Autoridades judiciais da
Guiné-Bissau lançam operação "Red Line" para combater o tráfico de
passaportes diplomáticos e de serviços. Governo nega que haja tal negócio no
país.
A polícia judiciária guineense
confirmou à DW África a execução da operação "Red Line", lançada
em 08.12, que visa combater o tráfico de passaportes da Guiné-Bissau -
principalmente a venda de passaporte diplomático. São passaportes vendidos a
grupos estrangeiros, muitas vezes envolvidos com o crime organizado.
A PJ guineense está na posse de
uma longa lista de cidadãos nacionais da Alemanha, Nigéria, Rússia, Espanha,
França, Togo, China, Emirados Árabes Unidos, entre outros países, que terão
comprado, de forma ilegal, os passaportes guineenses.
Uma fonte da PJ revelou que
nos últimos anos a prática decorreu com frequência, citando o caso de um
cidadão francês que recebeu o passaporte diplomático guineense há um ano, e que
neste momento está a ser investigado em França pela secreta local.
Justiça
As denúncias foram feitas há
anos, mas nunca nenhum implicado foi levado à justiça, apesar de vários casos
que indiciam essa prática criminosa, que alegadamente envolve altas figuras do
Estado guineense.
Por sua vez, Domingos Correia,
diretor-geral adjunto da polícia judiciária, afirma que a investigação e a
operação continuarão:
"Confirma-se que foi lançada
a operação 'Red Line' para investigar diversas denúncias que a PJ teve acesso
sobre o tráfico de passaportes da Guiné-Bissau, em especial o passaporte diplomático.
Estamos na fase operacional e, devido aos imperativos de segredos que cobrem a
investigação, não estamos em condições de dar mais detalhes. Mas os trabalhos
estão em curso", explicou.
Detenção
No início da operação "Red
Line", a PJ deteve, por algumas horas, responsáveis da INACEP, imprensa
nacional, responsável pelo banco de dados de passaportes e bilhetes de
identidade dos guineenses, cujo servidor central se encontra na Eslováquia.
Confrontado com a situação pela
DW, o ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional, João
Butiam Có, nega que haja tráfico de passaportes e afirma que tudo está sob
controle.
"Posso garantir que
nunca tivemos todo o controlo de passaportes como agora na Guiné-Bissau. Podem
fazer a operação e espero bem que divulguem os resultados para que os
guineenses fiquem a saber do bom trabalho que estamos a fazer. Não há tráfico
de passaportes - nem diplomático ou de serviço -, por isso, estamos completamente
à vontade".
A PJ manifesta a sua determinação
em continuar o combate à emissão ilegal dos documentos da
Guiné-Bissau aos cidadãos estrangeiros para facilitar os seus negócios. Nas
redes sociais, cidadãos anónimos postaram cópias de inúmeros passaportes diplomáticos
emitidos aos asiáticos e europeus, que entretanto, nunca conheceram a
Guiné-Bissau.
Braima Darame (Bissau) | Deutsche
Welle
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