terça-feira, 15 de agosto de 2017

Quem ganha com os incêndios? | PERGUNTA SEM RESPOSTA E AS MÁS CONSEQUÊNCIAS À VISTA



Carlos Tadeu, Setúbal

Têm sido aos largos milhares os operacionais nos combates aos fogos em Portugal. No passado sábado foi batido o recorde de 268 ocorrências de fogos em todo o território nacional. Fogo de ignição espontânea? Mão criminosa? São muitos os que estão convencidos de que a maioria dos fogos têm origem em mão criminosa. Há os que dizem com objetividade que "A culpa não é do tempo. A meteorologia não provoca incêndios".

Isso mesmo é título na página da TSF de 13.08 que adianta que de “acordo com os dados da Autoridade Nacional de Proteção Civil, no sábado foi o dia do ano com mais incêndios: 268 ocorrências, que mobilizaram 6.553 operacionais.”

O que se suspeita com toda a legitimidade é que há algo ou alguém que de forma organizada dá origem a estes fogos. Essa pelo menos é a crença popular. Alguns eventuais incendiários estão referenciados e incriminados pelas autoridades policiais, se são ou não os culpados está por saber. O que não está por saber é que a quantidade de fogos é muito superior aos eventuais causadores dos incêndios. Nem está por saber que há fogos que são propagados e têm um “desenho” inicial em linha reta. A esses os populares dão-lhes o nome de “voadores” porque há quem diga que vê aviões a largarem fogo à floresta. Diz-se tanto que algumas versões deverão corresponder à realidade sobre o acontecido. É isso que importa investigar a fundo.

Um testemunho no Facebook dá a saber sobre isso, assim como a enorme desilusão que invadiu quem viu, deu conhecimento às autoridades, identificou-se e… nada mais soube, nem o contactaram. Eis o escrito:

“Eu há uns anos vi, no Guincho, um avião, daqueles amarelos usados para apagar incêndios, pegar fogo à Serra. Eu vi. Ninguém me contou. Vi e telefonei para a Judiciaria identificando-me e prontificando-me para dar testemunho. Até hoje!! Se os radares conseguem identificar os raios e as nuvens também conseguem identificar os aviões que passeiam por cima das florestas antes dos fogos. Ou pelo menos conseguem identificar os aviões que levantam voo dos aeródromos. Ou nem isso? Portugal está entregue à bicharada. (Francisco Múrias)”

Também no Facebook um outro desabafo a finalizar: “Cabe à PJ e às secretas que são pagas com o nosso dinheiro desmascarar quem manda e ateia fogos, principalmente os despoletados via aérea. Queremos ver finalmente resultados e apuramento da verdade.”

No caso de Sintra, volvidos alguns anos, talvez fosse esclarecedor ir fazer contas sobre os terrenos que estavam incluídos na “paisagem protegida” ou algo que se lhe assemelhasse, em que não era permitido construir… E agora, na atualidade, esses terrenos estão ou não urbanizados? Estão ou não pejados de habitações (vivendas) cujo acesso é só para os muito ricos?

Quem ganha com os incêndios? Pergunta que não tem resposta concretas, plausíveis, por parte dos altos responsáveis da governação e instituições envolvidas no “negócio” dos fogos e da floresta.

Madeira | ALBUQUERQUE E CAFÔFO VÃO SER RESPONSABILIZADOS OU A CULPA É DO CARVALHO?



Funchal: Queda de árvore faz 13 mortos e 50 feridos, informa Proteção Civil regional

Governo decreta 3 dias de luto regional. Presidente Marcelo vai à Madeira juntar-se às famílias enlutadas. Já se fala no eventual prejuízo para o turismo, que não, dizem responsáveis da Madeira. A queda de uma árvore da grande porte não vai afetar o turismo madeirense. É a crença experimentada.

"Queda de uma árvore de grande porte faz treze mortos e 50 feridos, sete dos quais em estado grave. Árvore caiu no Largo da Fonte, durante a procissão da Senhora do Monte. Era um carvalho com 200 anos que devia estar sinalizado como árvore a abater por ser considerada um perigo público se em queda descontrolada. Ao que indicam existe uma notificação judicial nesse sentido."

A propósito e deslumbrante é o título que se segue na TSF: Habitantes avisaram e Câmara respondeu: "É normal que caiam coisas das árvores" . É evidente que a culpa vai “morrer solteira”.

Também pode ler na TSF que “Um dos moradores desta zona do Funchal conta que já em março deste ano, num dia de ventos fortes, caiu um ramo de grande porte, com cerca de 12 metros de cumprimento.”

A notícia acrescenta ainda que “António Mendonça, entrevistado pela RTP Madeira, diz que a tragédia de hoje era previsível e explica que o carvalho já tinha sido sinalizado pelos habitantes junto da Câmara, quer na altura em que esta era liderada por Miguel Albuquerque, quer posteriormente com Paulo Cafôfo.

Este morador diz que existiu também uma notificação judicial em que a Câmara foi notificada para cortar essa árvore e outra, mas que nada foi feito. As resposta da autarquia, ainda segundo António Mendonça, não foram satisfatórias. No tempo de Miguel Albuquerque a resposta terá sido que "é natural que caiam coisas das árvores". Já durante o mandato de Paulo Cafôfo, que começou em 2013, terá sido dito que "as árvores estavam de boa saúde".

Para já temos a indiferença de tempos atrás de Miguel Albuquerque, que atualmente é o novo Alberto João Jardim da Madeira, e agora de um tal Cafôfo… Nada fofo era o carvalho caído que atingiu, a saber, 62 pessoas, levando consigo, para a morte, 13 das sobre quem se abateu.

À primeira vista temos, entre outros eventuais responsáveis, Miguel Albuquerque e Paulo Cafôfo. O que lhes acontecerá? Vão ser responsabilizados? Ora, ora… A culpa é do carvalho!

CT | PG | com TSF

Depois de Escrito - atualização

A ÁRVORE ERA “SAUDÁVEL”. PORQUE CAÍU?

Pouco tempo depois de citarmos acima o que continham as declarações constantes em TSF, das quais eram imputadas aos responsáveis da Câmara Municipal do Funchal, - o anterior e o atual, Albuquerque e Cafôfo - por não procederem ao abate do carvalho que  estava sinalizado para abater devido a constituir risco de queda descontrolada, foi desmentida tal versão em conferência de imprensa por Paulo Cafôfo. Versão que passamos a transcrever no essencial da informação da TSF.

“Funchal: Árvore não estava sinalizada como estando em perigo - Câmara do Funchal

"Nunca houve queixa com vista à limpeza ou abate" - Paulo Cafôfo, presidente da Câmara do Funchal.

O presidente da câmara do Funchal escalerceu que a árvore em causa era um carvalho, e não um plátano, e que o mesmo "apresentava uma copa verde e saudável, não apresentando anomalias. Nunca houve queixa com vista à limpeza ou abate".

Paulo Cafôfo adiantou que, a arvore não estava amarrada a qualquer cabo.

Teresa Alves | TSF”

Paulo Cafôfo acrescentou ainda nas suas declarações que o referido carvalho estava em terreno privado.

Independentemente das declarações que presumivelmente ilibam de responsabilidades o ex e o atual presidente camarário, é certo que a PGR já declarou que vai proceder a um inquérito.

Há questões que nos invadem por via das dúvidas. Uma delas é encontrar as razões da queda daquela enorme árvore, quase bicentenária, que na versão de Cafôfo estava saudável e isso era atestado pela sua copa verde. 

Presume-se que também estava devidamente segura, numa base sustentável que lhe permitia nutrir-se em prol da sua imponência saudável… 

Assim sendo há aqui um mistério que não explica a razão da árvore ter caído num dia que nem era por aí além ventoso. Talvez o inquérito encontre a resposta. Ou talvez a verdadeira resposta fique para as calendas gregas, para nunca mais. Fica a questão: se a árvore era saudável porque caiu?

Certo é que com a atualização proveniente da Proteção Civil regional temos a contar com 13 pessoas mortas e 49 feridas. Dos feridos há cinco estrangeiros. Alguns dos feridos estão em estado grave.

MM | PG | com TSF

POBROFOBIA | Passos Coelho não é racista, o seu preconceito é outro



Pedro Tadeu | Diário de Notícias | opinião

Pedro Passos Coelho disse num comício do seu partido que Portugal não é lugar para "qualquer um viver". Não, não vou acusá-lo de ser racista ou de ter um discurso xenófobo, apesar de a frase ter sido dita num contexto de crítica a uma nova lei sobre imigração e, por isso, poder soar a um insulto contra estrangeiros. Essas acusações contra Passos são bem capazes de ser injustas (ou pelo menos eu quero crer que sim) e a minha pergunta, neste momento, é outra: para além dos portugueses que já vivem em Portugal (presumo que o líder do PSD não pense em excluir algum, independentemente da ascendência, sexo, raça, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual), quem são as outras pessoas que Passos Coelho acha que têm direito a viver no nosso país?

Temos uma resposta nuns novos imigrantes criados pelo seu governo, pelo executivo do seu partido coligado com o CDS: os imigrantes beneficiários dos chamados vistos gold, pessoas que investem pelo menos meio milhão de euros a comprar uma casa (mesmo que ela valha, na realidade, metade desse valor) ou transfiram para o país pelo menos um milhão de euros (mesmo que não se conheça claramente a origem desse dinheiro), criando com esse investimento um mínimo de dez postos de trabalho (cuja qualidade e perenidade não é, sejamos francos, seriamente avaliada).
Este sistema já criou processos judiciais, ainda em curso, com antigos governantes e autoridades nacionais, em vários níveis de responsabilidade, a serem suspeitos de corrupção por concessão, fora da lei, dessas licenças de imigração.

A probabilidade, entretanto, de vários dos quase (estimo com base nas notícias de jornais) dez mil licenciados com uma autorização de residência em Portugal e de circulação livre pela União Europeia terem comprado, graças àquela lei, esses direitos para praticarem crimes é quase inevitável. As possibilidades são imensas e vão desde o óbvio "lavar" de dinheiro "sujo" até ao acesso a um área gigantesca, sem fronteiras e com dinheiro, para traficar, com maior facilidade, todo o género de coisas ilegais, dando espaço para o crime sofisticado e organizado (e até, eventualmente, cúmplice do terrorismo) explorar um novo filão.

Dir-se-á que não há medida de abertura à imigração que não traga o perigo da criminalidade, que os justos não devem pagar pelos pecadores e que os benefícios para o país de medidas como a dos vistos gold ultrapassam largamente os prejuízos que estes "efeitos colaterais" que descrevo possam trazer... Sou capaz de estar de acordo com tudo isso mas, se olhar para o que Passos Coelho disse no Pontal, no último fim de semana, o criador, com Paulo Portas, da lei dos vistos gold em Portugal não pode subscrever essas teses. Porquê?...

Vamos ler o que ele disse: "Porque é que não discutem na sociedade portuguesa as implicações que para a segurança do país a médio e longo prazo isso pode trazer? Da mesma maneira pergunto: o que é que vai acontecer ao país seguro que temos sido se esta nova forma de ver, a possibilidade de qualquer um residir em Portugal, se mantiver?"

Na altura da entrada em vigor da lei dos vistos gold, no início de 2013, não faltou gente a alertar Passos Coelho para o problema de criminalidade que este tipo de imigração certamente atrairia: além de muitos políticos, vários colunistas escreveram sobre o assunto. Pois nessa altura o então primeiro-ministro não quis "discutir na sociedade portuguesa as implicações que para a segurança do país a médio e longo prazo isso pode trazer?". E muito menos se perguntou sobre o que pode acontecer ao nosso "país seguro".

Passos Coelho não esteve preocupado com os criminosos que viriam viver para Portugal quando aprovou a lei dos vistos gold. Agora diz estar em causa a segurança do país com as novas regras para a imigração. Na primeira lei ignorou os efeitos colaterais. Na segunda lei só vê efeitos colaterais.

Se o que diferencia os imigrantes dos vistos gold dos imigrantes da nova lei da imigração, que transpõe uma diretiva comunitária, não é a raça ou local de origem (vêm, em ambos os casos, pessoas de todo o lado) nem o serem ou não criminosos (como já se viu), o que é que leva Passos Coelho a aceitar facilmente os primeiros e a ter receio do que possa acontecer com os segundos?

Para Passos Coelho a diferença entre a lei dos vistos gold e a nova lei da imigração, como é óbvio, não é a raça, é o dinheiro.

O líder do PSD não se importou de liberalizar a imigração de ricos, mesmo se isso facilitasse a vida a alguns criminosos, mas a imigração de pobres é coisa que o aborrece, e aí a questão da segurança já lhe serve de pretexto para a tentar impedir. Isto não é mesmo racismo nem é xenofobia, isto é preconceito contra os pobres.

À ATENÇÃO DA DIREITA RESSABIADA | A cunha de Assunção Cristas



Isabel Moreira | Expresso | opinião

Cunha. Foi a palavra feita figura de estilo que a líder do CDS utilizou para caracterizar a integração dos precários no Estado. Mais rigorosamente, a expressão de Cristas foi esta: “institucionalização da cunha”.

Assunção Cristas faz de vez em vez afirmações deste tipo. No PSD também não faltam ataques anacrónicos ao sindicalismo.

As afirmações são graves, ainda que não surpreendentes. Graves porque a democracia cristã e a social-democracia usavam saber (e defender) o papel histórico e permanente dos sindicatos numa democracia real.

O governo anterior demonstrou que a ideologia clássica dos dois partidos (PSD/CDS) foi substituída pela ideologia dos cortes. Cortes nos direitos dos mais fracos e aposta ideológica numa flexibilização laboral selvagem (aqui e ali travada pelo então odiado Tribunal Constitucional) na crença absurda (porque desmentida pela história) de que quanto mais flexibilidade laboral, mais empregabilidade.

Como se viu, a receita desumana teve o resultado oposto, como tantas pessoas advertiram, gente da área política de quem governava, e não apenas os “empecilhos” dos sindicatos.

Agora, na oposição, escutamos variadíssimas vezes o PSD a atacar o sindicalismo, o mesmo é dizer a atacar a sua própria história enquanto partido, atirando-se para um admirável mundo em que os trabalhadores devem “fazer-se à vida”.

O CDS aderiu ao estilo e, sem pudor por ter sido coautor da precaridade, atira-se ao programa de regularização extraordinária de vínculos precários na administração pública e no setor empresarial do estado. Neste sistema, regulado pela Portaria nº 150/2017, dá-se, evidentemente, um papel fundamental aos interessados, mas também se conta com as estruturas de representação coletiva dos trabalhadores, na medida em que estas podem conhecer e comunicar situações de precaridade de que tenham conhecimento. Pretende-se assim um sistema abrangente com a colaboração de todos, desde logo os que representam os trabalhadores e as trabalhadoras.

Acontece que para Assunção Cristas um sindicato representa um obstáculo ao seu mundo do cada um por si cheio da sorte que calhe ao mérito com que nasça.

Por isso, descaracteriza intencionalmente a função histórica e atual dos sindicatos e atreve-se a dizer que este sistema de regularização dos precários é a “institucionalização da cunha”.

É uma afirmação extremista, triste e em bom rigor ridícula. Usada como recurso retórico populista. Uma espécie de cunha oratória.

*Na foto: Salazar e os seus sicários nazi-fascistas ao estilo oculto de Passos, Cristas e outros desse jaez que "navegam" a coberto da democracia ainda existente em Portugal. (Pesquisa PG em Google)

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