A economia ilícita alimentou a
corrupção, manteve as fronteiras e o litoral poroso e afectou a legitimidade do
Estado, diz um estudo da Iniciativa Global Contra o Crime Transnacional
Organizado.
A recente onda de violência em Cabo Delgado , norte
de Moçambique por militantes extremistas foi financiada pela economia ilícita
do país, diz um relatório da Iniciativa Global Contra o Crime Transnacional
Organizado, recentemente lançado.
O relatório enfatiza que o
envolvimento do governo moçambicano no tráfico de drogas, contrabando humano e
caça de animais selvagens frustra os seus esforços para combater o grupo
chamado al-Shabab.
A economia ilícita alimentou a
corrupção, manteve as fronteiras e o litoral poroso e afectou a legitimidade do
Estado, diz aquela organização.
“As figuras políticas, o partido
no poder e seus associados criminosos de elite têm se beneficiado abertamente
da extração lícita e ilícita de recursos naturais, enquanto a comunidade local
tem sido punida por se envolver em economias informais ilegais e negado os
benefícios do investimento formal, diz a Global Initiative.
Desde o início de ataques, em
Outubro de 2017, o governo de Moçambique prometeu eliminar o grupo, mas um ano
depois os ataques continuaram.
Pelo menos 90 pessoas foram mortas e centenas de casas
incendiadas pelos atacantes nos distritos de Palma, Macomia, Mocímboa da Praia
ou Mueda.
Recentemente iniciou, na cidade
de Pemba, capital de Cabo Delgado, o julgamento de cerca de 200 pessoas acusadas de
envolvimento nos ataques, incluindo tanzanianos.
Localmente os atacantes são
chamados Al Shabab, mas o grupo islamita somali com este nome nunca reivindicou
qualquer associação.
Simone Hayson, que fez o estudo,
diz que “não foi encontrada nenhuma ligação comprovada destes atacantes e
movimentos terroristas internacionais como Al Qaeda, Estado Islâmico, ou Al
Shabab, e fica em aberto a possibilidade de ser um fenómeno regional”.
Hayson diz ainda que há algumas
indicações sobre contactos do grupo com países vizinhos e distantes como Quénia
(norte), mas não se conhece a nível dessas ligações ou se há alguma liderança
vinda desses lados, “essas são questões que ainda não percebemos”.
Quanto à possibilidade de o
movimento perturbar as operações de empresas do sector de gás em Palma, Hayson tem dúvidas, porque, de momento, não parecem
ter a capacidade militar para tal. “Eles podem perturbar aldeões e
potencialmente trabalhadores de ONGS”.
Voz da América
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