Na sequência de acusações de
Júlio Pereira Gomes, num artigo este sábado publicado no Expresso, a
eurodeputada socialista assegura que vai continuar a dormir descansada e deixa
um recado a Pereira Gomes: "Se me quiser processar, faça o favor"
A eurodeputada Ana Gomes espera
ter acesso, tal como o José Júlio Pereira Gomes, aos telegramas classificados
do Ministério dos Negócios Estrangeiros para rebater as acusações que o
embaixador lhe faz no livro “Regresso a Timor” e que
o Expresso antecipa na edição deste sábado.
"Regozijo-me em ver que o
senhor embaixador teve direito a documentação que está sob reserva. E ainda
bem. Há um ano, quando a polémica rebentou, o Ministério dos Negócios
Estrangeiros estava com dificuldade em divulgar os documentos pedidos pela
Assembleia da República, porque não estavam organizados e não os encontrava.
Também eu vou escrever um livro e espero ter acesso a toda a telegrafia de
Jakarta", diz Ana Gomes ao Expresso.
Em causa está o papel desempenhado
por Pereira Gomes em Timor-Leste na altura do referendo pela autonomia
organizado pela ONU a 30 de agosto de 1999. Ana Gomes era nessa altura
responsável pela Secção de Interesses de Portugal em Jacarta, e há 15 meses
quando Pereira Gomes foi indicado para secretário-geral do Serviço de
Informações da República Portuguesa (SIRP), a eurodeputada acusou o antigo
colega de não ter “perfil psicológico” para o cargo devido ao comportamento
assumido em Timor.
Num artigo publicado no
"Diário de Notícias", Ana Gomes considerou que o embaixador não era
capaz de aguentar situações de grande pressão e que isso podia ser um problema
para os serviços de informações. O testemunho da antiga embaixadora foi
confirmado por alguns dos jornalistas que se mantiveram em Timor-Leste e apontaram
falhas graves a Pereira Gomes, entre elas a de alegadamente ter escondido de
Lisboa informação relevante sobre planos de incentivo à violência por parte da
Indonésia, e o facto de ter saído de Timor antes de tempo.
Pereira Gomes vem agora acusar
Ana Gomes de “perseguição patológica” e de ser a principal responsável
por uma campanha difamatória e que o levou a considerar-se “indisponível” para
o cargo antes de ser chamado pelo Parlamento.
Para a eurodeputada socialista,
as acusações do antigo colega são imprecisas. "É uma contradição dizer que
eu o persegui, quando admite que teve uma carreira normal. E quando me acusa de
só ter falado 18 anos depois, é sinal de que não houve preseguição", diz
Ana Gomes.
Sobre a acusação de “inventado
heroísmo" na carreira de Ana Gomes, a ex-embaixadora recorda que a sua
carreira diplomática acabou, precisamente, depois de Jakarta. "Foi o meu
último posto. Decidi suspendê-la para me dedicar à política. Tudo o que
consegui na minha carreira diplomática foi feito com base nas minhas
capacidades", frisa.
Ana Gomes assegura que vai
continuar a dormir descansada e deixa um recado a Pereira Gomes. "Se me
queiser processar, faça o favor. Terei toda a capacidade de ir a tribunal e
chamar à colação o que está registado no MNE. E de chamar as testemunhas que
comprovam aquilo que disse. Apenas falei - e falo, já que mantenho tudo o que disse
- do que me relataram."
Carolina Reis | Expresso | Foto:
António Pedro Ferreira
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