Martinho Júnior | Luanda
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Numa prova de vassalagem doutrinária e ideológica sem limites, que não esconde
o proverbial cinismo e hipocrisia duma Europa de decadente conservadorismo e
neoliberalismo, o Parlamento Europeu representativo dos poderes das oligarquias
cada vez mais divorciadas dos povos, decidiu atribuir o “Prémio Sakarov
para a liberdade de pensamento” à oposição venezuelana, no preciso momento
em que mais uma injecção de “revoluções coloridas” se esgota e se
estilhaça nos processos eleitorais da Venezuela Bolivariana, no seguimento da
Assembleia Nacional Constituinte!...
O
prémio revela uma acintosa sincronização doutrinária e ideológica das
oligarquias europeias para com a poderosa oligarquia venezuelana, incapaz de se
afirmar nas urnas, fora do clima artificioso das tensões nas ruas.
A
decisão foi encontrada também num momento em que na transversalidade, o modelo
escolhido para a Europa pelas representações dessas oligarquias no Parlamento da
União Europeia é assolado por telúricas crises reveladoras de tensões internas,
decorrentes de espectativas sociais e humanas não satisfeitas de origem
diversa, em relação às quais a União Europeia tarda democraticamente em
abordar, avaliar, saber integrar ou solucionar!...
As “revoluções
coloridas” também não deixaram de tisnar o solo europeu, recorde-se a
Jugoslávia e a Ucrânia, ou o “arranjo”subjacente do Kosovo, para não citar
os exemplos mais remotos, entre eles o que tenho evidenciado como o caso
português (e o que foi feito do 25 de Abril de 1974 quando eclodiu o 25 de
Novembro de 1975), que considero um dos primeiros exemplos de (contra) “revolução
colorida”.