Polícia e testemunhas não têm
dúvida: foi um ato deliberado. Mas, com motorista detido, investigadores evitam
fazer conexão entre ataque que matou ao menos dez na cidade canadense e
atentados na Europa.
A polícia de Toronto investiga
nesta terça-feira (24/04) o que levou um jovem de 25 anos a jogar
uma van deliberadamente contra pedestres numa movimentada rua
comercial, deixando ao menos dez mortos e 15 feridos.
O motorista foi identificado como
Alek Minassian e, embora o atropelamento tenha sido claramente intencional, a
polícia por ora evita falar em terrorismo. Até agora, não foi possível fazer
conexões entre ele e movimentos extremistas.
"O que aconteceu nesta rua
atrás da gente é terrível", disse Ralph Goodale, ministro da Segurança
Pública do Canadá. "Mas não parece estar conectado, de forma alguma, a uma
questão de segurança pública, com base nas informações que temos até
agora."
O atropelamento levou
imediatamente a temores de que também o Canadá teria entrado na mira do
extremismo islâmico, após uma série de ataques, usando automóveis e
reivindicados pelo "Estado Islâmico", em cidades como Nice, Berlim, Barcelona, Londres e Nova
York.
Com o motorista detido,
investigadores começaram o processo de reconstruir como – e por quê – um dia
ensolarado de início de primavera em Toronto se transformou numa cena de
horror. Mas, até o início desta terça, pouco havia sido divulgado sobre
Minassian: sabe-se apenas que é morador de Richmond Hill, subúrbio da metrópole
canadense, e que não tem antecedentes criminais.
"Esta será uma longa
investigação", disse o vice-chefe da polícia de Toronto, Peter Yuen. O
primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, pediu calma: "Ainda estamos
coletando informações e, assim que pudermos, compartilharemos com os
canadenses."
Nesta terça-feira, Minassian foi
formalmente acusado ao comparecer a um tribunal em Toronto. Ele responderá
a dez acusações de homicídio doloso (quando há intenção de matar) e a 13
tentativas de homicídio – a promotoria canadense não esclareceu este
último número, sendo que o ataque deixou 15 feridos.
Minassian entrou no tribunal
algemado, de cabeça raspada e vestindo um macacão branco. Perante o juiz, ele
falou seu nome em voz alta e com confiança, mas respondeu às perguntas com
poucas palavras, segundo relatos da imprensa local e do correspondente da DW em
Toronto, Jeff Harrington.
Nem o suspeito nem as autoridades
deram detalhes sobre a motivação do atropelamento. O juiz decidiu que Minassian
permanecerá preso enquanto aguarda o julgamento. Uma próxima audiência foi
marcada para 10 de maio.
A polícia canadense recebeu, às
13h26 (horário local), uma chamada de emergência informando que pedestres
haviam sido atropelados na movimentada rua Yonge, uma área comercial no norte
de Toronto, a maior cidade do Canadá. O furgão branco alugado percorreu a rua
ou a calçada na hora do almoço por cerca de um quilômetro.
"Essa pessoa estava
intencionalmente fazendo isso, ele estava matando todo mundo", contou uma
testemunha, identificada como Ali, à TV local. "Ele continuou, foi
adiante. As pessoas estavam sendo atingidas, uma após a outra."
O motorista, que tentou fugir do
local depois do incidente, foi detido por um policial, aproximadamente meia
hora depois e a poucos metros do local dos atropelamentos.
Durante a detenção, ele segurava
em suas mãos um objeto não identificado, conforme mostram vídeos divulgados nas
redes sociais. Ele chega a gritar para o policial – "atire em minha
cabeça". O policial conseguiu prendê-lo sem tiros disparados.
O atropelamento ocorreu a cerca
de 30 quilômetros do centro da cidade, onde os ministros do Exterior dos países
do G7, incluindo Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha, se
reuniram na segunda-feira.
RPR/efe/rtr/dw/ots | Deutsche
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