Expresso Curto por Martim Silva. Tarde
mas a boas horas. Aqui fala-se do 25 de Abril, daquele de há 44 anos. Sim. Não.
Talvez. Isso já lá vai e este país já não tem nada que ver com Portugal do 25 de Abril de 1974, com as liberdades, a justiça e a
democracia que vislumbrámos e porque lutámos e lutamos. Ora vêem? Não tem mesmo
nada a ver. É que em 44 anos já devíamos não ter de lutar tanto para
vislumbrarmos o que já devia ter sido adquirido, e não foi. Porquê? Desleixámo-nos.
Fomos nas loas dos tais tipos da CEE que depois saltou para União Europeia. União?
Onde? Onde? Os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres,
explorados e oprimidos? Roubam-nos para dar a banqueiros e outros vigaristas e ladrões. 25 de Abril da liberdade, da democracia... Mas eles querem enganar quem? Já foi, e já
feneceu. Não nos venham com loas.
Bom dia, se conseguirem. Bom emprego,
se conseguirem. Bom almoço, se conseguirem. Bom jantar, se conseguirem. Boa
casa e dormida, se conseguirem. Há muitos que nada disto conseguem e atascam-se
na miséria ou na pobreza envergonhada. Uns e outros somam para aí 3 a 4 milhões de
portugueses. 25 de Abril? Onde? Onde? (CT | PG)
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
O 25 de Abril e o mercado da
habitação. Tem tudo a ver...
Martim Silva | Expresso
Bom dia,
quem acordou neste dia há 44 anos vivia num país sem liberdade. Num país com
censura. Num país sem eleições livres. Hoje, está a acordar num 24 de Abril de
um país que já teve o seu 25 de Abril. Celebre. Festeja. Sorria. Tem razões
para isso. Temos todos.
Amanhã celebra-se o Dia da Liberdade. É assim há 44 anos. Momento alto das
comemorações é sempre o desfile na Avenida da Liberdade. O Livre de Rui Tavares
apostou forte
e este ano apresenta como 'rainha da marcha' o antigo ministro das Finanças
grego e verdadeira pop-star internacional de certa esquerda Yanis
Varoufakis.
Claro que na sessão evocativa do 25 de Abril, no Parlamento, os olhos
estarão, como estão sempre, no discurso do Presidente da República,
tradicionalmente um dos mais importantes do ano. Mas, ainda assim, este ano
merece realce outro facto: PSD, PS, BE e CDS escolheram mulheres para
discursar. Margarida Balseiro Lopes, Elza Pais, Isabel Pires e Ana Rita Bessa.
Um 25 de Abril mais no
feminino que
o normal. Ainda bem.
Falamos de liberdade. O Sérgio Godinho dizia que só há liberdade a
sério quando houver paz, pão e habitação (e outras coisas). Pois é de habitação
que falamos agora.
Habitação
Nas vésperas do 25 de Abril, o Governo aproveitou para anunciar um pacote
destinado a resolver o evidente problema com o arrendamento, causado pela
mistura entre a explosão do turismo e a liberalização do mercado de
arrendamento (a somar à dificuldade no acesso ao crédito bancário para compra
de casa).
Um cocktail potencialmente
explosivo que torna a questão da habitação seguramente um dos temas políticos
mais importantes no nosso país nesta altura. Seguramente um tema forte para a
próxima campanha eleitoral.
Como conciliar todas estas vertentes, o mercado de arrendamento, o crescimento
do turismo, a pressão nos centros urbanos?
António Costa
sublinhou que o
problema não é existir alojamento local a mais mas sim o facto de existir
habitação a preços acessíveis a menos.
Entre as medidas apresentadas, destaque para o corte substancial nos
impostos dos senhorios que façam contratos de arrendamento muito longos ou
longuíssimos (taxa passa de 24 para 12% nos contratos a dez anos e desce ainda
mais para contratos de 20 anos).
No DN de hoje destaca-se que os inquilinos com mais de 65 anos vão ter direito
a contratos vitalícios.
Neste
artigo do Expresso pode conhecer todas as medidas do pacote
apresentado pelo Governo.
Meta?
Chegar aos 50 anos do 25 de Abril, em 2024, daqui a seis anos, com a
proclamação inserida na Constituição integralmente cumprida, anunciou António
Costa.
Constituição que afirma, no artigo 65, que "Todos têm direito, para si e
para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de
higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar."
Miguel Sousa Tavares
comentou a
situação e o pacote legislativo ontem na SIC.
Atentado mortal em Toronto
A última noite ficou marcada em termos de noticiário internacional com o atropelamento
mortal nas ruas de Toronto. Está para já descartada a hipótese de se ter
tratado de um atentado terrorista. Mas as autoridades apontam para um
"atropelamento intencional". Um homem matou 10 pessoas e deixou
outras em estado muito grave num atropelamento nas ruas de Torono, no
Canadá.
OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro,
O deputado socialista Ascenso Simões, denunciando a alegada campanha
anti-parlamentar que se criou na sequência das notícias sobre as viagens dos
deputados, revelou ontem no Facebook o seu recibo de ordenado. O
Observador leu
os documentos à lupa e explica cada uma das parcelas dos vencimentos dos
parlamentares.
O juiz Ivo Rosa do Departamento Central de Investigação e Ação Penal
é
muito
duro com os responsáveis do Ministério Público Joana Marques Vidal e
Amadeu Guerra no despacho de arquivamento do caso TAP/Sonangol.
O presidente angolano decidiu
exonerar o
embaixador de Luanda em Lisboa. Ainda não se sabe quem será o novo embaixador
na capital portuguesa.
Perante a agenda fraturante legislativa que os partidos de esquerda
estão a apresentar, e que vai da eutanásia às barrigas de aluguer, da adopção
gay à mudança de sexo,
qual
o comportamento de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República?
O contrato do SIRESP foi
alterado de
forma a garantir que o sistema de comunicações de emergência não volte a falhar
quando é preciso. Veremos. E esperemos.
No Pinhal Interior, as populações vão começar a ter
formaçãosobre como
agir em caso de incêndios.
Salvador e Luísa Sobral já são
comendadores.
O Presidente da República condecorou-os pelo notável sucesso no Festival da
Eurovisão do ano passado (e agora aproxima-se nova gala, desta vez em Lisboa).
Nas Dicas de Poupança, o Pedro Andersson
explica como
pode cortar na conta do gás.
Na Comissão Política, o podcast de política do Expresso,
olhámos para
a entrevista de Jerónimo de Sousa ao nosso jornal no último fim de semana.
As novas cativações de Mário Centeno estão
à
espera de publicação há 50 dias.
Lá fora,
O Senado norte-americano
acabou
de confirmar, numa votação renhida, a nomeação de Mike Pompeo como
novo líder da diplomacia norte-americano. Mesmo a tempo de Pompeo poder já
participar na Cimeira da Nato de sexta-feira como Secretário de Estado da
Administração Trump.
Donald Trump que por estes dias está a receber o seu 'amigo' Emanuel
Macron. Da
agenda dos
encontros destaque para as políticas proteccionistas do presidente
norte-americano e para a ameaça sobre o acordo nuclear com o Irão. No Público,
a Teresa de Sousa fala da
amizade
improvável entre Trump e Macron e do que ela pode significar.
Shania Twain disse que se pudesse teria votado Trump (não pode porque é
canadiana). O comentário deu polémica e já a obrigou a vir
retratar-se.
O antigo presidente norte-americano George Bush (pai) foi
internado no
hospital com uma infeção. Internado precisamente um dia depois do funeral da
sua mulher, Barbara.
No Reino Unido, há um novo príncipe, com 3,8 quilos e ainda muita
especulação quanto ao nome. Trata-se do
terceiro
filho de William e Kate. O
correspondente
da SIC em Londres conta o ambiente que por lá se vive.
Ontem falou-se muito do príncipe que nasceu no Reino Unido. Mas nascem 250
bebés a cada minuto no planeta. Planeta que já tem qualquer coisa como 7,5 mil
milhões de humanos. No final deste século deveremos ser 11 mil milhões. Dados
de um
estudo das
Nações Unidas que tenta olhar para a sustentabilidade da Terra.
Salah Abdeslam, o único terrorista sobrevivente dos atentados de Paris em 2015,
foi
condenado por
um tribunal belga a 20 anos de cadeia por tentativa de assassínio de agentes
policiais belgas. Abdeslam foi detido na Bélgica em 2016, depois de meses em
fuga. Atualmente encontra-se detido em França, onde aguarda julgamento
precisamente pela responsabilidade nos atentados terroristas.
Sundar Pichai. Sabe quem é? É o CEO da Google. E
esta
semanaestá a corre-lhe bem, com o bónus de 380 milhões de prémios a que
teve acesso esta semana, e que corresponde a um lote de acções que lhe foram
entregues quando aceitou tornar-se vice-presidente da empresa.
O primeiro-ministro arménio foi obrigado a
demitir-se na
sequência dos protestos populares. Serzh Sargsyan foi presidente da
Arménia dois mandatos. Promoveu mudanças constitucionais para tornar o sistema
político de cariz parlamentar. E depois fez-se eleger primeiro-ministro contra
as suas próprias promessas. O povo não perdoou o movimento 'à Putin'.
Um conjunto de cientistas europeus fez uma
carta
aberta a pedir a criação de um centro europeu dedicado à Inteligência
Artificial, para evitar a fuga de cérebros para outras partes do globo.
Nos últimos dois anos, a
Finlândia andou
a experimentar e a testar o conceito de Rendimento Básico Universal.
Agora, deixou cair a ideia.
Protestos, pilhagens e violência nos últimos dias na Nicarágua já
provocaram
mais
de duas dezenas de mortos.
DESPORTO
Não está propriamente fácil o final da época para o Benfica. Não só perdeu
a liderança do campeonato como parece que dificilmente voltará a ter Jonas nos
tempos
mais próximos. O máximo goleador do campeonato está a contas com uma lesão
nas costas.
Em alta parece estar o FC Porto.
Ontem aviou
o Setúbal por cinco a um. Já só faltam três jogos para o final do campeonato. E
as estatísticas mostram que o ataque portista é o mais goleador deste século
(superando as temporadas com Hulk, Falcão ou Jackson). A
Tribuna chama
aos portistas monster truck.
Rafael Nadal voltou a vencer a
prova que
vence quase sempre.
Hoje joga-se a primeira mão da primeira meia-final da Liga dos Campeões,
opondo Roma e Liverpool.
O QUE ANDO A LER
Nos últimos dias, e depois de umas hesitações e avanços e recuos, agarrei-me
furiosamente a "Pátria", de Fernando Aramburu. A primeira
obra do espanhol traduzida em Portugal. Uma excelente supresa. Um impactante
romance em torno de duas famílias do País Basco, dilaceradas cada uma à sua
maneira pela violência da ETA.
Ainda estamos em abril/maio, mas um forte candidato aos melhores livros que li
em 2018.
Finalmente, não fui infelizmente ver ontem os Arcade Fire ao Campo
Pequeno. Gostava, mas não fui. Aqui na Blitz pode
ler
tudosobre o que por lá se passou.
Por hoje é tudo. Tenha um grande dia. E não esqueça, depois de um 24 de Abril
chega sempre um 25 de Abril.
Boas leituras