terça-feira, 3 de abril de 2018

A RYANAIR DOS ESCLAVAGISTAS E FORAS-DA-LEI


Expresso Curto na mira baixa. O autor é Pedro Lima, lá do burgo. O mesmo é dizer que em baixo vai encontrar o Curto do Expresso. Sem muitas considerações antecipamos nesta abertura que a Ryanair é a vedeta… para o pior. 

A Ryanair tem por lá uns bastardos que se acham no direito de atropelar as leis em Portugal e fazer de desporto o esclavagismo e a equitação sobre selas ajustadas a humanos, a trabalhadores daquela empresa de extremistas reacionários. Dos que quando se contestam injustiças e se exige respeito pelos trabalhadores eles consideram que os empregados são todos uns perigosos comunistas que comem criancinhas ao pequeno almoço. 

Pelo governo, nem truz nem mus, apesar da Ryanair desrespeitar as leis do país. Ao que se diz ainda lhes paga para estarem por cá. É sempre o mesmo, há dinheiro aos milhões para a cambada que explora, migalhas estão reservadas para os explorados e tantas vezes oprimidos. E esses é que são aos milhões. O que se exige: o PS tem de deixar de ser chuxalista e assumir-se realmente como socialista. Já lá vão muitos anos, décadas, a enganar. Que é um pouco melhor que o PSD ou o CDS… Pois é. Melhor devido às migalhas, mas tão bom (mau) como os citados a dar milhões à banca e a todos os que na mó de cima recorrem aos paraísos fiscais, à locupletação do que é público. Ladrões finos e desrespeitosos da lei são outra coisa.

Porque urge avançar, terminemos. Tenham um bom dia, se conseguirem.

MM | PG | Na foto: Esse tal Michael O’Leary, palhaço sem graça, esclavagista e fora-da-lei / Getty

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Ameaçar trabalhadores não tem graça, Michael

Pedro Lima | Expresso

Bom dia,

Lembra-se daquele senhor engraçado da Ryanair, sempre a fazer caretas para as câmaras e a mandar bocas a tudo e a todos, a beijar miniaturas de aviões, montado em aviões, com miniaturas de aviões na cabeça, com moedas de euro na boca, vestido de bispo a anunciar preços milagrosos de viagens, de cuecas ao lado de meninas com cartazes a anunciar preços baixos… cuja empresa ofereceu, há sete anos, rosas vermelhas ao Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), agradecendo-lhe por ter convocado uma greve na TAP e convidando os passageiros desta companhia a cancelar as suas reservas e a marcar viagens na Ryanair?

Pois bem, a Ryanair e o seu presidente Michael O’Leary têm estado a perder a graça. E têm estado a perder a graça à medida que os passageiros começam a sentir-se demasiado desrespeitados; em que os trabalhadores começam a sentir-se demasiado explorados; e em que os países que os receberam de braços abertos e apoiaram a sua expansão, como Portugal, percebem que de um momento para o outro, a Ryanair cancela ou suspende rotas sem qualquer problema.

Não retiremos ao Michael, no entanto, o mérito de ter feito crescer fortemente a Ryanair, surpreendendo com a irreverência com que abordou o mercado. Ele teve muitas vezes piada. Até porque é da natureza humana achar graça às patetices de líderes que dizem o que lhes vem à cabeça, pela imensa liberdade que têm de fazer e dizer o que lhes apetece. E os lucros da empresa têm aumentado.

Mas nos dias que correm, a Ryanair é uma empresa que não inspira grande simpatia. A greve dos tripulantes de cabine da empresa está a gerar forte contestação porque a empresa recrutou tripulantes estrangeiros para substituir os grevistas. E ameaçou inclusivamente os trabalhadores estrangeiros que se recusassem a vir trabalhar para Portugal. Está tudo gravado, haverá consequências para quem se recusar, ficando implícito o despedimento - e não é mais uma das piadas do Michael. O PCP e o Bloco de Esquerda exigem explicações e consequências. A CGTP exige também a intervenção do Governo, mas o espaço de manobra é limitado. E a Autoridade para as Condições do Trabalho está a investigar.

E a contestação promete continuar. O mesmo SNPVAC a quem antes a Ryanair agradecia por convocar greves na TAP diz que está a dinamizar uma greve europeia contra as condições de trabalho na Ryanair.

Mas não só de greves na aviação é feito o nosso dia-a-dia. Ontem também foi dia de greve dos trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP), em que o que está em causa são aumentos salariais. Até às 20h tinham sido suprimidos 494 comboios, com 60% das viagens feitas. Quem não achou graça nenhuma foram os passageiros que não tiveram serviços mínimos – esta foi, aliás, a segunda greve da IP em três semanas. Mas não deixa de ter graça comparar estas duas frases ditas ontem perante as câmaras da SIC, ambas a começar pela frase “gostaríamos”: um sindicalista queria que tivesse havido mais perturbação nos comboios: “Gostaríamos que estivesse a ter mais impacto. Mas já está a ter muito!”. E uma passageira apenas queria apanhar o comboio para, ela e o grupo de pessoas com quem estava, ir para casa: “Gostaríamos de ir para casa!”.

As greves no sector dos transportes causam sempre sentimentos mistos: se por um lado é de respeitar quem avança para uma greve – querendo acreditar que as reivindicações são justas e que só recorre à greve quem, em situação de algum desespero, não vê outra alternativa – por outro lado não é fácil aceitar que, numa greve de transportes, se pretenda infligir o máximo de perturbação possível às pessoas que têm de apanhar comboios, autocarros ou barcos para se deslocarem, quando muitas vezes não têm alternativa. O mesmo se passa nas greves do sector da saúde – quando vemos pessoas meses a fio à espera de consultas ou cirurgias que depois as perdem por causa de greves e têm de remarcar para alguns meses depois.

Pois bem, as greves regressam daqui a duas semanas: os maquinistas vão parar 24 horas entre as 12h de dia 16 e as 12h de dia 17, não só por exigirem mais direitos mas também porque dizem que tem de se melhorar a segurança na circulação de comboios.

OUTROS ASSUNTOS

Quem deve estar a achar piada ao que se passa no mundo do futebol, mas dentro das quatro linhas, são os benfiquistas. Há uns meses o Benfica era dado como estando afastado da luta pelo título. Hoje, lidera o campeonato, depois da derrota desta segunda-feira do Porto frente ao Belenenses por 0-2. O campeonato arrisca continuar quente até ao fim. Se Benfica e Porto estão a um ponto de distância (o primeiro tem 71 pontos, o segundo 70), Sporting e Braga não andam longe, com 65 e 64, respetivamente. E o Benfica ainda joga com Porto e Sporting. Vai ter muita graça assistir a cada uma das seis jornadas que faltam até ao final do campeonato – ou não ter graça nenhuma, dependendo da cor clubística de cada um.

Mas, fora das quatro linhas, o mundo do desporto – e do futebol em particular – não dá nenhuma vontade de rir nos dias que correm, seja qual for o clube de que se é adepto: continua a ser um mundo à parte, com uma impunidade que permite que tudo se diga e se faça. Os jogadores de futebol estão fartos das suspeitas de que estão a ser alvo e reagiram. E os jornalistas queixaram-se de pressões e ameaças. O Sindicato dos Jornalistas fala num “crescente ambiente de hostilidade”. Na realidade, tornou-se hábito treinadores e presidentes de clubes responderem mal aos jornalistas, gozarem com eles, inclusivamente impedi-los de fazer o seu trabalho, proferindo mesmo declarações inflamadas suscetíveis de gerar violência por parte de adeptos mais “influenciáveis”.

No mundo do Fisco não deixa de ter graça ver a corrida à entrega de declarações de IRS que se faz sentir… neste início do prazo de entrega de declarações. Normalmente só vemos lentidão do programa informático no final do prazo, pois “os portugueses deixam tudo para o fim”, mas este ano muita gente decidiu entregar logo no início – foram mais de 250 mil nas primeiras 24 horas. A diretora geral da Autoridade Tributária e Aduaneira, Helena Borges, disse na RTP que, em 48 horas, foram 346 mil, mais 25 mil do que em idêntico período do ano passado. E que o sistema “respondeu bem”. O prazo arrancou a 1 de abril – mas quem quisesse já o podia fazer no sábado à noite. Talvez a novidade do IRS automático, que permite aos contribuintes apenas validarem os dados já preenchidos pelo Fisco, e a expectativa de um reembolso rápido justifique esta grande afluência inicial. É que para estes o Ministério das Finanças admite fazer os reembolsos em menos de 12 dias. Para os que tiverem outros rendimentos que não geram a declaração automática, ou se sentirem mais confortáveis a preencher a declaração de raiz, o reembolso deverá ocorrer em menos de 23 dias. Mas, terminando o prazo em 31 de maio, não vale a pena precipitar-se: veja se esgotou todas as possibilidades para aumentar o valor do reembolso ou reduzir o valor que terá de pagar. No Expresso Diário deixamos-lhe 10 conselhos a ler antes de entregar a declaração.

Pouco engraçado tem sido o percurso da Tesla na Bolsa nos últimos dias: as ações acumulam perdas acentuadas, na sequência de mais um acidente mortal (o segundo) com um carro autónomo da marca. No fim de semana foi também anunciada a recolha de 123 automóveis devido a problemas mecânicos. Mas o presidente da Tesla, Elon Musk, decidiu brincar ao dia das mentiras, dando a entender que a empresa estava à beira da falência. Será que os investidores acharam graça à piada? Deve um líder reagir com brincadeiras de 1 de abril numa altura em que a sua empresa está sob pressão? A capitalização bolsista da Tesla já caiu 10 mil milhões de dólares desde o início do ano.

Os apoios à banca atingiram, entre 2007 e 2017, uns impressionantes 17.100 milhões de euros, nomeadamente com o BPN, BES, Banif e CGD. São 9,1% do PIB, de acordo com o Banco de Portugal.

Ainda no campo da economia, a dívida pública cresceu 2,4 mil milhões de euros de janeiro para fevereiro, fechando neste último mês nos 246 mil milhões de euros.

o gás natural deverá baixar em média 0,2% – é o que propõe o regulador do sector energético. A confirmar-se, será o quarto ano consecutivo de descida das tarifas de gás natural.

O QUE ELES DIZEM

“Vamos lutar muito por este título”

Sérgio Conceição treinador do FC Porto

“O papel principal nesta agressiva campanha anti-russa é desempenhado pelos Estados Unidos, que incentivam outros Estados a seguir o mesmo caminho”

Oleg Belous, embaixador da Rússia em Lisboa

“Irei falar com alguns autarcas, irei receber os dados relativamente àquelas companhias e teatros que foram apoiados e às companhias e teatros que não puderam ser neste programa. E, quando tiver os elementos na minha mão, aí pronunciar-me-ei”

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República

AS MANCHETES DOS JORNAIS

Jornal de Notícias: “Testes de sida e hepatite vão ser feitos em casa”

Público: “Porta-voz de Rui Rio põe dez mil euros da Santa Casa no Montepio”

Diário de Notícias: “Ensino superior: só 10% dos precários integrados são professores e investigadores”

i: “Promessa de reembolso rápido bloqueia máquina do IRS”

Correio da Manhã: “Salvar bancos já custou 23,7 mil milhões”

Jornal de Negócios: “Novo Banco carrega nas comissões das transferências”

"Dragão dá lugar à águia"

Record

"Trambolhão"

A Bola

"Trambolhão"

O Jogo

Fico por aqui. Acompanhe toda a informação que interessa em www.expresso.pt. E às 18h, como sempre, tem à sua disposição o Expresso Diário.

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