A manifestação deste domingo
(21.10) foi organizada por 22 partidos sem assento parlamentar e pelo PRS.
Participantes pediram cumprimento da lei. Assembleia do Povo Unido vai pedir
nulidade do processo eleitoral.
Milhares de guineenses marcharam,
este domingo (21.10), em protesto contra o recenseamento eleitoral para
as legislativas
de 18 de novembro na Guiné-Bissau, na principal avenida da capital
guineense.
O protesto foi organizado por 22
partidos sem assento parlamentar e pelo Partido de Renovação Social (PRS),
segundo maior força partidária da Guiné-Bissau e que faz parte do atual Governo
de consenso, a que juntou o movimento do Botche Candé, antigo ministro do
Interior e atual conselheiro do Presidente do país, José Mário Vaz.
"Estamos a exigir que as
coisas sejam claras para que possamos ter umas eleições livres, justas,
transparentes e universalmente aceites", afirmou Orlando Viegas,
vice-presidente do PRS, acrescentando que o que está a ser também exigido é a
participação de todos no processo eleitoral. "Para que o recenseamento
seja feito é só cumprir aquilo que está plasmado na lei", salientou.
Por sua vez, Nuno Nabian,
presidente da APU-PDGB (Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da
Guiné-Bissau), exigiu um recenseamento que cumpra a lei eleitoral, salientando
que sempre foram coerentes nas suas posições. "A APU está aqui para dizer
ao Governo para cumprir com os preceitos da lei do recenseamento e da lei
eleitoral", afirmou.
Nulidade do processo?
Questionado sobre se a APU vai
pedir a nulidade do processo eleitoral, Nuno Nabian, que nas últimas
presidenciais ficou em segundo lugar, disse que sim, porque o "processo
não é credível". Para o presidente da APU, "os cartões eleitorais não
têm fiabilidade" e, acrescenta, não se pode ir para eleições com cartões
que qualquer um pode fabricar.
Braima Camará, que faz parte do
grupo de dissidentes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo
Verde (PAIGC) e criou recentemente o Madem-G15, afirmou que o protesto tem como
objetivo chamar "à responsabilidade as instituições e o Governo da
Guiné-Bissau". "Estamos só a pedir justiça e cumprimento escrupuloso
da lei da República, da lei do recenseamento e da lei eleitoral", disse.
O
processo eleitoral para as legislativas tem sido fortemente criticado também
pela sociedade civil, que já pediu o adiamento das eleições.
Em causa está, essencialmente, o
facto do recenseamento eleitoral não ter decorrido entre 23 de agosto e 23 de
setembro, como previsto, devido
a atrasos na chegada dos equipamentos para recenseamento biométrico. O
recenseamento acabou por só ter
início a 20 de setembro e deveria ter terminado este sábado (20.10).
Mas a lei eleitoral prevê dois meses para o registo dos eleitores.
A marcha esteve inicialmente
prevista para quinta-feira, mas foi adiada para hoje por causa da greve dos
transportes de pessoas no país, que prejudicava a mobilização de apoiantes.
Agência Lusa | em Deutsche Welle
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