sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Portugal | Trabalhar para empobrecer?


Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias

Andámos os últimos cinco anos a recuperar o emprego destruído nos cinco anos anteriores. Não é coisa pouca, ainda que a tarefa esteja incompleta, uma vez que, como sempre, a destruição foi mais eficaz que a reconstrução.

Segundo o estudo do Observatório sobre Crises e Alternativas (que pode ler mais à frente), na tempestade de 2008 a 2013, desapareceram 700 mil postos de trabalho. Depois, entre 2013 e 2018, veio a bonança, e recuperaram-se 450 mil. Num caso como no outro, cruzam-se governos de diferentes cores. PS e PSD, partidos dominantes, partilham responsabilidades no pior e no melhor. Sendo que o melhor, não é assim tão bom. É verdade que a economia cresce, que se recupera emprego, mas os salários ficaram congelados. Na verdade, segundo os mesmos especialistas (e outros, como a OCDE), o valor médio dos salários varia entre a estagnação e a redução. E o cenário poderia ser pior, não fosse o aumento do salário mínimo nacional dos 485 euros de 2013, para os 580 euros de 2018. Há duas explicações imediatas para esta divergência entre maior criação de riqueza e menor distribuição de riqueza. A primeira, diz-nos que os setores onde o emprego mais cresceu estão entre os que pagam pior (empresas de trabalho temporário; restauração; comércio a retalho; alojamento). A segunda, que os que entram no mercado de trabalho ganham salários mais baixos do que os que saíram. Fica explicado porque se diz que, pela primeira vez, os filhos vão viver pior que os pais. Como se fica a perceber melhor uma outra estatística sombria: o número de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social está a diminuir, ainda que lentamente (serão cerca de 2,4 milhões de pessoas, quase um em cada quatro portugueses), mas o número de pessoas que, mesmo trabalhando, continua pobre, está a crescer (serão cerca de meio milhão). A continuar assim, vai ser preciso alterar a expressão "trabalhar para aquecer" para "trabalhar para empobrecer".

* Chefe de Redação

Uma nova Angola!


Jornal de Angola | editorial

Angola   vive um novo ciclo  político  que tem sido marcado por mudanças significativas, na forma de gestão da coisa pública e na defesa dos interesses da maioria.

 Tem sido evidente a assumpção de uma nova postura    dos  actuais governantes, caracterizada por uma maior atenção à promoção da justiça social e  a acabar com as discriminações  e com  perseguições, em virtude das suas opiniões diferentes.  

Temos hoje um país onde a descrença deu lugar à esperança, pesem as dificuldades por que passam os cidadãos na sua luta diária pela sobrevivência. Dificuldades  derivadas de uma conjuntura económica e financeira adversa, agravada por actos anti-patrióticos de uma minoria gananciosa que não se resigna em perder o estatuto privilegiado com que desfilou num passado recente.

 Vive-se hoje  um ambiente em que os cidadãos  podem, sem medo, exprimir os seus pontos de vista, e onde as mudanças provocam naturais reacções por parte de quem  tinha acesso à mesa do banquete que depauperou os cofres públicos. 

 Estamos a caminhar para a construção de um país em que os cidadãos devem ser respeitados e valorizados e que devem ter o direito de viverem com dignidade. “Estamos a construir uma nova Angola”, como disse, em Lisboa, o Presidente da República, numa reafirmação que as transformações  são irreversíveis por muito dolorosas que se venham a revelar. 

Há quem veja pretensas “crises políticas”  em naturais contradições, próprias de um processo de mudanças como o que estamos a passar. 

Angola é  um país com estabilidade política  e que tem as suas instituições a  funcionar com normalidade. A democracia vai-se  consolidando, assistindo-se  a uma maior participação dos partidos políticos e da sociedade civil  nas decisões, enriquecendo-se o debate à volta dos grandes problemas nacionais. Os angolanos estão a aprender a viver na diversidade. Em democracia, a diversidade de ideias contribui para o progresso dos povos.

A crise política de que se fala - e alguns desejam - só existe nas suas cabeças (mal) formatadas em cifrões e valores que são estranhos aos angolanos.

A nova Angola segue firme, sem qualquer crise política imaginária, mas com a profunda crise real da falta de recursos para acudir as enormes necesidades dos cidadãos, porque a ganância e ambição falaram mais alto na hora de resolver  os problemas do povo.

Angola | “É preciso destruir o ninho do marimbondo”

João Lourenço e Marcelo Rebelo de Sousa responderam a perguntas da imprensa a seguir ao encontro
Fotografia: Kindala Manuel | Edições Novembro | Lisboa

O Presidente da República, João Lourenço, afirmou ontem, em Lisboa, que, quan-do o Governo se propôs a combater a corrupção, tinha a noção de que era preciso muita coragem.

O Chefe de Estado, que falava em conferência de imprensa, no final do encontro com o homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, comparou o desafio a que se propôs o Governo no combate à corrupção a um ninho de “marimbondo” (uma espécie de vespas).

“Sabíamos que estávamos a mexer no ninho de ‘marimbondo’ (…) e que podíamos ser picados. Já começámos a sentir as picadelas, mas isso não nos vai matar”, afirmou o Presidente João Lourenço, em resposta a uma pergunta sobre se tinha noção de que este desafio era só comparável a “brincar com o fogo”.

“Se estamos a brincar com o fogo, temos noção das consequências desta brincadeira. O fogo queima. O importante é mantê-lo sob controlo e não permitir que ele se alastre”, disse João Lourenço.

“Não é por isso que vamos recuar. É preciso destruir esse ninho do ‘marimbondo’. Quantos marimbondos existem neste ninho? Devo dizer que não são muitos. Angola tem 28 milhões de habitantes, mas não tem 28 milhões de corruptos. Portanto, o nú-mero é bastante reduzido”, afirmou o Presidente. Acrescentou que “somos milhões e contra milhões ninguém combate”, ao referir-se à cruzada contra a corrupção.

“Que ninguém pense que, por muitos recursos que tenha, de todo o tipo, consegue en-frentar os milhões que somos. Portanto, não temos medo de brincar com o fogo; vamos continuar a brincar com o fogo, com a noção de que vamos mantê-lo sempre sob controlo”, disse.

Questionado se as declarações do ex-Presidente José Eduardo dos Santos sobre quanto deixou nos cofres do Estado, quando deixou o poder, abrem uma crise política profunda, João Lourenço foi peremptório: “reservo-me o direito de não comentar questões de política interna, enquanto durar a minha visita aqui em Portugal”.

O Presidente João Lourenço afirmou que está em Portugal para “falar do presente e do futuro das relações de amizade e de cooperação” entre os  dois países e povos. “Viemos corrigir algo que nos parece anormal, o facto de termos deixado passar um período bastante longo sem que tivesse havido a troca de visitas de Chefes de Estado de um país para o outro”, afirmou, acrescentando que os amigos se querem juntos e devem visitar-se mutuamente.

A última vez que um Chefe de Estado angolano visitou Portugal foi há cerca de nove anos e, segundo João Lourenço, isso denota que “algu-ma coisa terá falhado nesta busca permanente de alimentar uma amizade entre os dois países”.

Acordo de cooperação

Angola e Portugal assinam hoje, na cidade do Porto, 12 instrumentos jurídicos de cooperação. Segundo o Presidente da República, estes documentos vão dar continuidade ao trabalho de reforço do intercâmbio.

“Nessa cooperação queremos ver destacado, sobretudo, o papel dos empresários portugueses para investir em Angola e o contrário também é verdadeiro”.

Vamos assinar apenas 12 acordos, porque não pretendemos esgotá-los enquan-to o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa não visitar Angola”, disse.

João Lourenço convidou o seu homólogo a visitar Luanda, no próximo ano. A data deve ser encontrada pelas autoridades diplomáticas dos dois países. “Estamos a dar oportunidade ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa para, durante a sua visita a Angola, no próximo ano, podermos também assinar alguns instrumentos de cooperação que venham consolidar os nossos laços de amizade e cooperação económica”, referiu.

O Presidente reafirmou que Angola está a viver uma nova fase, com importantes reformas que vêm sendo feitas em diversos domínios e com o interesse de diversificar a sua economia.  João Lourenço quer a contribuição dos empresários portugueses nestes esforços.

“Ao falar de diversificação da nossa economia não podemos de forma alguma deixar de contar com a intervenção de Portugal, dos seus empresários, que gostaríamos de ver em força em Angola, investindo nos mais diferentes sectores da nossa economia, e não apenas naquela que constitui a principal fonte de receitas do país, o petróleo”, disse.

O Presidente da República negou o adjectivo “irritante” no mau momento nas relações entre os dois países nos últimos anos. 

“Nunca existiu um irritante nas nossas relações, pelo menos desde que sou Presidente. O que se passou é que, da parte de Portugal, havia o incumprimento de um acordo no domínio da Justiça, que existe, e o que Angola fez foi apenas recordar a um país amigo, com quem temos boas relações e pretendemos continuar a ter - daí a razão da minha presença aqui - da necessidade de a outra parte signatária do acordo respeitá-lo. Só havia duas saídas: ou denunciar o acordo ou cumprir. E foi cumprido. Angola só exigiu isso”, esclareceu.

O Chefe de Estado insistiu que quem, em princípio, hesitou em respeitar o acordo foi o mesmo que o respeitou posteriormente: a justiça portuguesa. “Não ficaram rancores; o que é passado é passado”, disse o Chefe de Estado.

“As relações dependem da vontade dos povos dos dois países e essa vontade é imutável. Os dois povos sempre quiseram o bem. O povo não muda, a classe política sim, porque há eleições e, às vezes, não são sempre os mesmos no poder. Mas a classe política tem a obrigação de saber interpretar correctamente a vontade dos povos”, indicou o Chefe de Estado angolano na conferência de imprensa.

Garantido apoio à comunidade para a resolução de problemas

O Presidente João Lourenço garantiu que vai abordar com o Primeiro-Ministro luso, António Costa, a possibilidade de resolução de casos de cidadãos angolanos que vivem há dezenas de anos em Portugal sem documentos.

Milhares de cidadãos nacionais enfrentam dificuldades para obter documentos pessoais, facto que os deixa à margem das oportunidades de emprego. Na conferência de imprensa conjunta entre João Lourenço e Marcelo Rebelo de Sousa, o Chefe de Estado luso acrescentou que partilha da mesma preocupação do Presidente angolano, sobre a situação dos migrantes angolanos.

“As leis portuguesas aplicáveis foram sendo alteradas no sentido de tornar mais fácil o processo de legalização ou de formalização documental relativamente a quantos vivem em Portugal há mais ou menos tempo. E isso está permanentemente a ser acompanhado pelas autoridades dos dois países, não apenas na questão dos vistos, mas da legalização em termos de residência e da possibilidade de exercício da actividade laboral”, disse. Acrescentou que tem havido um esforço para corresponder progressivamente às preocupações apresentadas.

“Admito que esses esforços têm de ser acompanhados também permanentemente no plano da aplicação administrativa da legislação aprovada”, disse.

Distinção 

O Chefe de Estado angolano foi distinguido pelo seu homólogo luso com o “Grande colar da ordem do Infante D. Afonso Henrique”, em cerimónia realizada no Palácio de Belém.

O gesto, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, assinala “um novo tempo para os dois Estados, uma nova esperança para os dois povos”.

A Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço, recebeu também uma medalha do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Chave de Lisboa

O Chefe de Estado, João Lourenço, recebeu ontem a mais alta distinção do município de Lisboa. Do presidente da câmara municipal da capital portuguesa, Fernando Medina, João Lourenço recebeu a Chave simbólica da cidade, momentos depois de discursar na Assembleia da República.

Na praça do município de Lisboa, acompanhado da Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço, o Presidente da República agradeceu o gesto, na intervenção que fez no salão nobre da Câmara Mu-nicipal, dizendo sentir “o carinho e amizade dos portugueses, expresso através dos lisboetas”.

Santos Viola, Lisaboa | Jornal de Angola

Questão crucial dos angolanos

Martinho Júnior, Luanda  

Não haverá alguma vez capacidade inteligente para se formular uma geoestratégia para um desenvolvimento sustentável (e patriótica), se não se aperceber que, sobre o mesmíssimo cenário do espaço nacional, há que definir o que foi utilizado no passado com tanta barbárie, para melhor definir o que no presente e no futuro se deve reverter para a civilização com identidade angolana e abrindo espaço à mobilização das novas gerações!...

O mesmo raciocíno se aplica e se prende à capacidade de interpretação do relacionamento causa-efeito (relacionamento físico-geográfico-ambiental com o homem, interpretando-o por seu turno de forma antropológica) no que diz respeito às bacias hidrográficas de África, sobretudo à bacia do Congo e aos Grandes Lagos!...

Em África interpretar por fim a dialética entre os maiores desertos quentes do globo e as regiões tropicais ricas em água interior, é entender profundamente uma parte importante da deriva humana no continente e de muitos dos piores acontecimentos históricos e correntes que têm sido vividos por todos os povos africanos!

Martinho Júnior - Luanda, 12 de Novembro de 2018

Imagem alegórica dos povos de África

Sexta-feira dos trouxas que mais sustentam o capitalismo selvagem e desumano


Hoje é a sexta-feira negra, aquela coisa moderna que inventaram para os trouxas dos consumistas que sustentam o capitalismo desenfreado que os explora até ao tutano e os leva à ultra-penúria, até à fome, e até à miséria. Há gente doida para tudo. Para comprar pentes para carecas e setins de gamas traiçoeiras, como por exemplo: setim rabo, setim fio, setim meto, etc. Enfim. Esta sexta-feira os trouxas estão convencidos que é tudo muito mais barato, foram vítimas de lavagens ao cérebro para estarem preparados para cumprir a função de comprarem, comprarem, comprarem. Apesar de chegarem posteriormente à conclusão de que compraram o que era desnecessário e/ou inútil. A DECO já avisou, uma associação de psicólogos também alertou para a nocividade destas sextas-feiras negras, e outros… Mas qual quê?! Os e as doidivanas trouxas alinham em tudo que a eles e elas se destina porque o tal famigerado “mercado” sabe muito bem que pode contar com eles e elas. Pobres cabeças ocas. Perdoai-lhes, porque não pensam. Perdoai-lhes, apesar de serem esses e essas tais que tramam a vidinha aos conscientes, aos que não ignoram que este capitalismo selvagem e cheio de truques baixos e sebentos são uma das maiores causas dos muitos males das sociedades ditas “desenvolvidas”, “livres”, “civilizadas”, “democráticas”, e etc-cor de rosa, laranja ou azul. Gozem bem este dia de desbunda louca, seus trouxas. Aproveitem esta sexta-feira que se vos destina com mais um fito (eles são tantos), para que mais sustentem o capitalismo selvagem e desumano. Inté. Sempre a considerar-vos... pelo que são.

A seguir têm o Expresso Curto. A dose q.b.. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Compro, logo sou

Ricardo Marques | Expresso

Hoje é o dia em que damos graças à carteira e corremos desenfreados e felizes a celebrar a nossa fé no capitalismo. Nada tema, caro leitor. Não somos os únicos ao frio e à chuva (que piada teria se fosse num dia quente de verão?), à espera que a loja abra e a rogar pragas à senhora que nos pisa.

Como nós, um pouco por todo o mundo, milhões de pessoas acordaram cedo, algumas tão cedo que ainda nem era hoje, e com os pequenos cartões de plástico a postos na mão rumaram aos templos do consumo, atraídas pelos grandes cartazes uma vida melhor feita de descontos ainda maiores.

Todos vão falar de nós. De quanto gastamos, de quantas televisões compramos, de quantas consolas ficam por levar (nem uma). Quando vacilarmos - por termos caído e sido pisados pela multidão, ou por começarmos à pancada por uma torradeira com bluetooth, ou até por ficarmos duas horas na fila para pagar uns sapatos - quando só nos apetecer desistir, basta pensar que há sempre alguém a filmar com um telemóvel novo e espetacular que custou metade do preço e que seremos a estrela dos noticiários.

E à noite, com a sala cheia de sacos e caixas e coisas novas, faremos planos para o fim de semana e para tudo o que acabou de trazer sentido à nossa vida. Compro, logo sou. Compramos, logo somos.

Só não sabemos bem o quê.

Se está mesmo a pensar ir às compras hoje, não deixe de ler esta pequena lista de avisos.

OUTRAS NOTÍCIAS

Eis o resto da atualidade, que poderá ver entre os vídeos da Black Friday.

Daqui a duas horas está prevista a abertura das propostas da hasta pública dos terrenos da antiga Feira Popular de Lisboa, a Entrecampos (cujo prazo de apresentação terminou às 17h de ontem). A Câmara conta arrecadar pelo menos 188 milhões de euros com o negócio, mas o Ministério Público tem criticas e “chumba” diversos pontos do projeto para a zona, como se explica no Expresso.

A esta hora já devem ter recomeçado os trabalhos em Borba. A derrocada ocorrida numa pedreira abandonada que provocou o desabamento da estrada municipal 255 é ainda um dos assuntos do momento. O Público escreve em manchete que “Estado criou regime especial em 2014 para legalizar pedreiras”. O JN assegura que há centenas de pedreiras desativadas e perigosas. Prevê-se mais um dia complicado nas operações de resgate que decorrem nas pedreiras afetadas. A chuva e a fragilidade das encostas tornam cada vez mais inseguro o teatro de operações.

Quando faltarem 15 minutos para as onze da manhã, João Lourenço, o presidente de Angola, deverá estar a chegar à Câmara Municipal do Porto, para o primeiro ato oficial do segundo dia de vista a Portugal. João Lourenço e António Costa serão os convidados de honra da sessão de encerramento do Seminário Empresarial Angola-Portugal. O almoço está marcado para as 13h35. Ate lá, nada como ler no Expresso tudo o que ficou do primeiro-dia de visita.

Um dos temas do dia será, por certo, o rescaldo da reunião do Grupo Parlamentar do PSD em que foram apresentadas aos deputados as propostas do partido para o Orçamento do Estado. Escreve o Expresso que não foi bonito. As noticias em tom de laranja não ficam por aqui: José Silvano, que está agora a ser alvo de um inquérito do Ministério Público, não terá sido o único a estar e não estar no Parlamento. Há mais dois deputados em busca da ubiquidade; e outros que são uma espécie de flash-gordons dos Passos Perdidos.

Nos EUA, Donald Trump, ao seu estilo, joga em várias frentes. Por um lado, insiste que a CIA não tem um processo sólido contra o príncipe saudita no caso da morte do jornalista Jamal Khashoggi. Apenas ‘feelings’, diz o presidente. Por outro lado, Trump ameaça fechar a fronteira sul do país caso a caravana de migrantes, atualmente parada em Tijuana, decida deixar o México e rumar aos EUA.

Pelo meio, o The New York Times revela que os sauditas estão a negociar com os EUA um projeto para a construção de centrais nucleares. Ou melhor, estavam - antes da morte de Khashoggi. De qualquer modo, o problema maior é que Riadeparece querer algo mais…

Outro assunto quente está relacionado com a ‘primeira filha’ , Ivanka Trump, que, segundo o The Washington Post avançava há dias, terá usado uma conta de email pessoal para enviar mensagens de teor oficial. Se acha que há leu isto em alguma lado, provavelmente está a pensar no que sucedeu há pouco mais de dois anos, em plena campanha eleitoral dos EUA, quando Donald Trump acusou Hillary Clinton de ter usado uma conta de email pessoal para enviar mensagens de teor oficial, quando era Secretária de Estado.

A diferença está nos russos, e para a perceber mesmo bem pode:

ler um livro chamado “Roleta Russa, os Bastidores da Guerra de Putin à América e a Eleição de Donald Trump”;

espreitar este artigo que dá conta da morte do general russo que esteve por trás da maior operação de guerra informática de sempre;

Uma operação, em teoria mais pacífica, assemelhou-se ontem, por alguns instantes, a um cenário de pré-conflito. O objectivo era embarcar milhares de viaturas saídas da Autoeuropa, mas a greve dos estivadores do porto de Setúbal, que contestam a precariedade laboral, obrigou a deslocar para o local a PSP. Entre os manifestantes, que foram sendo retirados um a um pelos polícias, estavam três deputados do Bloco de Esquerda e um do PCP - que agora exigem explicações do Governo.

Os carros acabaram por embarcar, graças ao trabalho de misteriosos homens que chegaram num autocarro. Hoje, o cenário deve repetir-se.

Entramos no segundo dia da greve de enfermeiros, que ontem obrigou ao adiamento de cirurgias em cinco centros hospitalares.

Subiu para 15 o número de casos de sarampo. Dois dos doentes são crianças

A ministra da Cultura está em Guadalajara, no México - onde a última corrida de touros foi de “escaso contenido”, como assinala a especializada revista “Aplausos”. Esta tarde (hora local, mais seis horas em Lisboa), Graça Fonseca inaugura às 17h00, no Museo Regional, a exposição “Variações sobre uma tradição: Dos Lenços de Amor aos Bordados com Poesia”; e às 20h00, no Museo de las Artes, a exposição “Ana Hatherly e o Barroco: Num Jardim feito de tinta”.

Na edição do Expresso de amanhã, entre as dezenas de artigos que poderá ler, está um sobre a política externa chinesa que não podia vir mais a propósito. Depois de João Lourenço, teremos por cá sua excelência o honorável Xi Xinping, presidente de toda a enorme-e-cada-vez-maior China. Quando terminar, dê um salto aqui para ver como vai o nosso mundo visto de Pequim.

Na Europa, com o Brexit marcado para 29 de março, Londres e Bruxelas deram mais um pequeno passo rumo à grande desunião. No entanto, o acordo de princípio sobre a declaração política está ser fortemente contestado no parlamento britânico, mas Madrid não gostou. Por causa de umarocha grande.

As estradas francesas continuam cortadas e no Le Monde pode ler um artigo que ajuda a perceber o que está em causa naquestão dos combustíveis. Há milhares de carros parados em todo o país.

O Arouca esteve quase a aproveitar a Black Friday que o Benfica decidiu oferecer na luz e foi só nos últimos minutos que os encarnados conseguiram derrotar a equipa do segundo escalão.

Passou quase despercebida, ontem, a noticia dos castigos aplicados pela Universidade de Coimbra aos alunos que copiaram nos exames. Mas eu vi noutro jornal e decidi copiar.

Por falar nisso, ainda que o verbo não seja copiar, a Marinha parece que quer à força ter o seu caso Tancos. Em setembro, os fuzileiros perderam uma caixa de munições na estrada que leva à escola de Vale de Zebro. Agora, desaparecera magulhetas no navio Bérrio. Esperemos que a rivalidade entre ramos das Forças Armadas fique por aqui. Não se sabe o que pode acontecer na Força Aérea…

O Governo prepara-se para gastar uns valentes milhões de euros, nos próximos anos, a modernizar as forças armadas. Ou seja, mais e melhor equipamento para todos…

Da Escola Prática de Polícia saem hoje 400 novos agentes que durante o próximo ano vão ser colocados os vários comandados da PSP. Eduardo Cabrita, ministro da administração interna, vai estar na cerimónia de encerramento.

Na última noite, os americanos comeram quase 50 milhões de perus. Mas três escaparam. Dois deles, o Peas e o Carrots, foram perdoados pelo presidente Donald Trump. O terceiro, um peru selvagem, muito mais duro do que as espécies de aviário que acabam no forno, é uma espécie de bad boy mafioso, um Turkey soprano, que anda à solta em Rhode Island e que já se tornou uma séria questão de segurança.

Ninguém dorme descansado. Algo que poderá fazer se, logo mais, arranjar uns minutos para ler este artigo, do Vida Extra, com alguns bons conselhos para uma excelente noite de sono.

O QUE ANDO A LER

Aproveitando o fim de semana que está mesmo aí, quero deixar três sugestões de leitura e um conselho.

Os artigos que aqui trago estão, de algum modo, relacionados com tecnologia e inteligência artificial. É fácil cair na tentação de reduzir a IA a robots malvados, máquinas que jogam xadrez e carros voadores. Fácil e perigoso - porque, ao fazê-lo, caímos no erro de ignorar tudo o que de bom e de mau está realmente a acontecer. Sim, está a acontecer.

Assim, sugiro que passe os olhos por este longo artigo da Wiredsobre um genial professor que não gosta muito de pessoas, mas que as pessoas não deixam em paz. Principalmente as que estão na linha da frente da investigação científica.

A seguir, pode perceber os avanços da ciência em casos clínicos que, há uns anos, pareciam não ter qualquer solução.

Por fim, uma viagem fotográfica impressionante a uma América jovem e sem esperança que parece alheada de tudo isto.

Se, entretanto, der por si numa loja cheia de gente que avança para as prateleiras como um exército a tentar conquistar um forte cheio de lingotes de ouro, meta a mão ao bolso e, sorrindo, contemple o pequeno papel onde tem a seguinte passagem (retirada do livro “21 Lições para o Século XXI”, de Yuval Noah Harare):

“Um dia perguntaram a um velho sábio qual era o sentido da vida. ‘Bem’, disse ele, ‘aprendi que estou na Terra para ajudar os outros. O que ainda não percebi é o que estão os outros aqui a fazer’”

Desejo-lhe uma excelente sexta-feira e um óptimo fim de semana, que será ainda melhor se reservar alguns minutos para a ler a edição do Expresso em papel. Tenha um bom dia.

Criminosos de guerra em altos cargos comemoram o fim da I Guerra Mundial

Osama Bin Laden e Zgbigniew Brzezinki, então conselheiro nacional do presidente Cárter (1979)
Numa amarga ironia, vários líderes mundiais que estavam a comemorar "pacificamente" o fim da Primeira Guerra Mundial em Paris, incluindo Trump, Netanyahu, Macron e May são os protagonistas de guerras no Afeganistão, Palestina, Síria, Líbia, Iraque e Iémen. 

Michel Chossudovsky

Para colocar o assunto sem artifícios, eles são criminosos de guerra de acordo com o direito internacional: Têm sangue nas mãos. Que diabo estavam eles afinal a comemorar?

Nas palavras de Hans Stehling: "Assim como honramos os 15 milhões de mortos de 1914-1918, um Presidente dos EUA em demência entra em Paris com planos de atacar o Irão" [com armas nucleares] ( Global Research , 12 de novembro de 2018)

Para que não nos esqueçamos: a guerra é o crime máximo, "o crime contra a Paz", conforme definido no Julgamento de Nuremberga.

Os EUA e seus aliados embarcaram no crime de guerra fundamental, uma aventura militar a nível mundial, "uma longa guerra", que ameaça o futuro da humanidade. O projeto militar global do Pentágono é o da conquista mundial. 

A guerra para acabar com todas as guerras???

Cem anos depois: o que está a acontecer AGORA, em novembro de 2018?

Grandes operações militares e de serviços secretos foram lançadas no Médio Oriente, Europa Oriental, África Subsariana, Ásia Central e Extremo Oriente. A agenda militar dos EUA combina quer operações de teatro de guerra, quer ações secretas organizadas para desestabilizar Estados soberanos, além da guerra económica.

Ao longo dos últimos 17 anos, logo após o 11 de setembro, uma série de guerras lideradas pelos EUA e pela NATO foram lançadas: Afeganistão, Iraque, Líbano, Líbia, Síria e Iémen, resultando em milhões de mortes de civis e inúmeras atrocidades. Essas guerras foram lideradas pelos EUA e seus aliados da NATO.

É tudo por uma boa causa: "Responsabilidade de Proteger" (R2P), "Ir atrás dos "maus", "Travar uma Guerra Global contra o Terrorismo".

Acontece que "o inimigo externo número um", Osama bin Laden, foi recrutado pela CIA. E as famílias Bush e Bin Laden são amigas.

Tal foi confirmado pelo Washington Post : o irmão de Osama, Shafiq bin Laden , teve um encontro com o pai de George W Bush, George H. Walker Bush , numa reunião de negócios com a empresa Carlyle no Ritz Carlton Hotel de Nova York em 10 de setembro, um dia antes do 11 de setembro:

Não serviu de nada que quando o World Trade Center ardeu em 11 de setembro de 2001, a notícia tenha interrompido uma conferência de negócios do Carlyle no Ritz-Carlton Hotel, onde comparecera um irmão de Osama bin Laden. O ex-presidente Bush, um colega investidor, estivera com ele na conferência no dia anterior (Washington Post, 16/março/2003).

Será que isto não soa como uma "teoria da conspiração"? Enquanto Osama supostamente coordenava o ataque ao WTC, seu irmão Shafiq encontrava-se com o pai do presidente, de acordo com o Washington Post.

Por sua vez, de acordo com o Wall Street Journal de 27 de setembro de 2001: "A família bin Laden familiarizou-se com alguns dos maiores nomes do Partido Republicano ...".

Aqui está um conceito tipo "acredite ou não": se os EUA aumentassem os gastos de defesa para perseguir Osama bin Laden (Inimigo Número Um), a família Bin Laden beneficiaria, por assim dizer, porque (em setembro de 2001) eles eram parceiros do Carlyle Group, uma das maiores empresas de gestão de ativos do mundo: 


Família Bin Laden podia lucrar com um salto nos gastos de defesa devido a ligações à banca dos EUA
Empreendendo a guerra contra "os maus" 

Tal como amplamente documentado, os "maus" ou terroristas, isto é, a Al-Qaeda e seus vários afiliados, incluindo o ISIS-Daesh, são fruto dos serviços secretos ocidentais (também conhecidos como ";ativos de informação").

Em desenvolvimentos recentes, os EUA e Israel estão a ameaçar o Irão com armas nucleares. Forças terrestres dos EUA e da NATO estão a ser implantadas na Europa Oriental na vizinhança imediata da Rússia. Por sua vez, os EUA estão confrontando a China sob o chamado "Pivot to Asia", que foi lançado durante a presidência de Obama.

Os EUA também ameaçam fazer explodir a Coreia do Norte com o que é descrito no jargão militar dos EUA como uma "operação de nariz sangrento" que consiste em empregar as mini-bombas nucleares B61-11 de menor rendimento mas "mais utilizáveis"; consideradas "inofensivas para civis porque a explosão é feita no sub solo", segundo opinião científica em contrato com o Pentágono. 

A arma nuclear tática B61-11 tem uma capacidade explosiva entre um terço e doze vezes a bomba de Hiroshima.

Fazendo uma retrospetiva para 6 de agosto de 1945, quando a primeira bomba atómica foi lançada em Hiroshima, 100 mil pessoas foram mortas nos primeiros sete segundos após a explosão.

Mas foi um "dano colateral": nas palavras do presidente Harry Truman:


O mundo notará que a primeira bomba atómica foi lançada em Hiroshima, uma base militar. Isso porque desejámos, neste primeiro ataque, evitar, na medida do possível, o assassinato de civis.

O que está em jogo neste momento é um empreendimento criminoso global que desafia o direito internaciona l. Nas palavras do falecido promotor de Nuremberg, William Rockler:

"Os Estados Unidos já descartaram pretensões de legalidade e decência internacionais e embarcaram numa via de imperialismo cru e descontrolado" (William Rockler, procurador do Tribunal de Nuremberg).

Lembramos que o arquiteto de Nuremberg, o juiz do Supremo Tribunal e Promotor de Nuremberg, Robert Jackson, disse então com alguma hesitação:

"Nunca devemos esquecer que o registo em que julgamos estes réus é o registo sobre o qual a história nos julgará amanhã. Passar a esses réus um cálice envenenado é colocá-lo em nossos próprios lábios também".

Esta declaração histórica aplica-se a Donald Trump, Benjamin Netanyahu e Margaret May?

Em desafio ao Tribunal de Nuremberg, os EUA e seus aliados invocaram a condução de "guerras humanitárias" e operações de "contra-terrorismo", tendo em vista instalar a "democracia" em países alvo.

Os media ocidentais aplaudem. A guerra é rotineiramente anunciada nos noticiários como um empreendimento pacificador. A guerra torna-se paz. As realidades são viradas de cabeça para baixo.

Estas mentiras e fabricações fazem parte da propaganda de guerra, que também constitui um empreendimento criminoso de acordo com Nuremberg.

As guerras lideradas pelos EUA e pela NATO e aplicadas pelo mundo inteiro são um esforço criminoso sob o disfarce de "responsabilidade de proteger" e contra-terrorismo. Violam a Carta de Nuremberga, a Constituição dos EUA e a Carta da ONU. De acordo com o ex-procurador chefe do Tribunal de Nuremberga, Benjamin Ferencz, relativamente à invasão do Iraque em 2003:


"Pode-se argumentar sem necessitar de provar, dado que é percetível por si mesmo, que os Estados Unidos são culpados do crime supremo contra a humanidade – que é uma guerra ilegal de agressão contra uma nação soberana.".

Ferenz estava a referir-se a "Crimes contra a Paz e de Guerra" (Princípio VI de Nuremberg), o qual afirma o seguinte:

"Os crimes adiante descritos são puníveis como crimes de direito internacional:

(a) Crimes contra a paz:

     (i) Planeamento, preparação, iniciação ou desencadeamento de uma guerra de agressão ou guerra em violação de tratados, acordos ou garantias internacionais;

     (ii) Participação num plano comum ou conspiração para a realização de qualquer dos atos mencionados em (i).

b) Crimes de guerra:

Violação das leis ou costumes de guerra que incluem, mas não se limitam a: assassinato, maus-tratos ou deportação para trabalho escravo ou para qualquer outro fim da população civil de ou em território ocupado; assassinato ou maus-tratos de prisioneiros de guerra ou pessoas no mar, assassinato de reféns, saque de propriedade pública ou privada, destruição arbitrária de cidades, vilas ou aldeias, ou devastação não justificada por necessidade militar.

c) Crimes contra a humanidade:

Assassinato, extermínio, escravidão, deportação e outros atos desumanos praticados contra qualquer população civil, ou perseguições por motivos políticos, raciais ou religiosos, quando tais atos são praticados ou tais perseguições são executadas em execução ou em conexão com qualquer crime contra a paz ou qualquer crime de guerra.

     "(I) planeamento, preparação, iniciação ou desencadeamento de uma guerra de agressão ou guerra em violação de tratados, acordos ou garantias internacionais;

     (ii) Participação num plano comum ou conspiração para a realização de qualquer dos atos mencionados em (i)".

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... e em www.informationclearinghouse.info/50598.htm 

Este artigo encontra-se em https://resistir.info/ 

Os ultra-ricos preparam um mundo pós-humano


Uma elite ínfima – porém poderosa ao extremo – crê que o planeta tornou-se inviável e quer isolar-se após o “Evento”. O que isso revela sobre a grande crise civilizatória em que mergulhamos

Douglas Rushkoff *| Outras Palavras | Tradução: Inês Castilho

No ano passado, fui convidado a fazer conferência num resort superluxuoso para um público que, imaginei, seria de aproximadamente cem banqueiros de investimento. Era de longe a maior remuneração que jamais me foi oferecida por uma palestra – metade do meu salário anual como professor – tudo para fornecer algumas dicas sobre o tema “o futuro da tecnologia”.

Nunca gostei de falar sobre o futuro. A sessão de perguntas e respostas sempre acaba mais como um jogo de salão, em que me pedem para opinar sobre as últimas tendências da tecnologia como se fossem dicas precisas para potenciais investimentos: blockchain, impressão 3D, CRISPR. As audiências raramente estão interessadas em aprender sobre essas tecnologias ou sobre seus impactos potenciais, além da escolha binária entre investir nelas ou não. Mas o dinheiro chama; por isso, entrei no show.

Ao chegar, fui introduzido no que ma pareceu ser a sala reservada principal. Mas, ao invés de receber um microfone ou ser conduzido a um palco, simplesmente me sentei numa mesa redonda e minha audiência começou a chegar: cinco sujeitos super-ricos – sim, todos homens – do alto escalão do mundo dos fundos hedge. Depois de um pouco de conversa, percebi que eles não tinham interesse nas informações que eu havia preparado sobre o futuro da tecnologia. Haviam preparado suas próprias perguntas.

Começavam com aparente ingenuidade. Ethereum ou Bitcoin? A computação quântica é real? Mas, lenta e seguramente, concentraram-se em suas verdadeiras preocupações.

Qual região seria menos impactada pela crise climática que vem aí: Nova Zelândia ou Alasca? O Google está realmente construindo um “lar” para o cérebro de Ray Kurzweil e sua consciência viverá durante a transição, ou ele morrerá e renascerá inteiramente novo? Finalmente, o executivo-chefe de uma corretora explicou que havia quase concluído a construção de seu próprio sistema subterrâneo de abrigo e perguntou: “Como faço para manter a autoridade sobre minha força de segurança após o evento?”

O Evento. Esse era o eufemismo que usavam para o desastre ambiental, a agitação social, a explosão nuclear, o vírus incontrolável ou os hackers-robôs que destroem tudo.

Essa única pergunta os ocupou pelo resto do tempo. Sabiam que guardas armados viriam para proteger seus complexos das multidões enfurecidas. Mas como pagariam os guardas, já que o dinheiro não teria valor? O que evitaria que os guardas escolhessem os próprios líderes? Os bilionários consideravam usar fechaduras de combinação especial que só eles conheciam para guardar sua provisão de comida. Ou fazer com que os guardas usassem colares disciplinares de algum tipo, em troca de sua sobrevivência. Ou talvez construir robôs para servir de guardas e trabalhadores – se essa tecnologia fosse desenvolvida a tempo.

Foi quando me bateu. Para esses senhores, essa era uma conversa sobre o futuro da tecnologia. Seguindo as dicas de Elon Muskcolonizando Marte, Peter Thiel revertendo o processo de envelhecimento, ou Sam Altman e Ray Kurzweil inserindo suas mentes em supercomputadores, eles estavam se preparando para um futuro digital que tinha muito menos a ver com tornar o mundo um lugar melhor, do que com transcender inteiramente a condição humana e isolar-se do perigo hoje real das mudanças climáticas, aumento do nível do mar, migrações em massa, pandemias globais, pânico e esgotamento de recursos. Para eles, o futuro da tecnologia tem a ver com uma única coisa: escapar.

Não há nada de errado com avaliações loucamente otimistas de como a tecnologia pode beneficiar a sociedade humana. Mas o movimento atual de uma utopia pós-humana é outra coisa. É menos uma visão da migração da humanidade para um novo estado do ser do que uma busca de transcender tudo o que é humano: corpo, interdependência, compaixão, vulnerabilidade, complexidade. Como filósofos da tecnologia vêm apontando há anos, a visão transhumanista reduz muito facilmente toda a realidade a dados, concluindo que “ humanos não passam de objetos processadores de informação”.

É uma redução da evolução humana a um videogame em que alguém vence encontrando a saída de emergência e deixando alguns de seus melhores amigos pelo caminho. Serão Musk, Bezos, Thiel… Zuckerberg? Esses bilionários são os vencedores presumíveis da economia digital – o mesmo cenário de sobrevivência do mais apto que alimenta a maior parte dessa especulação.

Claro que nem sempre foi assim. Houve um breve momento, no início dos anos 1990, em que o futuro digital parecia aberto a nossa invenção. A tecnologia estava se tornando um playground para a contracultura, que via nela a oportunidade de criar um futuro mais inclusivo, igualitário e pró-humano. Mas os interesses de lucro do establishment viram somente novos potenciais para a velha exploração, e muitos tecnólogos foram seduzidos pelos unicórnios das bolsas de valores. O futuro digital passou a ser compreendido mais como ações futuras ou mercadorias futuras – algo a ser previsto e em que apostar. Assim, quase todos os discursos, artigos, estudos, documentários ou documentos técnicos eram considerados relevantes apenas na medida em que apontavam para um símbolo de corporação global. O futuro tornou-se menos uma coisa que criamos através de nossas escolhas ou esperanças pela humanidade, do que um cenário predestinado no qual apostamos com nosso capital de risco, mas ao qual chegamos passivamente.

Isso liberou todo mundo das implicações morais de suas atividades. O desenvolvimento da tecnologia tornou-se menos uma história de florescimento coletivo do que de sobrevivência pessoal. Pior, como vim aaprender, chamar atenção para isso era ser involuntariamente considerado um inimigo do mercado ou um rabugento antitecnológico.

A esta altura, o invés de tecer considerações éticas sobre empobrecer ou explorar muitos, em nome de poucos, a maioria dos acadêmicos, jornalistas e escritores de ficção científica passou a se dedicar a enigmas muito mais abstratos e fantasiosos: é justo um operador nos mercados financeiros usar drogas inteligentes? As crianças devem receber implantes para línguas estrangeiras? Queremos que veículos autônomos priorizem a vida dos pedestres, em detrimento dos passageiros? Devem as primeiras colônias de Marte ser administradas como democracias? Mudar meu DNA prejudica minha identidade? Os robôs devem ter direitos?

Fazer esse tipo de pergunta, embora filosoficamente divertido, é um substituto pobre para o exame dos verdadeiros dilemas morais associados ao desenvolvimento tecnológico desenfreado, em nome do capitalismo corporativo. As plataformas digitais já tornaram um mercado explorador e extrativista (pense na Walmart), em um sucessor ainda mais desumanizador (pense na Amazon). A maioria de nós tornou-se consciente desse lado sombrio na forma de empregos automatizados, trabalho temporário e o fim do varejo local.

Porém, os impactos mais devastadores desse capitalismo digital que avança recaem sobre o meio ambiente e os pobres do mundo. A produção de alguns de nossos computadores e smartphones ainda usa redes de trabalho escravo. Essas práticas estão tão profundamente arraigadas que uma empresa chamada Fairphone, fundada  a partir do zero para produzir e comercializar telefones éticos, verificou que era impossível. (Agora o fundador da empresa se refere a seus produtos como telefones “mais justos”)…

Enquanto isso, a mineração de metais raros e o descarte de nossas tecnologias altamente digitais destroem habitats humanos, substituindo-os por depósitos de lixo tóxico — recolhido por crianças camponesas e suas famílias, que vendem materiais utilizáveis de volta aos fabricantes.

Essa externalização — “fora da vista, fora da mente” — da pobreza e do veneno não desaparece apenas porque cobrimos nossos olhos com óculos de realidade virtual e ficamos imersos numa realidade alternativa. Quanto mais ignoramos as repercussões sociais, econômicas e ambientais, mais elas se tornam problemáticas. Isso, por sua vez, motiva ainda mais privação, mais isolacionismo e fantasia apocalíptica – e tecnologias e planos de negócios mais concebidos em desespero. O ciclo se retroalimenta.

Quanto mais comprometidos estamos com essa visão de mundo, mais passamos a ver os seres humanos como problema e a tecnologia como solução. A própria essência do que significa ser humano é tratada menos como uma característica do que como defeito intrínseco, um bug. As tecnologias são declaradas neutras, a despeito dos preconceitos nelas incorporados. Quaisquer que sejam os comportamentos ruins que induzam em nós, eles seriam apenas um reflexo de nosso próprio núcleo corrompido. É como se alguma selvageria humana inata fosse a culpada pelos nossos problemas. Assim como a ineficiência de um mercado de táxi local pode ser “resolvida” com um aplicativo que leva motoristas humanos à falência, as incômodas incoerências da psiqué humana podem ser corrigidas com um upgrade digital ou genético.

Em última análise, segundo a ortodoxia tecnosolucionista, o futuro humano chega ao climax se inserir nossa consciência num computador ou, talvez anda melhor, aceitar que a própria tecnologia é nossa sucessora na evolução. Como os membros de um culto gnóstico, ansiamos por entrar na próxima fase transcendente de nosso desenvolvimento, eliminando nossos corpos e deixando-os para trás junto com nossos pecados e problemas.

Nossos filmes e programas de televisão encenam essas fantasias por nós. Seriados de zumbis mostram um pós-apocalipse em que as pessoas não são melhores que os mortos-vivos – e parecem conhecê-los. Pior, esses filmes convidam os espectadores a imaginar o futuro como uma batalha de soma zero entre os humanos remanescentes, onde a sobrevivência de um grupo depende da morte de outro. Mesmo Westworld – baseado num romance de ficção científica em que robôs correm descontroladamente – encerrou sua segunda temporada com a revelação definitiva: os seres humanos são mais simples e previsíveis do que as inteligências artificiais que criamos. Os robôs aprendem que cada um de nós pode ser reduzido a apenas algumas linhas de código e que somos incapazes de fazer escolhas intencionais. Caramba, naquela série até mesmo os robôs querem escapar dos limites de seus corpos e passar o resto de suas vidas numa simulação de computador.

A ginástica mental requerida por essa profunda inversão de papéis entre humanos e máquinas depende do pressuposto subjacente de que os humanos são péssimos . Vamos mudá-los ou nos afastar deles para sempre.

Então, temos bilionários da tecnologia lançando carros elétricos ao espaço – como se isso simbolizasse algo mais que a capacidade de um bilionário promover-se na corporação. E se poucas pessoas conseguem escapar e de alguma forma sobreviver numa bolha em Marte – a despeito de nossa incapacidade de manter tal bolha até mesmo aqui na Terra, em qualquer dos dois testes multibilionários feitos na Biosfera – o resultado será menos a continuação da diáspora humana que um salva-vidas para a elite.

Quando os financistas de fundos hedge perguntaram sobre a melhor maneira de manter a autoridade sobre suas forças de segurança depois do evento, sugeri que sua melhor aposta seria tratar muito bem essas pessoas, desde já. Deviam envolver-se com suas equipes de segurança como se estas fossem formadas por membros de suas próprias famílias. E quanto mais eles pudessem expandir esse espírito de inclusão para o resto de suas práticas de negócios, gerenciamento da cadeia de suprimentos, esforços de sustentabilidade e distribuição de riqueza, menor a chance de haver um evento, em primeiro lugar. Toda essa magia tecnológica poderia ser aplicada desde já, para fins menos românticos, porém muito mais coletivos.

Eles ficaram pasmos com meu otimismo, mas na verdade não o aceitaram. Não estavam interessados em como evitar uma calamidade; estavam convencidos que já fomos longe demais. Apesar de toda a sua riqueza e poder, não acreditam que possam afetar o futuro. Estão simplesmente aceitando o mais sombrio de todos os cenários e, em seguida, trazendo todo o dinheiro e tecnologia que podem usar para isolar-se – especialmente se não conseguirem um lugar no foguete para Marte.

Felizmente, aqueles de nós sem dinheiro para considerar a negação de nossa própria humanidade têm disponíveis opções muito melhores. Não precisamos usar a tecnologia de modo tão antissocial e atomizante. Podemos nos tornar os consumidores e perfis individuais em que nossos dispositivos e plataformas desejam nos transformar, ou podemos nos lembrar que o humano verdadeiramente evoluído não caminha sozinho.

Ser humano não tem a ver com sobrevivência ou saída individual. É um esporte coletivo. Seja qual for o futuro dos humanos, será de todos nós.
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*Douglas Rushkoff is the author of the upcoming book Team Human (W.W. Norton, January 2019) and host of the TeamHuman.fm podcast.

LEIA TAMBÉM NO PG

O novo salto global da desigualdade


Na sequência do artigo intitulado “Os ultra-ricos preparam um mundo pós-humano”, agora publicado e que pode ler ou talvez já tenha lido, decidimos no PG fazer a reposição deste, também retirado do Outras Palavras, onde foi publicado em 16.01.2017, que recomendamos leia a seguir. Afinal tudo está interligado e é útil que chegue ao seu conhecimento. (PG)

Políticas de “austeridade” ampliam concentração de riqueza. Oxfam denuncia: agora, oito homens já têm mais que a metade dos habitantes do planeta. Mas há alternativas

Oxfam | Outras Palavras | Imagem: Sara Distin

Estamos criando condições para recuperar o país e voltar a crescer, diz o presidente Michel Temer – e repetem os jornais – a cada medida adotada para reduzir o investimento social, eliminar direitos previdenciários, “simplificar” as exigências das leis trabalhistas e, supostamente, “equilibrar” as contas públicas. Exatamente como Temer agem, desde a crise de 2008, quase todos os governantes do mundo. “Austeridade”, “ajustes fiscais”, “apertar os cintos” tornaram-se conceitos dominantes no jargão politico e econômico da última década. Qual foi o resultado?

Um relatório que acaba de ser divulgado pela organização internacional Oxfam – voltada ao estudo e denúncia da desigualdade – revela. Tais políticas permitiram que apenas oito homens possum a mesma riqueza que os 3,6 bilhões de pessoas que compõem a metade mais pobre da humanidade. O documento Uma economia humana para os 99% mostra que a diferença entre ricos e pobres aumenta a cada edição do estudo, numa velocidade muito maior do que a prevista. Os 50% mais pobres da população mundial detêm menos de 0,25% da riqueza global líquida. Nesse grupo, cerca de 3 bilhões de pessoas vivem abaixo da “linha ética de pobreza” definida pela riqueza que permitiria que as pessoas tivessem uma expectativa de vida normal de pouco mais de 70 anos.

“O relatório detalha como os grandes negócios e os indivíduos que mais detêm a riqueza mundial estão se alimentando da crise econômica, pagando menos impostos, reduzindo salários e usando seu poder para influenciar a política em seus países”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam no Brasil.

Os números da desigualdade foram extraídos do documento Credit Suisse Wealth Report 2016. (Veja link abaixo.) Segundo a organização, 1 em cada 10 pessoas no mundo sobrevive com menos de US $ 2 por dia. No outro extremo, a ONG prevê que o mundo produzirá seu primeiro trilhardário em apenas 25 anos. Sozinho, esse indivíduo deterá uma fortuna tão alta que, se ele quisesse gastá-la, seria necessário consumir US$ 1 milhão todos os dias, por 2.738 anos, para acabar com tamanha quantia em dinheiro. O discurso da Oxfam em Davos também mostrará que 7 de cada 10 pessoas vivem em países cuja taxa de desigualdade aumentou nos últimos 30 anos. “Entre 1988 e 2011, os rendimentos dos 10% mais pobres aumentaram em média apenas 65 dólares (US$ 3 por ano), enquanto os rendimentos dos 10% mais ricos cresceram uma média de 11.800 dólares – ou 182 vezes mais”, aponta o documento.

“A desigualdade está mantendo milhões de pessoas na pobreza, fragmentando nossas sociedades e minando nossas democracias. É ultrajante que tão poucas pessoas detenham tanto enquanto tantas outras sofrem com a falta de acesso a serviços básicos, como saúde e educação”, reforça Katia Maia.

O relatório destaca ainda a situação das mulheres que, muitas vezes empregadas em cargos com menores salários, assumem uma quantidade desproporcional de tarefas em relação à remuneração recebida. O próprio relatório do Fórum Econômico Mundial (2016) sobre as disparidades de gênero estima que serão necessários 170 anos para que as mulheres recebam salários equivalentes aos dos homens. Segundo o texto, as mulheres ganham de 31 a 75% menos do que os homens no mundo.

A sonegação de impostos, o uso de paraísos fiscais e a influência política dos super-ricos para assegurar benefícios aos setores onde mantêm seus investimentos são outros destaques do documento da Oxfam.

Oxfam é uma confederação internacional de 20 organizações que trabalham em mais de 90 países, incluindo o Brasil, com o intuito de construir um futuro livre das desigualdades e da injustiça causada pela pobreza. Uma das características centrais de seu estudo é a postura não-contemplativa. A organização está empenhada em buscar alternativas que permitam construir “uma economia para os 99%”. Eis, a seguir, algumas de suas propostas para tanto.

Uma Economia Humana para os 99%

Outras conclusões do Relatório da Oxfam (Davos, 2017)

Desde 2015, o 1% mais rico detinha mais riqueza que o resto do planeta.i

Atualmente, oito homens detêm a mesma riqueza que a metade mais pobre do mundo.ii

Ao longo dos próximos 20 anos, 500 pessoas passarão mais de US$ 2,1 trilhões para seus herdeiros – uma soma mais alta que o PIB da Índia, um país que tem 1,2 bilhão de habitantes.iii

A renda dos 10% mais pobres aumentou em menos de US$ 65 entre 1988 e 2011, enquanto a dos 10% mais ricos aumentou 11.800 dólares – 182 vezes mais.iv

Um diretor executivo de qualquer empresa do índice FTSE-100 ganha o mesmo em um ano que 10.000 pessoas que trabalham em fábricas de vestuário em Bangladesh.v

Nos Estados Unidos, uma pesquisa recente realizada pelo economista Thomas Pickety revela que, nos últimos 30 anos, a renda dos 50% mais pobres permaneceu inalterada, enquanto a do 1% mais rico aumentou 300%.vi

No Vietnã, o homem mais rico do país ganha mais em um dia do que a pessoa mais pobre ganha em dez anos.vii

Uma em cada nove pessoas no mundo ainda dorme com fomeviii.

O Banco Mundial deixou claro que, sem redobrar seus esforços para combater a desigualdade, as lideranças mundiais não alcançarão seu objetivo de erradicar a pobreza extrema até 2030.ix

Os lucros das 10 maiores empresas do mundo somam uma receita superior à dos 180 países mais pobres juntos.x

O diretor executivo da maior empresa de informática da Índia ganha 416 vezes mais que um funcionário médio da mesma empresa.xi

Na década de 1980, produtores de cacau ficavam com 18% do valor de uma barra de chocolate – atualmente, ficam com apenas 6%.xii

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 21 milhões de pessoas são trabalhadores forçados que geram cerca de US$ 150 bilhões em lucros para empresas anualmente.xiii

As maiores empresas de vestuário do mundo têm ligação com fábricas de fiação de algodão na Índia que usam trabalho forçado de meninas rotineiramente.xiv

Embora as fortunas de alguns bilionários possam ser atribuídas ao seu trabalho duro e talento, a análise da Oxfam para esse grupo indica que um terço do patrimônio dos bilionários do mundo tem origem em riqueza herdada, enquanto 43% podem ser atribuídos ao favorecimento ou nepotismo.xv

Mulheres e jovens são particularmente mais vulneráveis ao trabalho precário: as atividades profissionais de dois em cada três jovens trabalhadores na maioria dos países de baixa renda consistem em trabalho vulnerável por conta própria ou trabalho familiar não remunerado.xvi

Nos países da OCDE, cerca de metade de todos os trabalhadores temporários tem menos de 30 anos de idade e quase 40% dos jovens trabalhadores estão envolvidos em atividades profissionais fora do padrão, como em trabalho por empreitada ou temporário ou empregos involuntários em tempo parcial.xvii

A edição de 2016 do relatório anual do Fórum Econômico Mundial sobre as disparidades de gênero revela que a participação econômica de mulheres ficou ainda mais baixa no ano passado e estima que serão necessários 170 anos para que as mulheres recebam salários equivalentes aos dos homens.xviii

Sugestões da Oxfam para uma economia mais humana
1. Governos que trabalhem para os 99%
2. Incentivo à cooperação entre os países
3. Modelos de empresas com melhor distribuição de benefícios
4. Tributação justa à extrema riqueza
5. Igualdade de gênero na economia humana
6. Tecnologia a serviço dos 99%
7. Fomento às energias renováveis
8. Valorização e mensuração do progresso humano

Links:
Credit Suisse Wealth Report 2016 –
Bilionários da Forbes –

Notas
iiCálculos da Oxfam baseados na riqueza dos indivíduos mais ricos segundo a lista anual de bilionários da Forbes e a riqueza dos 50% mais pobres segundo o relatório Global Wealth Databook do Banco Credit Suisse (2016)
iiiUBS Billionaire’s Report de setembro de 2016 http://uhnw-greatwealth.ubs.com/media/8616/billionaires-report-2016.pdf
ivD. Hardoon, S. Ayele, e Fuetes Nieva, R., (2016), “Uma Economia para o 1%”. Oxford: Oxfam. http://policy-practice.oxfam.org.uk/publications/an-economy-for-the-1-how-privilege-and-power-in-the-economy-drive-extreme-inequ-592643 Versão em português disponível em https://www.oxfam.org.br/noticias/relatorio_davos_2016
vCálculos da Ergon Associates baseados em dados sobre os salários de diretores-presidentes estimados pelo High Pay Centre e os pacotes médios de benefícios oferecidos a trabalhadores.
viiNguyen Tran Lam. (2017, no prelo), “Even It Up: How to tackle inequality in Vietnam”. Oxfam.
viiiO Programa Mundial de Alimentos estima que 795 milhões de pessoas no mundo não têm comida suficiente para levar uma ativa saudável. Isso é cerca de uma em cada nove pessoas na terra. https://www.wfp.org/hunger/stats
ixBanco Mundial (2016), “Poverty and Shared Prosperity 2016: Taking on Inequality”, Washington DC: Banco Mundial doi:10.1596/978-1-4648-0958-3. http://www.worldbank.org/en/publication/poverty-and-shared-prosperity
xGlobal Justice Now. “Corporations vs governments revenues: 2015 data”. http://www.globaljustice.org.uk/sites/default/files/files/resources/corporations_vs_governments_final.pdf
xiM. Karnik. (6 de Julho de 2015). “Some Indian CEOs make more than 400 times what their employees are paid”. Site da Quartz India. http://qz.com/445350/heres-how-much-indian-ceos-make-compared-to-the-median-employee-salary/
xiiiProtocolo da OIT relativo à Convenção sobre o Trabalho Forçado de 2014. http://www.ilo.org/dyn/normlex/en/f?p=NORMLEXPUB:12100:0::NO::P12100_ILO_CODE:P029
xivAs empresas implicadas em um estudo realizado em 2012 pela ONG Anti-Slavery International intitulado “Slavery on the High Street: Forced labour in the manufacture of garments for international brands” incluem Asda-Walmart (Reino Unido/Estados Unidos), Bestseller (dinamarquesa), C&A (alemã/belga), H&M (sueca), Gap (americana), Inditex (espanhola), Marks and Spencer (Reino Unido), Mothercare (Reino Unido) e Tesco (Reino Unido) http://www.antislavery.org/includes/documents/cm_docs/2012/s/1_slavery_on_the_high_street_june_2012_final.pdf
xvD. Jacobs. (2015). “Extreme Wealth Is Not Merited”. Documento para Discussão da Oxfam. https://www.oxfam.org/en/research/extreme-wealth-not-merited
xviOIT (2015). “Global Employment Trends for Youth 2015”. pág. 49.
xviiOCDE (2015), “In It together: Why Less Inequality Benefits All”. Paris: OECD Publishing. DOI: http://dx.doi.org/10.1787/9789264235120-en
xviiiWorld Economic Forum. (2016). ‘The Global Gender Gap Report’. http://www3.weforum.org/docs/GGGR16/WEF_Global_Gender_Gap_Report_2016.pdf

Na imagem de topo: Rio Bhuriganga, em Dhaka (Bangladesh), destruído pelo despejo de resíduos industriais. A cidade é uma das que mais cresce no mundo e abriga transnacionais têxteis atraídas para lá por salários baixos e ausência de direitos sociais. É o caso da Zara, cujo fundador é um dos 8 homens mais ricos do mundo

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