sábado, 1 de dezembro de 2018

APONTAMENTOS SOBRE ÁFRICA - novo livro de Martinho Júnior



Enquadrado no 43º Aniversário dos organismos da Segurança do Estado de Angola, sob edição do Instituto de Informações e Segurança, durante o Acto Provincial de Luanda (o Acto Central ocorreu na cidade do Huambo), foi lançado o livro de minha autoria, “APONTAMENTOS SOBRE ÁFRICA”.

Este livro é um compêndio, com 357 páginas, que integra algumas das minhas intervenções publicadas ao longo dos anos (um total de 43), quer no desaparecido semanário “Actual”, quer no Página Um Blogspot (http://pagina--um.blogspot.com/), quer mais recentemente no Página Global Blogspot (http://paginaglobal.blogspot.com/).

A imensa vulnerabilidade de África está patente, mas também muito do que à luta diz respeito, contra o colonialismo, contra o “apartheid”, contra as respectivas sequelas, procurando-se contudo e sempre abrir a janela para se apontarem capacidades potenciais que são caminhos para os processos de luta contemporânea contra o subdesenvolvimento e por um desenvolvimento sustentável.

O 43º Aniversário não foi por isso apenas mais uma efeméride.

No SINSE, assim como nas vias de reformulação da Comunidade da Segurança do Estado, começou-se a corresponder a novos parâmetros e com esses parâmetros, começa a tornar-se possível a introdução de novas filosofias, novas doutrinas, novos conceitos, novas capacidades, em tudo aferidos às orientações que respondem a desafios do presente e do futuro.

Para o futuro, na breve intervenção que fiz durante o Acto Comemorativo, sublinhei a necessidade de se trabalhar para uma ampla e abrangente plataforma profícua de cultura de inteligência patriótica, aberta a todas as sensibilidades sócio-políticas nacionais, assim como às sensibilidades dos nossos amigos e aliados, em reforço duma Angola independente, soberana, democrática, pacífica e solidária.

Os autores da história, muitos deles membros da Comunidade da Segurança do Estado, têm um espaço em aberto nessa plataforma, na espectativa de não deixarem para outros a narração de suas experiências e vivências, algo que não deve perder de vista a responsabilidade da transmissão honesta do conhecimento sobre os acontecimentos, cenários e enredos do passado em benefício das gerações vindouras.

O resgate do conhecimento científico e investigativo multidisciplinar é outro dos desafios dessa plataforma visando a gestação da cultura de inteligência patriótica.


Os angolanos, os seus amigos e os seus aliados, não devem deixar para terceiros (e para os interesses destes), as tão necessárias abordagens científicas e investigativas que há a fazer sobre todo o espaço nacional, levando em especial consideração a correlação entre os factores físicos-geográfico-ambientais-hidrográficos, com os factores humanos, seguindo uma trilha antropológica e combatendo as assimetrias decorrentes do longo processo colonial e das guerras.

O Instituto de Informações e Segurança pode assumir um papel catalisador, estabelecendo nexos, acordos e/ou protocolos com outras instituições do estado e privadas, assim como com as universidades e institutos superiores, mobilizando-os para as imensas tarefas no âmbito da plataforma duma cultura de inteligência patriótica.

Esse esforço é tanto mais urgente quanto um certo elitismo que sopra subtilmente do sul, das velhas pistas de Cecil John Rhodes pelo miolo do continente, se vai aproximando das nossas fronteiras, procurando influenciar sobretudo no sentido dos seus interesses.

Angola por outro lado, foi pensada e dinamizada a partir dos olhos daqueles que chegavam pelo mar, num longo processo que está intimamente associado às causas das assimetrias infraestruturais, estruturais e humanas que hoje se tornaram gritantes, pelo que a necessidade duma geoestratégia para um desenvolvimento sustentável se coloca com toda a acuidade e premência.

Nos “APONTAMENTOS SOBRE ÁFRICA” algumas dessas questões são abordadas, com a preocupação de dar continuidade ao sentido histórico do Movimento de Libertação em África, por via duma lógica com sentido de vida que corresponde às mais legítimas aspirações de paz para todos os povos africanos.

Martinho Júnior - Luanda, 29 de Novembro de 2018

Imagens:
Capa do novo livro;
Momento dos autógrafos.

Angola | Em saudação à “Operação Transparência” - III



Para garantir o fortalecimento da luta contra o subdesenvolvimento numa perspectiva de geoestratégia para um desenvolvimento sustentável a questão dos diamantes aluviais está intimamente associada, pelo que a reorganização do sector dos diamantes em Angola não é uma questão estrita, pelas suas vastas implicações humanas e ambientais.  

Os diamantes aluviais, reequacionando a organização do sector, pode ser um passo básico no sentido dessa geoestratégia para um desenvolvimento sustentável, para o início do combate às assimetrias nacionais, para iniciar também capacidades que se inscrevem numa estrutural cultura de independência nacional e soberania patriótica, capaz de com inteligência científica e investigação abrir caminho ao conhecimento e à mobilização da juventude angolana em moldes nunca antes experimentados.

Ao repetir este tema, extraindo-o de novo do Página Global Blogspot e do Facebook, é nosso objectivo não só saudar a Operação Transparência, mas levar esta questão para um novo patamar de abordagem, quando nunca antes houve essa tão flagrante oportunidade!

Recordo:
25 DE MAIO É DIA DE ÁFRICA

MUITOS SE INTERROGAM COMO UM CONTINENTE TÃO RICO SE TEM AFUNDADO NA MISÉRIA, EM TENSÕES, CONFLITOS E GUERRAS QUE PARECEM NÃO TER FIM.

POR ISSO É JUSTO LEMBRAR O CASO DE ANGOLA E COMO A CONTRA REVOLUÇÃO, AQUELA QUE FOI USADA CONTRA O MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO, SE FOI EQUACIONANDO AO LONGO DOS TEMPOS.

DEPOIS DA GUERRA DOS DIAMANTES DE SANGUE, LEVADA A CABO POR SAVIMBI, NEM POR ISSO O VALE DO CUANGO DEIXOU DE ATRAIR TODO O TIPO DE AVENTUREIROS QUE FAZEM FLUIR MÃO-DE-OBRA BARATA PARA ASMINAS DE OCASIÃO.

ALÉM DE DELAPIDAR O PATRIMÓNIO NATURAL DE ANOLA, O AMIENTE ESTÁ-SE A RESSENTIR DA EXPLORAÇÃO DESENFREADA, QUE ALTERA OS RIOS E PROVOCA CONSEQUÊNCIAS QUE NINGUÉM AINDA IDENTIFICOU!

AINDA O VALE DO CUANGO – II

5 – Tudo seria ainda relativamente inócuo, não fora o facto da atracção migratória clandestina e ilegal integrar cada vez mais gente proveniente de “estados falhados” do espaço CEDEAO, como o Mali, respondendo a estímulos financeiros uma parte dos quais são movidos a partir das monarquias arábicas, mesmo que surjam via de outros estados, incluindo os Estados Unidos, o Canadá e os diversos canais da Europa.

Em Angola não se conseguem identificar os interesses que estão por detrás desse “investimento” que impulsiona a migração ilegal com os olhos postos nos diamantes aluviais do Cuango e do Cassai.

Alguns dos que vêm integrar a exploração desenfreada de diamantes por via do garimpo, no vale do Cuango, entram normalmente por via legal: os financiadores das operações (escalão operativo superior) e alguns dos executivos (escalão intermédio) que preenchem os “comptoirs”.

O grosso dos garimpeiros (entre eles a “mão de obra maliana”), entra todavia ilegalmente (são eles que constituem o escalão de base das redes).

O fluxo ilegal de congoleses provenientes da RDC (grande parte deles também interessados no garimpo artesanal) facilita a entrada de migrantes ilegais provenientes de países islâmicos que são utilizados como trabalhadores no garimpo aluvial, o que indicia que quem promove a “excursão” tem também interesses profundos em território da RDC, na capital e nas regiões limítrofes a Angola.

Consta que os “libaneses” que operaram antes com o clã de Mobutu, enquanto ele se constituiu em regime, estão agora todos dentro de território angolano, envolvidos nas operações de exploração e negócio de diamantes, o que contribui para indiciar o carácter sócio-político da manobra.

Tendo antes servido às redes de suporte a Maurice Tempelsman, agora estão a operar numa região que Tempelsman tinha como alvo, primeiro com o regime servil de Mobutu, depois através dos esforços da American Mineral Fields, imediatamente antes da “saga dos diamantes de sangue” de Savimbi…

6 – O grosso dos migrantes islamitas que vêm trabalhar como garimpeiros (mão-de-obra das redes), são provenientes do Mali, da Mauritânia e da Guiné Conacry, entrando em Angola a partir do território da RDC na sua última fase de aproximação a Angola, em grande parte acompanhando o traçado do Cuango e chegando facilmente ao Cuanza.

Eles constituem o escalão de base dessas redes pois em resultado da sua actividade de garimpo vendem ou entregam os diamantes aluviais a “comptoirs” que são operados maioritariamente por migrantes islamizados provenientes do Senegal, que se encontram nas localidades; os senegaleses são o escalão intermédio.

Os senegaleses dos “comptoirs” são financiados por migrantes “libaneses” que actuam “behind the scenes” como banqueiros e financiadores das operações (escalão executivo superior das redes), ao mesmo tempo financiadores das operações comerciais, de logística e outras, bem como dos “parceiros” angolanos que lhes servem de “cobertura”.

Os “libaneses” vendem uma parte das “colheitas” em Luanda, a “escritórios” operados normalmente por cidadãos israelitas, ou mesmo ao próprio estado, mas conseguem reservar-se ao tráfico fora do controlo das autoridades angolanas sempre que acharem conveniente, recorrendo ou não aos seus “parceiros” nacionais de “cobertura” que se comportam como autênticos mercenários.

Com o rótulo de “libaneses” (o Líbano não possui nem Embaixada, nem Consulado em Luanda), muitos cidadãos oriundos dos países do Médio Oriente tiram partido de várias identidades e passaportes, sem qualquer obstáculo de natureza jurídica-institucional…

7 – A exploração, o negócio e o tráfico ilegais de diamantes fazem o seu entrosamento em muitos casos com o comércio legal, em grande parte “entregue”, sob o ponto de vista de mão-de-obra, a cidadãos de origem maliana e de outras origens islamizadas.

No comércio neo liberal em voga em Angola, os empresários angolanos sedentos de lucros fáceis e com pouco trabalho, buscaram parceiros externos que, tirando partido dos alvarás investem por um lado no sistema a grosso e a retalho, por outro recorrem aos migrantes para que sejam eles a trabalhar nas lojas… a baixo custo e com cargas horárias de actividade sem possibilidade de concorrência!...

Desse modo os impactos do islamismo na região dos vales do Cuango, do Cassai e do Cuanza, estão intimamente associados aos impactos do islamismo na periferia urbana das grandes cidades do litoral, em especial em Luanda.

As periferias do Cacuaco, de Viana e de Benfica espelham essa situação, muito embora em toda a cidade de Luanda hajam negócios e lojas que recorrem ao trabalho dos malianos.

A fronteira entre o que é legal, o que é ilegal e o que é “informal” tornou-se assim cada vez mais ténue em Luanda e isso influi no clima dos grandes subúrbios como o Cacuaco, Viana e Benfica, onde a “oposição”, uma “oposição” que se acoberta também no neo liberalismo, arregimenta e mobiliza com maior êxito…

Potências com embaixadas em Luanda como os Estados Unidos, não deixam de prestar atenção também ao desenvolvimento dos fenómenos humanos resultantes das políticas “globais” que perseguem a via neo liberal, que implicam a migração islâmica, sobretudo a ilegal e a que é introduzida para efeitos de comércio e exploração / negócio de diamantes.

É evidente que este é um fenómeno esperado pelos Estados Unidos, na sequência aliás do que foi criado desde os tempos de Ronald Reagan e dos “freedom fighters” da ocasião: os “contras” na Nicarágua, a UNITA em Angola e os grupos radicais islâmicos, entre eles o de Bin Laden, no Afeganistão!

Até onde eles “continuam juntos”?!

8 – As leis islâmicas chocam em muitos casos com o quadro de leis de Angola, indexadas a uma outra cultura e motivadas para a recuperação do tecido social do país e para a reconstrução nacional.

De entre as leis que chocam estão algumas que se referem ao estatuto da mulher: as leis islâmicas são muito mais compulsivas e restritivas de direitos, enquanto as leis angolanas imprimem a tendência para a igualdade de direitos entre homens e mulheres, vontade aliás expressa na composição dos órgãos do estado a todos os níveis.

É evidente que essa situação começa a causar perturbações de ordem psicológica, social e política, ao pôr em causa o quadro das leis que estão a ser implementadas pelo estado angolano, resultando numa forma de desregramento e de “desobediência civil”, muito ao gosto de sensibilidades como a UNITA, o CASA-CE, ou ainda algumas instituições de “direitos humanos” e organizações sociais afins...

Por detrás dessa tendência e das correntes que a movem, o acompanhamento de vários sectores da Embaixada dos Estados Unidos está garantido: é só, por exemplo, verificar o papel da Voice of América ao serviço de campanhas que comportam o módulo psicológico do desregramento social, ao serviço dos seus interesses, da “oposição” engajada numa “primavera” de contornos cada vez mais definidos, das multinacionais que servem e dum cartel de diamantes ansioso por continuar a saga de fazer desgastar o que resta do movimento de libertação e do nacionalismo angolano!...

Esse clima, ao ser aproveitado por algumas tendências políticas em especial nos subúrbios de Luanda, dá relevo à “desobediência civil” e às tensões, visando confrontar o próprio estado angolano e gerar a atmosfera propícia, análoga à atmosfera das “primaveras árabes”!

A radiografia das tendências de voto que fiz sobre as eleições, espelham a conjugação desses factores, que contribuíram para impulsionar a tendência de voto na UNITA e no CASA-CE!

Fotografia: As quedas Tazua no Cuango internacional

A consultar:
- Le diamant, le commerçant du fleuve Sénégal et la ville – http://www.annalesdelarechercheurbaine.fr/IMG/pdf/Bredeloup_ARU_78.pdf
- La fin du Congo et de l'Afrique coloniale – http://www.congonline.com/Forum1/Forum06/Sikaduma01.htm
- Corrupção nas fronteiras facilita migração ilegal – http://s362849928.onlinehome.us/home/semanario_angolense_464.pdf
- O perigo do Islão em Angola – http://www.opais.net/pt/opais/?det=2703
- Angola não é alvo prioritário do terrorismo islâmico – http://www.opais.net/pt/opais/?det=29888
- DEMOGRAFIA, IDENTIDADE NACIONAL, ASSIMETRIAS E ELEIÇÕES – http://paginaglobal.blogspot.pt/2012/08/angola-demografia-identidade-nacional.html

Ler também

Guiné-Bissau | Mariama, ativista e vítima da mutilação genital feminina dá rosto contra a prática


Mariama Djaló foi vítima da mutilação genital feminina na Guiné-Bissau, mas hoje, em Portugal, aos 48 anos, junta-se a dezenas de ONG´s e Governos para combater a prática.

A excisão ou a mutilação genital feminina (MGF) é uma prática tradicional que atenta contra os Direitos Humanos em vários países africanos, entre os quais a Guiné-Bissau, o Senegal e Moçambique. Em Portugal, várias entidades colaboram com a Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade, visando implementar estratégias eficazes de prevenção junto das comunidades imigrantes perante uma prática complexa, considerada crime, mas difícil de se erradicar.

O Governo português leva a cabo uma campanha contra a Mutilação Genital Feminina (MGF) e, no âmbito do programa em curso, vai reunir todos os líderes religiosos, em 2019, para uma ação conjunta pelo fim desta prática nefasta. No próximo dia 25 de novembro, realiza-se em Lisboa uma marcha feminina, no âmbito do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres.

Mariama Djaló tem 48 anos de idade. A residir em Portugal há seis anos, esta cidadã guineense conta, sem tabu, que foi mutilada: "eu também, no meu caso, não tenho problemas de falar da Mutilação Genital Feminina. Sou vítima desta prática”, conta à DW África.

Mariama faz parte do leque de jovens guineenses que foram submetidas à excisão, por força da tradição. Em Portugal, a mutilação genital feminina é considerada crime. No entanto, durante as férias aqui, muitas raparigas são levadas para os países de origem para serem submetidas a esta prática.

"Antes mutilavam, mas agora sabendo que é um crime, passaram a mandar as crianças passar férias em África, depois voltam cá mutiladas”, revela ainda Mariama Djaló.
Tal como a sua conterrânea e ativista dos Direitos Humanos, Fatumatá Djau Baldé, Mariama decidiu dar a cara contra a Mutilação Genital Feminina, seja em Portugal seja na Guiné-Bissau.

"Inclusive fiz parte da Associação de Filhos e Amigos de Farim, com a qual tínhamos um projeto que durou um ano, que nós acabamos de implementar recentemente. Por mim, acho que a melhor forma de poder combater esta prática é a nossa intervenção no terreno, [junto das] nossas comunidades. Concretamente para poder falar com as pessoas, sensibilizando-as no sentido de podermos banir esta prática maléfica.”

Uma lâmina para todas
Cerca de 190 guineenses mutiladas em Sintra

Djarga Seidi, presidente da Associação Balodiren - Solidariedade e Apoio à Comunidade Guineense, diz que conhece alguns casos de mulheres mutiladas na Guiné-Bissau, sobretudo no concelho de Sintra, em Portugal, onde radica cerca de 40 mil imigrantes.

"De acordo com as informações que temos os números apontam para cerca de 180 a 190 pessoas identificadas cá em Portugal, que foram mutiladas. A maior parte se encontra sobretudo no concelho de Sintra.”

Não há números oficiais exatos que comprovam isso. De acordo com a Secretária de Estado da Saúde, Raquel Duarte, foram identificados três casos recentes.

"A grande maioria dos casos não foi praticada aqui em Portugal. No entanto há identificação de três casos praticados em Portugal. É preciso claramente termos uma noção da realidade, ter uma sensibilidade a nível dos profissionais para a sua identificação, ter uma sensibilidade dos profissionais para a sua resolução e isso só pode ser feito também com o envolvimento das comunidades, com o envolvimento da população, porque isto realmente só em conjunto é que consegue ser resolvido.”

Além de todo o trabalho de informação para a mudança de mentalidade e de comportamento, a comunidade também é sensibilizada sobre os riscos que a excisão representa para a saúde. "É preciso combater o mito ou as falsas ideias de que a MGF tem a ver com questões religiosas e culturais", refere Eduardo Djaló, presidente da Associação de Filhos e Amigos de Farim, que em 2017 venceu a terceira edição do prémio contra a mutilação genital feminina "Mudar aGora o Futuro”.

"Não tem nada a ver com tradição nem religião nem nada. Simplesmente é uma prática nefasta à saúde das crianças e das mulheres.”

Líderes religiosos não incentivam à prática

Recentemente, Fatumata Baldé afirmou que em Portugal "há líderes de mesquitas a defender que a excisão é uma recomendação islâmica inscrita no Corão em nome da pureza das raparigas". Eduardo Djaló diz que não conhece nenhum caso de prática da excisão que tenha sido incentivado por líderes religiosos ligados ao islão.

"Já ouvimos por aí, mas ainda não tivemos nenhum caso em concreto. Mesmo assim acho que o trabalho tem que ser direcionado para os líderes religiosos. Porque é mais fácil as pessoas acreditarem nos líderes religiosos do que nós que somos ativistas e trabalhamos a temática.”

Os profissionais de saúde portugueses têm recebido formação até para identificar as várias formas de mutilação. Para conhecer melhor a realidade, Portugal tem cooperado com a Guiné-Bissau, com o contributo de vários parceiros não-governamentais, nomeadamente com o Comité para a Erradicação das Práticas Tradicionais Nefastas, no sentido de acompanhar situações de risco envolvendo crianças e jovens nos dois países. Neste esforço conjunto, é preciso envolver as lideranças religiosas, segundo refere Rosa Monteiro.

"Inclusivamente, quando estive agora em setembro na Guiné-Bissau, pude encontrar-me com um dos mais importantes líderes religiosos islâmicos que é um absoluto defensor e propaga precisamente esta mensagem na comunidade do erro que é, dos riscos e do atentado à saúde das raparigas e das mulheres que são estas práticas. Portanto, é essa mensagem também que se tem que trabalhar aqui em Portugal.”

Governo português realiza encontros em 2019

A Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade de Portugal adiantou à DW África que está previsto um encontro, em 2019, com todas as lideranças religiosas visando o reforço do seu papel na desconstrução da associação que é feita entre a tradição e mutilação.

"Nós temos um conjunto de parceiros já identificados para organizar este encontro, que vai trazer alguns líderes também da Guiné-Bissau e promover uma partilha, uma reflexão sobre este problema a partir também do trabalho que tem vindo a ser realizado pelo Alto Comissariado para as Migrações no domínio do diálogo inter-religioso.”

João Carlos, Lisboa | Deutsche Welle

SIDA: Cabo Verde elimina transmissão de mãe para filho


Cabo Verde está a preparar-se para ser certificado como um país que conseguiu anular a transmissão vertical do vírus (passada da mãe para o filho, durante o período da gestação (intra-uterino), no parto (trabalho de parto ou no parto propriamente dito) ou pelo aleitamento materno), mas ainda há um longo caminho a percorrer disse, este sábado, o ministro da Saúde e da Segurança Social, Arlindo do Rosário, no discurso do Dia Mundial de Luta Contra a Sida

Segundo o governante, citado pela Inforpress, apesar da taxa de prevalência do VIH-Sida ser ainda relativamente baixa, 0,8 por cento (%), e muito já se ter feito em relação à transmissão vertical, as autoridades não podem ficar “reconfortados com esses ganhos”.

“Ainda há um conjunto de desafios e um longo caminho a ser percorrido, para diminuirmos a prevalência, para aumentarmos a cobertura em termos de tratamento, para conseguirmos aumentar a redução da carga viral daqueles que estão a fazer tratamento”, sublinhou.

Sobre os constrangimentos, o ministro disse que um dos problemas é o baixo financiamento. Segundo Arlindo do Rosário, apesar do apoio da Organização Mundial da Saúde e do Fundo Global há ainda a necessidade de contar com mais financiamento interno.

Os dados apresentados pela representante do secretariado executivo do Comité de Coordenação do Combate à Sida (CCS/Sida), Maria Celina Ferreira, mostraram que, em média, Cabo Verde regista 300 novos casos diagnosticados anualmente nas estruturas públicas de saúde e nas estruturas da sociedade civil.

Cabo Verde, revelou, tem em seguimento nos serviços de saúde cerca de 2.600 pessoas e 78% já têm acesso ao tratamento antirretroviral.

Inforpress | em Expresso das Ilhas

Deutsche Bank é alvo de buscas ligadas aos "Panamá Papers"

Sede do banco em Frankfurt foi um dos alvos das buscas
Funcionários do maior banco da Alemanha são suspeitos de ajudar clientes a fundar empresas em paraísos fiscais e a transferir dinheiro proveniente de atividades criminosas para contas da instituição financeira.

Investigadores alemães realizaram buscas em vários escritórios do Deutsche Bank na região de Frankfurt nesta quinta-feira (29/11), como parte de uma investigação sobre suposta lavagem de dinheiro.

Com base em informações reveladas nos chamados Panama Papers, as autoridades suspeitam que funcionários do maior banco privado da Alemanha tenham ajudado clientes a fundar empresas offshore em paraísos fiscais. Dinheiro proveniente de atividades criminosas teria sido transferido para contas do Deutsche Bank.

Cerca de 170 funcionários da promotoria pública de Frankfurt, do Departamento Federal de Investigações (BKA), da unidade de investigações fiscais (Steuerfahndung) e da Polícia Federal participaram das operações.

A sede do Deutsche Bank foi um dos alvos das buscas. Segundo investigadores foram apreendidos documentos impressos e em formato eletrônico.

De acordo com a promotoria pública de Frankfurt, as investigações têm como alvo dois funcionários da instituição financeira, com 46 e 50 anos de idade, e "outros responsáveis ainda não identificados".

Os suspeitos são acusados de não terem denunciado tentativas de lavagem de dinheiro, mesmo havendo evidências suficientes de atividades ilegais.

Por meio de uma companhia sediada nas Ilhas Virgens Britânicas e pertencente ao Deutsche Bank, mais de 900 clientes com um volume de negócios de 311 milhões de euros teriam sido atendidos somente em 2016.

Segundo os investigadores, as suspeitas contra os funcionários do Deutsche Bank surgiram após o BKA analisar os Panama Papers, série de reportagens divulgada pela imprensa de vários países em 2016 e que revelou como ricos e poderosos usam paraísos fiscais para esconder seu dinheiro.

Em comunicado, o Deutsche Bank afirmou que vai cooperar com as autoridades nas investigações e confirmou que as suspeitas têm ligação com os Panama Papers.

LPF/dpa/afp | Deutsche Welle

Rússia vs Ucrânia | A quem aproveita o incidente do Estreito de Kerch?

Um avião espião dos EUA fotografado durante um reconhecimento perto do estreito de Kerch
Valentin Vasilescu*

Valentin Vasilescu recapitula o papel dos aviões de reconhecimento dos EUA e de Israel no incidente de Kerch. Estes dados foram confirmados pelo FSB russo (do qual depende a Guarda Costeira), que divulgou vídeos do interrogatório dos marinheiros ucranianos e um documento apreendido a bordo de um dos seus navios.

Os média internacionais informaram mal quanto ao incidente acontecido no Estreito de Kerch, tentando fazer crer que se tratava de uma limitação de tráfego marítimo internacional pela Rússia. A minha opinião é que este incidente pode ter graves consequências militares para a Rússia, as quais poderiam levar à perda da Crimeia.

As tropas terrestres nem sempre dispõem de suficientes informações sobre o inimigo e utilizam um processo de «reconhecimento» para fornecer dados suplementares. Por exemplo, um grupo de reconhecimento, embarcado em veículos altamente móveis, inicia o combate contra o inimigo durante alguns minutos e em seguida, se não for capturado, retira-se muito rapidamente.

Durante o incidente ocorrido no Estreito de Kerch, em 25 de Novembro de 2018, as duas pequenas vedetas blindadas ucranianas (Berdyansk e Nikopol), da classe Gyurza-M, efectuavam uma missão de reconhecimento. O seu objectivo não era atravessar o Estreito de Kerch, mas o de desencadear uma reacção do dispositivo de combate russo encarregue de defender a ponte sobre o Estreito. Os dois navios estavam idealmente adaptados a este tipo de missão, já que eles são mais rápidos e mais manobráveis do que os navios da Guarda Costeira e os da Marinha, fortemente armados.

Foi a parte visível do incidente. Houve um outro aspecto, invisível esse, muito mais importante do que aquele que os média apresentaram.

De facto, as informações resultantes da «operação de reconhecimento» não são coletadas pelo grupo de reconhecimento que estabelece o contacto com o inimigo, quer dizer, no caso presente, os pequenos navios Berdyansk e Nikopolda marinha militar ucraniana, antes uma outra estrutura de reconhecimento que age em segredo. Ela é especificamente posta em acção para vigiar a reacção do inimigo (quer dizer o dispositivo de defesa da ponte russa e do Estreito de Kerch) graças a pontos de observação terrestres, meios aéreos, meios navais, sistemas de intercepção de emissão em radiofrequências, sistemas de detecção de radar, infravermelhos, etc. O Exército ucraniano não montava um dispositivo de reconhecimento tão complexo perto do Estreito de Kerch, já que ele não dispõe dos meios para isso. Mas, como o havíamos mostrado num artigo precedente, um pouco antes do incidente, os Estados Unidos e Israel tinham estado muito activos na região.

A 5 de Novembro, um avião russo Su-27 interceptou um avião norte-americano, da série ELINT EP-3E 157316, indicativo AS17, que levantara da base de Souda, na ilha de Creta, voando na proximidade das águas territoriais da Crimeia. A 19 de Novembro, um avião de reconhecimento israelita Gulfstream G-550 Nachshon Aitam (indicativo de vôo 537) sobrevoou o Mar Negro à volta do Estreito de Kerch.

O incidente ocorrido no Estreito de Kerch foi vigiado, durante todo o dia, por aviões de reconhecimento norte-americanos US SIGINT. Um de entre eles, de tipo RC-135V, série 64-14841, indicativo JONAS 21, sediado na baía de Souda, na ilha de Creta, evoluiu na margem do Mar Negro, próximo à Crimeia. Uma segunda aeronave, um drone de alta altitude de tipo RQ-4B, série 11-2047, com o indicativo FORTE10, voou no Leste da Ucrânia perto do Mar de Azov. O RQ-4B é operado a partir da Base Naval americana de Sigonella, na ilha da Sicília.

A 27 de Novembro, outro avião de reconhecimento P-8A série 168859 P-8A, efectuou um vôo de reconhecimento no Estreito de Kerch e na Crimeia, a partir da base de Sigonella.

O SIGINT (Signals intelligence) é um sistema de vigilância compreendendo a intercepção de comunicações (rádio, telefone móvel, linha de dados, Internet), quer dizer o COMINT (Comunications Inteligence), e a intercepção de sinais de radar e outros dispositivos de navegação, de detecção ou empastelamento (infravermelho, laser, etc.) chamados ELINT (Electronic Intelligence).

Graças a estes equipamentos montados em aviões de reconhecimento, o incidente provocado pelos navios ucranianos no Estreito de Kerch permitiu aos Estados Unidos saber com detalhe : ---A composição e a localização do dispositivo terrestre e marítimo russo destinado a proteger o Estreito —(a estrutura de gestão, as frequências de rádio utilizadas, as etapas do procedimento de intervenção e as responsabilidades das diferentes sub-unidades russas, a aérea, terrestre e a naval, de acordo com o plano de interligação operacional)— e as direções e sectores mal defendidos ou vulneráveis.

Assim, apesar de os pequenos navios ucranianos e as suas tripulações terem sido detidos pelas forças russas, eles fizeram o seu trabalho. Uma missão que só poderia ter sido ordenada pelos Estados Unidos.
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Sobre o mesmo assunto:
« Détroit de Kertch : l’incident semble avoir été préparé et planifié par les États-Unis et Israël », par Valentin Vasilescu, Traduction Avic, Réseau Voltaire, 27 novembre 2018.
Confirmação da nossa versão do incidente de Kerch”, Tradução Alva, Rede Voltaire, 30 de Novembro de 2018.
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Valentin Vasilescu | Voltaire.net.org | Tradução Alva

HOJE | Protestos em Paris causam 10 feridos e mais de 100 detidos


Milhares de manifestantes do movimento "coletes amarelos" protestam este sábado (1) na capital francesa, tendo já dado origem a vários incidentes nos Campos Elísios, em Paris. Vinte pessoas ficaram feridas e mais de 107 foram detidas, comunicou o canal BFMTV.

As pessoas vestidas com coletes amarelos começaram a se reunir nos Campos Elísios de manhã cedo, mesmo antes do começo da manifestação, planejada para as 14h00, informou o canal.

Comunica-se que o número de detidos atingiu 107. Vinte pessoas ficaram feridas, inclusive 6 policiais. O correspondente do RT France Lucas Léger ficou ferido no decorrer da transmissão ao vivo nos Campos Elísios.

Sete estações de metro estão fechadas por causa dos protestos. A segurança da manifestação é assegurada por mais de seis mil policiais e gendarmes.

Já tiveram lugar vários incidentes entre os policiais e manifestantes que tentaram capturar o ponto de controle na entrada da zona de protestos. Duas pessoas foram presas por transportar armas proibidas, segundo uma fonte policial. As forças de segurança usaram gás lacrimogéneo e jatos de água.

Manifestações de massa contra o aumento dos preços dos combustíveis ocorrem na França desde 17 de novembro, quando, de acordo com o Ministério do Interior da França, mais de 287 mil pessoas foram às ruas.

O preço do diesel na França subiu cerca de 23% este ano, enquanto o preço da gasolina subiu 15%. A expectativa é de que os preços subam ainda mais a partir de janeiro.

Sputnik

França | Rumo a uma convergência das lutas?

Ao lado dos "coletes amarelos", coletes... vermelhos!

Rémy Herrera

As cadeias de televisão de todo o mundo tiveram o prazer de retransmitir os acontecimentos de rua que decorreram em Paris no sábado 24 de Novembro. Mas nem todas elas tiveram o cuidado de fornecer aos progressistas os elementos necessários para ir além de uma impressão de caos e compreender a situação actual. Na 24, como aconteceu uma semana antes, milhares de "coletes amarelo" ultrapassaram facilmente os cordões policiais e invadiram os Campos Elíseos para ali gritar sua hostilidade à política conduzida pelo presidente Emmanuel Macron. Mas desta vez, as forças da ordem (cerca de 3000 homens mobilizados para a ocasião) conseguiram impedir toda aproximação ao palácio presidencial.

As sucessivas tentativas de avanço rumo ao Eliseu dos grupos de coletes amarelos, implacavelmente repelidos por uma chuva de granadas lacrimogéneas e golpes de bastão, duraram, sem a menor interrupção, das 09h30 às 23h30. Ao longo de toda a jornada, dezenas de barricadas haviam sido formadas pelos manifestantes, depois desmontadas pelos CRS. E os múltiplos braseiros ateados na capital, foram extintos uns após os outros pelos bombeiros. Novos feridos de um lado e do outro, novas e numerosas interpelações. E, na mesma noite, vídeos – que não pareciam visivelmente serem fakes – circulavam na web e já provocavam agitações nas quais polícias encapuçados, esgotados por estes afrontamentos e nauseados pelo dever de reprimir "um povo que se bate pelas [suas] próprias reivindicações" (o aumento dos salários e a defesa dos serviços públicos, dentre outras), queixavam-se de não ter podido fazer pausas e apelavam aos seus colegas para... aderirem à mobilização dos coletes amarelo! Isto é a França!

A estratégia de comunicação do governo foi tentar reduzir a rebelião a um golpe de força da extrema-direita. Hábil. Está bem claro com efeito que a extrema-direita estava lá, ela também, misturada entre os amotinados. Mas trata-se igualmente de que Emmanuel Macron espera designar ele próprio seu futuro adversário (na pessoa de Marine Le Pen) nas próximas eleições – o que lhe daria uma vitória confortável (mas sem legitimidade), como em 2017. Este presidente que, como ele pretende "não recua", sabe que os franceses não desejarão racistas para dirigi-los e procura, assim, encerrá-los numa armadilha: ou ele, ou a extrema-direita. Contudo, ele rapidamente terá de aceitar a evidência de que os coletes amarelos agrupam muito mais do que isto. Trata-se da vaga de fundo de todo um povo. Classes médias pauperizadas inclusive.

O "movimento" dos coletes amarelos não tem líderes e não os quer, mesmo que em meio à confusão "representantes" (designados não se sabe bem como) tenham sido recebidos com urgência pelo ministro da Ecologia e Energia para discutir, num canto da mesa, maneiras de tornar a famosa transição ecológica "aceitável para os mais pobres"...Uma transição ecológica absolutamente fundamental e indispensável (quem duvida, excepto Donald Trump e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita?), mas utilizada eficazmente pelo governo neoliberal de Édouard Philippe como pretexto ao serviço de uma máquina de guerra social: a busca de uma política de rigor salarial que mais ninguém quer.

Em termos mais amplos, o problema da liderança certamente também se coloca para as organizações de esquerda. Sindicatos especialmente. Os dirigentes dos sindicatos reformistas ?– sobretudo aqueles CFDT – prosternaram-se imediatamente aos pés do governo, que os recompensou louvando seu "sentido de negociação" (tradução: de submissão). Muito mais importante é o que acontece com a CGT. Uma CGT cujos resultados nas eleições profissionais colocaram, em 26 de novembro, claramente à testa dos sindicatos da SNCF – e felizmente. Na base, e internamente, vozes cada vez mais audíveis haviam manifestado amarga decepção por ver as instâncias confederais da CGT dedicarem-se a abrandar o ritmo de greves e manifestações de Abril-Maio-Junho, na expectativa de um retorno à calma – e das férias de Verão. Mas as lutas dos trabalhadores, embora dispersas e menos mediatizadas, na realidade nunca cessaram desde a Primavera ... Hoje, a decisão do secretário-geral da CGT, Philippe Martinez (o qual em Maio 2017 havia apelado a que "Macron obtenha o melhor resultado possível" para vencer a candidata da Frente Nacional) de "se distanciar" da mobilização dos coletes amarelos, fez as suas tropas reagirem.

Nesta data de quinta-feira 29 de Novembro, a lista dos camaradas que se puseram em greve e que bloqueiam suas unidades de trabalho nos sectores da energia (reservatórios petrolíferos, nuclear...), da saúde (trabalhadores de ambulâncias) ou da grande distribuição (lojas Carrefour), em solidariedade com os coletes amarelo já é demasiado longa para que as pormenorizemos nestas linhas. E eis que "coletes amarelos" da CGT anunciam que doravante seria preciso igualmente contar com eles: apoiarão os coletes amarelos e responderão presente ao apelo destes últimos para se manifestar novamente, em toda a França, e evidentemente na capital, no próximo sábado 1 de Dezembro.

O presidente Macron e os potentados do dinheiro a que ele serve com zelo deveriam inquietar-se. Um movimento popular de fundo, maciço, mulltiforme, obstinado, imparável, parece estar lançado. E a "convergência das lutas" tão buscada na Primavera poderia talvez começar a desenhar-se antes da entrada no Inverno. 


29/Novembro/2018

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