Domingos de Andrade | Jornal de
Notícias | opinião
Há os inimigos externos. Há os
inimigos internos. E ainda há os do interior. É um general habituado a pensar o
estado da defesa nacional que classifica o momento de desprestígio que as
Forças Armadas atravessam.
Não é difícil de perceber onde estão uns e outros. E o humor subtil está no facto de os maiores correligionários do atual pântano estarem justamente dentro das unidades, para além das sucessivas decisões políticas que foram reduzindo um dos pilares da Democracia a um coro anedótico nacional.
A demissão do ministro Azeredo Lopes, sustentado no lugar até ao limite do sustentável, não responde às perguntas sobre o assalto a Tancos, quem fez?, com quem fez?, para quê?, quantos mais houve?, cuja falta de respostas permite alimentar todo o tipo de especulações.
Mais grave. A saída do governante deveria arrastar o Chefe de Estado Maior do Exército. E por sua vez o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas. Só que a Polícia Judiciária Militar responde diretamente ao ministro. Um escudo. Portanto, não só não se demitem, uns por encolherem os ombros perante o crime, outros por encobrirem a descoberta do crime, como o mais certo é virem a receber um louvor pelos serviços prestados à Nação.
O desafio de António Costa é, agora, encontrar um nome forte, que trate da política e não da caserna. Ou, em ano de eleições, num momento em que em todo o Mundo são cada vez maiores as exigências que se colocam às Forças Armadas, acumular a pasta e começar a preparar, com o peso político nacional e internacional que ostenta, uma reforma do setor.
E se são urgentes, embora difíceis, pactos de regime na Saúde, na Educação, na Justiça, ou na Segurança Social, o consenso político sobre o papel das Forças Armadas é um facilitador. Caso contrário, continuaremos a achar normal ter empresas de segurança a guardar paióis, e um exército de 5500 soldados, que representa menos de metade do total de funcionários da Câmara de Lisboa.
Não é normal, pois não?
* Diretor do JN
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