terça-feira, 11 de setembro de 2018

Portugal | Para quê e para quem?


Até à crise de 2008, demasiados jornalistas, sobretudo no topo, funcionaram como uma claque do capital financeiro, em especial dos grandes bancos. Os economistas convencionais, armados com a extraordinária hipótese dos mercados financeiros eficientes, eram os chefes da claque, claro. Depois de um período de alguma desorientação, em 2008-2009, passaram a claque da transferência dos custos sociais da crise para os de baixo, os que teriam vivido acima das suas possibilidades, através da austeridade.

No actual contexto, funcionam de novo como a claque da financeirização, depois da restauração política dos seus actores, centrada, uma vez mais, numa bolha imobiliária, onde a componente rentista e especulativa assume grande importância, ou não estivéssemos a falar de terrenos bem localizados e de ganhos de curto-prazo que caem do céu, sem qualquer trabalho. 

Entretanto, os jornais conheceram um enorme declínio, o que os tornou ainda mais vulneráveis aos grandes interesses. Para tornar esta conversa concreta, olhemos para o Público de hoje.

Perante a apresentação, pela esquerda, do BE ao PCP, de propostas para refrear por via fiscal os ímpetos especulativos no imobiliário, cujos contornos concretos são desconhecidos, até porque estão a ser negociadas, o Público confirma, uma vez mais, concentrando a atenção no BE, que o suplemento promocional do imobiliário da quarta-feira colonizou o resto do jornal nesta área. Na chamada notícia, dá-se apenas voz à associação capitalista do sector e a um economista convencional, dos que conduzem a claque. A mais básica regra do jornalismo - saber das propostas concretas e dar também voz aos que as podem defender, confrontando argumentos - não é respeitada. Já não há referências.

Por sua vez, o editorial, da autoria do novo director Manuel Carvalho, aceita basicamente os termos do CDS-PP, usando os termos deste partido: “taxa Robles”. Sem surpresa, com Manuel Carvalho, a observadorização do Públicocontinua. Os cinco argumentos apresentados são fraquinhos.

Em primeiro lugar, Carvalho faz doutrina, dizendo que a especulação até pode ser “feia” em algumas das suas consequências, mas é legal. Até parece que o que é legal não deve ser taxado (ou “punido fiscalmente”, para usar os seus enviesados termos perante uma proposta que se desconhece). Os fiscalistas que se cuidem.

Em segundo lugar, afiança que há uma “distorção na relação entre oferta e procura”, mas que tal está desligado de comportamentos especulativos danosos (ou “comportamento empresarial”, para usar os termos de quem não sabe distinguir empresa produtiva do casino da especulação). Claro que está ligado. Há actores, grandes fundos imobiliários, entre outros, e comportamentos especulativos prevalecentes que contribuem, entre factores, para gerar custos sociais reconhecidos, neste caso a falta de casas a preços acessíveis.

Em terceiro lugar, Carvalho, insiste na ideia reaccionária de que isto é um plano inclinado para acabar com o lucro, não sendo, uma vez mais, capaz de o distinguir da renda e do ganho especulativo, que devem ser especialmente taxados.

Em quarto lugar, declara basicamente não saber o que é a especulação. O grande economista keynesiano Nicholas Kaldor, definiu, no final da década de 30, este comportamento, em linha com as tendências regulatórias e fiscais, que haveriam de estabilizar o sistema durante várias décadas, reprimindo a finança dita de mercado: “compra (ou venda) de um bem, com vista à sua revenda (ou recompra), tendo por único motivo a expectativa de mudança nos preços relevantes relativamente ao preço em vigor, excluindo qualquer uso, transformação ou transferência entre mercados do bem em causa”. Acrescentaria também a associação deste comportamento a um horizonte de curto-prazo. Obviamente, esta definição genérica só pode ganhar vida fiscal através de convenções, que implicam, como em tudo nesta área, limiares, valores, taxas, prazos, etc.

Em quinto lugar, Carvalho regressa à ficção institucionalmente ignorante e historicamente desmemoriada do mercado livre, dez anos depois do início crise, esquecendo que todo o mercado é instituído pelos poderes públicos e que a questão é sempre, nesta área de economia política, saber quem é empoderado e quem é vulnerabilizado pelas regras em vigor, quem tem liberdade e quem é que está a ela exposto. Na área da habitação, os especuladores têm rédea solta com as regras em vigor.

Enfim, é caso para perguntar: estes jornais para quê e para quem? 

João Rodrigues | Ladrões de Bicicletas

11 de Setembro | Diada – Dia Nacional da Catalunha


Uma mulher observa de uma varanda a gigantesca manifestação que comemora hoje o Dia Nacional da Catalunha (“A Diada”). 

A primeira "Diada" após o referendo de 1 de Outubro de 2017, fica marcada pela exigência de libertação dos presos políticos catalães e a defesa da independência da Catalunha. 11 de Setembro de 2018, Barcelona.

Imagem do Dia em AbrilAbril

PM guineense desvaloriza críticas à organização das eleições legislativas


O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, desvalorizou hoje as críticas que estão a ser feitas à organização do processo eleitoral para as legislativas de 18 de novembro, que considerando que não são produtivas.

"Penso que esse debate não é produtivo, o que é produtivo é nós analisarmos as condições em que estamos a evoluir e vermos a pertinência de nós organizamos eleições livres e justas que possam contribuir para a estabilização da Guiné-Bissau", afirmou Aristides Gomes.

O primeiro-ministro guineense falava aos jornalistas na sede da cooperação de Timor-Leste em Bissau, onde se deslocou para uma visita.

"Aos que estão a trabalhar de facto no processo eleitoral o que lhes interessa é ver a realidade, os fatores de que estão em presença, aquilo que nós controlamos, o que nós não controlamos, os esforços que nós estamos a fazer e o esforço que o mundo inteiro está a fazer para ajudar à estabilização da Guiné-Bissau", salientou.

Para Aristides Gomes, os que querem de facto a estabilização do país e o seu desenvolvimento devem "inscrever-se nessa perspetiva, o resto é um debate que não tem importância nenhuma" para a estabilidade do país.

Sobre a visita à sede da cooperação timorense em Bissau, o chefe do executivo guineense disse que veio testemunhar o reconhecimento da Guiné-Bissau ao apoio que Timor-Leste tem dado para a estabilização do país.

"Sabem que em 2014 foi decisiva a intervenção de cooperação de Timor para que as eleições tivessem tido lugar, hoje essa intervenção continua, é uma grande riqueza para nós termos um relacionamento que se estende a zonas do mundo muito distantes da Guiné-Bissau", afirmou.

O enviado especial de Timor-Leste para apoio às legislativas timorenses, Tomás Cabral, disse que a sua equipa, que chegou na quinta-feira, vem fazer um levantamento das necessidades.

"Nós temos um trabalho feito com o Governo da Guiné-Bissau e viemos fazer um levantamento para ver como é que vamos apoiar", afirmou.

A Guiné-Bissau tem eleições legislativas marcadas para 18 de novembro, mas um atraso na entrega dos 'kits' de registo eleitoral impediu que o recenseamento tivesse início a 23 de agosto.

O atraso no início do recenseamento e da chegada dos fundos prometidos pela comunidade internacional têm sido criticados por vários partidos políticos, sociedade civil e Comissão Nacional de Eleições, que já defendeu a necessidade de um novo cronograma eleitoral.

Lusa em SAPO TL

Angola | Rafael Marques espera "abertura para a sociedade", com João Lourenço à frente do MPLA

Jornalista comenta otimista primeiros sinais de João Lourenço à frente do MPLA. Para Marques, renovação do Bureau Político já marca "começo de uma nova era". Falta despartidarizar o Estado e restaurar dignidade do povo.

Ao assumir a presidência do MPLA, no passado sábado (08-09), o Presidente angolano, João Lourenço, apontou as eleições autárquicas como o "principal desafio" do partido no poder em Angola, voltou a hastear a bandeira contra a corrupção, mas sublinhou a necessidade de o MPLA se transformar num partido ainda mais "democrático, moderno e aberto".

Lourenço pediu ainda mais aproximação aos "verdadeiros representantes da sociedade civil e fazedores de opinião, independente das posições que defendem".

Esta segunda-feira (10.09), o Bureau Político do MPLA aprovou os novos integrantes de seu secretariado, indicados pelo novo presidente do partido, João Lourenço. Duas mulheres integram o órgão.

Para secretária para a Política de Quadros foi escolhida Luísa Damião, eleita no passado sábado (08-09) vice-presidente do partido. Para a Política Social foi nomeada Iolanda dos Santos. Manuel Pedro Chaves ficou como secretário para as Relações Internacionais.

Em entrevista à DW África, o jornalista e ativista angolano, Rafael Marques de Morais, que sempre foi um crítico ferrenho do Governo no MPLA, mostra-se otimista com este primeiro acontecimento dentro do partido no poder e com os sinais dados por Joäo Lourenço à sociedade civil angolana.

DW África: O que mais se deve esperar desta prevista ascenção do Presidente angolano à liderança do partido no poder em Angola?

Rafael Marques de Morais (RMM): O primeiro passo, fundamental, que o presidente do MPLA deu foi a remoção da velha-guarda do partido, aqueles que estavam entranhados no tráfico de influência – como Dino Matross, Paulo Kassoma, Roberto de Almeida, Higino Carneiro e outras figuras veteranas do MPLA, como a Joana Lina - que foram todos afastados do Bureau Político do MPLA.

A renovação do Bureau Político do MPLA é, por si só, já o começo de uma nova era dentro do MPLA, porque não haverá mais manipulação dentro do partido para secundar os atos do Governo. E agora, os passos que se esperam dele, são a abertura do MPLA para a sociedade.

DW África: Este foi precisamente um ponto que o próprio João Lourenço citou, quando sublinhou a necessidade do MPLA se transformar num partido ainda mais "democrático, moderno e aberto". Como concretizar isso?

RMM: O primeiro passo que ele deve dar é garantir que o MPLA tenha uma democracia interna. Ele foi praticamente consagrado presidente. Só houve um candidato nas eleições do MPLA, ele próprio. Isto não é um sinal de democracia interna. Então, esperemos que, nas próximas eleições, o MPLA possa ter eleições competitivas.

O segundo aspeto importante tem a ver com o Governo do país. Da mesma forma que ele fez uma limpeza no Bureau Político do MPLA, é preciso fazer uma limpeza na administração pública – onde muitos indivíduos ocupam cargos, não porque tenham competência ou alguma mais valia para os cargos que ocupam, mas simplesmente porque são membros do partido MPLA.

É necessário e é fundamental para que o Estado funcione que haja a sua despartidarização. Só então, poderemos começar a respirar o Estado como sendo de todos os angolanos. De outro modo, o MPLA continuará a asfixiar e a confundir-se com o Governo e com o Estado.

DW África: Como avalia a eleição de Luísa Pedro Damião a vice-presidente do partido?

RMM: Foi uma total surpresa. Ninguém esperava que Luísa Damião fosse eleita vice-presidente do MPLA, porque não tem um historial que lhe permitisse ascender a tal cargo. Mas também não deixa de ser uma surpresa positiva, porque as pessoas estão fartas da placa giratória que tem sido a direção do MPLA e o Governo do país – em que são sempre as mesmas pessoas a rodarem pelos cargos.

DW África: O que espera da atuação da Luísa Damião?

RMM: A Luísa será uma vice-presidente à disposição do presidente do MPLA. Não tenhamos ilusões. Não será uma vice-presidente com grandes poderes para reformar, mas pelo menos tem juventude e tem capacidade – foi jornalista – para se abrir ao diálogo com outras portas políticas e para, enquanto mulher, por exemplo, ser uma grande promotora dos direitos da mulher no país – o que não tem acontecido até agora.

Se ela conseguir colocar na sua agenda políticas de maior respeito pelos direitos da mulher e pelos direitos da criança, então será uma boa vice-presidente do partido no poder. De outro modo, será apenas a sombra do presidente João Lourenço e será uma mulher num cargo com uma função mais decorativa.

DW África: Outra declaração feita por João Lourenço foi: "Aproximemo-nos mais dos verdadeiros representantes da sociedade civil, dos fazedores de opinião, independentemente das posições que defendem, se nos são favoráveis ou não". Como interpreta esta fala de João Lourenço?

RMM: É um sinal de aproximação que é muito bem-vindo. Durante muitos anos, o MPLA sempre considerou como inimigos todos aqueles que se opunham aos seus desmandos na sociedade. Todos aqueles que criticassem a corrupção e que defendessem os direitos humanos eram apodados de inimigos do povo, inimigos do Estado angolano e antipatriotas.

João Lourenço veio fazer um discurso refrescante, em que aqueles que lutam contra a corrupção e se batem pelos direitos humanos começam a ser vistos como patriotas, como indivíduos que também têm estado a dar um contributo nesta sociedade. E se ele continuar por esta via, certamente terá o apoio de vários setores da sociedade para que o país possa encontrar um rumo que seja consensual e benéfico.

Cabe ao João Lourenço o papel histórico de restaurar a dignidade dos angolanos e, se ele fizer isso, já será um bom Presidente que ficará bem na fotografia da história como o indivíduo que teve a capacidade de restaurar a dignidade dos angolanos.

DW África: O filósofo renascentista Nicolau Maquiavel, no seu livro "O Príncipe" – para falar um pouco desta relação entre Governante e povo – diz que o príncipe deve ser amado. Não podendo ser amado, deve ser respeitado. Para qual direção está a caminhar João Lourenço?

RMM: Para já, é um líder que está a ganhar, em muito pouco tempo, o respeito da sociedade – porque não está a fundamentar a sua ação na violência. Outra ideia que também devemos reter é a de que o poder absoluto corrompe absolutamente.

João Lourenço tem de fazer algo básico: Tentar reduzir seus próprios poderes – por via das reformas constitucionais e da reforma do Estado - de modo a que o Presidente tenha apenas os poderes necessários para ser um bom líder, um bom guia.

É na restauração destes poderes constitucionais e da separação dos poderes que João Lourenço poderá encontrar os freios e contrapesos que poderão fazer dele um líder que seja realmente próximo do povo que governa e amado por esse povo pelo fato de aceitar que, enquanto ser humano, não pode e não deve ter todos aqueles poderes que José Eduardo dos Santos criou para si próprio.

Cristiane Vieira Teixeira | Deutsche Welle

Moçambique | Diretora do GABINFO ignora parecer da Comissão de Ética


CIP exige anulação da nomeação do irmão da diretora do GABINFO na TVM. A Comissão de Ética reconhece que houve violação da Lei de Probidade Pública. Entretanto, não está claro que órgão tem o poder de repor a legalidade.

Está claro que Emília Moiane, enquanto responsável do GABINFO, Gabinete de Informação, violou a Lei de Probidade pública, na sua alínea a)do número um do artigo 36.

Alfredo Gamito é porta-voz da Comissão Central de Ética Pública (CCEP) e confirma que "a nomeação por ela de um familiar próximo, como é o caso de um irmão, gera um conflito de interesses muito claro, ela não podia fazer isso."

A teimosia de Emília Moiane

E ele esclarece: "Nós comunicamos a senhora [Emília Moiane]. Aliás, ela primeiro perguntou se podia fazer e nós convocámos a senhora e estivemos a explicar que não podia e depois teve este desenvolvimento."

A nomeação foi contestada no país, principalmente pela classe jornalista. Também o CIP, Centro de Integridade Pública, emitiu o seu parecer sobre o assunto pedindo a sua anulação por considerar que houve falta de transparência.

Mas a  Comisão Central de Ética Pública diz que não é sua função tomar medidas e passa a responsabilidade a outros: "Depois da deliberação da Comissão Central de Ética Pública não cabe a nós CCEP fazer o controlo da execução dessa decisão. Quem o deve fazer é o Gabinete Central de Combate à Corrupção. Nós enviamos a deliberação, comunicamos a pessoa e enviamos a deliberação ao Gabinete Central de Combate à Corrupção e ela é que tem de fazer o monitoramento dessa situação."

Que órgão deve repor a legalidade?

Entretanto, para o CIP, não está claro que órgão tem o poder de repor a legalidade, embora esteja ciente de que esse é o procedimento previsto.

O pesquisador da ONG Baltazar Fael levanta alguns pontos opacos: "Mas aqui já fica uma dúvida: quem é a entidade que pode pressionar para que esta situação se altere? Na minha ótica tem de ser a Comissão a enviar o documento ou uma chamada de atenção para o GABINFO a dizer que isso é contornar a lei, porque o que faz o Gabinete Central de Combate à Corrupção é simplesmente verificar no caso de conflito de interesses que é suscitado se existe uma situação de corrupção ou não. E está claro que naquele caso, parece-me que não há nenhuma situação de corrupção, mas sim de conflito de interesse."

E Fael questiona ainda a legislação moçambicana: "Agora, também vamos dizer que a nossa legislação é omissa porque ela não diz qual é o órgão que deve notificar o GABINFO por uma questão concreta de conflito de interesses."

Primeiro-ministro irá repôr a legalidade?

Face a este vazio, quem poderia impelir a diretora do GABINFO a anular a nomeação?

Para o pesquisador do CIP é "quem está acima da diretora do GABINFO, o primeiro-ministro. O GABINFO não é um órgão regulador da comunicação social. O GABINFO é uma instituição do Estado e quem nomeia a diretora do GABINFO é o primeiro- ministro. Sendo assim quem deve intervir nesse sentido é o primeiro-ministro."

De qualquer forma o caso não tem ainda um desfecho, a Comissão de Ética volta a ter o assunto nas mãos por outro aspeto nebuloso, como conta Alfredo Gamito: "Mas quero dizer também que o assunto não está completamente encerrado. O que aconteceu de facto, é que ela delegou uma segunda pessoa a fazer o despacho de nomeação. Agora, sucede que estamos em análise, não temos a certeza se essa pessoa tinha competência para fazer essa nomeação. A nomeação continua ilegal."

MISA lembra que Marcos pode ter mérito

E a DW África convidou o MISA Moçambique a reagir a nomeação polémica. O presidente do organismo, Fernando Gonçalves, antes de mais sublinha que "Sérgio Marcos é trabalhador da Televisão de Moçambique (TVM) e nós entendemos que qualquer trabalhador da Televisão de Moçambique tenha mérito e tenha o direito de ser nomeado."

Por outro lado, Gonçalves também toma em consideração "que Sérgio Marcos é irmão da diretora do GABINFO, a instituição que superintende a área da comunicação social em Moçambique e isso pode ser entendido como uma situação de conflito de interesses, nepotismo e por aí fora."

Nádia Issufo | Deutsche Welle

Ébola | Número de casos na República Democrática do Congo sobe para 132


A situação afeta sobretudo a província do Norte-Kivu. Dos 101 casos, 60 pessoas morreram e 36 estão a ser tratadas. Nove casos suspeitos de ébola estão ainda em investigação

O número de casos de Ébola registados na República Democrática do Congo (RDCongo), aumentou para 132, dos quais 101 confirmados e 31 prováveis, segundo o balanço mais recente, divulgado esta segunda-feira pelo Ministério da Saúde daquele país. A situação afeta sobretudo a província do Norte-Kivu e sobre os 101 casos, adianta o mesmo comunicado, de 9 de setembro, 60 pessoas morreram e 36 estão a ser tratadas. Nove casos suspeitos de ébola estão ainda em investigação.

Segundo o balanço, há também um novo caso confirmado em Butembo. Trata-se de um homem cuja esposa era um dos casos confirmados de Ébola em Mandima. Os testes realizados aquele cidadão, com base em análises de sangue, revelaram-se negativos, mas o vírus ébola foi identificado no seu esperma.

"O homem ficou doente durante o mês de agosto e foi internado no centro de saúde de Makeke, na zona de saúde de Mandima (Ituri). A transferência para o centro de tratamento de ébola (CTE) de Mangina foi recusada, ele ficou em Butembo e o seu estado de saúde está a evoluir favoravelmente", adianta o comunicado.

Em Beni, mais uma pessoa morreu e uma outra pessoa está ainda em tratamento. O Ministério da Saúde adianta ainda na mesma nota que "a fim de evitar que o número total de casos varie (entre altos e baixos) diariamente, os casos suspeitos estão a ser tratados numa categoria em separado. De acordo com o anterior balanço do ministério, divulgado a 6 de setembro, a epidemia de Ébola no leste da RDCongo já tinha causado 88 mortes, duas das quais registadas pela primeira vez em Butembo, importante centro comercial com cerca de um milhão de habitantes.

Os dois primeiros casos de mortes confirmados em Butembo, um centro de intercâmbio comercial da RDCongo com países vizinhos, como o Uganda, eram uma mulher e um cuidador que esteve em contacto com ela, indicou o Ministério da Saúde da RDCongo. A mulher tinha fugido de Beni, outra zona atingida, a 50 quilómetros de Butembo, onde "recusou cooperar com as autoridades sanitárias após ficar doente", precisaram as autoridades sanitárias.

O ministro congolês da Saúde, Oly Ilunga Kalenga, deslocou-se a 06 de setembro a Butembo. "No total, temos 129 casos e 88 mortes até ao momento", disse então à imprensa, antes de partir para Butembo. Este balanço pode chegar à cifra de 89 mortes ao final do dia, precisou o ministério. Para o ministro, observa-se "a segunda vaga de casos, que são provavelmente casos já em incubação no momento em que foi iniciada a resposta", em agosto.

"Esta segunda vaga está ligada a pessoas que escaparam à vigilância da primeira vaga, a pessoas que manifestaram resistência às nossas mensagens. Penso que os focos de resistência estão identificados", acrescentou. As autoridades contactaram de novo os habitantes de um bairro do Beni, que manifestaram resistência às medidas de prevenção anti Ébola. A preocupação aumentou de nível na sequência da anterior epidemia na outra extremidade da RDCongo, na província de Equador, onde um caso foi registado na capital regional, Mbandaka, também um grande um entreposto comercial com cerca de um milhão de habitantes.

Este novo foco não aumentou a propagação do vírus. O fim do surto anterior daquela febre hemorrágica na RDCongo, foi decretado a 24 de julho, com um balanço total de 33 mortes. No balanço de 9 de setembro o Ministério da Saúde acrescenta que recebeu um alerta de fébre hemorrágica de Kisangani.

"Trata-se de três jovens raparigas de uma mesma família que vieram de férias de Mambasa, uma vila vizinha da zona de saúde de Mandima, onde nove casos confirmados de Ébola foram registados", refere. Mas os três testes foram enviados parta o laboratório de Beni para análise e os resultados foram negativos.

Lusa | em Expresso | Foto: Junior Kannah/AFP/Getty Images

Criminalidade na África do Sul subiu 6,19% com 57 homicídios por dia


 "Parece uma zona de guerra"

Segundo as estatísticas, um total de 20.336 pessoas morreram nos 12 meses até março, um aumento de 6,19% em relação ao ano passado. As violações também aumentaram em 0,5%, para 40.035 casos

A criminalidade na África do Sul subiu 6,9% no último ano atingindo uma média de 57 homicídios por dia, anunciou esta terça-feira o ministro da Polícia Bheki Cele, que comparou o seu país a uma “zona de guerra”.

Entre abril de 2016 e março de 2017, houve 19.016 assassínios na África do Sul, correspondendo a 52 mortes por dia.

“Cinquenta e sete por dia é o número diário de sul-africanos que foram mortos”, disse o ministro Cele aos deputados, referindo que "isso faz com que a África do Sul pareça uma zona de guerra”.

O chefe da comissão parlamentar encarregue da polícia, François Beukman, também reagiu e considerou estes dados “perturbadores e totalmente inaceitáveis”.

Norman Sekhukhune, chefe de polícia encarregado de estudos e estatísticas, salientou que o número de homicídios “aumentou nos últimos seis anos”.

De acordo com os dados da polícia divulgados esta terça-feira pelo Governo, os crimes que mais aumentaram, no entanto, são os casos de agressão sexual, que subiram 8,2% neste período, para 6.786 casos, representando quase 19 agressões sexuais por dia na África do Sul.

As violações também aumentaram em 0,5%, para 40.035 casos.

Por outro lado, os roubos comuns baixaram 5% em 2017-2018, para 50.730, e os assaltos agravados também desceram 1,8%, para 138.364.

Khehla Sitole, Comissário Nacional da Polícia, disse esta terça-feira aos deputados que estima em 62 mil o número de polícias adicionais necessários para garantir a segurança no país.

Lusa | em Expresso

Fome no mundo regista terceiro aumento anual consecutivo


Cerca de 821 milhões de pessoas no mundo passam fome, revelou hoje a ONU, traduzindo um aumento para níveis de há dez anos que se sente mais na América do Sul e na maior parte de África.

O número é apontado pela agência das Nações Unidas para a alimentação e agricultura (FAO, na sigla em inglês) no relatório sobre o estado da segurança alimentar e nutrição de 2018, divulgado hoje, em que se confirma a tendência para o aumento da fome no mundo pelo terceiro ano consecutivo, passando de 804 milhões em 2016 para 821 milhões em 2017.

"A variabilidade do clima, que afeta os padrões da chuva e as estações, bem como extremos climáticos como secas e inundações estão entre as principais causas do aumento da fome, além dos conflitos e abrandamentos económicos", considera a FAO.

Em números totais, uma em cada nove pessoas passa fome, com 515 milhões na Ásia, 256,5 milhões em África e 39 milhões na América Latina e Caraíbas.

Apesar de a erradicação da fome ser um dos objetivos para o desenvolvimento a atingir até 2030, "os sinais alarmantes do aumento da insegurança alimentar e diversas formas de má alimentação", desde a obesidade nos adultos aos atrasos de crescimento nas crianças.

Cerca de 672 milhões de adultos, ou 13% do total, são obesos e 38,3 milhões de crianças com menos de cinco anos também.

A obesidade é mais sentida na América do Norte, mas também está a aumentar na África e na Ásia, onde coexiste com a subnutrição.

Nestas regiões, a comida nutritiva é mais cara, um dos fatores que contribui para a obesidade.

Por contraste, mais de 200 milhões de crianças (29,7%) têm peso ou altura a menos para a idade. Ambas são áreas em que a falta de progresso é clara, afirma a FAO.

Além disso, é "vergonhoso" que um terço das mulheres em idade reprodutiva esteja anémica, o que se reflete nelas próprias e nas crianças.

Há "sinais alarmantes do aumento da insegurança alimentar e de níveis elevados de diferentes formas de problemas alimentares" que são "um claro aviso de que há muito trabalho a fazer para ninguém ficar para trás", defendem numa posição conjunta os responsáveis da ONU para a alimentação, agricultura, crianças e saúde.

Portugal está em linha com os países europeus, mantendo uma taxa inferior a 2,5 por cento da população com sinais de subnutrição desde 2004/2006. A obesidade, no entanto, aumentou entre os adultos, de 21% em 2012 para 23,2% em 2016.

O impacto das alterações climáticas na produção de alimentos essenciais como o trigo, arroz e milho nas regiões tropicais e temperadas aumentará se as temperaturas continuarem a subir, alerta a FAO.

O apelo da FAO é para que aumentem os esforços para garantir o acesso a alimentos nutritivos, prestando especial atenção às partes da população mais vulneráveis: bebés, crianças com menos de cinco anos, em idade escolar, raparigas adolescentes e mulheres.

Expresso das Ilhas | Rádio Morabeza

O que seria da democracia sem o tão-necessário pluralismo?


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

A questão em epígrafe deve ser colocada a Rui Rio, Presidente do PSD, que por ocasião da Universidade de Verão do partido afirmou que quem não está de acordo com o partido deve deixá-lo, isto, claro está, na melhor tradição estalinista.

O referido pluralismo, catalisador da própria democracia, é assim tratado com particular desprezo pelo líder do maior partido da oposição, sem quaisquer contemplações. De resto, Rio não é um novato na formulação de frases pouco amigas da democracia, já havia cometido as mesmas imprudências pouco democráticas por altura da sua presidência na Câmara do Porto, designadamente com ataques dirigidos à comunicação social com vista a cercear o campo de acção de alguns órgãos de comunicação social.

Agora quem não concorda "com o partido de forma estrutural", deve sair por ser a atitude mais "coerente", diz Rio com uma displicência que não deixa de ser inquietante. Em rigor, os partidos ditos democratas têm de praticar essa democracia internamente, designadamente com lideranças que sabem co-existir com opiniões diferentes daquilo que é apregoado. E não raras vezes essas diferenças são muito relevantes. A título de exemplo, o que se diria de António Costa se este sugerisse a expulsão de Francisco Assis? Por exemplo.

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

Portugal | Combater a especulação imobiliária


Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião

Desde 2015, o preço da habitação não parou de subir em Portugal. Os últimos dados apontam para um aumento médio de 16,4% entre maio de 2017 e 2018, para o qual contribuíram as valorizações nas áreas de Lisboa e Porto.

Quem desespera à procura de casa já deu pelo problema há muito, mas só neste junho é que o Banco de Portugal começou a alertar para o risco de sobrevalorização do mercado imobiliário, sobretudo devido ao investimento estrangeiro. Há dias, a líder do Conselho de Supervisão do BCE avisou que a próxima crise estará associada ao mercado imobiliário.

A bolha imobiliária em Portugal não apareceu do nada. É o produto de uma tempestade perfeita entre políticas e circunstâncias económicas. Com a manutenção das restrições orçamentais, a política do BCE de juros baixos e injeção de liquidez contribuiu para o sobreaquecimento dos mercados de ações, obrigações e imobiliário. O Governo de PSD/CDS quis e soube atrair esse "investimento" financeiro: road shows pelo Mundo, vistos gold, aposta no regime de IRS para residentes não habituais, taxas reduzidas para alojamento local. A promoção do "turismo residencial" foi um objetivo político sem preocupação com as consequências. Por isso, os governantes do CDS se congratulavam com a venda a estrangeiros de 39 casas por dia.

As principais autarquias, interessadas nas receitas vindas da grande rotação dos imóveis e do turismo, participaram neste movimento de forma acrítica, tal como o atual Governo. Até agora, as medidas de combate à especulação foram tímidas, e nem o sinistro regime dos vistos gold foi revogado.

Perante esta situação, há duas opções. A primeira, adotada pelo CDS, é fechar os olhos à crise na habitação que ajudou a criar. A segunda, há muito defendida pelo Bloco, é avançar com políticas públicas que contrariem a bolha.

Por isso, propusemos ao Governo, no início das negociações orçamentais, uma nova tributação sobre mais-valias imobiliárias, em duas vertentes: a excessiva valorização do preço e a excessiva rotação dos imóveis (às vezes, comprados por atacado por fundos que os vendem logo nos meses seguintes). Esta medida não resolverá todos os problemas, mas contribuirá para dar passos da direção certa, dotando o Estado e as autarquias de recursos para investir em políticas de habitação.

Não é a primeira vez que apresentamos medidas para taxar de forma mais justa o mercado imobiliário. Sabemos que geram ruído, mas que não perdem por isso a sua justeza. Depois do ruído, serão os votos a ditar a determinação com que cada partido combate a especulação.

*Deputada do BE

Sophia, a do Cabaré da Coxa... e a mana Vera


Lá por passar da uma hora da tarde não quer dizer que não lhe desejemos um bom dia. A seguir pode dispor do Expresso Curto. Hoje com a Só Pia, perdão, Sophia. Luísa Meireles, do burgo Impresa, trata do assunto. Aqui no PG nem estamos para isso. Não ligamos a bonecas mal engendradas e anglofonas, de insuflar, que é o que mais parece pelo 'design' e pelo aspeto de frequentadora do Cabaré da Coxa. 

Olhem aqueles olhos azuis que dão sempre para desconfiar. Não, a Só Pia não é latina. Nada disso. Muito menos portuguesa. Cá por nós deve ser mais um embuste para nos espiar e tramar a vida. 

Credo. Estamos mesmo desatualizados e nada politicamente corretos. Podiamos pensar e nada disso dizer, ou escrever. Pois é. Não temos olho azul nem alinhamos em "coisas suspeitas" que descobrimos no futuro que nos vão tramar, controlar... e etc. Ou admitimos logo de inicio porque é o que tem acontecido com as "inovações". Não tudo, mas quase tudo. Um "descontrole" muito bem organizado.

Bom dia. Siga a senhora Meireles. Ela dá conta do recado neste Curto. Vera é a novidade. Modernidade exige e nós não sabemos balir, nem queremos. Nunca!

CT | PG

Bom dia este é o seu Expresso Curto

E se a Sophia o quiser contratar?

Luísa Meireles | Expresso

Já a conhece, não é? A Sophia tornou-se famosa na Websummit no ano passado mas este ano, depois de uns anúncios com o Ronaldo, já fala português e passou sozinha a estrela da publicidade de uma grande empresa de telecomunicações. Pois bem, a Sophia não, mas a sua meia-irmã Vera é a nova coqueluche das empresas em matéria de recrutamento

Dois especialistas russos aprimoraram o software e ela aí está – a robô Vera - ao serviço de empresas como os gigantes Ikea, L’Oreal e PepsiCo, Microsoft, Burger King e Auchan, ajudando-os a preencher as suas vagas com os candidatos certos, humanos, claro. Headhunting, portanto, aquilo que se pensava só poder feito por um humano em relação a outro humano.

Esta história é extraordinária e vem contada pela minha colega Cátia Mateus: “Está preparado para que seja um robô a fazer-lhe uma entrevista de emprego?”. Eu não sei se estaria mas, segundo a Cátia, é o melhor que todos nós temos a fazer. É que agora os robôs não só ameaçam substituir-nos no emprego, como até nos poderão escolher… para os empregos que restam, suponho! Orwelliano, certo? Também acho.

A coisa é um pouco assustadora, assim de repente. Coisa de ficção científica. Mas repare: o economista Ricardo Cabral cita no Público os estudos do também economista britânico de origem cipriota Christopher Pissarides, segundo o qual a atual revolução digital e de inteligência artificial vai destruir 10 a 30% dos postos de trabalho existentes (e parece que segundo um estudo da Universidade de Oxford 47% do emprego nos Estados Unidos já está em risco de ser substituído por tecnologias de informação ou automatização).

Ricardo Cabral fala do assunto para abordar o problema do emprego como “o verdadeiro desafio da zona euro”, as tarefas de Mário Centeno e, sobretudo, para o problema de como as nossas sociedades e respetivas políticas públicas estão mal preparadas para o choque tecnológico que “já começa a chegar às nossas praias” e que se anuncia muito rápido.

Tão rápido que nem sei se, relembrando António Costa na sua versão de secretário-geral no último Congresso do PS (e em cuja moção de estratégia até se falava da sociedade digital) ele próprio estará a salvo, quando disse que a revolução tecnológica já não lhe roubará o emprego, mas possivelmente o fará aos jovens do futuro – “vocês”, disse. Dê uma olhada aqui para ter uma ideia da situação (sete milhões de empregos até 2020 – sim, daqui a menos de dois anos). Ou seja, não é da Sophia que tem de ter medo, é da Vera. Ela já anda aí.

OUTRAS NOTÍCIAS

Então não é que o furto de Tancos surgiu de novo para assombrar o ministro da Defesa? Parece coisa de propósito. No domingo, no seu discurso na Universidade de Verão do PSD, Rui Rio chamou o tema à colação, comparando-o ao sketch de Raul Solnado da “ida à guerra” e dizendo que em Portugal se consegue roubar material militar como “se entra num jardim para roubar umas galinhas”. Exigiu que o Ministério Público fizesse “rapidamente a acusação correta” (ups, politicamente incorreto) e ainda acrescentou que o Governo não sabe dar respostas, insinuando que se ele dissesse o que sabia… (não sabemos).

Azeredo Lopes não gostou, achou que era uma chacota, o PM(muito politicamente correto) disse que era “desrespeitador da autonomia do MP” fazer considerações sobre o assunto e, ontem pela tardinha, o Presidente da República veio por água na fervura, anunciando que tem esperança que “dentro de dias ou semanas” as investigações do MP se concluam. Paulo Rangel, na sua habitual coluna semanal do Público, também crava a faca: "Tancos, o furto a que se furta Costa".

Amanhã à tarde, na Comissão de Defesa, o ministro será questionado mais uma (enésima?) vez sobre o furto. Para memória: o dito ocorreu (ou supõe-se que) a 28 de junho de 2017 e quatro meses depois apareceu no mato da Chamusca. Ainda não se sabe quem, quando, como, onde e porquê.

A propósito, José Miguel Júdice veio ontem lembrar no jornal da TVI (será a última vez que ali terá a sua rubrica, passa para a TVI24 com um formato mais alargado) que Marcelo não quer a recondução do general Rovisco Duarte no cargo de Chefe de Estado-Maior do Exército. Parece não haver esse perigo. Ao que parece, também já não era essa a intenção do Governo. E desde há muito...

Incêndios de Pedrógão. A Assembleia Municipal Extraordinária concluiu que ainda falta um milhão de euros para acudir a Pedrógão Grande, mas que as dúvidas sobre o destino dos dinheiros da solidariedade tornaram a tarefa difícil. Em Pedrógão Grande, todos querem esclarecer o assunto. “A vergonha é enorme”, diz uma carta. Mas o presidente da Câmara admite que não consultou os processos das casas recuperadas, segundo o DN.

Madeira. O presidente do Governo Regional está a pressionar o Governo para intervir no diferendo que o opõe à TAP [e acusa-o de querer fazer campanha] porque senão “de que vale ter 50% do capital”? Em causa a recusa da companhia aérea em rever os limites do vento, que rege os parâmetros de segurança, e os preços elevados praticados pela companhia, segundo Miguel Albuquerque.

Saúde: O Governo, para além de outros problemas para resolver, tem agora também mais este, sob ultimato: o diretor clínico e os 51 chefes de equipa do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, que apresentaram a sua demissão, vão abandonar os respetivos cargos a 6 de outubro se o Governo não der "sinal positivo", anunciou o bastonário da Ordem dos Médicos. Há uma semana, o CDS fez o pedido para o Conselho de Administração ser ouvido no Parlamento.

Professores: Os sindicatos já prometeram guerra aberta ao Governo e acusaram até o ministro Tiago Brandão de ser um “aldrabão”. Já estão prometidas greves para 1 e 4 de outubro mas, segundo o Ministério das Finanças, as despesas com as progressões das carreiras dos professores consomem ¼ das verbas do descongelamento, noticia o Negócios. Diz o jornal que “o aumento salarial médio dos docentes em 2019 é de 3,6%, contra 3,1% para a generalidade da Função Pública”. Os números são das Finanças.

Orçamento. António Costa desdramatizou ontem o clima das negociações, que recomeçaram na semana passada. Diz que este OE não será mais difícil que aprovar que os anteriores, mas vai avisando contra “atalhos” (porque se mete em trabalhos…)

Democracia. Afinal, apesar de todos os atropelos de que nos queixamos, o relatório da Democracia de 2018 coloca Portugal no 10º lugar dos países mais democráticos do mundo, só atrás da Noruega, Suécia, Estónia, Suíça, Dinamarca, Costa Rica, Finlândia, Austrália e Nova Zelândia. O Público conta os pormenores e como quatro países da União Europeia saíram da lista das democracias liberais: Hungria, Polónia, Lituânia e Eslováquia.

Imposto Robles. A taxa que o Bloco de Esquerda sugeriu para travar a especulação imobiliária e que segundo a líder Mariana Mortágua (que também já deu o nome a um outro imposto) está a ser negociada com o governo desde maio, está a gerar grande polémica. Os patrões reclamam por mais um ataque à propriedade privada, os inquilinos querem ver definido primeiro o que significa "especulação imobiliária". A intenção do Bloco é “criar uma nova medida fiscal semelhante ao regime que já existe para tributação das mais-valias alcançadas com a compra e venda de ações da Bolsa”, tal como refere a Rosa Pedroso de Lima.

Desporto 1. Parece que a seleção se estreou ontem na Liga das Nações, a nova prova da UEFA, a jogar melhor do que no Mundial todo. Sem Ronaldo, Portugal ganhou 1-0 à Itália e mostrou que “há sangue novo e uma nova geração a tomar conta da equipa”. Não sou eu que digo, mas a Lídia Paralta. Ela sabe (e eu copio o que ela diz).

Desporto 2. O Conselho Superior de Magistratura vai analisar a participação de juízes nos clubes de futebol. É a propósito de terem sido eleitos dois magistrados na lista do novo presidente do Sporting. O CSM não gosta. O seu vice-presidente, Mário Morgado, acha que "é necessário preservar a dignidade da função judicial".

Desporto 3. Serena Williams versus Carlos Ramos, o árbitro. É o tema controverso do momento, depois da "cena" que a campeoníssima do ténis feminino, agora derrotada, fez em pleno court ao árbitro português. O assunto está a dar a volta ao mundo e a suscitar muita controvérsia. O Expresso dá uma ajuda para perceber quem é este português que está nas bocas do mundo ("O árbitro que Serena Williams colocou no olho do furacão"), o Público publicou um perfil do homem que gosta de fado e das obras de Saramago e que por acaso é um dos melhores árbitros do mundo.

LÁ FORA

Brasil. É hoje que termina o prazo dado pelos tribunais para o PT apresentar novo candidato às presidenciais. O mais que provável candidato é Fernando Haddad, atual vice e ex-autarca de S. Paulo, mas pouco conhecido, que foi ontem à prisão de Curitiba, onde está Lula da Silva, para resolver o assunto. Numa estratégia de luta até ao fim, o partido ainda não desistiu de candidatar Lula, embora isso seja dado quase como adquirido.

A insistência do PT em apresentar Lula como candidato na propaganda eleitoral no rádio e na TV levou um juiz do Tribunal Superior Eleitoral a mandar retirar expressões que dêem a entender que o ex-Presidente se mantém na disputa e, se o partido não o fizer, suspenderá a propaganda do PT.

O tempo urge: as eleições são já a 7 de outubro e Haddad, além de pouco conhecido, até já foi acusado de corrupção (é mesmo um acaso da Justiça?). O chefe do Exército, entretanto, já veio dizer que a insistência em Lula “afronta a Constituição”. Depois do ataque ao candidato Bolsonaro (ex-militar), definitivamente, os militares não estão em alta no Brasil.

Suécia. A Europa ainda está a digerir a “batalha legislativa” neste país, em que a extrema-direita esteve quase, quase a mudar a paisagem política do país, mas ainda não pode suspirar de alívio. Esperava-se que vencesse e perdeu, por pouco, 30 mil votos, mais exatamente [o bloco centro esquerda ganhou 144 lugares no Parlamento, o da direita 143]. Esta quarta-feira termina a contagem dos votos do exterior e só então se saberá o resultado final das eleições mais renhidas dos últimos tempos neste país nórdico, pátria do Estado social, que a imigração mudou.

Aparentemente, os sociais-democratas não se deixaram cair na armadilha de discutir a imigração e conseguiram suster a tempo a queda anunciada, que ainda assim foi a maior desde a Segunda Guerra Mundial. É a lição sueca, considera o analista Jorge Valero, no “The Brief”. Mas que ninguém se iluda, a questão principal das eleições suecas é mesmo a subida da extrema direita. E a estabilidade política na Suécia acabou. "So long", diz o Político.

De acordo com o calendário, depois de publicados oficialmente os resultados (a 14 de setembro), a 24 o Parlamento reúne-se para eleger um presidente que conversará com os líderes partidários e proporá um primeiro-ministro. O presidente tem três meses e quatro oportunidades de tentar conseguir uma maioria para o novo governo. Se não, 24 de dezembro é a data a partir da qual podem ser realizadas novas eleições.

Europa. Por falar em Suécia, é já amanhã que o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker vai fazer o seu discurso sobre o estado da União, onde se prevê que faça vários alertas e apelos à responsabilidade.

Juncker parece considerar que ainda há muito por fazer numa altura em que as europeias estão à porta e é preciso estar atento às interferências nas eleições, tal como explica a Susana Frexes. O El Pais também explica que o presidente da Comissão vai pedir uma “polícia federal de fronteiras” e que os países do sul da União não estão muito para aí virados.

E por falar em eleições europeias, o grupo dos liberais (ALDE) está tão ansioso por ter o partido de Macron entre os seus, que o seu líder, o eurodeputado belga Guy Verhofstadt, até anunciou que acordou com o “La Republique en Marche” fazer campanha juntamente com o presidente francês. Chato: o líder deste partido disse que o LREM “não está numa lógica de alianças”. "Pas du tout", respondeu Christophe Castaner à Reuters.Verhofstadt falou cedo demais ou confundiu desejos com realidade?

O outro assunto das eleições europeias tem a ver com o frissoncausado pelo candidato do PPE a spietzenkandidat, o alemão Manfred Weber (e que já recebeu a benção de Merkel), que- como se diria em português - deu um "chega para lá" ao líder húngaro Viktor Orbán, cujo partido Fidesz também é membro do PPE. Weber disse que se Orbán não quiser que a sua família política vote a favor do célebre art. 7º, que pode suspender os direitos de voto da Hungria, ele vai ter que reconsiderar a sua legislação relativamente às ONG e a Universidade Central Europeia. É mesmo um ultimato. O líder austríaco também acha que Orbán deve ser punido.

Efeméride: 11 de setembro. Há 17 anos aconteceu o atentado às Torres Gémeas, que deram um giro no mundo. Relembre: “Do presidente que agora critica Trump ao 20.º pirata do ar”, no DN.

Tecnologia. A Apple vai começar a lançar a partir de amanhã uma série de novos produtos, pondo fim a um ano de pequenas atualizações. Na forja novos modelos de iPhone, novas versões do iPad e dos relógios Apple Watch, novos acessórios, etc., etc., etc. Passo a publicidade. Sou iphónica.​​​​..

MANCHETES

"Portugal é o 10º país mais democrático do mundo" - Público

"Função Pública só ganha 1,60 euros por mês" - Correio da Manhã

"Professores pesam 25% nos gastos com progressões" - Negócios

Centros de Saúde sem consulta para interromper gravidez" - Jornal de Notícias

"Taxa Robles. Ninguém se entende" - Jornal I

FRASES

"Rui Rio devia tornar-se um Sá Carneiro dos pequenitos" - José Miguel Júdice, na TVI

"A próxima sessão legislativa será mais modesta no que toca a iniciativas políticas e mais dedicada ao debate político, por se tratar de um ano eleitoral" - Carlos César, ao Público

"Que se discuta as eleições nas campanhas eleitorais e se trate do que é importante no tempo que resta" - Pedro Filipe Soares, ao Público

O QUE ANDO A LER

Ou melhor o que destaco do muito que li durante as férias: “Um cavalo entra num bar”, de David Grossman (Dom Quixote). Duro, chocante, perturbador até à medula – até à mais ínfima fímbria do ser (não é assim que se diz?). Sufoca, mas é irresistível não continuar, recua-se para ganhar fôlego e, finalmente, percebe-se como um número de stand-up comedy se torna uma parábola violenta do ser humano que sofre, da própria condição humana, enfim. É aí que reside a mestria de Grossman, que consegue segurar o leitor até ao limite do que é suportável. Engoli em seco, mas fiquei sem dúvidas de que li um dos melhores livros do “meu” ano. É intenso e angustiante. “Brutal”, diriam os mais novos. Brutal, digo eu com eles. O livro foi o vencedor do Prémio Man Booker International 2017.

Por hoje fico por aqui, com uma pequena nota meteorológica: o bom tempo vai continuar em todo o território. Sorria. É bom começar o dia bem disposta(o).

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