A explorar gás natural na
província, a empresa sul-africana Sasol não cumpriu o acordo de
responsabilidade social que fez há 14 anos.
Daniel Chapo, governador da
província de Inhambane, no sul de Moçambique, diz que perdeu a confiança na
multinacional Sasol. A Empresa, que está a explorar gás natural na
província de Inhambane desde 2004, não teria cumprido as promessas de
responsabilidade social que fez desde que se instalou na região há 14 anos.
Chapo lembra que a Sasol prometeu
construir diversas infraestruturas. Em 2017, a empresa sul-africana
garantiu ao governo provincial que iria reabilitar a ponte-cais em Maxixe, mas
não o fez. "Nós perdemos a confiança. Tivemos várias promessas que nos
fizeram perder tempo. Mas eles continuam a dizer que vão apoiar e estamos à
espera", afirma o governador de Inhambane.
Em 2016, a Sasol também prometeu
ao Presidente da República de Moçambique, durante uma visita de Filipe Nyusi à
região, que iria construir um centro profissional em Inhambane, mas até ao
momento nada aconteceu.
A multinacional construiu um
centro de saúde em Inhassoro. No entanto, segundo uma residente neste distrito,
Angélica Jorge, o centro não tem instalações próprias para uso. Por isso, faz
um pedido à empresa. "Melhorar o hospital, pôr uma escola secundária até o
nível médio, pelo menos, porque agora é um sacrifício", conta. Aqueles que
terminam o ensino primário precisam ir para outras cidades para completar os
estudos.
Américo Raimundo, que vive no
distrito de Mabote, pede o melhoramento das vias de acesso nas regiões onde a
empresa sul-africana realiza as suas atividades. "Pelo menos arranjar
aquela estrada de Inhassoro a Vilankulo, Mapinhane a Mabote porque a Sasol
sempre circula no trabalho dele", reinvidica.
Em dívida com o FMI
Em 2017, o Centro de Integridade
Pública (CIP) de Moçambique revelou que a Sasol não pagou os 50 milhões de
dólares (equivalente a cerca de 40,6 milhões de euros) de receitas médias
anuais previstas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para os primeiros
dez anos de operação no país.
Inocência Mapisse, investigadora
da organização não-governamental, destaca a falta de transparência nos
contratos feitos pela Sasol. "Anualmente deve apresentar um relatório
que mostra quais são as ações que foram concretizadas ao longo do ano. A
Sasol apenas contribuiu com 15% do total em questões fiscais, que é cerca de
dois mil milhões de dólares", explica.
A DW África tentou, sem sucesso,
ouvir a empresa Sasol.
Luciano da Conceição (Inhambane)
| Deutsche Welle
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