quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Idosos há três meses sem subsídios em Moçambique


Mais de 22 mil idosos continuam à espera dos subsídios sociais na província de Manica e muitos estão a passar fome. Os números são do Instituto Nacional de Acção Social (INAS), que alega não ter dinheiro para pagar.

Os idosos dizem que não recebem subsídios deste outubro, razão pela qual estão a passar por bastantes dificuldades no dia-a-dia. Pedem para falar sob anonimato, por medo de represálias.

Contam que estão até a passar fome, porque não têm dinheiro para comprar comida. "Estamos a passar mal. Estamos a pedir ao Estado para vir falar connosco", disse um dos idosos ouvidos pela DW África na província central de Manica.

"Queremos reclamar e eles dizem que não podemos reclamar, porque esse dinheiro é oferecido", conta outro idoso. "Mas esse dinheiro de três meses, há alguém que está com ele e, se ficarmos calados, esse dinheiro não vai sair mais", diz. "Só começarão a pagar de janeiro para a frente e nós não queremos isso. Tudo o que tínhamos já acabou. Estamos noutro ano e já não temos nada mesmo", lamenta.

INAS sem dinheiro

Ao todo, 22.458 idosos, beneficiários do subsídio social básico, estão sem receber dinheiro há três meses, de acordo com o Instituto Nacional de Acção Social (INAS). Residem em oito distritos: Chimoio, Mossurize, Machaze, Gondola, Sussundenga, Macate, Vanduzi e Manica.

O chefe da repartição de planificação e estatística do INAS em Chimoio, Edmundo Alberto Semo, diz que entende as queixas dos idosos. Mas esclarece que, devido à conjuntura económica em Moçambique, não houve disponibilidade financeira para pagar os subsídios. "Conseguimos fazer a cobertura dos nove meses, janeiro a setembro (2017) e não foi possível fazer a cobertura dos meses de outubro, novembro e dezembro", explica.

Edmundo Alberto Semo acredita que o problema será resolvido em breve. "Logo que houver disponibilidade orçamental, vamos pagar esses meses em atraso e, se ficar disponível em janeiro, vamo-nos preparar para fazer esse pagamento."

Bernardo Jequete (Manica) | Deutsche Welle

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