terça-feira, 3 de abril de 2018

O comunismo tem algo que ver com Putin?


Pedro Tadeu | Diário de Notícias | opinião

Vladimir Putin é nacionalista, defensor da autoridade centralizadora do Estado e zeloso da preservação da sua autoridade pessoal. Vladimir Putin não é comunista: para os padrões prevalecentes nas sociedades do Ocidente rico ele seria classificável, se por acaso governasse um desses países, na categoria "líder de direita conservadora", nunca um revolucionário ao serviço dos interesses do proletariado e dos trabalhadores.

Esta leitura é uma evidência clara, largamente demonstrada desde que, em 1999, Putin começou a mandar em Moscovo.

Face à realidade política que circunscrevia a luta pelo poder na Rússia à guerra do capitalismo contra o comunismo, Putin serviu a ideia de unir o país em torno do orgulho patriótico, místico e historicista, dos czares à URSS, com a religião a solidificar o conceito.

A esta ideia de unidade, Putin juntou a prática de formar uma elite de magnatas capitalistas, politicamente controlados, numa economia liberal, de impostos relativamente baixos, ajudada pela exploração de vastos recursos naturais, muitos deles nas mãos do Estado. Eternizou-se, assim, no Kremlin.

Aos saudosos na União Europeia e nos Estados Unidos da América dos tempos da Guerra Fria parece ser conveniente insinuar que a Rússia de Vladimir Putin disfarça ou adormece o ideário comunista.

Para uns, esta sugestão é a forma mais fácil de ganhar boa parte da opinião pública mais distraída para as insanidades sucessivas que colocam o mundo em perigo de guerra total e ajudam a esconder a crueldade, a estupidez com que os governos ocidentais conduziram as suas tentativas de dominio do Médio Oriente, com a Síria, agora, a centrar as atenções.

O suposto perigo "russo comunista" serviu também para transformar países do Leste Europeu, saídos da ex-União Soviética, numa espécie de cordão antirrusso governado por antidemocratas.

Para outros, a sugestão de um hipotético comunismo subterrâneo no governo da Rússia serve para acalentar a esperança de ali, talvez em aliança com a China, vir a renascer uma oposição séria e consequente aos desmandos do capitalismo monopolista.

Para estes, a Rússia de Putin teria no seu ADN um gene capaz de fazer nascer um corpo político de combate ao imperialismo económico dos senhores da globalização; frontalmente denunciador da manipulação e do controlo, por potências estrangeiras, de muitos governos de países menos desenvolvidos; um motor da defesa da autodeterminação dos povos, livres dos constrangimentos do capitalismo mundial high tech...

Esta visão é todos os dias desmentida pela realidade: a luta da Rússia de Putin, simplesmente, é a de disputar com a União Europeia (sobretudo com Alemanha, França e Inglaterra), com os Estados Unidos e com a China, em alianças e confrontos conjunturais, o maior domínio político e económico que lhe for possível alcançar.

Duas décadas de conspiração, apoio, financiamento e armamento concedido a terroristas, a fanáticos, a protofascistas, a ditadores, a oligarcas, a fundamentalistas, a traficantes, sempre em nome da defesa dos direitos humanos, numa competição entre os maiores países da NATO e a Rússia (a China tem-se afastado deste campeonato bélico), resultaram em milhões de mortos e de refugiados.

Entretanto, o governo britânico acusou, sem mostrar provas conclusivas, o governo russo de estar por detrás de um atentado em Inglaterra que vitimou um ex-espião russo e a filha. Convenceu mais de 30 países, a começar nos Estados Unidos da América, a expulsar 150 diplomatas russos. Putin retaliou e mandou embora da Rússia uns 60 diplomatas de 23 países.

Putin talvez esteja por detrás do envenenamento de Sergei Skripal, não sei, mas, sendo um político experiente, bastante melhor do que a maior parte dos líderes ocidentais com quem se confrontou em 20 anos, suscita-me a pergunta: se autorizou esse assassínio, o que é que pensava ganhar?... Ninguém, ainda, explicou algo que convencesse.

O governo português não foi na onda, limitando-se a chamar o seu embaixador em Moscovo para consultas. Está a ser acusado de trair os seus aliados e de não acreditar na palavra e nas informações dos britânicos.

A Inglaterra e os EUA inventaram, em 2003, as armas químicas de Saddam e puseram Durão Barroso, então primeiro-ministro português, a ser padrinho de uma cimeira que decidiu a invasão ao Iraque: em 10 anos essa mentira causaria meio milhão de mortos.

Com este antecedente acho que o governo português tem o direito e o dever de exigir dos seus aliados, antes de se meter em novos conflitos, muito mais do que aquilo que foi, até agora, mostrado no caso Skripal... É o mínimo.

Procuradoria alemã pede extradição de líder separatista catalão


Palavra final sobre o caso de Carles Puigdemont cabe agora a tribunal regional. Detido desde o fim de março, independentista é acusado de rebelião e pode enfrentar até 25 anos de prisão na Espanha.

A Procuradoria Geral do Estado de Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha, pediu nesta terça-feira (03/04) a um tribunal local a extradição do ex-chefe de governo da Catalunha Carles Puigdemont para a Espanha. O político enfrenta em seu país acusações de rebelião, malversação de fundos públicos e desobediência estatal ao organizar um referendo sobre a independência catalã – crimes que podem resultar em até 25 de prisão.

Após analisar documentos enviados pela Justiça espanhola, o gabinete do procurador-geral do Estado entendeu que o pedido de extradição feito pela Espanha é justificado.

A palavra final sobre o caso, porém, deve ser dada pelo Tribunal Superior Regional de Schleswig-Holstein. Não há previsão de quando uma decisão será tomada.

Desde que foi detido, no dia 25 de março, depois de chegar à Alemanha vindo da Dinamarca, o independentista Puidgemont aguarda uma decisão sobre o seu futuro na prisão de Neumünster.

O tribunal de primeira instância dessa localidade decidiu que o político deveria permanecer na prisãoenquanto o caso é avaliado, por considerar que existe perigo de fuga.

O advogado do catalão, Wolfgang Schomburg, vem pedindo ao governo da chanceler federal Angela Merkel que não autorize a extradição, se o tribunal a determinar.

No final de semana, Puigdemont advertiu, por meio da rede social Twitter, que não irá desistir, nem renunciar ou retirar-se perante a "atuação ilegítima de quem perdeu nas urnas".

"Que seja claro: não desistirei, não renunciarei, não me retirarei perante a atuação ilegítima de quem perdeu nas urnas ou antes da arbitrariedade de quem está disposto o preço de abandonar o Estado de direito e a justiça pela unidade da pátria", disse.

Em 27 de outubro de 2017, Madri decidiu intervir na comunidade autônoma da Catalunha por meio da dissolução do parlamento regional, da destituição do Executivo regional e da convocação de eleições regionais que foram realizadas em 21 de dezembro passado.

JPS/rtr/lusa/dpa | Deutsche Welle

ANGOLA | A Rede de insociáveis


Caetano Júnior* | Jornal de Angola | opinião

As Redes Sociais fizeram mais uma vítima. Parece não haver engrenagem  que as supere, quando se trata de afinar mecanismos tendentes a macular, sujar e destruir a imagem e o bom-nome de cidadãos. Porque quem tem denúncias, deve fazê-las chegar às autoridades. É o caminho! Desta vez, o alvo das considerações caluniosas é um jovem, cuja conduta é marcada pela decência, verticalidade e respeito. Quem o conhece corrobora. Portanto, uma pessoa que se guia pelas mais elementares regras de convivência, ao contrário da caracterização que lhe atribui o “post” que ainda circula.

O alvo da vez é descrito como portador de HIV, doença que procura disseminar, sobretudo, a mulheres na faixa entre os 16 e os 30 anos. Além disso, é tido como pedófilo. Quem o difama acrescenta que o homem fez já duas dezenas de vítimas, apelando, portanto, para que se passe a mensagem, porque, de outra forma, o próximo infectado pode ser “uma irmã, prima ou outro membro qualquer da nossa família”. O conjunto de informações para a “caça ao homem” inclui nome, morada, formação académica e fotografia. 

Par trás ficou, pois, a construção do quadro perfeito para o início da derrocada até do mais inocente e pacato cidadão. Assim, sem mais, nem menos! Ou, simplesmente, porque não se simpatiza com alguém, porque se inveja o sucesso de outrem, porque se disputa uma mulher, porque não se chegou a entendimento nos negócios, porque há uma querela mal resolvida, enfim. Por uma qualquer futilidade, pessoas vêem, num repente, a imagem e o bom-nome enlameados e sob o escrutínio público e se confrontam com a necessidade de distribuir explicações para contingências que sequer tiveram como prever.  É nisso que se transformaram as Redes Sociais, num labirinto de perseguições, intrigas, ódios, ressentimentos e vingança.

As Redes Sociais nasceram da necessidade de todos unir e servir e abrem um mundo de encantos, que vão do simples lazer e entretenimento ao debate, à troca de ideias e de informações. São um meio que, se explorado convenientemente, potencia e eleva a qualidade na discussão dos temas hoje mais recorrentes, como democracia, liberdade de expressão, cidadania, direitos e deveres, entre outros. Portanto, são um espaço que pressupõe relações, sociabilidade e interacção humana. Quem nelas se embrenha deve ganhar consciência de que vai começar um processo de socialização, diferente daquele a que está acostumado, o convencional, o do quotidiano, que a família, a escola e a sociedade, no geral, oferecem. 

Também no universo das Redes, a relação decorre sob normas. Afinal, deve existir uma maneira de ser e de estar, de agir e de se  manifestar. O frequentador precisa de ser sociável; deve ser educado. Quando não é assim, o mais provável é emergirem incidentes e situações desagradáveis, que, por exemplo, concorrem para que se chamusque o perfil de inocentes. Para a vertente da degradação parece mesmo tender o pêndulo das Redes. Pelo menos é a impressão que fica, à luz de imagens e mensagens que circulam nas diferentes plataformas, cuja explicação assenta apenas no desejo de quem as publica de difamar e fazer ruir o edifício de credibilidade, honra e respeito que o outro erigiu.

As Redes Sociais mal tiveram tempo de ser usadas da forma mais conveniente, mas já têm invertidas algumas das funções para as quais foram criadas. Hoje, chegam a parecer uma convenção de gente insociável, que se sacia à custa da desonra alheia. Além de reunirem analfabetos funcionais transformados em "opinadores" ou iletrados repentinamente bafejados com o dom da escrita e da oratória, concentram mentes perversas, que não hesitam em fazer disseminar calúnias, injúrias e inverdades sobre chefes de família e comuns cidadãos.

É o caos! Porque a polícia se revela incapaz de confortar as vítimas das calúnias, dando-lhes garantia de que os culpados serão identificados e punidos. Faltam meios e tecnologia. Enquanto isso, a fila de queixosos alonga-se, ao mesmo tempo que paira um sentimento de apreensão, ante a possibilidade de mais qualquer um poder engrossá-la.    

É o caos! E deve ser contido, por via da consciencialização, pelo resgate da ética ou pela força do carácter. A inversão do cenário tem de engajar quem se opõe aos excessos, à desonra e às práticas contrárias a um convívio tolerante e harmonioso, mesmo na diferença de ideias e de pensamentos. A instituição de um regulamento é uma emergência. É preciso responsabilizar quem, na cobarde protecção do anonimato, comete o que se pode chamar crime hediondo. 
 
De outra forma, estará a ganhar razão quem defende medidas radicais para se colocar fim às enormidades que as Redes Sociais disseminam.

*Diretor-adjunto do JA

Acusados de alegado atentado contra vice-presidente de Angola em liberdade condicional


Acusação foi alterada e aguardam julgamento

Os cinco cidadãos angolanos acusados inicialmente de tentativa de homicídio contra o vice-presidente da República, Bornito de Sousa, foram provisoriamente soltos sob Termo de Identidade e Residência, confirmou hoje à VOA o advogado do grupo.

Sebastião Assureira disse que as medidas de coacção decretadas vão permitir aos cinco pedreiros aguardar o julgamento em liberdade.

A decisão tomada pelo Ministério Público, junto da instrução preparatória, surge depois de, em meados Fevereiro, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) ter alterado a acusação de tentativa de assalto a Bornito de Sousa a um assalto a uma residência no condomínio onde mora o vice-presidente.

Os cinco cidadãos eram acusados, segundo o seu defensor, de estacionarem a viatura em que seguiam próximo da residência de Bornito de Sousa, no condomínio Jardim de Rosas, município de Belas, e de ter sido encontrada no interior da mesma uma arma de fogo e uma catana.

Esta acusação que, se comprovada pode resultar numa condenação de até 20 anos de prisão, nunca foi, entretanto, formalizada oficialmente pelo SIC, até ser supostamente abandonada, naquilo que foi interpretado por Sebastião Assureira como sendo uma reedição do famoso caso dos “15+2”.

A versão da defesa é que os acusados teriam sido agredidos na altura da detenção por efectivos da Unidade da Guarda Presidencial (UGP) e da Polícia Nacional e posteriormente ouvidos, sem a presença de advogados.

 VOA

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | Vice Governadora do Banco Central diz que não comprou casa em Portugal


Massari Sousa Pontes, Vice-Governadora do Banco Central, desmentiu as informações, postas a circular nas redes sociais, segundo as quais teria comprado em Portugal uma residência que custou mais de 250 mil euros.

Tais informações motivaram o maior partido da oposição o MLSTP, a solicitar ao Ministério Público, que o assunto fosse investigado, tendo em conta, segundo o MLSTP, o processo de lançamento da nova moeda nacional realizado no início do ano 2018, considerado pelo partido político como tendo sido enfermo de irregularidades.

Num comunicado distribuído à imprensa na última, a vice-Governadora do Banco Central, desmentiu tudo e considerou tais informações postas a circular nas redes sociais como sendo falsas.

Massari Sousa Pontes, manifestou-se disponível para colaborar com as autoridades pois, segundo ela, em momento algum adquiriu ou está em vias de adquirir um apartamento em Portugal.

Por outro lado as suspeitas aventadas pelo MLSTP, segundo as quais, a alegada aquisição de casa em Portugal, poderá estar ligada ao processo de emissão da nova moeda nacional. «Nunca recebeu comissões ou quaisquer outros benefícios para além dos legalmente estabelecidos, no desempenho das suas funções e muito menos no âmbito da reforma monetária», refere o comunicado.

Prometeu agir judicialmente para que os mentores , da informação posta a circular sejam identificados e responsabilizados.

Téla Nón

Entrevista de Lula com Rafael Correa: "as elites da América Latina não querem democracia"


Conversa entre Lula e Correa aborda as dificuldades históricas e políticas que afetaram a América Latina - especialmente em sua relação com os Estados Unidos - e sua necessidade de seguir lutando para manter a dignidade social diante de qualquer tentativa de submissão

Victor Farinelli | Carta Maior

Nesta nova edição do programa de entrevista “Conversando com Correa”, no canal RT en Español, o ex-presidente do Equador dialoga com Lula da Silva, o ex-presidente progressista do Brasil e principal líder do Partido dos Trabalhadores. A conversa entre ambos aborda as dificuldades históricas e políticas que afetaram a América Latina – especialmente em sua relação com os Estados Unidos – e sua necessidade de seguir lutando para manter a dignidade social diante de qualquer tentativa de submissão.

Este encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Rafael Correa é também o encontro entre dois ex-presidentes latino-americanos progressistas, o que propicia, certamente, uma leitura compartilhada do presente político baseada na experiência direta dos problemas políticos da região.

Correa recebeu Lula com uma pregunta introdutória tão ampla quanto indispensável. Depois do impressionante progresso do Brasil durante os governos progressistas do PT (Partido dos Trabalhadores), do seu sucesso indiscutível na redução dos níveis da fome e da pobreza, e da considerável estabilidade democrática alcançada nesse período, se inicia o injusto processo de “defenestração” sofrido pelos dirigentes do PT: a perseguição política a Lula, e anteriormente o “impeachment' de Dilma Rousseff, “baseado em calúnias”, como diz o próprio Correa. Em paralelo a isso, os atuais governantes do Brasil aparecem envolvidos em casos de corrupção do mais alto nível sem que isso seja capaz de afetá-los. “O que acontece com o nosso querido Brasil?”, pergunta Correa.

“O Brasil tinha tudo para estar consolidando sua democracia – explica Lula –, tudo começou muito bem, até que vieram as manifestações de junho de 2013”. Na opinião do presidente brasileiro, seu país “estava numa posição privilegiada, formava parte dos BRICS (bloco de países que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), se transformou num protagonista internacional, e creio que os estadunidenses não estavam acostumados a ver certa independência por parte dos países da América Latina”.

“Em todo caso, os avanços conseguidos foram extraordinários”, aponta Rafael Correa, que considera “desconcertante” o rumo posterior dos acontecimentos, e lamenta que “o resto da América Latina e o resto do mundo vire o rosto para não ver essas injustiças”, em referências às arbitrariedades cometidas contra o PT e os ex-presidentes.

A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA

Durante este encontro entre Rafael Correa e Lula da Silva, eles conversaram sobre muitos temas, questões da atualidade e assuntos de grande interesse no cenário latino-americano. Abaixo, antes de seguir com a matéria que resume os pontos principais da entrevista, deixamos o vídeo completo do programa:


Os interesses das elites, dentro e fora do Brasil

Por sua parte, Lula ofereceu uma versão simples e clara dos fatos: “a elite brasileira nunca aceitou o fato de que eu tenha optado a favor da América do Sul”. O líder do PT assume que “o Brasil era um país que estava de costas para a América do Sul, não olhava para a África, só olhava diretamente para os Estados Unidos e a União Europeia. Eu decidi mudar isso”, afirmou.

“Eu estou convencido – continuou Lula – de que há um vínculo entre os interesses da elite brasileira e os das elites estrangeira, sobretudo a dos Estados Unidos”. O ex-presidente brasileiro assegura que “muitas vezes não conseguimos comprovar coisas no mesmo período em que elas ocorrem, mas hoje nós já temos provas de que o Ministério Público do Brasil está recebendo instruções do Ministério Público norte-americano”. “Há uma combinação de interesses da elite de países como os Estados Unidos e os da elite brasileira”, acrescenta Lula.

Em qualquer caso, o político brasileiro se mostra convencido de que “os Estados Unidos não estão interessados numa América Latina independente, não interessa para eles uma América Latina com soberania, e interessa muito menos ver um país com o tamanho do Brasil tendo influência nas decisões sobre a América Latina”.

Estas reflexões são congruentes com a visão geopolítica de Lula da Silva, que num momento da entrevista chega a afirmar que “a elite brasileira não está acostumada à democracia, e mais que isso, creio que as elites da América Latina querem democracia”.

Autocrítica e vontade de lutar

Lula admite que “nós também cometemos erros, que nos deixamos levar pela euforia, pelas coisas que fomos capazes de fazer, e por isso não se teve tanto cuidado na organização do país”. Nesse sentido, ele lamenta ter perdido a oportunidade de “consolidar o bloco do Sul”, e reconhece diretamente que faltou maior ímpeto para alcançar esse objetivo.

Correa, por sua parte, chamou a atenção sobre a existência de um “script” de ação política que “se aplica em várias partes da América Latina”, e que “leva à perseguição dos políticos progressistas” e também ao seu “linchamento midiático”, enquanto os políticos conservadores parecem contar com a impunidade.

Contudo, Lula também afirmou que não está disposto a se render: “eles achavam que eu iria desistir ou que iria fugir do país, mas não eu ficarei aqui e lutarei. Lutarei porque conto com o apoio de uma parte da sociedade organizada, e que é muito forte” assegura, e agrega que quer transformar o Brasil num país que trabalha para o crescimento conjunto das nações, um país que anda de cabeça erguida, defendendo os povos oprimidos do mundo”.

Também joga a seu favor a boa disposição que demonstra: “aos meus 73 anos, tenho a energia de uma pessoa de 30, e a vontade de lutar de um garoto de 20”, afirma Lula.

* Com informações do Programa de entrevistas no canal RT en Español

Créditos da foto: Reprodução

BRASIL | Temer diz que "seria cobardia" não se candidatar a presidente


Apesar de o seu governo ter aprovação de 6% e de o seu nome reunir 1% de apoiantes nas sondagens, o atual chefe do Estado está disposto a defender o seu legado em outubro.

Depois de semanas de especulações, Michel Temer assumiu-se como candidato à sua própria sucessão. O presidente da República do Brasil quer "defender" o seu "legado" nas eleições de outubro e considera "uma cobardia" não o fazer. Temer, do Movimento da Democracia Brasileira (MDB), precisa, de facto, de coragem: a aprovação à sua gestão nos últimos dois anos é de 6% e as sondagens que incluíram o seu nome na lista de concorrentes não lhe deram mais de 1%.

"Tenho 6% de aprovação?", questionou Temer, quando confrontado por jornalistas com a sua baixa popularidade. "Antes tinha 3%, sinal de que a aprovação cresceu 100%", concluiu. Para ele, "não há como abandonar tudo o que foi feito por este governo". "Porque se chega alguém que vai destruir o que fizemos, vai destruir necessidades do Brasil. Como vou abandonar tudo isso?", perguntou-se novamente durante a inauguração em Xique-Xique, pequena cidade no sertão da Bahia, de uma obra iniciada em 1999.

A inauguração em Xique-Xique já fez parte de uma agenda positiva que Temer prepara para os próximos meses, chamada pelos seus assessores de "pacote eleição". Temer vai anunciar um aumento de 5% no Bolsa Família, que distribui verbas para famílias carentes, e contratar 650 mil novas residências do Minha Casa, Minha Vida, programas sociais iniciados durante o governo Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT). O presidente pretende ainda entregar a última estação do eixo norte da transposição do rio São Francisco, um trecho que já estava concluído a 80% quando assumiu o governo, visitar o Hospital Dom Tomás, construído no ano passado em Petrolina, Pernambuco, e participar das inaugurações de parques desportivos em Petrópolis, no Rio de Janeiro, Teresina, no Piauí, e Maceió, em Alagoas. Em maio, quando se completarem dois anos da chegada do político do MDB ao poder em substituição de Dilma Rousseff, do PT, fará uma cerimónia a lembrar as suas realizações.

Mas por enquanto o anúncio de Temer não mobilizou os partidos da sua base de apoio no Congresso Nacional. Dois deles, o Partido Trabalhista Brasileiro e o Partido Social Democrático, porque já declararam apoio a Geraldo Alckmin, atual governador do estado de São Paulo e candidato do Partido da Social Democracia Brasileira, e outro, o Partido da República, porque equaciona apoiar Lula, caso o antigo presidente possa concorrer.

O Partido Social Cristão e o Partido Republicano Brasileiro, por sua vez, apresentam candidaturas próprias, respetivamente de Rabello de Castro e de Flávio Rocha. O mesmo motivo por que o Democratas, do presidenciável Rodrigo Maia, atual presidente da Câmara dos Deputados, considerou "pouco atrativo" apoiar Temer. O Partido Progressista e o Solidariedade, aliás, estão com Maia. Carlos Marun, ministro de Temer e quadro do MDB, desdramatiza: "O jogo recomeçou quando o presidente admitiu possibilidade de se candidatar. Os próximos 60 dias serão eletrizantes."

Meirelles alternativa

Em paralelo, o ministro das Finanças, Henrique Meirelles, também está disposto a concorrer. E pelo partido de Temer, no qual se filiou nos últimos dias. Já anunciou que, como manda a lei, vai abandonar o posto seis meses antes das eleições, ou seja, no dia 7, e confia agora que o presidente reconsidere a candidatura própria e o apoie. Como Temer, Meirelles também tem em torno de 1% nas intenções de voto das sondagens, motivo pelo qual as próximas pesquisas de opinião serão essenciais para o MDB perceber quem está mais bem posicionado. Não está colocada de parte uma candidatura de Temer, que terá 78 anos na data das eleições, à presidência, e de Meirelles, que terá 73, à vice-presidência.

Temer, eleito como vice-presidente de Dilma em 2014, chegou ao poder em maio de 2016, com o impeachment da colega de lista. Meirelles, que havia sido um elogiado presidente do Banco Central no governo de Lula, aceitou o convite de Temer para assumir o Ministério das Finanças e, regra geral, tem sido aplaudido pelos analistas dada a melhoria dos indicadores económicos do país.

João Almeida Moreira | Diário de Notícias

Na foto: Após semanas de especulação, Michel Temer assumiu-se como candidato para defender tudo aquilo que o seu governo fez|Reuters

BRASIL | "Lula já está inelegível", diz o juiz do STF Gilmar Mendes, em Lisboa


O ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil falou em Lisboa com o DN e a TSF sobre o habeas corpus de Lula da Silva que amanhã irá julgar.

Gilmar Mendes é um dos juízes do Supremo Tribunal Federal que amanhã irão decidir se aceitam ou não o pedido de habeas corpusapresentado pela defesa do ex-presidente Lula da Silva.

Em Lisboa, o ministro falou com o DN e a TSF e retirou peso político à decisão que terão de tomar amanhã e disse acreditar que, independentemente desta, Lula da Silva já não pode ser eleito presidente do Brasil.

"Eu acho que há uma confusão. A não ser que aconteçam outras coisas o Presidente Lula hoje já está inelegível com a simples decisão de Porto Alegre, independentemente da prisão ou não. Portanto, a meu ver ele já está fora."

Não revela como vai votar amanhã, embora os media brasileiros apontem que a sua decisão poderá ser favorável ao ex-presidente. Sobre a pressão a que o STF tem estado sujeito por causa deste habeas corpus, Gilmar Mendes sublinhou que o Supremo Tribunal Federal toma decisões contra-majoritárias que tornam "compreensível que sejamos muitas vezes impopulares".

Ana Meireles | Diário de Notícias | Foto: Reuters/Uslei Marcelino

PORTUGAL | Uns “totós”


António José Gouveia* | Jornal de Notícias | opinião

O Novo Banco é, há muito, liderado pela máxima: "se deves 5 mil euros ao banco é um problema teu, mas se deves 5 milhões é um problema do banco". O prejuízo do Novo Banco disparou o ano passado para quase 1,4 mil milhões de euros, as maiores perdas registadas desde a constituição, em agosto de 2014, depois da queda do BES. Um resultado negativo alicerçado por imparidades (dinheiro que o banco nunca mais vai ver) de cerca de 2 mil milhões de euros, dos quais a maior parte foram empréstimos contratados pelo Banco Espírito Santo e que o Novo Banco sabe que não será ressarcido.

O presidente do banco, António Ramalho, explicou que destes 2 mil milhões, 1,2 mil milhões de euros se referem a perdas de dinheiro emprestado e que nunca foi pago. Ficou por explicar se, desses empréstimos, fazem parte os maiores devedores da instituição financeira, quase todos muito próximos de Ricardo Salgado e com o qual beneficiaram quase de crédito ilimitado, como o Grupo Mello, que detém as autoestradas da Brisa e vários hospitais privados, que em 2016 tinham uma dívida de 945 milhões de euros.

Ou da Ongoing, o grupo de Nuno Vasconcellos que foi arrastado na queda da Portugal Telecom com uma dívida que ascendia a 606 milhões. Mas há mais: grupo Moniz da Maia (603 milhões), Martifer (560 milhões) ou a Promovalor, detida pelo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, com 466 milhões de euros de dívida, fazem também parte desta lista. Com dívidas a rondar os 300 milhões de euros encontrava-se o empresário madeirense Joe Berardo e as construtoras Prebuild, Grupo Lena e Obriverca.

É evidente que o Novo Banco, ao não divulgar os "donos" das imparidades, pode sempre alegar o sigilo bancário, embora exista aqui uma questão ética importante. Quem vai assumir estes milhares de milhões de dívidas é o Fundo de Resolução, que em último caso serão os portugueses a pagar.

Claro que tudo isto decorre do acordo entre Governo, Banco de Portugal e Lone Star na venda do Novo Banco ao fundo norte-americano. A exposição dos contribuintes ao Novo Banco e BES é atualmente de uns astronómicos 11 mil milhões de euros. Dava para pagar os gastos de saúde de todos os portugueses durante um ano e ainda sobrava dinheiro. Para bem da imagem do setor, que seja a Banca, através do Fundo de Resolução, a pagar os empréstimos do Estado. Ou os contribuintes serão uns "totós".

* Editor-executivo

PORTUGAL | Um décimo da dívida pública portuguesa não foi para os cofres do Estado


O impacto das ajudas à banca na última década na dívida pública foi de 12,3% do Produto Interno Bruto (PIB), quase um décimo do que o Estado deve actualmente.

Os números constam do boletim estatístico do Banco de Portugal de Fevereiro, divulgado pelo banco central esta manhã. Já o impacto acumulado, entre 2007 e 2017, das ajudas à banca no défice das contas públicas foi de 9,1% do PIB.

Estes dados confirmam que uma fatia considerável da elevada dívida pública portuguesa, cujo volume justificou a política seguida pelo anterior governo, não resultou de o Estado ou de os portugueses em geral «viveram acima das suas possibilidades». Pelos menos um décimo da dívida pública que existem tem responsáveis muito bem identificados: os donos e gestores dos bancos, que os atiraram para avultados prejuízos e, nalguns casos, para a falência.

Na última semana, o Dinheiro Vivo noticiou que, desde 2007, o valor ascende a 17,1 mil milhões de euros. Ou seja, o Estado anda há uma década a pedir emprestado e a pagar juros sobre esses empréstimos para pagar, no essencial, gestões ruinosas de bancos privados, ao mesmo tempo que foram impostos duros cortes nos rendimentos dos trabalhadores e pensionistas, nos apoios sociais e nos serviços públicos.

Apesar da reversão de muitos dos cortes do anterior governo na actual legislatura, a dívida continua a subir em termos nominais. O País continua a pagar, não só pelas falências do BPN, do BPP, do BES e do Banif, entretanto entregues a privados, mas também pelos fundos injectados nos privados BCP e BPI. Resta a Caixa Geral de Depósitos na esfera pública, e o único grande banco nacional, que também custou muitos milhões nos últimos anos, fruto da gestão desastrosa de administradores alinhados com o bloco central.

AbrilAbril | Foto: Sede do Banif, já com o logotipo do Santander Totta, a 22 de Dezembro de 2015Créditos / Mário Cruz / Lusa

A RYANAIR DOS ESCLAVAGISTAS E FORAS-DA-LEI


Expresso Curto na mira baixa. O autor é Pedro Lima, lá do burgo. O mesmo é dizer que em baixo vai encontrar o Curto do Expresso. Sem muitas considerações antecipamos nesta abertura que a Ryanair é a vedeta… para o pior. 

A Ryanair tem por lá uns bastardos que se acham no direito de atropelar as leis em Portugal e fazer de desporto o esclavagismo e a equitação sobre selas ajustadas a humanos, a trabalhadores daquela empresa de extremistas reacionários. Dos que quando se contestam injustiças e se exige respeito pelos trabalhadores eles consideram que os empregados são todos uns perigosos comunistas que comem criancinhas ao pequeno almoço. 

Pelo governo, nem truz nem mus, apesar da Ryanair desrespeitar as leis do país. Ao que se diz ainda lhes paga para estarem por cá. É sempre o mesmo, há dinheiro aos milhões para a cambada que explora, migalhas estão reservadas para os explorados e tantas vezes oprimidos. E esses é que são aos milhões. O que se exige: o PS tem de deixar de ser chuxalista e assumir-se realmente como socialista. Já lá vão muitos anos, décadas, a enganar. Que é um pouco melhor que o PSD ou o CDS… Pois é. Melhor devido às migalhas, mas tão bom (mau) como os citados a dar milhões à banca e a todos os que na mó de cima recorrem aos paraísos fiscais, à locupletação do que é público. Ladrões finos e desrespeitosos da lei são outra coisa.

Porque urge avançar, terminemos. Tenham um bom dia, se conseguirem.

MM | PG | Na foto: Esse tal Michael O’Leary, palhaço sem graça, esclavagista e fora-da-lei / Getty

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Ameaçar trabalhadores não tem graça, Michael

Pedro Lima | Expresso

Bom dia,

Lembra-se daquele senhor engraçado da Ryanair, sempre a fazer caretas para as câmaras e a mandar bocas a tudo e a todos, a beijar miniaturas de aviões, montado em aviões, com miniaturas de aviões na cabeça, com moedas de euro na boca, vestido de bispo a anunciar preços milagrosos de viagens, de cuecas ao lado de meninas com cartazes a anunciar preços baixos… cuja empresa ofereceu, há sete anos, rosas vermelhas ao Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), agradecendo-lhe por ter convocado uma greve na TAP e convidando os passageiros desta companhia a cancelar as suas reservas e a marcar viagens na Ryanair?

Pois bem, a Ryanair e o seu presidente Michael O’Leary têm estado a perder a graça. E têm estado a perder a graça à medida que os passageiros começam a sentir-se demasiado desrespeitados; em que os trabalhadores começam a sentir-se demasiado explorados; e em que os países que os receberam de braços abertos e apoiaram a sua expansão, como Portugal, percebem que de um momento para o outro, a Ryanair cancela ou suspende rotas sem qualquer problema.

Não retiremos ao Michael, no entanto, o mérito de ter feito crescer fortemente a Ryanair, surpreendendo com a irreverência com que abordou o mercado. Ele teve muitas vezes piada. Até porque é da natureza humana achar graça às patetices de líderes que dizem o que lhes vem à cabeça, pela imensa liberdade que têm de fazer e dizer o que lhes apetece. E os lucros da empresa têm aumentado.

Mas nos dias que correm, a Ryanair é uma empresa que não inspira grande simpatia. A greve dos tripulantes de cabine da empresa está a gerar forte contestação porque a empresa recrutou tripulantes estrangeiros para substituir os grevistas. E ameaçou inclusivamente os trabalhadores estrangeiros que se recusassem a vir trabalhar para Portugal. Está tudo gravado, haverá consequências para quem se recusar, ficando implícito o despedimento - e não é mais uma das piadas do Michael. O PCP e o Bloco de Esquerda exigem explicações e consequências. A CGTP exige também a intervenção do Governo, mas o espaço de manobra é limitado. E a Autoridade para as Condições do Trabalho está a investigar.

E a contestação promete continuar. O mesmo SNPVAC a quem antes a Ryanair agradecia por convocar greves na TAP diz que está a dinamizar uma greve europeia contra as condições de trabalho na Ryanair.

Mas não só de greves na aviação é feito o nosso dia-a-dia. Ontem também foi dia de greve dos trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP), em que o que está em causa são aumentos salariais. Até às 20h tinham sido suprimidos 494 comboios, com 60% das viagens feitas. Quem não achou graça nenhuma foram os passageiros que não tiveram serviços mínimos – esta foi, aliás, a segunda greve da IP em três semanas. Mas não deixa de ter graça comparar estas duas frases ditas ontem perante as câmaras da SIC, ambas a começar pela frase “gostaríamos”: um sindicalista queria que tivesse havido mais perturbação nos comboios: “Gostaríamos que estivesse a ter mais impacto. Mas já está a ter muito!”. E uma passageira apenas queria apanhar o comboio para, ela e o grupo de pessoas com quem estava, ir para casa: “Gostaríamos de ir para casa!”.

As greves no sector dos transportes causam sempre sentimentos mistos: se por um lado é de respeitar quem avança para uma greve – querendo acreditar que as reivindicações são justas e que só recorre à greve quem, em situação de algum desespero, não vê outra alternativa – por outro lado não é fácil aceitar que, numa greve de transportes, se pretenda infligir o máximo de perturbação possível às pessoas que têm de apanhar comboios, autocarros ou barcos para se deslocarem, quando muitas vezes não têm alternativa. O mesmo se passa nas greves do sector da saúde – quando vemos pessoas meses a fio à espera de consultas ou cirurgias que depois as perdem por causa de greves e têm de remarcar para alguns meses depois.

Pois bem, as greves regressam daqui a duas semanas: os maquinistas vão parar 24 horas entre as 12h de dia 16 e as 12h de dia 17, não só por exigirem mais direitos mas também porque dizem que tem de se melhorar a segurança na circulação de comboios.

OUTROS ASSUNTOS

Quem deve estar a achar piada ao que se passa no mundo do futebol, mas dentro das quatro linhas, são os benfiquistas. Há uns meses o Benfica era dado como estando afastado da luta pelo título. Hoje, lidera o campeonato, depois da derrota desta segunda-feira do Porto frente ao Belenenses por 0-2. O campeonato arrisca continuar quente até ao fim. Se Benfica e Porto estão a um ponto de distância (o primeiro tem 71 pontos, o segundo 70), Sporting e Braga não andam longe, com 65 e 64, respetivamente. E o Benfica ainda joga com Porto e Sporting. Vai ter muita graça assistir a cada uma das seis jornadas que faltam até ao final do campeonato – ou não ter graça nenhuma, dependendo da cor clubística de cada um.

Mas, fora das quatro linhas, o mundo do desporto – e do futebol em particular – não dá nenhuma vontade de rir nos dias que correm, seja qual for o clube de que se é adepto: continua a ser um mundo à parte, com uma impunidade que permite que tudo se diga e se faça. Os jogadores de futebol estão fartos das suspeitas de que estão a ser alvo e reagiram. E os jornalistas queixaram-se de pressões e ameaças. O Sindicato dos Jornalistas fala num “crescente ambiente de hostilidade”. Na realidade, tornou-se hábito treinadores e presidentes de clubes responderem mal aos jornalistas, gozarem com eles, inclusivamente impedi-los de fazer o seu trabalho, proferindo mesmo declarações inflamadas suscetíveis de gerar violência por parte de adeptos mais “influenciáveis”.

No mundo do Fisco não deixa de ter graça ver a corrida à entrega de declarações de IRS que se faz sentir… neste início do prazo de entrega de declarações. Normalmente só vemos lentidão do programa informático no final do prazo, pois “os portugueses deixam tudo para o fim”, mas este ano muita gente decidiu entregar logo no início – foram mais de 250 mil nas primeiras 24 horas. A diretora geral da Autoridade Tributária e Aduaneira, Helena Borges, disse na RTP que, em 48 horas, foram 346 mil, mais 25 mil do que em idêntico período do ano passado. E que o sistema “respondeu bem”. O prazo arrancou a 1 de abril – mas quem quisesse já o podia fazer no sábado à noite. Talvez a novidade do IRS automático, que permite aos contribuintes apenas validarem os dados já preenchidos pelo Fisco, e a expectativa de um reembolso rápido justifique esta grande afluência inicial. É que para estes o Ministério das Finanças admite fazer os reembolsos em menos de 12 dias. Para os que tiverem outros rendimentos que não geram a declaração automática, ou se sentirem mais confortáveis a preencher a declaração de raiz, o reembolso deverá ocorrer em menos de 23 dias. Mas, terminando o prazo em 31 de maio, não vale a pena precipitar-se: veja se esgotou todas as possibilidades para aumentar o valor do reembolso ou reduzir o valor que terá de pagar. No Expresso Diário deixamos-lhe 10 conselhos a ler antes de entregar a declaração.

Pouco engraçado tem sido o percurso da Tesla na Bolsa nos últimos dias: as ações acumulam perdas acentuadas, na sequência de mais um acidente mortal (o segundo) com um carro autónomo da marca. No fim de semana foi também anunciada a recolha de 123 automóveis devido a problemas mecânicos. Mas o presidente da Tesla, Elon Musk, decidiu brincar ao dia das mentiras, dando a entender que a empresa estava à beira da falência. Será que os investidores acharam graça à piada? Deve um líder reagir com brincadeiras de 1 de abril numa altura em que a sua empresa está sob pressão? A capitalização bolsista da Tesla já caiu 10 mil milhões de dólares desde o início do ano.

Os apoios à banca atingiram, entre 2007 e 2017, uns impressionantes 17.100 milhões de euros, nomeadamente com o BPN, BES, Banif e CGD. São 9,1% do PIB, de acordo com o Banco de Portugal.

Ainda no campo da economia, a dívida pública cresceu 2,4 mil milhões de euros de janeiro para fevereiro, fechando neste último mês nos 246 mil milhões de euros.

o gás natural deverá baixar em média 0,2% – é o que propõe o regulador do sector energético. A confirmar-se, será o quarto ano consecutivo de descida das tarifas de gás natural.

O QUE ELES DIZEM

“Vamos lutar muito por este título”

Sérgio Conceição treinador do FC Porto

“O papel principal nesta agressiva campanha anti-russa é desempenhado pelos Estados Unidos, que incentivam outros Estados a seguir o mesmo caminho”

Oleg Belous, embaixador da Rússia em Lisboa

“Irei falar com alguns autarcas, irei receber os dados relativamente àquelas companhias e teatros que foram apoiados e às companhias e teatros que não puderam ser neste programa. E, quando tiver os elementos na minha mão, aí pronunciar-me-ei”

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República

AS MANCHETES DOS JORNAIS

Jornal de Notícias: “Testes de sida e hepatite vão ser feitos em casa”

Público: “Porta-voz de Rui Rio põe dez mil euros da Santa Casa no Montepio”

Diário de Notícias: “Ensino superior: só 10% dos precários integrados são professores e investigadores”

i: “Promessa de reembolso rápido bloqueia máquina do IRS”

Correio da Manhã: “Salvar bancos já custou 23,7 mil milhões”

Jornal de Negócios: “Novo Banco carrega nas comissões das transferências”

"Dragão dá lugar à águia"

Record

"Trambolhão"

A Bola

"Trambolhão"

O Jogo

Fico por aqui. Acompanhe toda a informação que interessa em www.expresso.pt. E às 18h, como sempre, tem à sua disposição o Expresso Diário.

TEATRO À MÍNGUA | Nunca se fez um ataque tão grande ao teatro em Portugal


De acordo com os números avançados pelo Ministério da Cultura, o Programa de Apoio Sustentado da Direção Geral das Artes (DGArtes), na área do teatro, vai ter um reforço de 900 mil euros por ano, de 2018 a 2021. O diretor do Teatro Experimental de Cascais (TEC) considera que nunca como agora se fez um ataque tão grande ao teatro em Portugal.


Mas os resultados provisórios conhecidos do programa mostram que companhias como o Teatro Experimental do Porto e a Seiva Trupe, assim como o Teatro Experimental de Cascais ficaram sem financiamento, à semelhança das únicas estruturas profissionais de Évora (Centro Dramático de Évora) e de Coimbra (Escola da Noite e O Teatrão), além de projetos como Cão Solteiro, Bienal de Cerveira e Chapitô.

Neste contexto, em entrevista à agência Lusa, o diretor do Teatro Experimental de Cascais, Carlos Avilez, disse estar "perplexo" com o facto de o TEC estar excluído dos subsídios plurianuais ao teatro, de acordo com os resultados provisórios dos concursos da Direção-Geral das Artes (DGArtes).

"Este palco faz 52 anos, por ele passaram grandes nomes do teatro mundial, inclusive, grandes espetáculos. Temos um elenco de gente jovem da maior qualidade, está o Ruy de Carvalho (...) e, de repente, acaba-se com o TEC? É uma coisa absurda. Uma coisa que em 52 anos nunca ninguém se atreveu a fazer", sublinhou Carlos Avilez.

Para o diretor do TEC, é "impensável" que a companhia que dirige possa não ser subsidiada nos próximos quatro anos, numa altura em que já está projetada uma sala nova para a companhia.

"Então vamos ter uma sala nova e acabam connosco?", questiona Carlos Avilez, sublinhando que o TEC "não é um museu".

"Estamos vivos e bem vivos e temos obra feita", observou, acrescentando estar convicto de que se resolva o problema das companhias não subsidiadas.

"Não acredito que o senhor primeiro-ministro não reaja a uma coisa destas, porque toda a gente está a reagir", disse. E mostrou-se solidário com todas as companhias, sejam ou não subsidiadas.

"Isto não é uma divisão de classe. Isto é uma falta de respeito pela classe, que é uma coisa completamente diferente", frisou Carlos Avilez.

O diretor do TEC acrescentou que, antes do 25 de Abril de 1974, passou por muitas situações difíceis, teve espetáculos proibidos pela censura, mas nunca se viu confrontado com a hipótese de a companhia poder acabar.

"E nunca pensei que isto acontecesse com este Governo", pelo que vai estar presente, na sexta-feira, na concentração em frente ao Teatro Nacional D. Maria II, que já dirigiu.

"Na sexta-feira vou estar por baixo da janela do Nacional D. Maria, que dirigi durante sete anos", frisou. "E não esperava estar sujeito a isto, mas isto não é uma questão pessoal, mas de classe".

Para Carlos Avilez, a situação gerada pela DGArtes teve um ponto positivo: "Conseguiu reunir a classe". Um "imperativo" de há muito, porque não é só o presente do teatro que está em causa, mas também o futuro", referiu.

Carlos Avilez sublinhou ainda o trabalho importante que o TEC tem desenvolvido na vila de Cascais, onde o teatro esgota salas.

"Foi um percurso de 52 anos, de 25 anos de escola de teatro e não há direito que se acabe assim com ele", afirmou.

Na quarta-feira, o Teatro Mirita Casimiro abre portas à população de Cascais para que possa assitir à peça que tem em cartaz -- "As you like it -- Como vos aprouver", sobre o clássico de William Shakespeare, com interpretações de Ruy de Carvalho, Bárbara Branco e José Condessa, entre outros atores.

Será uma récita gratuita para a população que apenas terá de levantar os ingressos com antecedência, concluiu.

Lusa | em Notícias ao Minuto | Na foto Carlos Avilez / Lusa

FUTEBOL | Passagem do FC Porto por Belém 'ressuscitou'... o líder Benfica


Dragões perdem com o Belenenses, por 2-0, e entregam a liderança isolada aos encarnados a seis jornadas do fim do campeonato.

O Benfica é o novo líder isolado do campeonato. Depois da vitória encarnada (2-0) na receção ao V. Guimarães, o FC Porto perdeu esta segunda-feira, por 2-0, no Restelo, frente ao Belenenses, e entregou a liderança aos rivais. Nathan e Maurides apontaram os golos da formação orientada por Silas, que assim motivaram a segunda derrota dos dragões no campeonato.

Com Marcano castigado, Sérgio Conceição promoveu a estreia absoluta de Yordon Osório. O venezuelano cedido pelo Tondela formou dupla no eixo defensivo com o Felipe, remetendo Reyes para o banco de suplentes. À partida, o mexicano seria o principal candidato ao lugar, mas a lesão contraída ao serviço da sua seleção levou o técnico portista a não arriscar. Após o período de ausência devido a problemas físicos, Alex Telles também voltou à titularidade, num jogo em que Ricardo Pereira foi o escolhido para suprimir as ausências de Corona e Marega, ambos lesionados, mas seria mesmo Osorio um dos primeiros protagonistas... pelos piores motivos. Mas já lá vamos...

Depois da derrota (2-1) na última jornada frente ao Moreirense, o Belenenses também se apresentou com algumas alterações, a começar pela baliza, onde André Moreira ocupou o lugar que em Moreira de Cónegos tinha sido de Filipe Mendes. De regresso esteve também Diogo Viana, que no já tradicional sistema de 3x5x2 de Silas ficou encarregue de preencher todo o corredor direito. Bakic, Nathan e Persson completaram o leque de novidades nos azuis do Restelo, que antes do encerramento desta 28.ª ronda ocupavam o 12.º lugar da tabela.

Após um primeiro cabeceamento perigoso de Felipe por cima da trave da baliza de André Moreira, os adeptos da casa 'explodiram' de alegria, graças a uma surpresa causada por Nathan. Logo aos 10' minutos, o estreante Osorio desentendeu-se com o companheiro do eixo defensivo, Felipe, a bola sobrou para o brasileiro que, na cara de Casillas, espalhou classe e picou a bola por cima do corpo do guardião espanhol, colocando o Belenenses na frente do marcador. Um golo de belo efeito de Nathan, que também já tinha marcado no empate (1-1) na receção ao Benfica.

Com uma entrada feliz na partida, o conjunto orientado por Silas mostrou-se mais confortável, dando, naturalmente, a iniciativa de jogo aos dragões, tentando depois voltar a fazer 'mossa' através da mesma estratégia: o contra-ataque. Contudo, foi o FC Porto que 'carregou' em busca do empate. Brahimi (12'), Aboubakar (19') e Soares (31') protagonizaram as primeiras grandes ocasiões de golo dos azuis e brancos - laranjas esta noite -, mas seria Alex Telles, já dentro dos últimos 5' minutos, a desferir aquele que esteve perto de ser realmente o remate triunfal da primeira parte. Até ao intervalo, Aboubakar ainda tentou alvejar por duas vezes a baliza de André Moreira, mas em ambas as ocasiões a bola saiu ao lado, enquanto do outro lado Bakic, num livre direto, obrigou Casillas a afastar o perigo a 'soco'.

Na segunda parte, e como seria de esperar, o FC Porto entrou pressionante e voltou a ameaçar o empate num belo pontapé de bicicleta de Soares que, no entanto, saiu fraco e para as mãos de André Moreira. Sérgio Conceição decidiu então lançar Gonçalo Paciência e Paulinho para os lugares de Aboubakar e Maxi Pereira - Ricardo Pereira baixou para lateral-direito - e os dragões beneficiaram, em dois minutos, das melhores oportunidades patra chegar ao empate.

Primeiro, Felipe obrigou André Moreira a brilhar e logo a seguir, na sequência do canto, o guarda-redes do Belenenses voltou a intervir em grande nível, segurando a vantagem do conjunto de Belém.Se há defesas que valem pontos, também há golos que surgem nos melhores momentos. Precisamente após este momento fantástico de André Moreira, o Belenenses chegou ao segundo. Fredy cobrou o livre no lado esquerdo do ataque e o recém entrado Maurides, mais alto que todos os opositores portistas, cabeceou para o fundo da baliza defendida por Iker Casillas. Nova 'explosão' de alegria dos azuis do Restelo a contrastar com a desilusão portistas.

Até ao final, o FC Porto ainda tentou reduzir distâncias, mas 'esbarrou' sempre numa espécie de 'muralha' chamada... André Moreira. O FC Porto soma assim a segunda derrota na Liga Portuguesa - já tinha perdido com o P. Ferreira -, ocupa agora o 2.º lugar e está a um ponto do Benfica a duas jornadas da visita à Luz. Já o Belenenses sobe ao 11.º lugar, com 32 pontos, menos um do que o V. Guimarães.

Confira o direto do encontro:

FINAL DA PARTIDA!

90:00 - Canto para o FC Porto.
88:00 - Cabeceamento de Gonçalo Paciência para as mãos de André Moreira.
83:00 - Substituição no Belenenses. Sai Fredy e entra André Geraldes.
79:00 - Novamente André Moreira! Que exibição fantástica do guarda-redes do Belenenses. Nova grande intervenção a evitar o golo do FC Porto.
78:00 - Canto para o FC Porto. Pressionam ainda mais os dragões.
74:00 - André Moreira vê o cartão amarelo.
72:00 - Substituição no Belenenses. Sai Bakic e entra Nuno Tomás.
72:00 - Substituição no FC Porto. Sai Osorio e entra Danilo Pereira.
72:00 - Brahimi, com tudo para fazer o golo, atira ao lado.
70:00 - GOLO DO BELENENSES! Maurides faz o segundo no Restelo! Livre de Fredy e o brasileiro, entre os centrais do FC Porto, a subir mais alto e a cabecear para o 2-0.
66:00 - Substituição no Belenenses. Sai Nathan e entra Maurides.
63:00 - Novamente André Moreira! Momento brilhante do guarda-redes do Belenenses a segurar a vantagem, defendendo um cabeceamento de Gonçalo Paciência. 
62:00 - Grande defesa de André Moreira! Cabeceamento de Felipe e o guardião dos azuis a responder de forma espetacular.
61:00 - Canto para o FC Porto.
55:00 - Dupla substituição no FC Porto. Aboubakar e Maxi Pereira dão os lugares a Gonçalo Paciência e Paulinho.
54:00 - Contra-ataque rápido do FC Porto a terminar com um pontapé de bicicleta de Soares, mas a bola sai para as mãos de André Moreira.
51:00 - Novo canto para o FC Porto.
47:00 - Que perigo! Soares tenta o cruzamento, mas a bola quase vai na direção da baliza de André Moreira.
45:00 - Canto para o FC Porto

INTERVALO

45:00 - Bakic atira forte e Casillas defende a 'soco' para a frente.
44:00- Felipe vê o cartão amarelo por falta sobre Fredy. Livre perigoso para o Belenenses. 
43:00 - André Moreira 'soca' a bola num primeiro instante e depois é Aboubakar, apertado pela defesa azul, a cabecear ao lado. É o 'forcing' final dos dragões neste primeiro tempo em busca do empate.
43:00 - Canto para o FC Porto.
42:00 - Nova tentativa portista, desta vez por Aboubakar, mas o potente remate sai ao lado.
41:00 - Quase o golo do FC Porto! Jogada de insistência do ataque azul e branco, a bola sobrou para Alex Telles que, de primeira, desferiu um míssil que rasou a trave.
35:00 - Tenta o Belenenses suster a pressão, com Silas a pedir à equipa para fazer circular a bola.
31:00 - Mais uma grande oportunidade para o FC Porto. Soares, à meia volta, atira por cima.
28:00 - Contra-ataque do Belenenses conduzido por Fredy, o cruzamento saiu à procura de Nathan, mas o brasileiro chegou atrasado.
24:00 - Ricardo Pereira perto do golo! Grande passe de Herrera, mas o internacional português chegou um tudo nada atrasado e a bola saiu pela linha de fundo.
23:00 - Fredy está no chão e o árbitro Hugo Miguel interrompe a partida.
19:00 - Novamente o FC Porto a ameaçar o golo! Desta vez foi Aboubakar, após um belo trabalho, a atirar para as mãos de André Moreira.
17:00 - Livre cobrado por Alex Telles e Ricardo Pereira a cabecear por cima.
16:00 - Cabeceamento de Soares, mas a bola, uma vez mais, a sair por cima.
12:00 - Que perigo! Grande remate de Brahimi a poucos centímetros do poste direito da baliza de André Moreira.
10:00 - GOLO DO BELENENSES! Nathan coloca os azuis do Restelo na frente. Após um desentendimento entre Felipe e Osorio, a bola sobrou para o jogador do Belenenses, que picou a bola sobre Casillas.
09:00 - Fora-de-jogo tirado a Soares. 
06:00 - Responde o Belenenses! Cruzamento de Diogo Viana e Licá, sozinho, no coração da área, a cabecear fraco e ao lado.
02:00 - Primeira oportunidade de golo e é para o FC Porto. Livre lateral de Alex Telles e Felipe, mais alto do que todos os jogadores do Belenenses, cabeceou para as mãos de André Moreira.

INÍCIO DA PARTIDA

O FC Porto visita esta segunda-feira o Estádio do Restelo com o objetivo de recuperar a liderança, ocupada à condição pelo Benfica. Perante o castigo de Marcano, Sérgio Conceição promove a estreia absoluta de Osorio, central que no mercado de inverno chegou ao Dragão por empréstimo do Tondela. Diego Reyes seria, à partida, o principal candidato ao lugar, mas a lesão contraída ao serviço da seleção do México limitou o defesa que, mesmo assim, estará no banco de suplentes. Ausentes da partida estão Corona e Marega, que recuperam das respetivas lesões.

Já do lado do Belenenses, André Sousa é a grande baixa devido a castigo. Em relação ao jogo com o Moreirense, na última jornada, Silas lança Diogo Viana, Persson, Nathan e Bakic no onze, para os lugares de André Geraldes, Nuno Tomás, Tiago Caeiro e, claro, André Sousa. Nota ainda para o regresso de André Moreira à baliza, depois de Filipe Mendes ter sido titular em Moreira de Cónegos.

O duelo entre Belenenses e FC Porto tem início às 20h00 horas e pode acompanhar todas as incidências, ao detalhe, em Desporto ao Minuto.

Onze do Belenenses: André Moreira; Diogo Viana, Sasso, Gonçalo Silva, Persson e Florent; Yebda, Nathan e Bakic; Fredy e Licá.

Onze do FC Porto: Casillas; Maxi Pereira, Felipe, Osorio, Alex Telles; Herrera, Sérgio Oliveira, Ricardo Pereira e Brahimi; Soares e Aboubakar.

Fábio Aguiar | Notícias ao Minuto | Foto Global Imagens

BELENENSES 2 – FC PORTO 0 | 'Amêndoas' amargas e 'pecados fatais' derrubaram o dragão


FC Porto somou a segunda derrota do campeonato, diante do Belenenses, por 2-0, e viu o Benfica assumir a liderança do campeonato.

Depois de 23 jornadas, o FC Porto perdeu a liderança do campeonato para o Benfica. Os dragões saíram do Restelo com a segunda derrota na Liga Portuguesa e 'incendiaram' ainda mais a já escaldante luta pelo título, a apenas duas jornadas do clássico da Luz. Nathan e Maurides apontaram os golos que valeram três pontos ao Belenenses, num jogo marcado pela eficácia dos comandados de Silas, pelo desacerto da equipa de Sérgio Conceição e ainda pela monstruosa exibição de André Moreira, que se revelou uma das grandes figuras do encontro.

Segundo as estatísticas, um dos 'pecados fatais' dos dragões residiu mesmo na incapacidade de transformar em golos as muitas ocasiões de que dispôs. Prova disso é o facto de esta partida ter entrado para a história como a segunda em que existiu maior diferença de remates entre as duas equipas. Ao fim dos 90' minutos, o FC Porto somou 31 'tiros' à baliza de André Moreira, enquanto o Belenenses apenas tentou alvejar a baliza à guarda de Casillas por quatro ocasiões. Contas feitas, houve um 'fosso' de 27 remates. Um registo apenas batido pelo FC Porto-Sp. Braga, em 2016/17 (29).

Aboubakar, Soares e Brahimi foram os jogadores que mais tentaram 'remar' contra a maré, mas a falta de direção dos remates ou a 'muralha' chamada André Moreira negaram as suas intenções. De volta ao onze, após o período de ausência devido a lesão, Alex Telles voltou a estar em alto nível no capítulo das assistências, não tendo, contudo, a contribuição habitual dos seus companheiros na altura de colocar a bola no fundo das redes. O brasileiro, de resto, chegou mesmo a ter nos pés uma das grandes ocasiões para fazer o empate, aos 41', mas o míssil do é pé esquerdo do lateral saiu um tudo nada por cima. 

Melhor asserto teve Felipe, primeiro, e Gonçalo Paciência, depois, já na segunda parte, mas em ambas as situações o Restelo testemunhou o 'erguer' de... um gigante. Com duas defesas monumentais, André Moreira segurou a vantagem mínima do Belenenses e protagonizou o(s) momento(s)-chave do encontro, uma vez que, pouco depois, o recém entrado Maurides serviu a segunda 'amêndoa amarga', sentenciando as contas do vencedor tornando um verdadeiro pesadelo o jogo n.º 1000 de Casillas ao mais alto nível. No final, o guarda-redes dos azuis do Restelo somou sete intervenções, grande parte delas determinantes para o triunfo do emblema de Belém. 

Se para o FC Porto o resto do campeonato resume-se a seis autênticas finais, para o Belenenses o cenário é cada vez mais confortável. Com este triunfo, a equipa de Silas subiu ao 11.º lugar, com 32 pontos, e tem o objetivo da manutenção praticamente assegurado. 

Fábio Aguiar | Notícias ao Minuto

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