terça-feira, 13 de novembro de 2018

Portugal | Kiki fez Kokó ajoelhar-se para a pedir em casamento


Brunodecarvalho dia. É como hoje, dias anteriores e dias seguintes, se deve dizer e escrever em português escorreito. O tradicional bom dia não. E das notícias: Bruno de Carvalho, mais Bruno de Carvalho, muiiito Bruno de Carvalho…

Os jornais estão pejados do nome do sujeito. Até parece que não há nada de importante para “descascar” nas notícias e nas manchetes, destaques e afins.  Máfia do futebol a rodos. Aqui estamos nós, no Jornalismo para Totós. Pois. Antes era a tarimba, a acumulação de saber, de conhecer, de viver e reviver… Agora é a universidade. E valores dúbios. Os 'dótores' vomitam e os que aceitarem sem estrebuchar (imensos)  têm de papar e deixar deformar suas eventuais mentes brilhantes. É o que se queira. É moderno, é moderno.

'Vomitorium', é o que é.

Bem, mas mais vale o Bruno de Carvalho do que aquelas fotos e prosas ao estilo de a “Kiki fez Kokó ajoelhar-se para a pedir em casamento.” Acrescentando que Kokó até julgava que Kiki queria que ele lhe cedesse na hora (já) um 'cunilingus' para lhe provar que a amava e lhe garantir que podia contar sempre com isso no casamento – mesmo que fosse em curto período que o ajuntamento de pompa e muita publicidade se mantivesse. Em Portugal, pois então. Coisas dos famosos, malteses e às vezes…

A seguir é o Curto… Com Bruno Carvalho. Pois. Muita prosa. Fixe, meus. Até amanhã. Considerando as circunstâncias terminamos aqui e optamos por vomitar na sanita em vez de aqui sobre o computador. Bye bye, que é moderno. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Hoje é dia B

Rui Gustavo | Expresso

Bruno de Carvalho vai ser confrontado hoje no Tribunal do Barreiro com as suspeitas de que foi ele a autorizar e a dar luz verde ao ataque à Academia de Alcochete que acabou com jogadores e treinadores feridos e nove contratos rasgados. O juiz de instrução Carlos Delca já tinha sugerido num despacho de julho, dois meses depois do ataque, que os comentários do ex-presidente do Sporting no Facebook “potenciaram clima de animosidade” entre jogadores e elementos da claque, mas só agora, seis meses depois do inacreditável ataque dos adeptos aos jogadores do próprio clube, o Ministério Público liderado pela procuradora Cândida Vilar avançou com a detenção de Bruno de Carvalho e de Nuno Mendes “Mustafá”, o líder da Juventude Leonina, também suspeito da autoria moral do assalto.

Antes da detenção de Bruno de Carvalho, na argumentação contra a rescisão unilateral do contrato de um dos jogadores, o Sporting disse que seria “inusitado” que se considerasse que as declarações pudessem estar na origem do ataque. Mas o interrogatório a Bruno Jacinto, oficial de ligação entre o clube e os adeptos, que também está em prisão preventiva, terá sido decisivo para cimentar as suspeitas do MP de que o ataque teve luz verde de Bruno de Carvalho.

O MP já pediu ao juiz de instrução que declare a especial complexidade do processo porque as perícias aos telemóveis dos suspeitos estão atrasadas e porque considera essencial ouvir o ex-treinador sportinguista Jorge Jesus, que também ficou ferido no ataque. “O testemunho direto é essencial na fase de inquérito e na fase de julgamento, não sendo possível confirmar por terceiros, de ‘ouvir dizer’, aquilo que o próprio sabe”, argumenta a procuradora. Em causa estará a alteração da hora do treino que potenciou o ataque, como explicamos no Expresso Diário que noticiou em primeira mão o pedido de alargamento do prazo para concluir a investigação.

Se seguir a mesma linha de atuação que teve até agora, é natural que Cândida Vilar peça prisão preventiva para Mustafá e para Bruno de Carvalho que passou as últimas duas noites numa cela da GNR de Alcochete. Segundo o Correio da Manhã passou a noite em branco e de acordo com o I pôde fumar e ver televisão.Teve visitas dos pais e da irmã e do advogado que criticou a prisão a um domingo considerando-a "humilhante".

O caso Bruno de Carvalho está na primeira página de todos os diários de hoje. O Correio da Manhã cita-o a dizer que "na Juve Leo manda" ele, o JN garante que o MP irá pedir a prisão preventiva e o DN diz que investigação "ganha mais seis meses. O Jogo diz que foi "tudo para fazer negócios" e que "o ambiente tóxico criado à volta dos jogadores era mesmo para motiva-los a sair".

Se aceitar falar, o dia será certamente longo para Bruno de Carvalho, indiciado por um total de 56 crimes, incluindo terrorismo. Carlos Delca, que num original despacho se queixou amargamente das saudades do tempo em que guardava “cromos de jogadores como tesouros” considerou o ataque “inaceitável” e “movido pelo ódio” e aplicou a medida de coação mais grave a 38 arguidos que já tinham sido detidos pela GNR, incluindo Fernando Mendes, ex-líder da Juve Leo que esteve na Academia de Alcochete onde garantiu a Jorge Jesus que só estavam ali para “falar”.

De todas vezes que foi confrontado pelos jornalistas com estas suspeitas, Bruno de Carvalho negou qualquer envolvimento no ataque que considerou “uma coisa chata”. Foi presidente do Sporting durante cinco anos e já tinha um lugar na história por se ter tornado o primeiro líder do clube a ser destituído pelos sócios. Agora pode tornar-se o primeiro a ser preso em Portugal. O risco é real.

OUTRAS NOTÍCIAS

Era para ser mais um B no dia B, mas José Augusto Silva, o funcionário judicial suspeito de passar informação em segredo de Justiça a Paulo Gonçalves, ex-assessor jurídico do Benfica, recusou falar e o início da instrução do processo e-toupeira foi adiado para amanhã. A SAD do Benfica é arguida no processo.

Na Califórnia, um incêndio de grandes dimensões - O Camp Fire - já matou 42 pessoas. Há mais de 200 desaparecidas e o balanço final será certamente pior. Desde 1933 e do grande incêndio de Los Angeles que não morria tanta gente num incêndio neste estado americano. A cidade de Paradise desapareceu praticamente do mapa. Muitas vítimas foram mortas quando fugiam de carro e as causas do incêndio ainda não conhecidas. Um cenário que infelizmente nos é familiar. Serão necessárias mais três semanas para extinguir completamente o fogo.

Morreu Stan Lee, o genial criador de obras primas da literatura como Spider-Man, Iron Man e Hulk e que foi capaz de transferir o universo dos super heróis da Marvel para uma bem sucedida e lucrativa série de filmes e todos os produtos de merchadising que se possa imaginar. Morreu ontem, aos 95 anos, certamente de causas naturais. Mas como os super heróis não morrem, hoje é um bom dia para ler “Blue”, da dupla Loeb/Sale que pega na melhor criação de Lee, Spider-Man, e faz uma banda desenhada do melhor. A Rolling Stone sugere 15 histórias.

O NY Times revela hoje que há novos indícios que ligam um membro da família real saudita ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. O jornal americano cita uma escuta em que um dos assassinos diz a um superior hierárquico: "Tell your boss", que se acredita ser o príncipe Mohammed Salman,

Um ataque aéreo israelita destruiu a estação televisiva do Hamas na Faixa de Gaza. o ataque é uma retaliação à retaliação do Hamas que tinha lançado rockets contra Israel depois de os israelitas terem feito oito mortos num ataque contra 70 alvos palestinianos. Um dos mortos e um oficial do exército de Israel.

MANCHETES

Correio da Manhã: "Na Juve Leo mando eu". É sobre Bruno de Carvalho.
JN: "Telemóveis ao volante dão 115 mutas por dia". Se estiver a ler este curto ao volante, pouse agora o telemóvel. A sério.
Público: "PSD, CDS e BE chumbam taxa de proteção civil na Assembleia da República"
I: "As 24 horas do ex-presidente na cela". Também é sobre Bruno de Carvalho"
DN: "Bruno de Carvalho é acusado de 56 crimes"
Negócios: "Contas dos hospitais pioraram de forma dramática"

FRASES (especial Bruno de Carvalho)

"Ou há provas ou só há a vossa imaginação"
Rui de Carvalho, pai de Bruno de Carvalho

"Confio na Justiça"
Alexandra de Carvalho, irmã de Bruno

"Confia mais do que eu"
Rui de Carvalho

"Atuação infamante, alvitante e humilhante"
José Preto, advogado de Bruno de Carvalho, sobre o facto de o seu constituinte ter sido preso a um domingo

O QUE EU ANDO A LER

“O Rapaz que Seguiu Ripley”
Patricia Highsmith

Quarto livro da série Ripley – a Ripliad, como a autora lhe chamava algo jocosamente - foi escrito em 1980 e segue a estranha vida de Frank, um adolescente americano de 16 anos suspeito de matar o próprio pai milionário que se cruza com Tom Ripley, agora um respeitável negociante de arte casado com uma herdeira francesa e que até é capaz de simpatizar genuinamente com outro ser humano. O estilo frio de Patricia Highsmith cruza-se com um universo da fase gay/Berlim de Lou Reed, que é aliás citado numa das partes do livro. A escritora ainda voltaria a Ripley em mais uma história , “Ripley Debaixo de Água”.

O QUE EU ANDO A VER

Blackkksman, o Infiltrado.
Spike Lee

Melhor filme de Spike Lee desde “Infiltrado” (“Inside Man” no original, o nome em português é o mesmo de Blackkksman, vá lá saber-se porquê), é uma espetacular farsa baseada na história verídica do primeiro detetive negro do Colorado que nos anos setenta fez passar por um branco racista para se infiltrar no Klu Klux Klan. Os episódios mais delirantes são todos reais e como renego o spoiling não digo mais nada. Quando Spike Lee já estava a editar o filme, deu-se a marcha "Unite the Right", organizada por supremacistas brancos que se envolveram em confrontos com manifestantes e acabou com o brutal atropelamento de Heather Hayer. Lee decidiu incluir imagens no final do filme e dedicou-o à manifestante assassinada. E a farsa tornou-se um violento soco no estômago que todos devíamos levar.

Hoje é o dia internacional da gentileza. Se puder, pratique-a. E obrigado por tê-la tido para ler este curto até ao fim. O Dia B pode ser seguido no Expresso e na Tribuna.

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