segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Portugal | A irresponsabilidade das “dores” dos tremores… sísmicos


Andam a brincar aos tremores de terra? Parece que sim. A Proteção Civil acha bem convidar-nos a abrigarmo-nos por um minuto e baixarmo-nos? Quer dizer: os senhores pretendem ver-nos de gatas debaixo de mesas, camas e afins, para nos protegermos. É o recomendável. E o resto? 

A Proteção Civil não procura a divulgação de como devemos em Portugal estar o melhor possível protegidos de abalos sísmicos, mas devia. Dizer-nos que Portugal é quase  ausente de leis e fiscalizações rigorosas para o efeito. 

É que a melhor proteção que podemos ter, que devíamos ter, depende de construções anti sísmicas a sério e isso aí é quase letra morta na legislação que regula a construção de edifícios e afins. Portanto ficamos com a ideia que os “protetores” estão a leste de que redundarão em inoperacionalidade se acaso ocorrer um forte sismo em Portugal. E até temos a garantia da natureza de que isso vai acontecer. Só não sabemos quando.

Atente-se no artigo integral e aqui transportado via TSF: 

"Ficarão debaixo dos escombros." Engenheiros alertam para falta de resistência sísmica

O alerta visa casas, escolas e hospitais. Em caso de sismo, muitas das estruturas não resistirão.

A Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica está muito preocupada com a pouca resistência de grande parte dos hospitais, escolas e edifícios de habitação, incluindo grande partes das casas alvo de reabilitação na última vaga de recuperação de edifícios no centro das principais cidades.

O presidente, João Azevedo, explica à TSF as duas principais preocupações que se arrastam há anos: "Nas construções novas basta que um técnico diga que cumpriu a legislação e ninguém vai verificar. Depois, nas reabilitações, também não há fiscalização e existe um decreto-lei que diz que é suficiente que não se piore a segurança que já existe, mesmo que essa segurança sísmica seja muito má..."

"Crime" e "oportunidade perdida"

João Azevedo acrescenta que a lei portuguesa até não é má, o problema é garantir que é cumprida. Além disso, há normas europeias que se ensinam na universidade há cerca de duas décadas, mas que o Estado nunca passou para a legislação em Portugal.

"Tirando as grandes obras públicas como a Ponte Vasco da Gama (que deve ser um dos sítios mais seguros do país), em tudo o resto nós não sabemos como é que o projeto foi executado", detalha o representante da sociedade que reúne os engenheiros especialistas em sismos.

João Azevedo fala numa "oportunidade perdida" e num verdadeiro "crime". "Temos quase a certeza que muitas obras de reabilitação estão a ser mal feitas pois vemos todos os dias aqueles contentores com tijolos e paredes a serem deitadas abaixo e temos a sensação que nem projeto haverá, algo que as pessoas que lá estarão nem vão notar pois a seguir a um sismo ficarão debaixo dos escombros", alerta João Azevedo.

Recorde-se que uma das regras que a Autoridade Nacional de Proteção Civil apresenta para nos protegermos em caso de sismo é conhecer, previamente, a resistência sísmica da casa onde vivemos .

Os riscos extra dos hospitais

Quanto a edifícios públicos como escolas e hospitais o especialista admite que já nota preocupações em aumentar a segurança sísmica quando são feitas obras de fundo, mas o problema é que muitos destes edifícios não têm obras de fundo há décadas: "Tenho muito medo pois não é só garantir que não caem, mas também que estão operacionais quando são necessários".

João Azevedo acrescenta que "não se percebe o risco de ter um hospital como o Santa Maria ou o São José ou como outros que do meu ponto de vista não estão seguros como deveriam estar em caso de sismo".

Nas recuperações e novas obras neste tipo de edifícios públicos a preocupação com os tremores de terra já existe, diz o especialista, mas é pouca, dando o exemplo dos sistemas de engenharia que permitem que os edifícios abanem mas não fiquem com danos graves.

"Como é que se continuam a construir hospitais sem esses sistemas que já são obrigatórios em países como o Perú, a Turquia, sendo o dia-a-dia em países como os EUA, a Itália e a Nova Zelândia", questiona João Azevedo, que diz que em Portugal só conhece um hospital com este tipo de construção antissísmica. - Nuno Guedes | TSF

Assim sendo dá para acreditar que os governos, os partidos políticos, o legislador (deputados), as autarquias, a pseudo proteção civil e outros correlacionados andam a brincar com os portugueses ao faz de conta. O assunto não está a ser tratado a sério. Até dói. 

Pronto. Não está tudo dito mas por aqui ficamos por aqui. Isto é um país de grande reinação. Até um dia, em que a nossa jazida seja debaixo dos escombros. (CT | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Tremem, tremem mas não caem

Pedro Lima | Expresso

Bom dia,

E agora para algo completamente diferente… hoje é dia de uma iniciativa para chamar a atenção para os comportamentos que os cidadãos devem adotar em caso de sismo. Trata-se de um exercício de simulação em que toda a população é convidada a aderir, que decorre às 11h05 e cuja informação está disponível no site “A terra treme”, em www.aterratreme.pt, onde é possível fazer o registo para a participação. Tem a duração de um minuto durante o qual os participantes são convidados a executar os “três gestos que salvam”: baixar, proteger e aguardar. Os sete passos para se precaver e proteger em caso de sismos estão disponíveis aqui, caso não tenha disponibilidade para participar ou já não vá a tempo para se registar.

A ação é organizada pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, que, em colaboração com o Ministério da Educação, também realiza um exercício de sensibilização para os riscos sísmicos numa escola do Montijo.

Iniciativas como estas nunca são demais num país em que parte significativa do seu território, incluindo a capital, foi dizimado há pouco mais de 263 anos. Aliás, a 1 de novembro deste ano houve um sismo precisamente onde em 1 de novembro de 1755 a terra tremeu. Desta vez, ao largo de Peniche, a magnitude foi 5,2 na escala de Richter – em 1755 foi à volta de 8,5.

Esta é uma informação útil, que pode ser necessária quando menos se espera. Mas é também o mote para o Expresso Curto de hoje, porque no país há neste momento muita gente que está tremida, ou muita instituição que treme mas não cai.

Tremeu recentemente a “instituição militar”, com o caso do roubo do armamento dos paióis de Tancos e a posterior encenação do reaparecimento a tornar-se alvo de chacota e, acima de tudo, de perplexidade dada a gravidade dos acontecimentos. O assunto continua a ocupar-nos muito tempo – continua a andar por aí, com o “quem sabia o quê” a dar que falar, com o Presidente da República a irritar-se, com o primeiro-ministro a prontificar-se para ir à Comissão Parlamentar de Inquérito de Tancos e com o presidente do PSD a dar tiros nos pés e a ser criticado por isso. Mas já lá vamos.

Este domingo foi dia do maior desfile militar em democracia, com o objetivo de assinalar os 100 anos do Dia do Armistício de 1918, que pôr termo à Primeira Guerra Mundial, e celebrar a paz. A cerimónia, que decorreu em Lisboa, concentrou na avenida da Liberdade um aparato militar como há muito não se via: 3437 militares das Forças Armadas, 390 da GNR, 390 polícias da PSP e 160 antigos combatentes. Houve ainda 111 viaturas das forças de segurança, 86 cavalos, 78 viaturas das Forças Armadas, 11 aeronaves e dois navios no Tejo.

Naturalmente, o desfile contou com a presença do Presidente da República, que é o comandante supremo das Forças Armadas. Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para tentar pôr “ordem na barraca”: "Não toleraremos que se repita o uso das Forças Armadas ao serviço de interesses pessoais ou de grupo, de jogos de poder, enquanto soldados se batiam como hoje se batem todos os dias no centro de África, no norte, leste e sul da Europa, no Golfo da Guiné, pela pátria e pela humanidade", disse o Presidente. É uma clara alusão ao caso de Tancos, que fez tremer as instituições militares e perante o qual é importante moralizar as tropas, lembrando os 111 mil militares que combateram na Primeira Guerra Mundial e os mais de oito mil que morreram no conflito.

O que é certo é que o “tema Tancos” está a conseguir irritar o Presidente da República, que não gosta de assistir às “sugestões” de que teve conhecimento da operação de encobrimento do roubo das armas. No sábado, em declarações ao Público, Marcelo disse: “Se pensam que me calam, não me calam”.

É um tema que está a consumir demasiadas energias mas que promete continuar por aí. O próprio primeiro-ministro mostra-se “obviamente, totalmente disponível” para responder à Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Tancos, como escreveu o Expresso na sua edição semanal.

Ora, perante esta disponibilidade de António Costa, o líder do PSD considerou que o primeiro-ministro não devia ir à comissão de inquérito. E isto não estará a cair bem no PSD. Pelo menos ontem um seu ex-líder, Luís Marques Mendes, desferiu fortes críticas a Rui Rio no seu habitual comentário dos domingos à noite na SIC, dizendo que este está a ser “mais costista que Costa” e insinuando que quer ir para um governo com o PS e assumir o cargo de vice-primeiro ministro. “Problema de competência política” ou “demasiada subserviência ao primeiro-ministro”? Marques Mendes deixou as duas hipóteses em aberto.

Rio deve mesmo preocupar-se com o estado anímico das tropas do PSD. É que o mal-estar parece não diminuir, antes parecem ir engrossando as fileiras do descontentamento. E casos como o do secretário-geral do partido, José Silvano – que assina presenças no Parlamento sem lá estar, conforme revelou o Expresso também no sábado -, não ajudam, pelo contrário. E não é bom para o país ter o maior partido da oposição distraído com stresses internos. Rio tem tremido e pelos vistos vai continuar a tremer, vamos ver se cai ou não cai. Marques Mendes referiu-se ontem também a este caso: considera que “José Silvano perde toda a autoridade com estes maus exemplos”. E defende que ele devia pedir desculpas.

VENHA A NÓS A WEB SUMMIT

Também esteve tremida a manutenção da Web Summit em Portugal após a edição que arranca hoje oficialmente – embora só amanhã tenham verdadeiramente início as hostilidades – mas Lisboa vai continuar com este mega-evento durante mais 10 anos e a ideia é que seja sempre a subir o número de participantes. Este ano são esperadas 70 mil pessoas.

São tantos os programas que é preciso alguém a orientar-nos. O Expresso tem algumas dicas para que não se perca no Parque das Nações. Há uma baixa de peso e não é de peso por ser um qualquer ‘carola’ das tecnologias ou por ser um grande líder de uma das empresas da moda, mas pelo seu peso mediático enquanto futebolista. Ronaldinho não vai estar na Web Summit porque tem o seu passaporte apreendido.

Paddy Cosgrave, o fundador desta conferência de tecnologias e empreendedorismo que conquistou Portugal, declarou entretanto o seu amor a Lisboa. Desdobra-se em entrevistas em que aponta os principais destaques da conferência e até foi andar de tuk-tuk pela cidade.

OUTRAS NOTÍCIAS

No futebol, a liderança da Liga continua ao rubro, com FC Porto e Sporting Clube de Braga à frente, ambos com 21 pontos. O Braga venceu o Vitória de Setúbal por 2-1 mas ainda tremeu no final do jogo com medo do empate, que levou inclusivamente à expulsão do seu treinador Abel Ferreira. Também o Porto tremeu um pouco no sábado, pois só aos 70 minutos conseguiu marcar ao Marítimo, bem organizado defensivamente. Mas depois meteu a engrenagem, para fixar o resultado em 0-2 e o primeiro lugar voltou a estar no papo. Haverá por isso jogo grande no próximo sábado quando Porto e Braga se defrontarem pelas 20h30 no estádio do Dragão.

Depois do desaire do Benfica na sexta-feira, Rui Vitória está ‘tremido’, face à enorme contestação que sofreu ao perder por 1-3 frente ao Moreirense. Os próximos jogos (na quarta contra o Ajax e no domingo contra o Tondela) serão decisivos para confirmar se a rutura dos adeptos com o treinador é reversível ou se, pelo contrário, já não há nada a fazer. Tudo depende, naturalmente, dos resultados, mas também das exibições, certamente.

Nos Açores o Sporting pós-Peseiro também tremeu, mas contou com uma grande penalidade, uma expulsão de um jogador do Santa Clara e algumas boas substituições operadas pelo técnico interino Tiago Fernandes e lá conseguiu a vitória que deu a tranquilidade desejada, por 1-2, após ter estado a perder. Após a derrota frente ao Estoril-Praia para a Taça da Liga e a consequente demissão de José Peseiro, era preciso não dar mais argumentos aos contestatários. E há ‘indicações’ de que será hojeque Frederico Varandas anunciará o holandês Marcel Keizer, que está a treinar o Al Jazira nos Emirados Árabes Unidos, como novo treinador do clube. O presidente do Sporting tem-se fechado em copas, dizendo apenas: “Garanto que nunca me vai faltar coragem para tomar decisões”. Para já o Sporting ultrapassou o Benfica e vai em terceiro, com 19 pontos, mas ainda tem de esperar para ver o que faz hoje o Rio Ave (que tem 17) pois ainda há dois jogos para disputar esta segunda-feira: o Rio Ave joga às 19h com o Nacional e o Chaves joga com o Desportivo das Aves às 21h15.

O projeto de uma nova liga europeia de futebol exclui os clubes portugueses, noticiou o Expresso no sábado. Trata-se de novas informações contidas na investigação no âmbito do Football Leaks.

Ainda no desporto, Miguel Oliveira sagrou-se vice-campeão no Mundial de Moto 2. As expectativas eram elevadas mas ficar em segundo lugar já é muito bom.

Se dúvidas houvesse da “normalização” dos bancos portugueses, depois de anos em que tremeram por todos os lados, poderiam ser desfeitas pelo anúncio esta manhã da compra do Eurobank pelo banco que o BCP tem na Polónia. O BCP não só já admite entregar dividendos como também já faz compras de grande dimensão (428 milhões de euros).

Vem aí mais contestação laboral, desta vez de juízes e enfermeiros. Os juízes decretaram uma greve de 21 dias, com início a 20 de novembro e que se prolongará até outubro do próximo ano. O Governo já apelou ao sentido de responsabilidade dos juízes. E os enfermeiros marcaram uma paralisação em cinco centros hospitalares que deverá durar mais de um mês.

O mau tempo em Itália assumiu proporções assustadoras: ontem à tarde o balanço apontava para 29 mortos, 10 dos quais na Sicília.

Ainda há territórios longínquos que querem continuar a ser governados pelas “potências europeias” quando têm a oportunidade de escolher o contrário. Um arquipélago da Oceânia que fica no meio do Pacífico, a Nova Caledónia, escolheu continuar a ser governada por França. Num referendo em que participou 80% da população, 56,4% disseram “sim”.Uma vitória para a França, que deu “imenso orgulho” ao presidente francês, Emmanuel Macron.

PRIMEIRAS PÁGINAS

SPA condenada a pagar um milhão a ex-diretor despedido – Público

Concursos desertos obrigam câmaras a pagar mais caro – JN

Web Summit: a “melhor e maior” edição de sempre tem direito a segurança reforçada – I

Juíz de Sócrates liberta traficantes de armas – Correio da Manhã

Banca nacional é das mais atrasadas na digitalização – Jornal de Negócios

Ventos de vitória – A Bola

Leão volta a sorrir – Record

Agarrados ao topo – O Jogo

O QUE EU ANDO A LER

“Visionários”, do jornalista João Pedro Pereira, conta a história de cientistas, inventores e empresários que já ficaram ou vão ficar na História. Alguns deles já morreram há muitos anos, outros, os que estão vivos, ainda são muito novos. E ficam na História porque sonharam revolucionar as nossas vidas, porque tiveram ideias “disruptoras” e com isso enriqueceram muito e rapidamente.

A viagem vai desde John Mauchly e J. Presper Eckert, que criaram o UNIVAC, um computador que em 1952 fez história ao surgir na estação televisiva CBS numa noite eleitoral e que seria usado para fazer previsões dos resultados das eleições, passando por outras figuras incontornáveis do mundo tecnológico como Bill Gates ou Steve Jobs até chegar a “novas estrelas” como Jeff Bezos, Larry Page, Mark Zuckerberg e Elon Musk – “alguns destes empresários são mais poderosos do que os governantes e chefes de Estado de muitos países”, refere o autor.

Na introdução João Pedro Pereira explica ao que vem, declarando que espera ter evitado a tendência para endeusar estes “inovadores”, porque “o mundo novo da tecnologia está longe de ser inteiramente maravilhoso”. E dá exemplos: “as hordas de trabalhadores cujos percursos nos enormes armazéns de encomendas da Amazon são controlados ao segundo”; ou a insegurança laboral e desumanização em que assenta a chamada “economia da partilha”. E há também a forma como a tecnologia é utilizada: “algoritmos de empresas como o Facebook, o Twitter e o Google têm poder de influência sobre todo o tipo de comportamentos: desde decisões de compra a decisões de voto. Contrariamente ao que por vezes se faz crer, estes algoritmos não são neutros – são programados por humanos, com todos os inevitáveis enviesamentos que isso acarreta”.

O QUE EU ANDO A OUVIR

Dois discos de produção nacional: o último de Old Jerusalem, banda do músico Francisco Silva, Chapels, mas também o mais recente de Márcia, “Vai e vem”, um disco mais uma vez a concluir em grande estilo com uma daquelas músicas – “Ao chegar” - que apetece que não acabe.

Continue a acompanhar-nos em www.expresso.pt e, às 18h, no Expresso Diário. E tenha um excelente dia.

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