@Verdade | Editorial
Os discursos do Presidente da
República, Filipe Nyusi, sobretudo quando se dirige a Nação moçambicana, já
começam a provocar náusea, devido ao excesso de nada. Como sempre, o Chefe de
Estado brindou- -nos mais uma vez com um informe que foi, na verdade, um
documento cheio de parra e uva nenhuma. Aliás, o que ficou claro é que o
Presidente reconhece que em Moçambique está tudo na mesma, os moçambicanos
continuam a viver na mesma desgrenhada miséria, continua a faltar unidades
sanitárias, o acesso à água potável continua uma miragem, sem falar do
esclarecimento das dívidas legais que se encontra engavetado na secretária da
Procuradora-Geral da República.
Desde o primeiro ano do seu
mandato, Nyusi tem vindo a demonstrar que vive com a cabeça nas nuvens e não faz
ideia do que se passa no nosso país, facto esse também é fruto da bajulação que
tem merecido. Os moçambicanos, sobretudo aqueles que leva a vida honestamente,
vivem sufocados com o custo de vida, que agudizou com a descoberta das dívidas
ilegais das empresas Proindicus, EMATUM e MAM. Mas mesmo assim o Presidente da
República, que começou por dizer que o estado da Nação não era “satisfatório,
mas também não era mau”, passando por “firme” e agora “estável”, continua a
lançar areia para os olhos do povo.
No seu discurso enfadonho e
demagógico, o Chefe de Estado ignorou uma série de aspectos que clamorosamente
preocupam os moçambicanos. Nyusi perdeu a oportunidade de explicar aos
moçambicanos os frequentes ataques às populações de Cabo Delgado. Deveria falar
o que está a ser feito para o esclarecimento das dívidas ilegais, que ele mesmo
é parte do problema. Esperava-se que o Presidente da República explicasse o que
o seu Governo está fazer para acabar com a fome e a pobreza que continua a
castigar milhares de moçambicanos.
Nyusi optou por um discurso
triunfalista e cheio de frases feitas. Diga-se em abono da verdade, Nyusi usou
o seu informe para fazer a sua propaganda barata, antevendo eleições
presidenciais no próximo ano. Falar de que o Estado vai pagar o 13º salário dos
funcionários públicos e agentes de Estado foi o cúmulo. Isso não é mais do que
obrigação do Estado, e assim como um direito do próprio cidadão. E, como quem
anunciava uma grande novidade, o Presidente, fazendo um aproveitamento
político, disse que a escolaridade passa a ser gratuita até 9ª classe. Para
quem esteve atento, claramente se apercebeu de que se trata de mais uma das
alterações na Lei do Sistema do Ensino Nacional de Educação, e não uma inovação
do Presidente.
Portanto, o Chefe de Estado devia
preocupar-se em apresentar aos moçambicanos, por sinal, segundo as suas
próprias palavras, o seu patrão, um discurso mais próximo da realidade.
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