A polícia da Tanzânia lançou
operação contra indivíduos que tentam estabelecer bases radicais em Moçambique,
onde dezenas de pessoas têm sido mortas, na sequência de ataques protagonizados
por homens desconhecidos.
Desde outubro de 2017,
registaram-se na província moçambicana de Cabo Delgado, perto da fronteira
com a Tanzânia, cerca de quarenta ataques armados, que vitimaram mortalmente
mais de 100 pessoas, a maior parte decapitadas.
Em declarações numa conferência de
imprensa esta semana, em Dar es Salaam, na Tanzânia, o Inspetor Geral da
Polícia, Simon Sirro, explicou que, nos últimos meses, as forças de segurança
lançaram uma operação contra estes "criminosos, mas que alguns deles
conseguiram fugir".
"Durante essa operação,
alguns criminosos foram presos, alguns morreram e outros escaparam. Aqueles que
escaparam estão a tentar atravessar a fronteira para Moçambique com o objetivo
de estabelecerem lá uma base", disse Simon Sirro, acrescentando que esta
informação foi confirmada à polícia pelos próprios indivíduos. "No
interrogatório, eles disseram que iam lá [para Moçambique] para se juntarem a
campos radicais".
"Eles escondem-se nas
florestas, aprendem a usar armas de guerra como a AK47. É uma tendência que vem
de países estrangeiros, não existe na Tanzânia", acrescentou.
Julgamento
No
início deste mês, a justiça moçambicana iniciou o julgamento contra
cerca de 214 arguidos, suspeitos de estarem envolvidos nos ataques em Cabo Delgado. Destes ,
cerca de 50 são tanzanianos.
"Estes criminosos querem
estabelecer uma base em
Moçambique. Mas enganam-se porque temos boas relações com
Moçambique e com os outros países vizinhos", disse Simon Sirro.
Segundo o Inspetor Geral da
Polícia, os tanzanianos envolvidos, incluindo raparigas jovens, faziam parte de
um grupo responsável por vários assassinatos de polícias e funcionários
administrativos na província de Pwani, na Tanzânia, em 2016 e 2017. Não se sabe
quais as motivações que levaram a estes crimes. Mas, após os assassinatos em
Pwani, o presidente John Magufuli afirmou que: "Não há fé religiosa que
ensine as pessoas a matar".
Reuters, AFP, rl | Deutsche Welle
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