Até hoje a luta contra as drogas
e terrorismo eram as razões pelas quais o Comando Sul do Pentágono diz manter
sua presença na América Latina. Contudo, nos últimos documentos já se fala da
corrupção.
A especialista militar Silvina
Romano notou na entrevista à Sputnik Mundo que esse problema tem um caráter civil e
não tem nada a ver com governança militar na América Latina.
"A instalação da base
militar em Neuquén, Argentina, é uma evidência da aproximação do presidente
Mauricio Macri com o governo e setor privado dos Estados Unidos. Agora dizem
que o problema principal na Argentina é o terrorismo. Eu me pergunto se este é
realmente o principal problema para os argentinos", ressaltou Romano.
Além do mais, ela chamou atenção
para os planos do Pentágono na América Latina.
"Dizem que a base em Neuquén
vai ser aberta para ajuda humanitária, mas por trás disso está a presença
territorial das forças militares dos EUA. A Patagônia é a entrada à Antártida,
tudo isso se faz nos interesses da indústria militar dos EUA. Qualquer projeto
do Comando Sul vai contribuir para a indústria das armas norte-americana",
explicou a analista.
O terrorismo, a ajuda
humanitária, a guerra contra drogas — "tudo isso são doutrinas
impostas pelos EUA, é Washington que impõe a agenda e dita quais são os
problemas que devem preocupar a nossa região", frisou a analista e
pesquisadora.
Além disso, o Comando Sul, a
missão permanente militar dos EUA na América Latina e no Caribe, busca intervir
nas questões não ligadas à defesa ou segurança.
"De repente começaram a se
preocupar com a corrupção, que sempre tem sido um assunto civil", diz
Romano.
Conforme ela, há um documento de
2018 do Comando Sul em que a corrupção é classificada como "câncer que
devora a democracia" na América Latina.
"A questão é como os EUA
pretendem lutar contra ela. Quando falamos da guerra jurídica contra a
corrupção, da liquidação de oponentes políticos, falamos sobre a guerra híbrida
que é travada sempre e em várias frentes ao mesmo tempo: na mídia, psicologia,
economia, etc.", concluiu Romano, investigadora do Centro Estratégico
Latino-americano de Geopolítica (CELAG).
Sputnik | Imagem: AP Photo/ Victor R. Caivano
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