terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

China acusa livreiro de Hong Kong de divulgar segredos de Estado


Pequim, 12 fev (Lusa) -- O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China afirmou hoje que o editor e livreiro chinês de origem sueca, radicado em Hong Kong e que vendia livros a ridicularizar líderes chineses, está detido e é suspeito de divulgar segredos de Estado.

Segundo o porta-voz do ministério chinês, Geng Shuang, o caso de Gui Minghai, detido a 20 de janeiro quando seguia a bordo de um comboio, vai ser "tratado de acordo com as leis chinesas".

O porta-voz adiantou que as autoridades de Pequim se têm queixado repetidamente da Suécia, que tem exigido a libertação de Gui, considerando tratar-se de uma "interferência injustificável na soberania judicial da China".

No domingo, a polícia de Ningbo, no leste da China, indicou que Gui está detido na prisão da cidade e que tem provas que suportam a acusação de divulgação de segredos de Estado a estrangeiros.

No sábado, o editor sueco de origem chinesa surgiu num vídeo em que confessa mal-estar e acusa Estocolmo de o ter manipulado como um "peão de xadrez".

A AFP refere que não se sabe se as declarações filmadas são sinceras porque, no vídeo, Gui aparece com dois polícias, e um amigo próximo disse que o editor está a ser manipulado.

Gui, de 53 anos, que comercializava obras que ridicularizavam o regime comunista em Hong Kong, foi preso a 20 de janeiro por polícias à paisana num comboio que seguia em direção a Pequim, onde tinha combinado um encontro com um médico especialista sueco por temer estar com a doença de Charcot.

Na altura da detenção Gui estava com dois diplomatas suecos e Estocolmo denunciou a intervenção como "brutal" e "contrária às regras internacionais fundamentais com apoio consular".

Só a 07 deste mês é que Pequim confirmou a detenção do editor.

Gui acusa a Suécia de ser sensacionalista em relação à sua detenção num vídeo de uma "entrevista" organizada na sexta-feira pelas autoridades com os 'media' chineses, que afirmaram terem sido escolhidos criteriosamente.

O editor adianta no vídeo ter sido pressionado pelas autoridades suecas para deixar a China, apesar de estar proibido de deixar o território devido a assuntos jurídicos pendentes.

"Recusei numerosas vezes. Mas porque eles me incitavam sem parar, caí na armadilha. Olhando para trás, se calhar fui o peão da Suécia num jogo de xadrez. Violei a lei porque me instigaram. A minha vida maravilhosa está arruinada e nunca mais confiarei nos suecos", diz Gui, no vídeo.

Gui era um dos cinco editores de Hong Kong que desapareceram em 2015.

O editor desapareceu durante umas férias na Tailândia antes de aparecer num centro de detenção e de "confessar" à televisão pública chinesa o seu envolvimento num acidente vários anos antes.

JSD (MC) // VM

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