Decorre a partir desta
quarta-feira, em Joanesburgo, a 10ª cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul). Encontro conta com a presença de chefes de Estado
africanos, incluindo de Angola e Moçambique.
O Presidente sul-africano, Cyril
Ramaphosa, quer aproveitar a 10ª cimeira BRICS, que arranca esta quarta-feira
(25.07), em Joanesburgo, para melhorar a imagem do seu país, depois de
anos de crises políticas com muitos casos de corrupção na era do seu antecessor
Jacob Zuma.
Mas esta cimeira também contará
com a presença de governantes de dois PALOP. Falando à imprensa, em
Joanesburgo, na apresentação do programa oficial da cimeira, Lindiwe Sisulu,
ministra das Relações Internacionais e Cooperação sul-africana, sublinhou que a
visita dos dois líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral
(SADC) insere-se no âmbito da cimeira de líderes que pretende reforçar as
relações entre os BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] e
África.
"A adesão aos BRICS tem sido
benéfica para o nosso país e gostaríamos de garantir que o resto de África
possa também usufruir dos BRICS, particularmente agora que o continente começa
a dar os primeiros passos na criação de zonas de comércio livre, em que a maioria
dos países já assinou o acordo, que é um passo importante para África",
disse a chefe da diplomacia sul-africana.
"Criámos um programa
especial para que os Estados africanos possam participar e uma ocasião
adicional especialmente para os países membros da SADC, em particular. A África
do Sul preside atualmente à SADC e, na nossa opinião, a grande maioria das questões
que discutimos entre nós, na região, poderiam beneficiar do acesso direto aos
BRICS", adiantou a ministra Lindwe Sisulu.
Segundo a governante, além de
João Lourenço (Angola) e Filipe Nyusi (Moçambique), participam ainda nesta
cimeira BRICS, mais seis chefes de Estado do continente africano, nomeadamente
da Namíbia, Gabão, Senegal, Uganda, Togo e do Ruanda.
O encontro entre os líderes dos
BRICS e os seus homólogos africanos está agendado para o dia 27, último dia da
cimeira, indica o programa oficial.
Dez anos de cooperação
A ministra afirmou que a 10.ª
Cimeira BRICS será um "marco" na história dos BRICS, porque
representa uma década de cooperação. A reunião culminará com a adoção da
"Declaração de Joanesburgo" que inclui as metas acordadas pelos cinco
países membros do BRICS até ao final do ano. A presidência rotativa da
África do Sul decorrerá até 31 de dezembro de 2018.
A 10.ª Cimeira BRICS, que reúne
um grupo de potências emergentes terá como tema a "Colaboração para o
Crescimento Inclusivo e Prosperidade Partilhada na 4.ª Revolução
Industrial" e decorrerá no Centro de Convenções de Sandton, no norte de
Joanesburgo, sede da bolsa de valores e da maioria das multinacionais globais
com operações em África.
"Nos últimos anos, a África
do Sul perdeu muita credibilidade ao nível da política externa", afirma
Philani Mthembu, diretor do instituto sul-africano para o diálogo global.
"A economia também se ressentiu, e muito. Esta cimeira é uma oportunidade
para o novo Presidente marcar pontos, explicando as linhas mestras da sua
política externa", acrescenta.
Segundo Mthembu, "a África
do Sul vai querer aproveitar para reforçar a cooperação com países como a
China, a Índia e a Rússia, sem - no entanto - menosprezar os seus tradicionais
bons contactos com os Estados Unidos e a Europa. A África do Sul reconhece que
as relações internacionais podem ser um veículo muito importante para a
resolução de problemas locais".
"Por isso", diz o
especialista, "o Presidente sul-africano vai-se esforçar por incrementar o
desenvolvimento económico através do apoio ao comércio e ao investimento
externos também com os BRICS".
Infraestruturas, energia e
empoderamento
Em que áreas é que os BRICS
poderão e deverão investir? As propostas sul-africanas preveem a construção de
um centro de pesquisas medicinais, em África, que deverá desenvolver vacinas e
medicamentos contra doenças como a malária, o HIV ou a tuberculose.
Outra área prioritária será a das
energias limpas. Um ponto igualmente importante é o reconhecimento do papel das
mulheres, cujo contributo para o desenvolvimento não poderá ser esquecido,
devendo - sim - ser apoiado, afirma Jakkie Cilliers, analista do Instituto
sul-africano para questões de segurança.
"A vontade de cooperar
nestas e noutras áreas continua grande. A China é sem dúvida o motor. E todos
os BRICS tentam tirar partido deste relacionamento especial com a China no
quadro dos BRICS, especialmente a África do Sul, que apenas contribui para 3
por cento da força económica dos BRICS, mas continua a ser vista como a maior
potência económica do continente africano”, explica Jakkie Cilliers. A próxima
cimeira BRICS terá lugar no próximo ano, no Brasil.
Martina Schwikowski, António
Cascais, Agência Lusa | em Deutsche Welle
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