O presente título não se destina a fazer-nos felizes mas sim para que aquilatemos o que se passa nas direitas em
Portugal… Ou será muito mais correto dizermos Direitas do Fascismo e
Neoliberalismo de quem são as respetivas antecâmaras? Decerto que sim.
Está à vista que PSD e CDS estão
desesperados com a chamada “geringonça das esquerdas” (como lhe chamam, bem).
Enquanto no CDS o encosto em Assunção Cristas permite sonharem com subida de
votação nas eleições, esquecendo a irrelevância e travessia no deserto político
que vêm fazendo, o PSD permanece em guerra aberta contra Rui Rio, o líder que
foi eleito de acordo com a regulação estatutária daquele partido político.
Ou seja, o PSD anda em guerras
intestinas por via de uma espoleta chamada Passos Coelho e seus mais
confidentes e confiantes pares, de onde sobressai Luís Montenegro – um fiel do
ex-lider Passos Coelho, de cauda a dar-a-dar, à espera do que para ele sobrar.
Os dissidentes querem mergulhar ainda mais no neoliberalismo, numa profunda
remodelação mais à direita, mais da exploração laboral, mais da privatização
dos bens públicos quase doados aos abutres do empresariado e financistas que têm
por lema que os prejuízos devem ser pagos pelos contribuintes portugueses
(neste caso) e os lucros pertencem-lhes em exclusivo. Dito
assim está tudo dito. É a verdade pura e dura. Disso existem muitos exemplos.
Estamos portanto a assistir aos
movimentos da Direita Mete Nojo que não se cansam de esbulhar Portugal e os
portugueses. Eles dizem que não, pudera, mas sempre que se lhes entrega os
poderes é exatamente o que fazem com um zelo que nos estonteia e depena, para
além de miserabilizar milhões de portugueses.
Enquanto isso, ocorre na
comunicação social uma insistente campanha de cariz facilitadora das Direitas
Mete Nojo. Até vimos em televisão a promoção de fascistas, racistas, xenófobos,
criminosos cuja presença se torna intolerável devido à intolerância comprovada
de tais energúmenos entrevistados e pretensiosamente, publicamente, promovidos
em “branqueamentos de caráter” que certamente não estão dissociadas das estratégias
da referida Direita Mete Nojo.
Nada de euforias. A direita vai recompor-se e regressar aos poderes. Assim não será se Portugal e os portugueses adquirirem consciência dos perigos que representam para a democracia de facto, para a sua sustentabilidade digna e justa a todos os níveis.
O Curto de hoje vai a jogo no
mini-descasque PSD. Autoria de Ricardo Costa, um senhor SIC, balsemanista. esse tema e muito mais. Vá ver. E
então? Pois.
Bom dia, bom final de semana… Desde
que consiga não passar fome, abrigar-se numa casa, dispor de um mínimo de
conforto e harmonia familiar, já não será nada mau. Depois, na próxima
segunda-feira… vira o disco e toca o mesmo. Pois. (MM | PG)
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
PSD, entre a revolução de
fevereiro e a revolução de Outubro
Ricardo Costa | Expresso
O centenário da revolução
bolchevique foi no ano passado, mas o PSD parece empenhado em seguir
o guião dessa época de turbulência em 2019. Os críticos estão divididos
entre fazer a revolução em fevereiro ou deixar a estocada final para
outubro, quando o descontentamento das massas for maior e já se perceba quem é o Lenine capaz
de levar a coisa até ao fim.
Para já, é fácil perceber que a revolução de fevereiro estáem marcha. Uma simples
frase de Manuela Ferreira Leite trouxe os revolucionários à rua a pedirem
a cabeça de Rui Rio, que continua impávido e sereno no seu Palácio de Inverno,
indiferente ao mundo, porque afinal, se esteve certo tantas vezes porque é que
não há de estar certo esta?
Pois bem, hoje ao fim da tarde, Luís Montenegro, chefe da cavalaria passista, antecipa-se a todos (e são uns quantos) para dizer que está disposto a morrer pela causa, batendo-se como um cossaco. Vai desafiar Rui Rio a contar sabres num Conselho nacional de destituição do líder.
Se o perder, Montenegro parte para o exílio até outubro, à espera de um trambolhão nas legislativas. Se ganhar, fica com o poder nos braços, a muito pouco tempo das Europeias e das legislativas. Não é o primeiro, já aconteceu a Durão em 1999, mas digamos que a estaleca revolucionária e tribunícia do ex-MNE era doutro calibre, e tinha sido largamente treinada (parte física e cadeiradas incluídas) nos anos setenta.
A velocidade a que tudo isto aconteceu foi surpreendente, mesmo para quem conhece bem o PSD e a sua longa história de autofagia, altura deste Curto em que me atiro para adaptar um célebre poema de Carlos Drummond de Andrade:
Rio não amava Passos que não amava Ferreira Leite.
Manuela não amava Menezes que não amava Mendes,
que não amava Santana.
Durão foi para para Bruxelas, Marcelo para a televisão,
Nogueira foi para banca, Cavaco para o Banco de Portugal.
Montenegro casou-se com o aparelho que ainda não tinha entrado nesta história.
Como podem ver, a cronologia é longa e não há um líder desde Cavaco Silva que tenha tido descanso, salvo Passos Coelho ou Durão enquanto estiveram no poder. No PSD, oposição rima com revolução.
Vamos então ver o que a imprensa nos traz sobre a vida nas barricadas:
Para já, é fácil perceber que a revolução de fevereiro está
Pois bem, hoje ao fim da tarde, Luís Montenegro, chefe da cavalaria passista, antecipa-se a todos (e são uns quantos) para dizer que está disposto a morrer pela causa, batendo-se como um cossaco. Vai desafiar Rui Rio a contar sabres num Conselho nacional de destituição do líder.
Se o perder, Montenegro parte para o exílio até outubro, à espera de um trambolhão nas legislativas. Se ganhar, fica com o poder nos braços, a muito pouco tempo das Europeias e das legislativas. Não é o primeiro, já aconteceu a Durão em 1999, mas digamos que a estaleca revolucionária e tribunícia do ex-MNE era doutro calibre, e tinha sido largamente treinada (parte física e cadeiradas incluídas) nos anos setenta.
A velocidade a que tudo isto aconteceu foi surpreendente, mesmo para quem conhece bem o PSD e a sua longa história de autofagia, altura deste Curto em que me atiro para adaptar um célebre poema de Carlos Drummond de Andrade:
Rio não amava Passos que não amava Ferreira Leite.
Manuela não amava Menezes que não amava Mendes,
que não amava Santana.
Durão foi para para Bruxelas, Marcelo para a televisão,
Nogueira foi para banca, Cavaco para o Banco de Portugal.
Montenegro casou-se com o aparelho que ainda não tinha entrado nesta história.
Como podem ver, a cronologia é longa e não há um líder desde Cavaco Silva que tenha tido descanso, salvo Passos Coelho ou Durão enquanto estiveram no poder. No PSD, oposição rima com revolução.
Vamos então ver o que a imprensa nos traz sobre a vida nas barricadas:
Calma, que há mundo além do PSD.
Vamos a isso.
OUTRAS NOTÍCIAS
Enquanto o PSD parte para a guerra, parece que o PS já terá candidato às europeias (já que Assis teve um desvio burguês e vai desaparecer das listas). O Expresso adiantou esta madrugada que Pedro Marques é o nome melhor colocado para ir a votos em maio. O ministro do Planeamento anda num frenesim a anunciar comboios, aeroportos e outros que tais, e tanto anúncio, tanto milhão por vir, tantas vezes na televisão, podem indicar… isso mesmo.
Pedro Marques fez o estágio na melhor academia de secretários de Estado do PS, que é sempre um ministério de Vieira da Silva. Com isso ganhou competência técnica, mas ninguém lhe conhece fulgor político, muito menos
No meio disto tudo, já me ia esquecendo da convenção do MEL, que não trouxe apicultores, mas gente do centro-direita, liberais, conservadores e afins à Culturgest para discutir o futuro do país. Hoje vão andar por lá Portas, Assunção, Montenegro, etc. Vai falar-se de muita coisa, mas o PSD é o elefante na sala.
Ontem foi dia de notícias importantes sobre o BES e as multas que inocentaram muitos administradores, mas acertaram em cheio em três: Ricardo Sagado, Morais Pires e Rui Silveira. A notícia saiu primeiro no Expresso, com este título: 3,4 milhões em multas. Salgado, Morais Pires e Silveira condenados por esconderem exposição e créditos em Angola. Os outros sete administradores do BES foram ilibados.
Segundo o Expresso, na base da condenação estão falhas graves nos mecanismos de controlo interno e o não cumprimento de obrigação de comunicação ao Banco de Portugal dos riscos inerentes à carteira de crédito. São ambas as infrações mais graves que levaram o Banco de Portugal a condenar Ricardo Salgado ao pagamento de uma coima de 1,8 milhões de euros e Amílcar Morais Pires a 1,2 milhões.
As reações foram imediatas. Ricardo Salgado criticou violentamente o Banco de Portugal, Morais Pires foi mais longe. O ex-administrador financeiro do BES, diz que a decisão é injusta porque estava a "pôr a funcionar bem o que anteriormente tinha sido posto a funcionar mal por Álvaro Sobrinho, como bem sabe o Banco de Portugal". Não deixa de ter alguma razão neste ponto…
Não se esqueça que hoje o país está todo em aviso amarelo devido ao frio. Pode ver e ouvir aqui as recomendações.
"O INEM deve avaliar a pertinência da continuidade desta prestação de serviços médicos, tendo em vista o interesse público e a garantia da eficácia das missões de emergência médica". Com esta frase, ficou ditado o afastamento de um médico do INEM que está no centro de várias polémicas relatadas pela SIC e pelo Observador desde o início da semana.
Donald Trump visita hoje o Texas para tentar marcar pontos no seu braço de ferro com o Congresso sobre a construção do muro na fronteira com o México. O chamado shutdown está a deixar parte da administração pública paralisada e não parece haver uma solução à vista. Vamos ver como corre este tour pelo sul.
Carlos Ghosn, o ex-super gestor da Nissan, está a ser alvo de novas acusações de má conduta financeira, podendo ter que aguardar o julgamento na prisão.
Nicolas Maduro tomou posse de novo, para mais uns anos na liderança do que parece ser um filme de terror. É melhor nem pensarmos no que ainda pode correr pior.
Andy Murray, um magnífico jogador de ténis, anunciou que vai deixar de competir. As lesões são muitas e as dores insuportáveis, confessa. O torneio da austrália pode mesmo ser o último.
O Braga empatou ontem com o Portimonense, perdendo gás na corrida pelo topo da tabela. Hoje, o Benfica joga nos Açores com o Santa Clara e amanhã há um jogo decisivo, um Sporting-Porto em Alvalade, que se vai jogar às… 15h30! Como é possível que alguém se tenha lembrado que se pode jogar futebol à tarde e que as pessoas até podem ir ao estádio a essa hora? Estes portugueses estão sempre a inovar.
FRASES
“O PSD quer curar as feridas com sal”. Manuel Carvalho, Público
“Sede violenta de poder vai destruir o PSD”. Ângelo Coreia, TSF
“Não sou opção para o Benfica”. José Mourinho, ex-treinador do Manchester United, Correio da Manhã
O QUE EU ANDO A LER
Li no final no ano passado, mas faço agora a recomendação, depois da morte recente do seu autor. Amos Oz era o nome maior da literatura israelita e o seu falecimento fez-me voltar a passar os olhos pelas páginas do pequeno ensaio Caros Fanáticos (D. Quixote).
Oz foi um romancista brilhante e este texto nem será a melhor introdução à sua obra. Mas Caros Fanáticos permite, em poucas páginas, perceber o pensamento de um intelectual brilhante, que nunca desistiu de ser moderado e lúcido, numa terra e num país em que o fanatismo tem conquistado espaço e toldado quase todas as discussões.
“O fanático é um ponto de exclamação ambulante. Não será pois conveniente que a luta contra o fanático se exprima por um ponto de exclamação contrário.”
Uma boa frase para os tempos que vivemos, onde o fanatismo ganha espaço e a radicalização nos quer fechar num mundo a preto e branco e simplista. Nesse (neste) mundo, convém não simplicidade demais para não ajudarmos o fanatismo:
“Quem não é capaz ou não quer hierarquizar o mal acaba prestando um serviço a esse mesmo mal. Quem mete no mesmo saco o apartheid, o colonialismo, o Daesh, o sionismo, a violação da integridade política, as câmaras de gás, o sexismo, as fortunas dos magnatas, a poluição, pode acabar prestando um serviço ao mal”.
O Expresso Curto fica por aqui. Vá espreitando o Expresso Online e amanhã tem o semanário na banca. Uma semana depois de ter abandonado o saco de plástico, o jornal prossegue a campanha “há coisas que fazem mais sentido em papel”. Neste sábado, será oferecido aos leitores um bloco de notas com capas desenhadas pelo artista plástico Pedro Proença. A não perder.
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