sábado, 21 de julho de 2018

A arbitrariedade voa, intimida e espia em São Tomé e Príncipe



O governo santomense chefiado por Patríce Trovoada tem sido protagonista de peripécias que vêm instabilizando o país e as instituições. A contestação aos seus métodos antidemocráticos sobe de tom a cada "pazada" que o seu regime dá na democracia. Talvez inspirado pelo vizinho Obiang, da Guiné Equatorial.

Talvez o mais flagrante nos últimos tempos tenha sido no setor da justiça e da legalidade democrática. Antes, outros atos da responsabilidade de Patrice Trovoada, primeiro-ministro, têm sido razão de notícia e de agitação social e política.

A intimidação prevalece a par da instabilidade e controlo inusitado dos cidadãos, mais particularmente dos de partidos opositores ao governo de Patrice Trovoada. Exatamente por isso dirigentes do Partido da Convergência Democrática (PDC) fazem notar uma estranha visita espiã de um drone na sua própria casa. Repetição de outros casos semelhantes. É o que se segue em publicação de Téla Nón. (PG)

Carta às Autoridades Nacionais

(Governo, Ministério Público, Polícia Nacional, etc)

Tendo em conta alguns acontecimentos estranhos que vêm tendo lugar em S. Tomé e Príncipe, nos últimos tempos, decidi quebrar o silêncio…

No dia 23 do passado mês de Maio entre as 19 e as 20 horas vi, mais uma vez, passar um drone na zona da minha residência, nos arredores da cidade capital. Essa passagem tornou-se notícia especial porque o drone, subitamente, entrou no “espaço aéreo” do meu quintal, baixou de tal modo de altitude que cheguei a acreditar que o aparelho iria cair; no entanto não, manteve-se durante um “bom tempo” a poucos metros do solo, friso bem, dentro do quintal da minha residência. Tal como entrara, quando se “sentiu saciado com a visita”, subitamente, voltou a partir, sobrevoando a casa e rumando em direção à cidade capital.

Convenhamos que isso não é normal nem aceitável!

Primeiro: Queria manifestar total repúdio por esse ABUSO que traduz claramente, tremenda falta de respeito, violação de privacidade, tentativa de intimidação, coação e violência  psicológica contra os residentes, etc.

Segundo: Quais eram/são as reais intenções da visita? Foram fazer o diagnóstico/levantamento da situação do quintal e da casa? Para que fins? Têm ou estão a preparar algum plano macabro? Sim, porque fiquei a saber de alguém cuja casa foi também visitada por um drone; competirá a cada um fazer a denúncia quando e se assim entender.

Terceiro: Nesta residência vivem duas pessoas, Combatentes da Liberdade da Pátria e atualmente membros da Direção do PCD (Partido de Convergência Democrática), partido de oposição: Camélia Barros e Olegário Tiny, sendo este último Vice-Presidente do PCD e ex-Diretor Executivo da Autoridade Conjunta Nigéria – São Tomé e Príncipe.

Que estranha coincidência! Precisamente nesta residência é que se recebe pela calada da noite “uma visita malandra” de um Drone suspeito!

Quarto: Queria recordar que, no passado ainda muito recente, foi cometido um bárbaro homicídio contra a pessoa do Sr Dr Jorge Santos, ex-Presidente do Conselho de Administração da Autoridade Conjunta Nigéria São Tomé e Príncipe. Na altura, várias informações /boatos circularam sob a forma de justificações/ motivações para o crime incluindo a hipótese de “queima de arquivos”.

Nesta residência, cujos donos foram supramencionados, ninguém vendeu “armazém e guardou dinheiro em casa”, ninguém vendeu loja ou o que quer que seja nem tão pouco guarda dinheiro em casa. Quanto a eventuais “documentos comprometedores” de que também se falou, se existissem, por razões óbvias, não seriam guardados justamente nesse lugar.

Quinto: Nos dias de hoje, em São Tomé em que se vive num clima de tanta arbitrariedade, queria deixar bem claro aos “Violadores”, às instituições Policiais, aos Santomenses em geral e a todos a quem possa interessar, que qualquer eventual “acontecimento estranho” sob qualquer capa, que possa por em causa a integridade física ou psicológica, dos residentes do aludido espaço e/ou seus familiares próximos, dentro ou fora do recinto da casa, deverá implicar em primeira mão a responsabilização dos donos dos drones e/ou pessoas que tenham encomendado os respetivos serviços, e de uma forma geral, das autoridades encarregadas da defesa e segurança de todos os cidadãos deste país.

Sexto: Queria lembrar aos Violadores que, por ocasião da comemoração dos quarenta e três anos da Independência Nacional, já é tempo de aprenderem que em São Tomé e Príncipe se lutou pela Independência nacional, e pela LIBERDADE e Desenvolvimento do País. São Tomé e Príncipe é pertença de todos os Santomenses (no Interior e na Diáspora) e, por isso, tem que haver espaço para todos, independentemente das suas opções, até porque a participação de todos nós nesse processo é absolutamente indispensável.

Camélia Barros*

*Médica, santomense, Combatente da Liberdade da Pátria - BI nº 13812

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