Ana Alexandra Gonçalves* | opinião
Não haverá registo de um
Presidente da República telefonar para um programa de televisão - depois de
interromper uma reunião - com a finalidade, única e exclusiva, de dar os
parabéns à apresentadora. A partir de 7 de Janeiro de 2019 passa a existir esse
registo, com Marcelo Rebelo de Sousa a ser o autor do telefonema. Qual é o
propósito disto? Há quem relacione com a saída da apresentadora do canal,
envolto em polémica depois da presença de Mário Machado e há quem chame à
colação a amizade entre os protagonistas da peripécia.
Isto seria apenas um fait-divers
não se tratasse do Presidente da República. Não se pretende com isto inferir
que o Presidente deva ser uma figura cinzenta e apagada como foi o seu
antecessor que só rejubilava perante uma oportunidade de mostrar a sua
perversidade. No entanto, as acções do Presidente têm invariavelmente uma
leitura política e são fortemente escrutinadas. Um Presidente pode mostrar-se
pronto para todas as ocasiões, mas não pode estar em todas as ocasiões,
sobretudo naquelas que são claramente desadequadas.
Ainda assim, este telefonema
despropositado é muito pouco comparado com os elogios que Marcelo fez a
Bolsonaro por ocasião da tomada de posse do novo Presidente brasileiro.
*Ana Alexandra Gonçalves |
Triunfo da Razão
Cartoon em António Jorge Gonçalves
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