Martinho Júnior | Luanda
Na praça de La Guaira, do alto
dos seus pedestais, olhos imortais virados a sul questionam gerações e gerações
que se lhes seguem, perscrutando quanto seremos merecedores de seus legados
sincrónicos, das pedras filosofais lançadas como sementes de civilização por
seu génio na América, com os espelhos possíveis em pleno século XXI.
Assim é, por que sorver dessa
existência no espaço e no tempo, é de facto um imperativo para agora e para o
porvir!
Os olhares de Bolivar e de
Chavez, esbatidos pelo horizonte do Caribe, cruzam-se vocacionados para a
Pátria Grande e mergulham abruptos, no âmago dos ciclópicos Andes, escorrendo
vertigens, sem fronteiras, pela sua coluna vertebral até à longínqua Patagónia
austral.
Quantos deverão responder a esses
olhos cintilantes de história, de emoções precoces e tão legitimamente
inquiridores?
Haverá algo que os possa vencer
ou subjugar, a esses olhos telegráficos, ávidos de futuro?
Que inquietações eles fecundam,
quando tantas justas interrogações se suspendem no ar?
Seguindo a trilha mobilizadora da
trajectória desse olhar, apreendemos onde está o que é da civilização e o que à
barbárie pertence, avaliaremos quão decisiva será a integração face a quem tudo
tem feito para dividir, balancearemos o que é do progresso e do respeito para
com o homem e a Mãe Terra e o que de há séculos está inerente à degradação do
homem e do planeta, entre o ser lógico e com sentido de vida e o poder do ter
pujante da tantos lucros artificiosos e especulativos, em cada vez menos mãos,
quando tudo se torna tão volátil e ameaçadoramente finito, à beira do abismo.
Os olhos de cada um que é chamado
à alma transparente e lúcida da praça de La Guaira, são iluminados dessoutra
luz perene entre as trevas, luz telepática, mas sensível, carregada de decisões
de justiça e de paz, que se distende imparável e disponível por toda a América,
por todo o mundo, num plasma vívido de solidariedade, de dignidade e de
profundas convicções próprias do amor.
Para todos os efeitos, pela paz,
pela civilização, pela lógica com sentido de vida, na praça de La Guaira, entre
dois dos maiores da Venezuela, assume-se resolutamente um oxigénio sem
equívocos, por que Pátria Grande, sendo-o, é por si, para aqueles que a entendem
e a cultivam, prova de humanidade!
Martinho Júnior.- Luanda, 14 de
Março de 2018.
Sem comentários:
Enviar um comentário