terça-feira, 24 de abril de 2018

CANADÁ | O que está por trás do atropelamento em Toronto?


Polícia e testemunhas não têm dúvida: foi um ato deliberado. Mas, com motorista detido, investigadores evitam fazer conexão entre ataque que matou ao menos dez na cidade canadense e atentados na Europa.

A polícia de Toronto investiga nesta terça-feira (24/04) o que levou um jovem de 25 anos a jogar uma van deliberadamente contra pedestres numa movimentada rua comercial, deixando ao menos dez mortos e 15 feridos.  

O motorista foi identificado como Alek Minassian e, embora o atropelamento tenha sido claramente intencional, a polícia por ora evita falar em terrorismo. Até agora, não foi possível fazer conexões entre ele e movimentos extremistas.

"O que aconteceu nesta rua atrás da gente é terrível", disse Ralph Goodale, ministro da Segurança Pública do Canadá. "Mas não parece estar conectado, de forma alguma, a uma questão de segurança pública, com base nas informações que temos até agora."

O atropelamento levou imediatamente a temores de que também o Canadá teria entrado na mira do extremismo islâmico, após uma série de ataques, usando automóveis e reivindicados pelo "Estado Islâmico", em cidades como NiceBerlimBarcelonaLondres e Nova York.

Com o motorista detido, investigadores começaram o processo de reconstruir como – e por quê – um dia ensolarado de início de primavera em Toronto se transformou numa cena de horror. Mas, até o início desta terça, pouco havia sido divulgado sobre Minassian: sabe-se apenas que é morador de Richmond Hill, subúrbio da metrópole canadense, e que não tem antecedentes criminais.

"Esta será uma longa investigação", disse o vice-chefe da polícia de Toronto, Peter Yuen. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, pediu calma: "Ainda estamos coletando informações e, assim que pudermos, compartilharemos com os canadenses."

Nesta terça-feira, Minassian foi formalmente acusado ao comparecer a um tribunal em Toronto. Ele responderá a dez acusações de homicídio doloso (quando há intenção de matar) e a 13 tentativas de homicídio – a promotoria canadense não esclareceu este último número, sendo que o ataque deixou 15 feridos.

Minassian entrou no tribunal algemado, de cabeça raspada e vestindo um macacão branco. Perante o juiz, ele falou seu nome em voz alta e com confiança, mas respondeu às perguntas com poucas palavras, segundo relatos da imprensa local e do correspondente da DW em Toronto, Jeff Harrington.

Nem o suspeito nem as autoridades deram detalhes sobre a motivação do atropelamento. O juiz decidiu que Minassian permanecerá preso enquanto aguarda o julgamento. Uma próxima audiência foi marcada para 10 de maio.

A polícia canadense recebeu, às 13h26 (horário local), uma chamada de emergência informando que pedestres haviam sido atropelados na movimentada rua Yonge, uma área comercial no norte de Toronto, a maior cidade do Canadá. O furgão branco alugado percorreu a rua ou a calçada na hora do almoço por cerca de um quilômetro. 

"Essa pessoa estava intencionalmente fazendo isso, ele estava matando todo mundo", contou uma testemunha, identificada como Ali, à TV local. "Ele continuou, foi adiante. As pessoas estavam sendo atingidas, uma após a outra."

O motorista, que tentou fugir do local depois do incidente, foi detido por um policial, aproximadamente meia hora depois e a poucos metros do local dos atropelamentos.

Durante a detenção, ele segurava em suas mãos um objeto não identificado, conforme mostram vídeos divulgados nas redes sociais. Ele chega a gritar para o policial – "atire em minha cabeça". O policial conseguiu prendê-lo sem tiros disparados.

O atropelamento ocorreu a cerca de 30 quilômetros do centro da cidade, onde os ministros do Exterior dos países do G7, incluindo Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha, se reuniram na segunda-feira.

RPR/efe/rtr/dw/ots | Deutsche Welle

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