sábado, 8 de dezembro de 2018

Portugal | PSD: casa onde não há pão

Trapaça: Deputada do PSD Maria das Mercês Borges votou pelo colega ausente
Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

Casa onde não há pão - leia-se poder - todos ralham e ninguém tem razão. Cinjo-me estritamente ao domínio da política partidária e refiro-me, naturalmente, ao PSD.

A falta de pão e a subsequente fome é a causadora de todas as zangas. Rui Rio nunca prometeu abastança, mas talvez poucos acreditassem que o partido ficasse arredado do poder e sem perspectivas de vir a recuperá-lo. Muitos ainda acalentam a esperança num regresso de Pedro Passos Coelho, até porque, esse sim, matou a fome a muita gente no partido, enquanto, paradoxalmente, criava as condições para que a fome regressasse um pouco por todo o país.

Com efeito, a falta de poder e sobretudo a angústia de saber que esse poder está longe do partido, põe toda aquela gente à beira de um ataque de nervos. Senão vejamos os acontecimentos dos últimos dias: "Assessor do PSD insulta Presidente e Teresa Leal Coelho repreende-o", prometendo medidas draconianas para regular a utilizar das redes sociais. Neste caso, o assessor do PSD foi longe ao ponto de escrever, e passo a citar: "...babam-se todos perante o poder do dinheiro imperial." - referindo-se à visita do Presidente chinês a Portugal. Entretanto, o dito assessor já pediu desculpa; paralelamente, os casos de deputados que faltam que nem gente grande volta a encher páginas de jornais e tempo de antena, revelando o mais abjecto despudor por parte de alguns; e ainda o deputado Miguel Morgado, um apaniguado de Passos Coelho, em entrevista ao Observador, admitindo as "guerras internas", reconhece que o definhamento do partido ainda consegue ser pior do que essas guerras.

Guerras. A palavra é adequada. Até porque em casa onde não há pão, todos ralham e acabam em guerra. Entretanto, a deputada que votou pelo colega, o famoso Feliciano Barreiras, demitiu-se de todos os cargos do grupo parlamentar, esta era a tal deputada que não sabe se carregou ou não no botão de votação do colega e, se o fez, justifica-se com a singela desculpa de que "todas as bancadas o fazem". Uma criança de 5 anos não diria melhor.

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

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