Pequim, 12 fev (Lusa) -- O
Ministério dos Negócios Estrangeiros da China afirmou hoje que o editor e
livreiro chinês de origem sueca, radicado em Hong Kong e que vendia livros a
ridicularizar líderes chineses, está detido e é suspeito de divulgar segredos de
Estado.
Segundo o porta-voz do ministério
chinês, Geng Shuang, o caso de Gui Minghai, detido a 20 de janeiro quando
seguia a bordo de um comboio, vai ser "tratado de acordo com as leis
chinesas".
O porta-voz adiantou que as
autoridades de Pequim se têm queixado repetidamente da Suécia, que tem exigido
a libertação de Gui, considerando tratar-se de uma "interferência
injustificável na soberania judicial da China".
No domingo, a polícia de Ningbo,
no leste da China, indicou que Gui está detido na prisão da cidade e que tem
provas que suportam a acusação de divulgação de segredos de Estado a
estrangeiros.
No sábado, o editor sueco de
origem chinesa surgiu num vídeo em que confessa mal-estar e acusa Estocolmo de
o ter manipulado como um "peão de xadrez".
A AFP refere que não se sabe se
as declarações filmadas são sinceras porque, no vídeo, Gui aparece com dois
polícias, e um amigo próximo disse que o editor está a ser manipulado.
Gui, de 53 anos, que
comercializava obras que ridicularizavam o regime comunista em Hong Kong, foi
preso a 20 de janeiro por polícias à paisana num comboio que seguia em direção
a Pequim, onde tinha combinado um encontro com um médico especialista sueco por
temer estar com a doença de Charcot.
Na altura da detenção Gui estava
com dois diplomatas suecos e Estocolmo denunciou a intervenção como
"brutal" e "contrária às regras internacionais fundamentais com
apoio consular".
Só a 07 deste mês é que Pequim
confirmou a detenção do editor.
Gui acusa a Suécia de ser
sensacionalista em relação à sua detenção num vídeo de uma
"entrevista" organizada na sexta-feira pelas autoridades com os
'media' chineses, que afirmaram terem sido escolhidos criteriosamente.
O editor adianta no vídeo ter
sido pressionado pelas autoridades suecas para deixar a China, apesar de estar
proibido de deixar o território devido a assuntos jurídicos pendentes.
"Recusei numerosas vezes.
Mas porque eles me incitavam sem parar, caí na armadilha. Olhando para trás, se
calhar fui o peão da Suécia num jogo de xadrez. Violei a lei porque me
instigaram. A minha vida maravilhosa está arruinada e nunca mais confiarei nos
suecos", diz Gui, no vídeo.
Gui era um dos cinco editores de
Hong Kong que desapareceram em 2015.
O editor desapareceu durante umas
férias na Tailândia antes de aparecer num centro de detenção e de
"confessar" à televisão pública chinesa o seu envolvimento num
acidente vários anos antes.
JSD (MC) // VM
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