espaço – embora tenha
morrido devido ao sobreaquecimento no início do vôo.
Os
veteranos como recordam o momento: “Sergei Pavlovich Korolev estabeleceu a
tarefa de criar uma nave espacial tripulada com o satélite Vostok, que foi
utilisado para lançar o primeiro Sputnik. Foi lançado um estudo sobre o
recrutamento da tripulação da nave espacial entre os pilotos de testes de
aviões de combate. Em 1959 já estávamos no primeiro grupo de testes”.
“O
governo lançou o programa da futura exploração do espaço. Neste documento,
mencionou estações automáticas a voar até à Lua, voos para Marte e Vénus,
mencionou o envio de seres humanos para o espaço, falou sobre o homem a colocar
os pés em Marte, Vénus e na Lua e a construir estações nesses locais. Não se
esqueça do facto que estávamos em dezembro de 1959!”, adianta Alexander Kalery.
O
primeiro homem no espaço, a primeira mulher no espaço, os primeiros passos no
espaço, a primeira nave espacial na lua, a primeira nave espacial em Vénus e o
primeiro pouso em Marte – assim começou uma verdadeira epopeia para a Rússia.
No entanto, com os desembarques na lua, por parte dos EUA, em 1969, a
corrida espacial que o Sputnik deu início terminou. O legado do Sputnik
continua: o cosmódromo de Baikonur, de onde foi lançado, ainda serve os
astronautas que partem para a Estação Espacial Internacional.
Hoje
em dia, trata-se de uma estreita colaboração com a ESA e com
a NASA e não de concorrência, como diz Igor Komarov: “Agora, acredito
que estar em primeiro lugar não é tão importante. O que importa é o que
pretendemos fazer com os nossos parceiros. Falo das explorações inovadoras
realmente importantes. Entre elas está a ExoMars; a segunda etapa com
lançamento em 2020 – e agora estamos na fase de preparação. Também falo das
explorações na Lua que nos vão aproximar da exploração do ambiente lunar para o
estabelecimento de uma estação habitável na Lua, que pode ser visitada”.
Semelhantes
missões na Lua e Marte teriam certamente agradado os engenheiros e cientistas
do Sputnik, cuja visão, energia e ambição ainda estão presentes – 60 anos
depois.
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