O
Presidente da Guiné Equatorial apresentou-se hoje como um "líder
democrático", instantes após ter votado nas eleições legislativas e
autárquicas, e pediu a punição da "violência" praticada alegadamente
pelos opositores do partido "Cidadãos para a Democracia" (CI).
"O
Presidente tem demonstrado ser um democrata que defende a democracia",
disse Teodoro Obiang aos jornalistas no antigo edifício das relações exteriores
onde votou, falando de si próprio na terceira pessoa: É "um Presidente que
está no poder não pela violência, mas pela vontade popular".
Na
campanha eleitoral verificaram-se confrontos na localidade de Aconibe entre a
polícia e apoiantes do CI, uma situação que Obiang quer ver esclarecida com as
instituições judiciais, como disse aos jornalistas logo após ter votado.
"Não
é o Presidente que tem de decidir sobre o que há que fazer com as pessoas que
não praticam a nossa teoria, mas sim as instituições do Estado: o defensor do
povo e o procurador-geral" da República, que devem "penalizar as
pessoas que criam instabilidade no país", disse o chefe de Estado,
acompanhado da primeira primeira-dama, Constança Obiang Mangue.
O
casal presidencial foi recebido pelo presidente da Junta Eleitoral do país e
teve direito a um tapete de boas vindas com dois cadeirões no átrio do edifício
do ministério.
Todos
os observadores internacionais na ilha de Bioko, onde se localiza a capital,
foram chamados para acompanhar a votação de Obiang e da primeira dama das suas
quatro mulheres oficiais.
O
também líder do Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE, com uma maioria
avassaladora de 99 eleitos em 100 lugares no parlamento) explicou que a sua
formação está "a cultivar a teoria do ensaio democrático, que consiste em
desenvolver a cultura democrática de paz, harmonia e solidariedade entre todos
os guineenses".
"Esperamos
que todos os cidadãos aprendam essa teoria, mas estamos a dar conta que alguns
cidadãos não estão a seguir esta teoria e cultivam a violência", que
"é igual àquela que acabámos no regime de triste memória", disse
Obiang, numa referência ao seu antecessor direto e tio Francisco Macías,
derrubado em 1979.
Hoje
"estamos a verificar agressões às forças armadas. Não é nosso desejo que a
Guiné Equatorial volte a conhecer os tempos duros do passado", pelo que
"espero que as instituições decidam sobre o que fazer com essas pessoas
que têm protagonizado a violência e agressões as forças armadas", afirmou.
Em
resposta à agência Lusa, Teodoro Obiang afirmou que esta é "a primeira vez
em todas as eleições que se registam casos de violência contra as forças de
ordem pública", desta vez protagonizadas por um "partido recém-reconhecido
que está a praticar a falta de respeito à lei e à ordem".
300
mil equatoguineenses votam hoje nas eleições legislativas e
autárquicas do país, uma eleição em que concorrem três forças partidárias: o
PDGE, a coligação Juntos Podemos e o CI.
O
país é governado desde 1979 por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo e tem sido alvo
de várias acusações de violações dos direitos humanos e das liberdades
políticas.
Terceiro
maior produtor de petróleo da África subsariana e com uma população de apenas
1,2 milhões de pessoas, a Guiné Equatorial é um dos países com mais rendimento
'per capita' do mundo, com dezenas de edifícios públicos de grandes dimensões e
uma construção urbana única no continente.
PJA
// ZO // LUSA
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