Partidos políticos e o CIP
constatam irregularidades, desorganização e dificuldades nas eleições
intercalares municipais em Nampula. Mas os órgãos eleitorais afirmam que tudo
decorreu dentro da normalidade.
Conforme o previsto, as
assembleias de votos encerraram por volta das 18 horas locais, altura em que se
iniciou a contagem dos votos. Mas a votação, segundo alguns partidos políticos,
foi manchada por muitas irregularidades, nomeadamente a inclusão de novos
cadernos eleitorais que não contemplaram nomes de muitos eleitores.
A denúncia foi feita por Luisa
Marroviça, fiscal do processo e membro do Movimento Democrático de Moçambique
(MDM), a segunda maior força da oposição: ‘‘Os partidos políticos receberam da
CNE cadernos originais e nós exibimos, estão nas mesas, mas o presidente da
mesa e a sua companhia tem um caderno falso. E nós confrontamos com os cadernos
que temos e estamos a ver que estão a brincar connosco."
Agastada a fiscal do MDM afirma
ainda: "Todos os eleitores veem e voltam e os que ali estão a votar são
eleitores que eles trouxeram com cartão de recenseamento falso e isso não pode
acontecer. Não queremos essas brincadeiras''.
Também Mário Albino Muquissice,
candidato da Ação Movimento Unido Para Salvação Integral - Nampula (AMUSI),
lamentou a forma como decorreu a votação.
Escola Comunitária de Malimusse, cidade de Nampula
"As pessoas não conseguem
encontrar os seus nomes [nos cardenos eleitorais], mas vamos a tempo de resolver
o problema, porque estamos a seguir caso a caso", diz, inconformado.
Mesmo assim Muquissice está
otimista: "Mas a expetativa para nós é a vitória, apesar da presença
massiva das pessoas de outros distritos que vieram votar."
STAE minimiza irregularidades
Um caso de um eleitor proveniente
de outro distrito verificou-se na Escola Comunitária de Malimusse. Unazi
Ossumane é presidente da mesa onde se deu a irregularidade afirma que muitas
foram as vezes em que o processo de votação foi interrompido.
"Há nomes que constam no
nosso caderno principal, mas os delegados não possuem esses nomes. Já falamos
com o STAE, o Secretariado Técnico Eleitoral, e quando veio negociou com os
delegados para fazerem a reclamação por escrito", conta Ossumane.
E o presidente da mesa lamenta:
"Eu não estou a perceber como se pode trabalhar assim. Quando recebemos os
eleitores consultamos os cadernos, mas não encontramos os seus nomes e é por
isso que os delegados mandaram paralisar a mesa."
Mas Comissão Provincial de
Eleições desdramatizou a situação. Daniel Ramos é diretor da CNE
em Nampula e disse: "Estamos a fazer uma avaliação positiva, a olhar
pelo número de pessoas que estão nas bichas de votação em todos os lugares por
onde passamos, a avaliar pela acalmia que se está a registar em todos os
lados. Com relação aos cidadãos que não encontram os nomes [nos cadernos
eleitorais], uns é porque na devida altura em que lhes estão a mostrar os
cadernos não foram atempadamente ver se os nomes estavam lá ou não.''
Baixa participação, diz o CIP
Entretanto, o Centro de
Integridade Pública (CIP), organização não-governamental moçambicana, alertou
que as eleições foram caraterizadas por "desorganização, atrasos e baixa
participação".
Para o CIP, a principal razão foi
"a demora da chegada do material aos postos de votação, mas houve também
casos de troca de cadernos [eleitorais] entre mesas de voto". Como
resultado, houve "confusão" e "algumas enchentes em certas
mesas" que demoraram a abrir, nota o CIP.
Participaram nas eleições
intercalares os três partidos com assento parlamentar, FRELIMO, RENAMO e MDM,
para além do AMUSI e PAHUMO. O candidato que vencer sucederá a Mahamudo
Amurane, presidente do município morto a tiro à porta de casa a 4 de outubro de
2017.
Os resultados parciais devem ser
anunciados nesta quinta-feira (25.01.).
Sitoi Lutxeque (Nampula) | Deutsche
Welle
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