Em Portugal o "fenómeno" parece que pegou nos amarelos de colete, como em França e na Bélgica. Amanhã, sexta-feira, é o dia deles quererem "Parar Portugal", manifestam-se em 14 cidades, segundo é afirmado na comunicação social. Saber o que dizem pretender com esta ação pode ser muito diferente daquilo que na realidade têm em fito os organizadores e aderentes. Estes amarelos são de esquerda, de direita ou nem por isso? Alegam-se independentes? São simples cidadãos explorados e oprimidos? São da classe média, de camisa e gravata ou provenientes da ferrugem e da caliça? Populistas "encomendados"? Não sabemos. Pensamos que ninguém sabe, excepto eles, os organizadores.
O que dá para pensar é porque razão estes "organizadores" não se manifestaram visivelmente com semelhante ímpeto contra o governo troiquiano do ultraliberal do PSD/CDS, de Passos Coelho/Paulo Portas. Que isso dá para pensar não duvidamos. A nebulosa persiste e por tal "nunca fiando", ao menos para já. Veremos lá mais para a frente.
Aleatoriamente trazemos ao PG uma peça jornalística do Negócios, de que pode desfrutar a seguir. Não sem antes fazer notar que a comunicação social corporativista que temos lido se empenhou com ganas em divulgar por tudo, por nada e por "palha" este movimento "amarelo". Muito mais que, comparativamente, com a manifestação da TSU nos tempos quase neofascistas de Coelho/Portas/Cavaco... Tal observação e conclusão também é de fazer desconfiar acerca do que move a "Organização Amarela". É que nesse malfadado tempo tudo era bem pior e a sobrevivência de milhões estava realmente em sério risco, com vidas em risco por via dos "cortes" do governo de má memória, principalmente os mais carenciados (número que cresceu a milhões). Não há semelhança com o caso atual. Apesar de o governo em Portugal não ser "perfeito" é mil vezes melhor que os troicanos proneofascistas daquela tão terrível época do passado recente.
De notar que aparentemente as reivindicações propaladas pelos coletes amarelos parecem minimamente justas e de acordo com maioria de pensamentos e vontades dos portugueses (caçar incautos?), contudo notamos também que Hitler e outros energúmenos da direita e da extrema direita (outros populistas) recolheram assim os seus apoios para depois tornar as vidas dos povos num inferno. É sempre muito útil não esquecer tais pormenores. Como soi dizer-se: "Gato escaldado até de água fria tem medo".
Vamos ver o que isto dá. Era muito bom sabermos com rigor quem são os tais "amarelos" que surgiram quase do nada ou mesmo do nada. Vejam também a peça que dispomos a seguir, do Negócios. Pelo PG manifestamos o nosso sorriso amarelo, à cautela. (PG)
As oito reivindicações dos "coletes amarelos" portugueses
Inspiram-se no exemplo francês,
garantem que são apartidários e pacíficos e exigem mudanças em áreas que vão
desde o valor do salário mínimo nacional ao combate à corrupção. Esta
sexta-feira, querem parar Portugal desde as 07h00.
As redes sociais, principalmente
o Facebook e
o WhatsApp,
foram a plataforma usada por grupos de cidadãos de todo o País para criarem um
movimento inspirado nos "coletes
amarelos" de França. As várias manifestações, debaixo da bandeira "Vamos
Parar Portugal", começam logo às 07h00 desta sexta-feira e já
colocaram as autoridades em alerta, com a PSP a
suspender folgas para reforçar a prevenção em todo o País, refere a Sábado.
Os organizadores garantem que são um grupo pacífico, que pretende alertar para os problemas do País. E divulgaram uma missiva que apresenta as suas oito reivindicações, onde exigem aumentos em várias áreas e também combate à corrupção.
Os organizadores garantem que são um grupo pacífico, que pretende alertar para os problemas do País. E divulgaram uma missiva que apresenta as suas oito reivindicações, onde exigem aumentos em várias áreas e também combate à corrupção.
No comunicado divulgado nas redes
sociais, o Movimento dos Coletes Amarelos Portugal define-se como
"pacífico, apartidário, sem fins lucrativos, de união e apoio a todos os
grupos e indivíduos" que estejam "insatisfeitos com os variados
problemas de actualidade" do País. Mais, esperam que estes grupos estejam
"dispostos a protestar até que os mesmos [problemas] estejam
resolvidos".
E que problemas são esses? No
topo das exigências aparece a redução de taxas e impostos, como o IVA e o IRC, o "fim
do imposto sobre produtos petrolíferos" (ISP) e "a redução para
metade do IVA sobre combustíveis e gás natural". O MCAP pretende ainda a
"redução das taxas sobre a electricidade, com incidência sobre as taxas de
audiovisual e de emissão de dióxido de carbono". Neste primeiro ponto,
exigem também a "concessão de incentivos, fiscais e outros, para as micro
e pequenas empresas poderem pagar, com a correspondente taxação às grandes
empresas e multinacionais, com base na sua margem de lucro.
No segundo ponto, é defendido o
aumento do salário mínimo nacional para os 700 euros, sendo que a
solução apresentada para sustentar esse valor é um "corte nas pensões
acima de 2 mil euros." Um novo corte nas pensões, desta vez nas
"milionárias acima de 5 mil euros", como o movimento as apelida, é a
sugestão dada para atingir outro objectivo: o aumento do valor do subsídio de
emprego e do seu tempo de duração.
No quarto ponto, surgem as
alterações às pensões e reformas. O
movimento exige que a pensão mínima suba para os 500 euros, voltando a defender
que o meio para atingir o referido fim são os cortes nas pensões já antes
referidas e de valores elevados. Neste caso, também a actividade política fica
na pira do MCAP: "reforma para os políticos aos 66 anos de idade como, aliás,
o restante dos portugueses, atento [sic] à premissa que ‘a política não é uma
carreira’" e "fim imediato/corte das subvenções vitalícias para
políticos".
No quinto ponto, aparece uma das
"bandeiras" do movimento, que exige a adopção "imediata de medidas
visíveis e expressas de combate contra a corrupção no Governo, na
Administração Pública, nos serviços públicos" e nos sectores
"empresarial e bancário". Segundo as contas do MCAP, as
consequências da actividade criminosa económico-financeira custam "18 mil
milhões de euros aos contribuintes" por ano. Deste modo, defendem a
"criação de Código Penal mais rigoroso" e a criação de "unidades
especializadas independentes na prevenção e combate à corrupção".
A actividade política é novamente
escrutinada, defendendo-se que os políticos se passem a reformar aos 66 anos,
que se reduza o número de deputados na
Assembleia da República e que se adoptem "sistemas biométricos/leitura
óptica/etc para registo de assiduidade/presença no Parlamento", numa
alusão aos recentes casos de parlamentares com presenças-fantasma em plenário.
Além disso, este grupo de
cidadãos quer também que haja uma averiguação imediata dos casos das
"falsas moradas dos deputados com obrigação de reembolso".
"Acabar com as mordomias de toda a classe política portuguesa" é o
tópico que fecha o combate à corrupção.
O Serviço Nacional de
Saúde também entra na lista de preocupações dos "coletes
amarelos" portugueses, que consideram que este "não consegue,
actualmente, prestar um serviço de qualidade, uma vez que é completamente
manipulados pelos lobbies da indústria farmacêutica e da clínica privada".
Ainda assim, o movimento assume que se trata de um problema "profundamente
enraizado no sistema económico global". Na sua missiva, os
"coletes" pedem o fim da "prática antagónica existente entre as
necessidades do doente e os lucros da indústria farmacêutica, entre o valor de
uso e o valor de troca dos medicamentos, face ao poder de compra dos
portugueses". O movimento deseja que, estas medidas, ajudem a
"impedir o enriquecimento pessoal de políticos que servem os interesses da
indústria farmacêutica".
O MCAP acusa "os sucessivos
governos incompetentes" de terem destruído os sectores primário e
secundário, "importantes pilares da Nação." Para o sector
primário, defendem-se condições para que "a produção e exportação das
matérias-primas passem a ter um valor agregado", como acontece por exemplo
os produtos industrializados, "com o devido controlo da qualidade de
produção, através da exploração de verdadeiros recursos da natureza."
No caso do sector secundário, o
MCAP lembra que "países com um bom grau de desenvolvimento possuem uma
significativa base económica concentrada no sector secundário", como tal,
a exportação destes produtos "também poderá gerar riqueza para a indústria
nacional".
O caderno de reivindicações fecha
com medidas referentes ao direito à habitação e
à luta pelo fim da crise imobiliária. O grupo quer "acabar com a
especulação imobiliária" e reverter a penhora de imóveis, por
parte da banca, "a famílias com rendimentos abaixo dos 10 mil euros por
ano".
Negócios
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