Cerca de 821 milhões de pessoas
no mundo passam fome, revelou hoje a ONU, traduzindo um aumento para níveis de
há dez anos que se sente mais na América do Sul e na maior parte de África.
O número é apontado pela agência
das Nações Unidas para a alimentação e agricultura (FAO, na sigla em inglês) no
relatório sobre o estado da segurança alimentar e nutrição de 2018, divulgado
hoje, em que se confirma a tendência para o aumento da fome no mundo pelo
terceiro ano consecutivo, passando de 804 milhões em 2016 para 821 milhões em
2017.
"A variabilidade do clima,
que afeta os padrões da chuva e as estações, bem como extremos climáticos como
secas e inundações estão entre as principais causas do aumento da fome, além
dos conflitos e abrandamentos económicos", considera a FAO.
Em números totais, uma em cada
nove pessoas passa fome, com 515 milhões na Ásia, 256,5 milhões em África e 39
milhões na América Latina e Caraíbas.
Apesar de a erradicação da fome
ser um dos objetivos para o desenvolvimento a atingir até 2030, "os sinais
alarmantes do aumento da insegurança alimentar e diversas formas de má
alimentação", desde a obesidade nos adultos aos atrasos de crescimento nas
crianças.
Cerca de 672 milhões de adultos,
ou 13% do total, são obesos e 38,3 milhões de crianças com menos de cinco anos
também.
A obesidade é mais sentida na
América do Norte, mas também está a aumentar na África e na Ásia, onde coexiste
com a subnutrição.
Nestas regiões, a comida nutritiva
é mais cara, um dos fatores que contribui para a obesidade.
Por contraste, mais de 200
milhões de crianças (29,7%) têm peso ou altura a menos para a idade. Ambas são
áreas em que a falta de progresso é clara, afirma a FAO.
Além disso, é
"vergonhoso" que um terço das mulheres em idade reprodutiva esteja
anémica, o que se reflete nelas próprias e nas crianças.
Há "sinais alarmantes do
aumento da insegurança alimentar e de níveis elevados de diferentes formas de
problemas alimentares" que são "um claro aviso de que há muito
trabalho a fazer para ninguém ficar para trás", defendem numa posição
conjunta os responsáveis da ONU para a alimentação, agricultura, crianças e
saúde.
Portugal está em linha com os
países europeus, mantendo uma taxa inferior a 2,5 por cento da população com
sinais de subnutrição desde 2004/2006. A obesidade, no entanto, aumentou entre
os adultos, de 21% em 2012 para 23,2% em 2016.
O impacto das alterações
climáticas na produção de alimentos essenciais como o trigo, arroz e milho nas regiões
tropicais e temperadas aumentará se as temperaturas continuarem a subir, alerta
a FAO.
O apelo da FAO é para que
aumentem os esforços para garantir o acesso a alimentos nutritivos, prestando
especial atenção às partes da população mais vulneráveis: bebés, crianças com
menos de cinco anos, em idade escolar, raparigas adolescentes e mulheres.
Expresso das Ilhas | Rádio
Morabeza
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