quinta-feira, 25 de outubro de 2018

STP | Bom Jesus diz que São Tomé está abandonado e avisa que tem maioria absoluta para governar


O Presidente do MLSTP, avisou ao país que a assinatura na quarta feira da declaração conjunta entre o seu partido e a coligação PCD-MDFM-UDD, serviu para « dissipar qualquer dúvida que possa existir. Esta declaração dá corpo ao acordo de incidência parlamentar que já temos rubricado».

Dúvidas dissipadas, o MLSTP e a coligação que ocupam 28 assentos no parlamento, estão unidos e confiantes de que por vontade popular, vão formar o próximo governo. «Temos maioria absoluta e estamos em condições para governar este país», assegurou.

Para provar de que já não há volta a dar ao movimento de mudança imprimido pelo povo nas urnas, Jorge Bom Jesus, disse a imprensa que a nova maioria, já solicitou encontro com o Presidente da República, para auscultar Evaristo Carvalho, sobre as acções a serem implementadas nos próximos dias com vista a formação do XVII Governo Constitucional.

O Líder do MLSTP, disse que está apreensivo, com o Estado em que se encontra o país. «O país está votado ao abandono», precisou.

Tudo porque o governo cessante, está ausente do país. «O senhor primeiro ministro em gestão saiu do país ainda antes da divulgação dos resultados oficiais. Muitos ministros importantes estão fora do país. Dos poucos que aqui estão, muitos já não põem os pés no ministério. Portanto este país já de si degradado está nesta momento paralisado», explicou Jorge Bom Jesus.

O homem que é indicado como Primeiro Ministro do futuro Governo de coligação MLSTP/ Coligação, defende que é tempo de agir. «Não se pode prolongar a agonia deste povo que pediu mudança. Os apagões continuam e cada vez mais prolongados. A nível nos hospitais, a situação está aos olhos de todos», pontuou.

Jorge Bom Jesus, considera que o país tem que dialogar, para promover o desenvolvimento. «Todos devemos conversar, mas conversar aqui no país. Nós não podemos admitir que altos dirigentes em gestão do país, estejam a passear pelo mundo. Quem quiser conversar vem aqui para São Tomé», concluiu.

Abel Veiga | Téla Nón

Legislativas na Guiné-Bissau serão adiadas para respeitar a lei


Os atrasos no processo de recenseamento eleitoral acabam por adiar as eleições legislativas guineenses e a nova data depende do Presidente da República. CNE quer que o processo decorra dentro da lei eleitoral.

Os guineenses aguardam com expectativa que o Presidente da República, José Mário Vaz, anuncie a nova data para a realização das eleições legislativas, para repor a normalidade constitucional e acabar com a profunda crise político-institucional que paralisou o normal funcionamento das instituições do Estado, desde 2015.

Em entrevista à DW África, o presidente da Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau (CNE), José Pedro Sambú, avisa que a marcação da nova data para as eleições legislativas, que compete ao chefe de Estado, deverá respeitar os prazos legais previstos na lei eleitoral do país.

"A posição que a CNE defende é no sentido de respeitar os prazos legais previstas na lei eleitoral. Nós, inclusive, estamos a trabalhar neste sentido. Agora, não posso confirmar se teremos eleições em janeiro ou fevereiro, isto é da competência do Presidente da Guiné-Bissau", sublinhou.

Recenseamento termina a 20 de novembro

Com a prolongação do período de recenseamento eleitoral por mais 20 dias, e devido aos atrasos no início do processo por falta de equipamento de registo biométrico de eleitores, a data das legislativas, inicialmente marcadas para 18 de novembro, tornou-se inviável.

Agora, o recenseamento eleitoral termina a 20 de novembro. Daí que vários setores da vida pública guineense defendam a marcação das eleições para finais de janeiro ou fevereiro. Mas cabe agora a José Mário Vaz decidir se vai remarcar a data das legislativas ou derrubar o governo de Aristides Gomes, que tinha por objetivo organizar eleições a 18 de novembro.

Vários partidos políticos da oposição denunciam irregularidades, dizem que o processo não é transparente e está viciado. E também falam na falsificação de cartões de eleitor.

Os partidos políticos sem assento parlamentar também pedem a nulidade de todo o processo do recenseamento eleitoral e pedem a demissão do primeiro-ministro.

Processo não será anulado

A CNE, que está a supervisionar e fiscalizar o recenseamento eleitoral, diz que não constatou irregularidades. E Pedro Sambú lembra que a legislação em vigor não permite anular todo o processo. "Temos uma legislação que permite que os partidos políticos recorreram por via administrativa e judicial para protestar. Informamos a comunidade nacional e internacional que a CNE durante a supervisão não constatou nenhuma constatação ou protestos nas brigadas de recenseamento, onde juridicamente devem ser requeridas essas queixas sobre alegadas irregularidades, o que não constatamos", disse à DW África.

Em comunicado divulgado esta terça-feira (23.10), a CNE assinala a ocorrência de alguns incidentes nas mesas do recenseamento, nomeadamente na vila de Fulacunda, no sul, que culminou com a retenção ilegal dos materiais de registo, por um responsável partidário local. Os equipamentos seriam recuperados pela polícia horas depois.

Um outro incidente ocorreu em Bissau, quando militares ordenaram aos agentes de recenseamento para que entrassem para os aquartelamentos para registar soldados, contrariando a lei eleitoral, refere ainda o comunicado da CNE.

Segundo informações recolhidas pela equipa de supervisão da CNE, já foram recenseadas cerca de 230 mil pessoas, aproximadamente 25% dos potenciais eleitores.

Braima Darame | Deutsche Welle

O reino terrorista da Arábia Saudita


É comum chegarmos ao conhecimento de violações dos direitos humanos por parte das autoridades da Arábia Saudita. A lista é longa.

Também é frequente associar ações de terroristas à Arábia Saudita. É também com alguma frequência que vimos a saber pela imprensa que a casa real, reis, príncipes e quejandos têm relações semelhantes a ambientes de cortar à faca, em algumas vezes aparentemente amenizados pela hipocrisia, o cinismo, a falsidade e outros “condimentos” sorridentes que pretendem disfarçar os ódios caseiros. Até desmenti-los.

Na região é enorme o poder da Arábia Saudita, poder militar e conluio com os EUA e também com seus respetivos crimes e violações globais dos direitos humanos – digamos que é como uma máfia internacional em tamanho 'Big Mac'. Por se considerarem com esse poder é que os criminosos que assassinaram Khashoggi e o desmembraram fizeram-no levianamente. Afinal era um opositor do regime, julgando saberem os mandantes, assim como os executores, que a impunidade era o seu prémio, além de outras mordomias que nestes casos funcionam como pagamento.

Que há príncipes cúmplices no hediondo crime, dizem órgãos de comunicação social, que o rei Mohammad bin Salman estava parcialmente a par do que ia acontecer, convencido que ele seria raptado e transportado para o seu nefasto reino… São profícuas as teorias e as declarações sopradas a jornalistas que tudo aproveitam para publicar e garantir mais dólares ou euros por pagamento. O que importa é que digam ou escrevam o que quiserem, com informação ou contra informação, existe já neste momento – e não é de agora – uma certeza: o reino da Arábia Saudita é terrorista.

Do jornal Expresso – leia a seguir - retiramos conteúdo de hoje que nos anuncia a “terceira versão sobre o assassinato de Khashoggi”. Haverá mais alguma nova versão em breve? É que nenhuma das conhecidas é para acreditar piamente. Aliás, quem é que se dispõe a acreditar numa casa real e num reino e cúmplices que se revelam com práticas associadas a atos terroristas?

MM | PG

Arábia Saudita dá terceira versão sobre o assassinato de Khashoggi: foi premeditado

Declaração foi emitida pelo gabinete da Arábia Saudita equivalente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros

Arábia Saudita volta a oferecer outra versão da história do crime de Jamal Khashoggi, o jornalista que escrevia para o “Washington Post” e que foi assassinado no consulado saudita em Istambul, na Turquia, a 2 de outubro. Depois de defender que Khashoggi saiu da embaixada pelo próprio pé e a seguir admitir que a sua morte resultou de uma briga com oficiais sauditas, um procurador público daquele país admite: o crime foi premeditado, conta o “Washington Post”.

Essa declaração foi emitida pelo gabinete da Arábia Saudita equivalente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. O procurador baseou-se em informações da investigação das autoridades turcas. A investigação, que conta com a cooperação entre Turquia e Arábia Saudita, vai continuar.

OS DESENVOLVIMENTOS

O presidente da Turquia prometeu durante a semana que ia revelar a "verdade nua e crua" sobre a morte de Jamal Khashoggi, mas, na verdade, deu poucas novidades e nem abordou as informações publicadas na imprensa de que haveria áudios e vídeos comprometedores.

"Temos a certeza de que foi assassinado no consulado", começou por dizer no Parlamento Erdogan, depois de prestar condolências à família de Khashoggi, garantindo ainda que o crime "selvagem" foi planeado com dias de antecedência. De acordo com o governante turco, a equipa que "planeou e executou o assassinato" foi alertada da visita de Khashoggi ao consulado saudita em Istambul.

A Arábia Saudita admitiu na sexta-feira de 19 de outubro que o jornalista Jamal Khashoggi estava morto. Na altura, a notícia foi avançada pela televisão estatal do reino.

Na segunda-feira, a imprensa turca publicou novas informações que implicavam o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, na morte do jornalista Jamal Khashoggi.

Segundo o diário turco, Yeni Safak, o homem apresentado como chefe do comando saudita de 15 agentes que se deslocaram a Istambul para matar o jornalista, entrou diretamente em contacto com o gabinete do príncipe a partir do consulado.

No mesmo dia, o presidente norte-americano afirmou que não estava satisfeito com as explicações de Riade sobre o assassinato do jornalista saudita e disse estar surpreendido com o prazo de um mês anunciado pelos sauditas para a investigação. "Não estou satisfeito com o que ouvi", declarou Donald Trump, nos jardins da Casa Branca.

Jamal Khashoggi, 60 anos, entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, no dia 2 de outubro, para obter um documento para casar com uma cidadã turca e nunca mais foi visto.

Jornalista saudita residente nos Estados Unidos desde 2017, Khashoggi era apontado como uma das vozes mais críticas da monarquia saudita.

Expresso

Ler no Expresso:

Portugal | Tancos: a ponta manipulada do que se vê travestida de informação


A investigação dos crimes estritamente militares pode e deve ser do âmbito de um órgão de investigação criminal completamente autónomo em relação a quem administra a «coisa» militar.

Jorge Aires | Abril Abril | opinião

É cedo para concluir sobre o que se passou e as motivações subjacentes. Seria bom que a investigação fizesse luz e a opinião pública viesse a saber a verdade. Como na guerra, a história será escrita pelos vencedores pelo que é pertinente admitir que saberemos tão só o que nos quiserem dar a saber.

Importa contudo deixar registo do que me parece essencial e releva de uma certa idiossincrasia dos militares, quiçá de uma geração que exibe dificuldade de adaptação aos tempos de hoje onde em, múltiplas frentes, assistimos à erosão do sentimento de Estado-Nação para psicologicamente nos abaterem e mais facilmente nos colonizarem.

O combate à erosão desse sentimento merece bem mais a concentração do nosso esforço do que desgastarmo-nos na defesa de perímetro de uma realidade que demora a adaptar-se ao quadro constitucional vigente.

O funcionamento da Instituição Militar tem de inevitavelmente ser considerado em dois contextos distintos, o do conflito real e o da preparação para o conflito. Importa ter presente que a Constituição da República só prevê a existência de Tribunais Militares em estado de Guerra daí que, excluído o estado de guerra, a justiça seja administrada pelos Tribunais que, para o julgamento dos crimes estritamente militares, contam com a participação de militares. Aos Tribunais chega-se depois da investigação criminal desenvolvida por Órgãos de investigação criminal que devem ser autónomos de quem administra.

Saberão alguns que a Polícia Judiciária Militar (PJM), órgão de investigação criminal para os crimes estritamente militares, antes de depender de Sua Exa. o Ministro da Defesa já esteve (1977) na dependência do CEMGFA. Acontece que a separação de poderes aconselhará que para o âmbito de atuação da PJM se adotem, no caso, as mesmas práticas e enquadramento que justificam a autonomia da Polícia Judiciária (PJ).

A investigação dos crimes estritamente militares (substancialmente diferente de crimes cometidos por militares, seja no, ou fora do «quartel») pode e deve ser do âmbito de um órgão de investigação criminal completamente autónomo em relação a quem administra a «coisa» militar, Ministro e, ou Chefe Militar.

Conferir autonomia e enquadramento devido à entidade que investiga os crimes estritamente militares contribuirá para por um ponto final à propensão autocrática consubstanciada na filosofia de que «militar cumpre ordens». O que deve prevalecer, é, militar cumpre ordens legítimas. Se a ordem não for legitima tem a obrigação de recusar o seu cumprimento.

Por outro lado, a investigação de crimes comuns quando ocorridos em instalações militares (sentido lato – unidades estabelecimentos, órgãos, aeronaves, navios e outras embarcações e viaturas militares) deve ser levada a cabo por agentes de investigação com formação apropriada ao ambiente em que se vão movimentar o que poderia ser mais fácil de assegurar se tais agentes fossem militares ou, no mínimo, enquadrados por militares.1

Do que se escreveu emerge a ideia de que o País deve estar dotado de um Órgão especializado na investigação dos crimes tipificados na Lei como sendo estritamente militares. Órgão que deve possuir competências para investigar (ou no mínimo enquadrar as diligências a levar a cabo...) outros crimes ocorridos em instalações militares (no sentido lato), chame-se a esse órgão PJM.

A PJM não deve ser um órgão da Instituição Militar (IM). A PJM deve ter um enquadramento blindado à interferência da cadeia hierárquica da IM, do Ministério da Defesa ou de qualquer outro órgão do Estado que integra o chamado «poder executivo». O equilíbrio de poderes advém da sua separação.

A PJM tem de estar sob a alçada efetiva do Ministério Público (MP). Acresce que, tratando-se de um órgão de investigação criminal, só tem a lucrar com a sua integração na entidade para a qual essa atividade constitui razão da sua existência, a Polícia Judiciária (PJ).

Daí que, o mais apropriado, à semelhança do que sucedeu com os Tribunais Militares, seja a integração da PJM na PJ como unidade especializada na investigação dos crimes estritamente militares e de outros crimes que ocorram em instalações militares no sentido lato. Os técnicos da PJM devem ser militares qualificados e especializados em ciências forenses.

O anterior Ministro da Defesa Nacional, um homem com formação no Direito e Professor, achou necessário exorbitar e mandar auditar, cito, «ações de prevenção e investigação criminal desenvolvidas e promovidas por aquele corpo superior de polícia criminal que sejam da sua competência ou que lhe sejam cometidas pelas autoridades judiciárias competentes»!

Esta matéria é da exclusiva competência do Ministério Público. Foi «correr atrás do prejuízo» aumentando o mesmo. Fica mais um ato a acrescentar ao inventário da herança negativa que nos deixou.

Chegaremos a saber quem subtraiu as glocks ao inventário da PSP (?), quando e quantas lacunas ocorreram nos inventários de material militar à guarda da Instituição Militar (?), quem diabo roubou o quê e para quê? Nada disso sabemos.

Mas procuram-nos distrair com a stand up comedy de que um dia se saberá o que vossa excelência hoje já sabia para assim decidir quem ganha o debate, porque quem perde, sabemos, é o País. Mais do que retórica, o que é preciso é recuperar as alavancas do desenvolvimento, investir e fazer.

-- O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990

1. Justifica-se uma nota sobre as diligências conexas com os crimes de corrupção. O bom senso sugere que o enquadramento de tais diligências seja assegurado com o envolvimento, ao nível apropriado, de militares quando as diligências têm de ser realizadas em instalações militares (vide o caso das messes da Força Aérea).

Na foto: O ex-ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, acompanhado pelo almirante, António Silva Ribeiro, Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), após a cerimónia de tomada de posse do director-geral da Polícia Judiciária Militar, Capitão-de-mar-e-guerra Paulo Manuel José Isabel, em 2 de Outubro de 2018 – Créditos: António Cotrim / Agência Lusa

Portugal | Forças de Segurança nas ruas em protesto conjunto


Nesta quinta-feira, os trabalhadores da PSP, GNR, SEF, guardas prisionais, Polícia Marítima e ASAE estão em Lisboa, num protesto nacional contra a falta de efectivos e de investimentos necessários.

Os protestos foram convocados pela Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança (CCP), que congrega os sindicatos e associações sindicais mais representativos do sector da segurança interna.

De momento está a decorrer a vígilia dos guardas prisionais, junto à residência ofical do primeiro-minitro, no contexto da greve nacional de três dias, estando a «manifestação nacional de protesto» conjunta marcada para as 17h, da Praça do Comércio à Assembleia da República.

César Nogueira, presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) e secretário nacional da CCP, afirmou à Lusa que a manifestação «é aberta a todos os polícias», devendo por isso estar presentes no protesto outras estruturas que não fazem parte da CCP.

César Nogueira adiantou que em comum os polícias protestam contra a falta de efectivos e de investimentos nas instituições policiais, além de estarem desagradados com a proposta do Orçamento do Estado para 2019, que não contempla a valorização das carreiras e a consagração da profissão de desgaste rápido.

O secretário nacional da CCP considerou também que o próximo orçamento não prevê «investimentos visíveis em meios humanos e materiais, promovendo instituições policiais envelhecidas e a trabalhar no limite». Algo evidente na PSP, onde a idade média é de 47 anos.

Sobre esta matéria, no estudo recentemente publicado de Miguel Rodrigues, Os Polícias não choram, é apontado que, nos últimos 19 anos, a taxa de suicídios na PSP e GNR esteve perto do dobro da média nacional, um total de 143 casos, afectando sobretudo os elementos da base (agente/guarda).

Fazem parte da CCP a Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Associação Socioprofissional da Polícia Marítima, Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional e Associação Sindical dos Funcionários da ASAE.

AbrilAbril com agência Lusa

Foto: Sena Goulão/Lusa

Portugal | As quintas-feiras de Cavaco Silva


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

As quintas-feiras e restantes dias dos anos de presidência de Cavaco Silva foram marcadas, como se percebe até pelos livros de sua autoria, pela mais inexorável inexistência de autocrítica. Todos erraram, uns aparentemente de forma mais artística do que outros, excepto, obviamente, ele próprio.

Paralelamente a essa ausência de espírito de auto-crítica, Cavaco presta-se à triste figura de revelar conversas com terceiros, tidas como conversas de Estado e, por inerência, privadas. Ao invés, o ex-Presidente preferiu revelá-las sem qualquer espécie de pudor, acrescentando as suas considerações sobre as conversas e sobre os interlocutores.

O segundo volume das "Quintas-feiras e Outros Dias" de Cavaco Silva mais não são do que mais um exercício próprio de um ressabiado que não quer ou não está preparado para ser esquecido; um exercício próprio de quem se tornou absolutamente irrelevante, apenas reconhecido pelo seu espírito tomado pela ignomínia.

Na verdade, as quintas-feiras de Cavaco, as actuais, obrigam o antigo Presidente, até pelo vazio incomensurável que arrastam consigo, a lembrar e a revelar ao mundo as outras quintas-feiras (e restantes dias) em que sentia o peso do poder, da influência e da relevância, em que se sentia determinante, até ao dia do nascimento de uma geringonça que o contrariou e arrancou de si próprio a concretização de uma solução governativa. Nesse dia e nos seguintes, Cavaco Silva percebeu que afinal as circunstâncias sorriem, jocosamente, nas fuças do poder.

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

Imagem: Carton em Henry Cartoon - outubro de 2009

Cinema, bombas e Cavaco


Bom dia à tarde porque já é uma hora da dita. Hora do almoço para os que almoçam, que são cada vez menos.

Cinema, bombas e Cavaco (Silva). O i o ai, é esse o título que emprestámos mas que não vamos “explorar”. É adiantada a hora e vamos deixar correr o marfim da escrita no Curto pela Cristina Figueiredo, senhora do burgo Balsemão. Que andam a enviar "encomendas estranhas" lá pelos EUA, com explosivos. Bombas. Tem sido uma remessa catita com destino a actores, políticos, gentes da Justiça... Epá, muitos foram os destinatários! Tantos mas não o Zé da Esquina. A pátria dos ianques anda agitada mas não sabemos de encomendas que tivessem explodido e vitimado destinatários. Obama, Casa Branca, Clinton... Golpada, ou era mesmo a sério? Não digam que os "cérebros" apoiantes de Trump não eram capazes de fazer uma daquelas de gastar em barda nos correios dos EUA e despachar as encomendas. Só que a do Trump continha barro ou plasticina para brincar em vez de C4 do bum! Pois. Do Trump é de esperar tudo, até dizem (as que viram) que ele tem três testículos. Pois e adiante.

Fiquemos por aqui e com a careta tão original de Cavaco que data de há uns tantos anos. E não diga que é uma cara de parvo porque de parvo é que o sujeito não tem nada. Parvos e outras coisas foram os que nele votaram massivamente de modo a o manter nos poderes durante cerca de duas décadas.  Lixámo-nos. Pois, está bem, sabemos que o fenómeno deve-se ao "sindroma de méééééé"...

Avante. Amanhã há mais. Adeus e até ao nosso regresso. (PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Os ódios que os consomem

Cristina Figueiredo | Expresso

Começo este Curto com uma informação útil que, fosse este um dia normal, apareceria apenas no final da newsletter: a oitava temporada de Homeland ("Segurança Nacional") só estreia em junho de 2019. Quem é fã da série norte-americana, que eleva as teorias da conspiração a níveis nunca antes imaginados, perceberá porque me lembrei dela ontem, à medida que se ia sabendo que, depois do casal Clinton, ainda na terça-feira, também o casal Obama, a sede da CNN em Nova Iorque, o antigo procurador-geral Eric Holder e as congressistas Debbie Wasserman Schultz e Maxine Waters - todos alvos recorrentes das críticas de Donald Trump e dos seus apoiantes - receberam ameaças de bomba, sob a forma de pacotes contendo explosivos enviados pelo correio.

Nenhuma das "encomendas" chegou aos destinatários: foram interceptadas a tempo pelo FBI. Mas rapidamente se percebeu que eram semelhantes à bomba artesanal (ainda não há certeza se construídas apenas para parecerem explosivas, sem o serem efetivamente) que, essa sim, chegara mesmo à caixa de correio do multimilionário George Soros (um apoiante de longa data da causa Democrata) na segunda-feira. A New Yorker defende a tese que "se estas bombas foram, de facto, enviadas pela mesma pessoa ou grupo, a inclusão de Soros [que não é assim tão conhecido] na lista sugere que o remetente (...) tem estado atento." E explica: "Recentemente, Donald Trump responsabilizou Soros pelos protestos contra a nomeação de Brett Kavanaugh para o Supremo Tribunal. O senador Chuck Grassley, do Iowa, presidente do Comité Judicial do Senado, quando perguntado se acreditava que Soros estava a pagar aos manifestantes, disse "inclino-me a acreditar que sim". E ainda na semana passada o deputado Matt Gaetz, da Florida, culpou Soros pela caravana de migrantes que vem da América Central para os EUA pela fronteira mexicana."

O filho de Soros, Alexander, tem pelo menos duas certezas: seja de quem for a responsabilidade direta pelo envio das bombas, estas "não podem ser dissociadas do novo normal dessa praga atual que é a demonização política" e representam "uma ameaça não apenas para as pessoas, mas para o próprio futuro da democracia americana", escreve num artigo publicado no New York Times e em cujo título ("The hate that is consumming us") me inspirei para intitular este Curto.

Claro que o Presidente norte-americano e os principais líderes Republicanos se apressaram a condenar o sucedido e a decretar tolerância zero para com "atos de violência política de qualquer género". Não tanto por que é politicamente correto (olha quem!) fazê-lo. Mas sobretudo porque tudo isto ocorre em plena campanha para as "mid-term elections", a 6 de novembro - em que estão em causa os 435 lugares do Congresso e 35 dos 100 do Senado, sendo que o equilíbrio nas duas câmaras resultante deste ato eleitoral é fundamental para a reeleição (ou não) de Trump nas presidenciais de 2020.

Podia muito bem ser apenas o (imaginativo) trailer da nova temporada de Homeland. Mas, num fenómeno que começa preocupantemente a banalizar-se, há momentos em que a realidade supera a ficção. E este foi mais um.

OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...

Continuam as ondas de choque do segundo volume das memórias do antigo Presidente da República Cavaco Silva, que se começou a conhecer na segunda-feira e ontem foi apresentado (por Leonor Beleza) na fundação Gulbenkian. Na plateia destacou-se a presença de Pedro Passos Coelho, também ele a escrever as suas memórias, e vários outros sociais-democratas afetos ao antecessor de Rui Rio. António Costa, em visita ao Porto, perguntado se já tinha lido o livro onde é descrito como "um hábil profissional da política de pendor taticista, um artista da arte de nunca dizer não", comentou... não comentando. E não foi meigo nesse 'não-comentário', secundando (ainda que com maior subtileza) o presidente do PS, Carlos César - que, na véspera, acusara Cavaco de "delação" e "falta de sentido de Estado". Sobre isto escreve Henrique Monteiro, na sua coluna de opinião na última edição do Expresso Diário. Se a continuação do 'folhetim' lhe interessa, não perca a entrevista que Cavaco vai dar à SIC na próxima sexta-feira, durante o Jornal da Noite conduzido por Clara de Sousa.

Com a saída de Azeredo Lopes do ministério da Defesa e a demissão do Chefe de Estado Maior do Exército o chinfrim sobre o caso Tancos diminuiu substancialmente mas a controvérsia não desapareceu. Ontem, o Parlamento discutiu a proposta do CDS para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito ao roubo (e posterior devolução) das armas do paiol de Tancos no início do verão de 2017. Apesar das reservas de alguns, nenhum partido se vai opor à iniciativa, que será votada amanhã. Ontem ainda ficou a saber-se que o antigo chefe de gabinete de Azeredo Lopes, o tenente-general Martins Pereira, que foi ao DCIAP prestar declarações no âmbito do inquérito, não foi constituído arguido. Mas hoje o Público e o Correio da Manhãfazem manchete com o que o antigo responsável contou aos investigadores: que assim que recebeu o memorando que denunciava a operação de encobrimento na devolução das armas informara ministro. Uma "confissão" que, a saber-se antes, teria imediatamente feito cair o governante... não fosse este ter percebido há duas semanas que era melhor mesmo sair pelo próprio pé.

Amanhã há greve da função pública. Mas já hoje os guardas prisionais prosseguem o quarto dia de greve e as forças policiais também se manifestam no Terreiro do Paço. Assunção Cristas (que dá uma extensa entrevista ao Público e à Rádio Renascença), que já reuniu com os sindicatos da polícia diz compreender os protestos: "Há promessas que foram feitas pelo Governo que não são cumpridas". Aqui fica a saber o que uns pedem e o que outros já deram.

O Presidente da República convocou para dia 7 de novembro uma reunião do Conselho de Estado. Ponto único na agenda: o Brexit. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, está convidado.

É dia de Liga Europa, O Sporting recebe o Arsenal, às 17h55, e o jogo vai ser transmitido pela SIC. Ontem, na Champions, o FC Porto foi até Moscovo para vencer por 3-1 o Lokomotiv e, assim, ficar isolado na liderança do grupo D e mais próximo dos oitavos de final. O feito faz o pleno das primeiras páginas dos desportivos. A Tribuna conta-lhe como foi.

...E LÁ FORA

Contagem decrescente para as presidenciais no Brasil. O antigo presidente Lula da Silva escreveu, a partir da prisão, uma carta em que apela ao voto em Haddad: "Não podemos deixar que o desespero leve o Brasil na direção de uma aventura fascista", argumenta. Numa entrevista ao Diário de Notícias, o comediante Gregório Duvivier (da "Porta dos Fundos") admite que o receio pela vida o pode levar a sair do Brasil caso Jair Bolsonaro vença as eleições. Noutra entrevista, o empresário Luciano Hang, um dos envolvidos no escândalo das notícias falsas difundidas pelo Whatsapp para prejudicar o candidato do PT, explica ao Expressoporque apoia Bolsonaro: "É necessário por ordem no país". Já o Diário de Notícias conta-lhe por que é que o Rio de Janeiro está em vias de se tornar "a cidade mais à direita do mundo". O eurodeputado socialista Francisco Assis, que está no Brasil a acompanhar a campanha eleitoral, volta ao tema no seu artigo semanal no Público para afirmar que a escolha em quem votar é clara e simples: "De um lado, um democrata de provas dadas; do outro, um antidemocrata de convicções assumidas."

Ainda o assassínio do jornalista saudita Jamal Kashoggi, dentro do consulado do seu país em Istambul. Donald Trump admitiu o envolvimento do príncipe saudita, Mohammed bin Salman, no violento homicídio: se há alguém que possa ter estado envolvido "é ele", disse o Presidente dos EUA ao Wall Street Journal. Já no Reino Unido, o Governo de Theresa May está a ser acusado de cumplicidade com a "ditadura assassina" do regime saudita. "Shame on us", escreve-se no The Guardian. Se quer tentar perceber a importância deste caso, a revista norte-americana The Atlantic sistematiza-lhe (quase) toda a informação essencial aqui.

Pedro Sanchez e Pablo Casado estão de candeias às avessas. Ontem o Parlamento espanhol reuniu-se para discutir o último Conselho Europeu mas a crise na Catalunha acabou por dominar o debate, com o líder do PP, a acusar o chefe do Governo de ser "parte ativa e responsável no golpe de Estado que se está a perpetrar no país"; Sanchez não gostou: "Se não retira a acusação de que sou um golpista, o senhor e eu não temos nunca mais nada sobre que falar”. Até a esta hora não havia notícia de reatamento das relações.

Preocupação para os investidores: as bolsas continuam em queda. O Eco explica-lhe aqui porquê. Se preferir uma visão geograficamente mais próxima de Wall Street, tem a do New York Times (com um impressionante gráfico a mostrar as perdas abruptas dos últimos dias) aqui.
Na Argentina, a austeridade contida nas medidas do Orçamento do Estado para 2019 está a fazer crescer a violência nas ruas. Ontem pelo menos 26 pessoas foram detidas na sequência de confrontos entre polícia e manifestantes, em frente ao Parlamento em Buenos Aires.

AS MANCHETES
DOS JORNAIS E REVISTAS

"Autarca de Viseu investigado por ligações a corrupção no turismo" (Jornal de Notícias)
"Ex-chefe de gabinete diz que informou Azeredo da encenação" (Público)
"Socialistas furiosos com livro de Cavaco" (i)
"Como o Rio de Janeiro se pode tornar a cidade mais à direita do mundo " (Diário de Notícias - versão digital)
"Azeredo sabia da farsa de Tancos" (Correio da Manhã)
"Bónus para emigrantes pode violar Constituição" (Jornal de Negócios)
"Sítios mágicos para caminhadas de outono" (Visão)
"Vinte escapadas de outono" (Sábado)
"Locomotiva azul" (A Bola)
"Embalados" (Record)
"Dragão em fuga" (O Jogo)

O QUE ANDO A LER

O que havia de ser?! "Quinta-feira e outros dias - da coligação à geringonça", pois claro. Confesso ter as maiores dúvidas sobre se um ex-Presidente da República deveria revelar, e ainda para mais nos termos adjetivados em que Cavaco Silva o faz, o conteúdo de conversas que manteve na "intimidade" do seu gabinete, quando passou tão pouco tempo sobre os acontecimentos relatados e tantos daqueles que são referidos no livro ainda são protagonistas ativos da vida do país. Mas, reservas à parte, impossível para quem gosta de política não ler com apetite o relato do que se passou durante os anos de Governo de Passos Coelho, dos embates com o Tribunal Constitucional à crise precipitada pelo "irrevogável" de Paulo Portas, da tentativa falhada de um acordo de salvação nacional entre a coligação e o PS de António José Seguro ao "parto" (a expressão é do autor) da "geringonça". Há momentos no livro que resultam em puro "voyeurismo": somos convidados a ser "moscas", a estar lá. Até podemos corar um bocadinho de vergonha mas o regozijo, não há como não assumir, é inegável.

Outra leitura, esta mais ligeira: "Penas de Pato" (nas livrarias há cerca de um mês) colige algumas das crónicas quinzenais de Miguel Araújo na Visão. Lê-se... de uma penada. O compositor e cantor tem um talento ímpar para lidar com as palavras, o que já é bem visível nas letras das suas canções, e aqui se revela em prosas despretensiosas mas só aparentemente singelas. Uma das minhas preferidas chama-se "Deus" (está na página 72).

E por aqui me fico. Neste dia, há precisamente 100 anos, morria, com apenas 30, o genial Amadeo de Souza Cardoso. E, há 137, nascia Pablo Picasso. Curiosamente, lembra o Diário de Notícias, Amadeo não gostava de Picasso (artigo para assinantes). Dizia o pintor andaluz haver pessoas que transformam o sol numa mancha amarela e outras que transformam uma mancha amarela no sol. Ora aqui está uma perspetiva interessante para observar a humanidade nesta quinta-feira... e (n)outros dias.

Guernica, guerra psicológica e “guerras civis”


Martinho Júnior | Luanda 

Ao invés de multiplicar a educação, a saúde, o pão, a casa, a sustentabilidade e a longevidade feliz da vida, os bárbaros multiplicaram Guernica, transpondo-a para todas as áreas de domínio psicológico humano e mantendo o homem refém do mais tenebroso obscurantismo medieval como refém da pesada droga ideológica reitora da alienação formatada globalmente nas mentalidades agora tão intensa e tão profusamente bombardeadas!...

Lentamente, passo a passo e de modo cada vez mais reforçado, os bárbaros estão a descaracterizar ingloriamente, sem remissão e sem alternativa saudável, o planeta bonito e azul que é a Terra, nossa casa-comum e nosso ambiente natural finalmente preso ao abismo de o deixar de ser! 

1- Desde o início da Revolução Industrial enquanto motor de capitalismo e império, que os interesses dominantes mantêm inerentemente à sua essência, com toda a “naturalidade” do termo, a necessidade de guerra psicológica para com os dominados, por que a expressão pública desse domínio, visando a psique dos dominados, não podia existir de outro modo…

Para dominar, a guerra psicológica esteve sempre presente, por que para defender interesses e impô-los sobre os outros, necessário se torna “dourar a pílula”, influindo, persuadindo, manipulando, pressionando, subvertendo ou até mentindo, pelo que quem domina só emprega a força militar quando ela é estritamente necessário e até lá há um imenso leque de acções “representativas” a coberto de correntes dóceis disponíveis com o rótulo mais ou menos (tornado) “atraente” sob a pílula liberal, neoliberal, trotsquista, social-democrata, cristã-democrata, “revolucionária” (segundo o “colorido” do“filantropo global” George Soros), ou “primaveril” (segundo os apaniguados que bebem dos fundamentalismos sunitas-wahabitas) e até neo-fascista, ou neo-nazi, tal o universo de caos que se foi instalando e inculcando na mente das nações e de amplos sectores das contemporâneas sociedades, impotentes face à barbárie.

O “soft power” das potências capitalistas e do imp+ério da hegemonia unipolar, assenta nessa base de forma mais ampla possível, nas vias de relacionamento cultural, por que também assim se torna mais fácil aos “mass media” como às religiões instrumentalizadas de sua conveniência, ao seu “4º poder”, passar as tão necessárias mensagens públicas, aproveitando para em função desse tipo de “correntes dominantes” vincular uma parte substancial da actividade tentacular dos seus serviços de inteligência.

Assim, ao “desnudar” a actividade de quem domina por dentro do capitalismo e do império, obtém-se uma radiografia do estado da globalização e de suas instrumentais “tendências” que não param de afectar o planeta e toda a humanidade, até ao mais obscuro rincão terráqueo, uma barbárie devassa sem precedentes, na agora (finalmente) tornada “aldeia global”!

Com essa radiografia, mais agora com a nova Revolução Tecnológica, os serviços de inteligência aumentaram nos termos de suas capacidades e potencialidades, os seus “jogos operativos”, transferindo para o campo da “guerra cibernética” parte do espectro e dos níveis do domínio e da confrontação.

2- A guerra psicológica enquanto conceito inerente ao próprio domínio, é por tabela inerente à infraestrutura tecnológica do seu poder, como também inerente à superestrutura doutrinária, filosófica e ideológica, em função da necessidade de sua expressão, cujas correntes se transmitem instrumentalizando a própria globalização.

A definição do tipo de tensões, conflitos, rebeliões e guerras, passou a ser feita obedecendo aos pressupostos do domínio capitalista e do seu império cuja tendência essencial se tornou hegemónica e unipolar a partir do momento em que soçobrou o campo coberto pelo esforço vocacionado para o socialismo, que não foi capaz de competir ao seu nível e minguou, mas já antes, desde os alvores da Revolução Industrial que o termo “guerra civil” correspondia à manipulação de conveniência.

Na “guerra civil” de Espanha, entre as duas Grandes Guerras Mundiais, os poderes dominantes em competição experimentaram em uníssono essa definição tão conveniente, aproveitando o facto da luta armada acontecer em território espanhol, a fim de esconder os instrumentos de domínio empregues, desde os que se distenderam em função de conceitos doutrinários, filosóficos e ideológicos, até aos interesses económicos, financeiros, tecnológicos, de inteligência e, por fim, militares.

Em território espanhol foram assim testadas novas tecnologias e novos conceitos económicos, financeiros, de inteligência e militares, um deles tão essencialmente imortalizado por Pablo Picasso: Guernica.

Em Guernica os fascistas e os nazis inauguraram pela primeira vez o bombardeamento aéreo de comunidades civis, um facto que inspirou uma nova aquisição das potencialidades da guerra psicológica tão bem aproveitada em nossos dias, quando um Nobel da Paz, como o Presidente dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama se tornou autor moral dos bombardeamentos com drones, que entre suas vítimas aumentaram exponencialmente a morte e o ferimento de civis, sob o rótulo apassivante de “danos colaterais”!

Quando ninguém mais consegue parar o tráfico e o consumo de droga que se distendem desde um Afeganistão habilitado à heroína e uma Colômbia habilitada à cocaína, o próprio conceito de guerra psicológica, por tabela de“guerra civil”, torna-se policromática, primaveral e… psicadélica!

Desde Guernica que a guerra psicológica se tornou cada vez maus cínica, hipócrita e ao mesmo tempo surrealista, tal qual quanto à carga de cinismo, de hipocrisia e de vassalagem que é inerente a um dos instrumentos militares e de inteligência tornados dilectos enquanto exercício do domínio do império da hegemonia unipolar: a NATO!

Não é por acaso que a NATO tem tão férteis fronteiras no Afeganistão e na Colômbia!

3- Todas as tensões, conflitos, rebeliões e guerras incrementadas após o colapso do campo socialista que se reduziu ao farol heróico de Cuba e à expressão socialista e bolivariana da Venezuela, absorveram os conceitos de guerra psicológica inerentes ao capitalismo e ao império, “expandindo o sinal” desde 1991, com a expansão globalizadora das novas tecnologias, elas mesmo sustentadas pelos procedimentos capitalistas financeiros transnacionais e suas imensas capacidades “transversais” ao serviço da hegemonia e do império!

As tensões, os conflitos, as rebeliões e as guerras em África trazem em si o sinal dessa barbaridade cultural e foi assim no Ruanda, no Congo, em Angola, na Líbia, na Somália, no Quénia, na Líbia… em todo o tipo de fronteiras onde as disputas pela sobrevivência se foram agarrando ao espaço vital e à água interior, com todas as riquezas disponíveis e à mercê do mais forte, nas regiões mais suculentas e mais férteis do continente!

Também foi assim nos Balcãs, onde ao domínio foi necessário neutralizar qualquer potencialidade de resistência na Jugoslávia, ou no Oriente Médio Alargado: a “guerra civil” foi estalando de cogumelo em cogumelo, passando por osmose para o Cáucaso, para a Europa do Leste, para dentro da imensa Rússia e muitos dos seus exemplos estalaram artificiosamente em função de rebeliões com enormes cargas psicológicas “fundamentalistas” e “radicais” como as“revoluções coloridas” e as “primaveras árabes”.

A substância da IIIª Guerra Mundial em curso nutre-se dessa guerra psicológica manipuladora e como um expansivo vírus invasor da psique individual e colectiva, produz até a carga essencial do conceito difundido, como mentira repetida mil vezes que o domínio procura passar como verdade, de “guerra civil”!

O termo “guerra civil” tem sido utilizado pelo domínio capitalista como um poderoso conceito-droga, para realmente esconder os interesses, as conveniências, as ingerências, as manipulações, as implicações e a subversão inerentes à guerra psicológica movida pelo poder hegemónico unipolar no seu estertor, sobretudo desde 1991 quando as novas tecnologias colocaram à disposição das correntes capitalistas financeiras transnacionais potencialidades cibernéticas para o exercício do seu poder fundamentalista, radical e transversal!...

Em pleno século XXI, o bombardeamento sobre Guernica foi multiplicado e distendido à maioria das áreas essenciais dos processos de domínio hegemónico e unipolar manipuladores da globalização!

Por que a maior parte dos alvos das guerras psicológicas contemporâneas são território nacionais,ou culturas milenares com expressão em nações intyeiras e com vista a subverte-las e aos estados mais débeis, o termo “guerra civil” é utilizado por uma panóplia de historiadores incapaz de ganhar a consciência crítica que vença a mentalidade que lhes foi formatada em relação ao termo, prestando eles próprios, dessa maneira, um serviço “útil”, dócil e grátis a quem domina recorrendo aos procedimentos culturais, sociais e psicológicos do império da hegemonia unipolar… voluntariamente eles tornam-se assim vectores existenciais da guerra psicológica de 1% sobre o resto da humanidade!

Bárbaro planeta o nosso, quando são tão débeis os poderes capazes de civilização, mas essa é, quer queiram os conscientes, os humanistas e todos aqueles que se regem pela lógica com sentido de vida, quer não, os parâmetros balizadores da imensa batalha de ideias que se está a travar!

Percebe-se assim a máxima “A LUTA CONTINUA”!

Martinho Júnior - Luanda, 21 de Outubro de 2018

O Che e a economia mundial


Rémy Herrera [*]

São numerosas as investigações sobre o pensamento de Ernesto Che Guevara quanto à economia, mas raras são as que abordam a sua dimensão em relação à economia mundial. Com efeito, este aspeto é frequentemente negligenciado, relegado para segundo plano em relação às posições que ele exprimiu a propósito da política internacional e, portanto, também mal compreendidas – ou mesmo manipuladas – tanto para o opor artificialmente a Fidel Castro, como para o virar contra a URSS.

Che não era economista (de formação académica); foi talvez o que lhe permitiu pensar, bebendo em vias heterodoxas, e pôr em causa verdades instituídas em economia, e aventurar-se em reflexões originais e corajosas na época. A realidade das suas responsabilidades no seio da direção da revolução cubana (comandante militar, dirigente do Banco central, ministro da Indústria…) obrigou-o a articular, nesta dimensão internacional, a dimensão nacional das questões estudadas. O seu pensamento sobre a política internacional não pode ser separado do seu pensamento sobre a economia mundial.

Comecemos por uma questão fundamental: Che apoia-se, nos seus raciocínios, no aparelho teórico-prático do marxismo-leninismo. Era comunista, quer queiramos ou não. Mas manifestou, desde muito cedo, uma certa inquietação face à insuficiência do socialismo existente em desenvolver os seus próprios mecanismos económicos para reforçar a sua posição na competição que lhe era imposta pelo sistema capitalista, que dominava à escala mundial. Tinha dito um dia: " Pertenço, pela minha formação ideológica, ao campo dos que pensam que a solução para os problemas do mundo se encontra por detrás da cortina de ferro ". Mas não hesitou em criticar o uso não crítico das relações comerciais e monetárias no quadro das reformas adotadas pela URSS nos anos 60 – como, aliás, também o fez Fidel, por exemplo, no seu discurso no 6.º aniversário da revolução cubana (1965). É nesta ótica que é preciso interpretar os apelos lançados por Che aos países socialistas para apoiar os países do Terceiro Mundo e para formar, em conjunto com eles, uma frente comum, a fim de modificar a relação de forças mundiais, a favor do bloco progressista, especialmente para fornecer aos países que se tinham tornado independentes, os meios de dispor de um escudo de proteção, perante a agressividade do imperialismo.

Che certamente sentiu-se satisfeito com a cisão do sistema mundial – e o enfraquecimento das posições capitalistas – depois de os países do Terceiro Mundo se terem tornado independentes politicamente; mas também se mostrou preocupado perante as grandes dificuldades desses países em consolidar a sua independência política, dada a evidente dependência económica em relação às antigas potências colonialistas. No seu discurso em Argel, em fevereiro de 1965, pronunciado aquando do 2.º Seminário Económico Afro-asiático, Che declara: " Sempre que um país se liberta, é uma derrota para o sistema imperialista mundial, mas o facto de conseguir libertar-se desse sistema não pode ser considerado como uma vitória com a simples proclamação da independência, nem sequer com o triunfo duma revolução pelas armas: só haverá vitória quando o domínio imperialista deixar de se exercer sobre um povo ".

Compreender isto exige pôr em interação as dimensões nacional e internacional, porque a base nacional dos países em causa é o subdesenvolvimento, Che define-o deste modo: " Um anão com uma grande cabeça e um peito estreito é "subdesenvolvido" no sentido de que as pernas fracas e os braços curtos não estão em proporção com o resto da anatomia. O subdesenvolvimento é produto de um fenómeno teratológico (ou seja, relativo à ciência das anomalias da organização anatómica, congénita e hereditária, dos seres vivos… Che também era médico!) que distorceu o seu desenvolvimento. É isto que somos, nós que somos classificados com tanta delicadeza de "subdesenvolvidos": países coloniais, semicoloniais e dependentes; países cujas economias foram deformadas pela ação imperialista, que desenvolveu anormalmente os ramos industriais e agrícolas, em complemento da sua complexa economia imperialista. O subdesenvolvimento, ou desenvolvimento disforme, implica especializações perigosas no setor das matérias-primas, que mantêm os nossos povos sob a ameaça da fome. Nós, os "subdesenvolvidos", também somos os países da monocultura, da monoprodução, do monomercado ".

Che não se limita a caracterizar a realidade sociocultural dos países do Terceiro Mundo na sua componente interna; também explica os fatores que condicionam essa situação no plano internacional, na sua componente externa. Estes países estão deformados, diz ele, porque são explorados. É uma contribuição teórica, em relação ao corpo da economia do desenvolvimento dos anos 50. Mas, em certo sentido, também é um avanço em relação a Marx, na medida em que, durante muito tempo, Marx e Engels consideravam que a irremediável expansão do sistema capitalista conduziria à homogeneização do mundo, para generalizar a essa escala a oposição das classes burguesas/proletárias, ou seja, o antagonismo fundamental. Apesar de Marx e Engels, em certos casos, terem tentado articular a exploração de classes e o domínio de nação para nação. Ao insistir neste domínio internacional, Che neste sentido é muito leninista.

Segundo a definição do subdesenvolvimento que propõe, as economias do Terceiro Mundo não estão apenas deformadas – se assim fosse, podiam encontrar-se várias soluções. O que é mais grave é que essas economias estão dependentes e o domínio do exterior determina a reprodução das condições que geram e explicam o subdesenvolvimento. Com efeito, esse subdesenvolvimento não passa de uma forma distorcida do desenvolvimento nos países capitalistas do Norte, que se verifica no Sul. A natureza do sistema capitalista é assim contraditória: este sistema produz, no mesmo movimento, um desenvolvimento num polo e um subdesenvolvimento no outro polo. Para Che, é pois necessário insistir na necessidade da independência económica dos países do Sul, como meio de impedir a recolonização económica ou neocolonização pelo Norte.

Mas é preciso compreender os mecanismos específicos do neocolonialismo, que sabe reconhecer a independência dos Estados, formais, que se mantêm dependentes. Numa conferência de 20 de março de 1960, na " Universidade popular " em Cuba, Che diz: " Os conceitos de soberania política e nacional mantêm-se uma ficção se não houver independência económica ". Ele apercebe-se da enorme importância da contribuição dos países socialistas para o esforço dos países do Terceiro Mundo para alcançar essa independência económica. É o que o leva a dizer: " O desenvolvimento dos países subdesenvolvidos tem que sair caro aos países socialistas …". Esta citação é muito referida, mas truncada, e distorcida, com a intenção de apresentar um Che oposto aos países socialistas da época, hostil à URSS. Com efeito, ele insiste, logo a seguir, na responsabilidade que também incumbe aos países do Terceiro Mundo para chegar à independência económica e contribuir para consolidar as forças revolucionárias, acrescentando: "… mas os países subdesenvolvidos também têm que se mobilizar e empenhar-se decididamente no caminho da construção duma sociedade nova. Não será possível ganhar a confiança dos países socialistas, tentando encontrar um equilíbrio entre o capitalismo e o socialismo, e utilizar essas duas forças em contrapeso uma da outra para tirar vantagens dessa concorrência ". Isto é tão claro como o início da citação – apesar desta clareza perturbar certas pessoas…

Também analisa os instrumentos utilizados pelo imperialismo para submeter e explorar os países do Terceiro Mundo, e sublinha o papel dos investimentos estrangeiros na tomada de controlo dos recursos naturais do Sul, ou o papel das trocas desiguais no comércio mundial. Podemos considerá-lo precursor das ideias terceiro-mundistas de defesa da soberania do Sul quanto às atividades económicas – reivindicação que veio a generalizar-se mais tarde, nos anos 70. Também põe a tónica no problema da dívida externa, no início dos anos 60, prevendo a crise que explodirá 20 anos depois. É mais uma contribuição de Che.

Aquando da 1.ª reunião da CNUCED, em 1964, em Genebra, Che vai denunciar os princípios – fictícios, segundo ele – da igualdade formal entre países, de reciprocidade nas relações comerciais, tal como a injustiça da ordem económica mundial, exigindo a sua transformação. Propôs instituir uma ligação entre os preços das matérias-primas e o pagamento de dividendos e de juros que antecipa a ideia da indexação dos preços das matérias-primas aos produtos manufaturados, que a CNUCED em breve iria promover.

A base do raciocínio de Ernesto Guevara é a identificação entre a luta contra o subdesenvolvimento, a luta contra o imperialismo e a luta contra a ordem mundial tal como ela é. Segundo ele, a saída do subdesenvolvimento não pode ser separada do anti-imperialismo, porque o imperialismo é o obstáculo que reproduz a dependência do Sul. Mas, ao mesmo tempo, não é possível lutar contra o imperialismo sem quebrar, concretamente, os instrumentos do exercício do seu poder. É por isso que defendeu uma "nova ordem mundial" e – para conseguir essa transformação – em favor da unidade do Terceiro Mundo. Em Argel, em 1965, declara: " Se o inimigo imperialista, norte-americano ou qualquer outro, prossegue a sua ação contra as nações subdesenvolvidas e contra os países socialistas, uma lógica elementar impõe a necessidade da aliança dos povos subdesenvolvidos e dos países socialistas ". Portanto, " se não houvesse outro fator de união, o inimigo comum devia ser suficiente ".

Falemos agora de uma questão delicada que é necessário abordar para dissipar um mal-entendido. A importância que Che atribuiu às relações Norte-Sul levou determinados comentadores a leituras erróneas do seu pensamento; como quando deram a entender que, segundo ele, a verdadeira contradição não residiria entre o capitalismo e o socialismo, mas entre países desenvolvidos e países subdesenvolvidos. É preciso perceber que, embora Che tenha sublinhado muitas vezes o papel determinante das relações Norte-Sul, nunca fez desaparecer o papel das relações de classes. Eu já o disse: Che era comunista, marxista-leninista. Os seus escritos e discursos dirigem-se todos para o objetivo da chegada do socialismo mundial. Nisso, é muito marxista. Porque é difícil, ou mesmo impossível, apreender o pensamento de Marx, tanto político como teórico, sem o relacionar sistematicamente com esta convicção da vitória mundial do socialismo.

Mas Che coloca os países socialistas perante as suas responsabilidades. Tinha consciência da exigência de consolidar as posições do socialismo mundial e criticou as ações que corriam o risco de afastar os países subdesenvolvidos do socialismo. Falou mesmo de uma troca desigual entre países socialistas e Terceiro Mundo, desta forma: " Se estabelecermos este tipo de relações [de trocas desiguais] entre estes dois conjuntos de países, temos que concluir que os países socialistas, de certa forma, são cúmplices da exploração imperialista. Pode-se argumentar que o montante das trocas com os países subdesenvolvidos representa uma parte insignificante do comércio exterior desses países. É perfeitamente verdade, mas isso não elimina o carácter imoral da troca ". E conclui: " Os países socialistas têm o dever moral de liquidar toda a cumplicidade com os países exploradores ocidentais ". Era corajoso. Mas isso não torna Che, longe disso, um inimigo da URSS. Porque a realidade não era essa. Che não era mais complacente nem menos crítico, em relação aos países do Terceiro Mundo, a quem se dirigiu para que eles liquidassem no seu solo os instrumentos de exercício do poder efetivo do imperialismo e decidissem " empenhar-se resolutamente na via da construção " do socialismo. A tarefa histórica dos povos do Sul consiste, portanto, em eliminar as bases do imperialismo nos seus países, ou seja, todas as fontes de lucros, de extração das matérias-primas ou de abertura dos mercados.

Para Che, o inimigo é o imperialismo, considerado também como um sistema mundial – como o diz na sua mensagem para a Tricontinental : " O imperialismo é um sistema mundial, última etapa do capitalismo, que trata de vencer por uma grande confrontação mundial "; e, enquanto sistema dinâmico, adapta-se às condições em mudança do mundo e utiliza instrumentos sempre novos para atingir os seus objetivos de destruição dos países do Sul – foi o que declarou na conferência da Organização dos Estados Americanos, em 1961. Daí a sua estratégia revolucionária: a luta dos povos deve ser multidimensional, global, longa, deve mobilizar todos os países explorados pelo imperialismo, desenvolver-se em todos os terrenos. O imperialismo, sobretudo o norte-americano, é o inimigo comum da humanidade e, perante ele, os países socialistas e os progressistas devem unir-se, quaisquer que sejam as suas divergências pontuais. Essas divergências são uma fraqueza mas, sob os golpes do imperialismo, a união prevalecerá.

Passaram-se cinquenta anos sobre a morte de Che. O mundo mudou imenso desde então, mas o essencial do seu pensamento sobre a economia mundial conserva, segundo penso, a sua atualidade e pertinência. 

06/Outubro/2018

[*] Investigador do CNRS (Centro de Economia da Sorbonne), remyherrera.com/index.php/fr/
Tradução de Margarida Ferreira. 


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

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