Dezenas de pessoas participaram
esta terça-feira num protesto contra a construção do novo aeroporto no Montijo,
preterindo Alcochete, tendo sido entregue ao Governo um memorando com seis
razões.
A
manifestação, promovida pela «Plataforma Cívica Aeroporto BA6-Montijo
Não!», teve como objectivo contestar a escolha da base
aérea para o aeroporto complementar de Lisboa, tendo
sido apresentadas seis razões contra o local.
«Entregámos o memorando e um conjunto
de documentos ao assessor do primeiro-ministro que, no essencial, elencam
um conjunto de razões que nos levam a dizer que a opção pelo Montijo é a pior
das opções. Se houvesse uma espécie de concurso para escolher a pior sítio, era
o Montijo que era eleito, de certeza absoluta, por todas as razões: ambientais,
saúde pública, tudo aquilo que possamos imaginar», afirmou à Lusa José
Encarnação, membro da plataforma.
«Nesse conjunto de documentos,
demonstrámos – com matéria de facto, estudos e trabalhos que têm sido feitos ao
longo dos anos por muita gente, designadamente pelo engenheiro Carlos Matias
Ramos aquando da sua presidência do Laboratório Nacional de Engenharia Civil –
que se o Governo quisesse abrir o concurso público para iniciar as obras para
construção do novo aeroporto no campo de tiro de Alcochete podia fazê-lo já
amanhã», acrescentou.
No caso do campo de tiro, José
Encarnação referiu que já existem «estudos, há cálculos económico-financeiros e
uma Declaração de Impacto Ambiental que está em vigor até 2022, porque foi
sendo sucessivamente renovada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA)»,
enquanto que no Montijo não há.
O representante referiu
ainda que «não há nenhuma razão objectiva para dizer que não
a Alcochete», excepto que «a VINCI [empresa que adquiriu a ANA –
Aeroportos de Portugal] não quer pagar. E o Governo submete-se aos
interesses da VINCI», acusou, tendo acrescentado que, mais tarde ou
mais cedo, será de facto necessário construir outro aeroporto em
Alcochete, visto que a base àrea do Montijo não tem espaço de
expansão.
Barreiro e Moita debaixo
de intenso ruído.
Presente no protesto, o
presidente da Câmara da Moita, Rui Garcia (CDU), um dos municípios que deverão
ser fortemente afectados pela construção do futuro aeroporto do Montijo – por
ter dezenas de milhares de pessoas a viver na Baixa da Banheira, na zona
debaixo do cone de aproximação e de descolagem do futuro aeroporto –, disse que
«o País vai pagar caro» por esta opção.
«A escolha do Montijo é uma
solução que o País vai pagar caro, porque se vai esgotar rapidamente no tempo,
porque tem impactos graves sobre o ambiente e sobre o potencial de
desenvolvimento do estuário do Tejo, que pode ser um dos grandes factores de
atracção para o turismo, lazer, desporto, e para a preservação ambiental desta
área metropolitana. E agora vai-se fazer um aeroporto, o que não atrai, antes
vai afastar as pessoas», realçou.
Risco de colisão com aves em
zona protegida
Por sua vez, Manuel Fernandes,
que também integra a plataforma, afirmou que o futuro aeroporto do Montijo é
«um atentado, porque põe em causa a saúde pública e a segurança aérea».
«Vivem aqui mais de uma centena
de milhar de aves que correm o risco de chocar com os aviões a
baixa altitude. Se uma ave de grande porte chocar com o vidro do cockpit de
um avião, ou se forem sugadas pelos reactores, o piloto pode ficar sem condições
para evitar uma tragédia», disse.
AbrilAbril | com Agência Lusa
Imagens: 1 -A comissão
organizadora apela à participação da população para a defesa dos interesses da
região e do País Créditos/Diário da Região .
2 - Protesto contra
infraestrutura aeroportuária na Base do Montijo, convocada pela Comissão
Promotora da Marcha BA6 Não!, Baixa da Banheira. 29 de Setembro de 2018 Créditos Rui
Minderico/Agência Lusa
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