O partido de Cristas quer debater
a ferrovia e surfar na crista da onda do descontentamento contra a CP,
esquecendo que o seu correligionário Manuel Queiró foi presidente desta empresa
pública.
AbrilAbril | editorial
A conferência de líderes deverá
reunir na próxima semana com o objectivo de discutir um requerimento do CDS-PP
que pretende antecipar a reunião da Comissão Permanente da Assembleia da
República.
O partido de Cristas quer debater
a situação da ferrovia e surfar na crista da onda do descontentamento contra o
funcionamento da CP, uma empresa pública que anda nas bocas do mundo pelos
piores motivos: o mau serviço serviço prestado que, perigosamente, tende a
tornar-se uma imagem de marca. Por outro lado, o CDS-PP procura também tirar
partido das dificuldades de vária ordem que assolam o PSD.
Voltando à CP, nomeadamente aos
cortes nos horários dos comboios e ao encerramento de estações e bilheteiras,
importa sublinhar que, só nos últimos 30 anos, e estamos a falar de 30 mas
podíamos falar dos últimos 40,
a responsabilidade da gestão desta empresa pública
esteve entregue, em 80% daquele período a gestores do PSD, PS e
CDS-PP e, desses, 60% são da responsabilidade dos partidos da
direita.
É público que a despesa operacional
da CP está em queda desde 2009, em resultado sobretudo das medidas
impostas pelo segundo governo de José Sócrates e pelo governo do PSD e do
CDS-PP que se lhe seguiu.
Aliás, as comissões de
trabalhadores das várias empresas do sector ainda recentemente denunciaram, num
documento enviado à Assembleia da Republica, o crónico desinvestimento na
ferrovia e a consequente degradação da capacidade de manutenção e reparação e
da própria infra-estrutura.
No caso do material circulante,
dão como exemplo o facto de as composições da Linha de Cascais terem 60
anos sem que estejam a ser feitas as necessárias diligências para a sua
substituição.
Pena que esta súbita preocupação
com a ferrovia que atormenta o CDS-PP não se tenha dado no início da
década quando Assunção Cristas e Adolfo Mesquita Nunes estavam no governo
e o seu correligionário, Manuel Queiró, era presidente da CP.
Porventura, teriam contribuído
para evitar o descarrilamento da empresa, coisa que não fizeram!
Foto: Assunção Cristas Foto: Tiago
Petinga / Agência Lusa
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