sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Portugal | Direita Mete Nojo nos caminhos do deserto


O presente título não se destina a fazer-nos felizes mas sim para que aquilatemos o que se passa nas direitas em Portugal… Ou será muito mais correto dizermos Direitas do Fascismo e Neoliberalismo de quem são as respetivas antecâmaras? Decerto que sim.

Está à vista que PSD e CDS estão desesperados com a chamada “geringonça das esquerdas” (como lhe chamam, bem). Enquanto no CDS o encosto em Assunção Cristas permite sonharem com subida de votação nas eleições, esquecendo a irrelevância e travessia no deserto político que vêm fazendo, o PSD permanece em guerra aberta contra Rui Rio, o líder que foi eleito de acordo com a regulação estatutária daquele partido político.

Ou seja, o PSD anda em guerras intestinas por via de uma espoleta chamada Passos Coelho e seus mais confidentes e confiantes pares, de onde sobressai Luís Montenegro – um fiel do ex-lider Passos Coelho, de cauda a dar-a-dar, à espera do que para ele sobrar. Os dissidentes querem mergulhar ainda mais no neoliberalismo, numa profunda remodelação mais à direita, mais da exploração laboral, mais da privatização dos bens públicos quase doados aos abutres do empresariado e financistas que têm por lema que os prejuízos devem ser pagos pelos contribuintes portugueses (neste caso) e os lucros pertencem-lhes em exclusivo. Dito assim está tudo dito. É a verdade pura e dura. Disso existem muitos exemplos.

Estamos portanto a assistir aos movimentos da Direita Mete Nojo que não se cansam de esbulhar Portugal e os portugueses. Eles dizem que não, pudera, mas sempre que se lhes entrega os poderes é exatamente o que fazem com um zelo que nos estonteia e depena, para além de miserabilizar milhões de portugueses.

Enquanto isso, ocorre na comunicação social uma insistente campanha de cariz facilitadora das Direitas Mete Nojo. Até vimos em televisão a promoção de fascistas, racistas, xenófobos, criminosos cuja presença se torna intolerável devido à intolerância comprovada de tais energúmenos entrevistados e pretensiosamente, publicamente, promovidos em “branqueamentos de caráter” que certamente não estão dissociadas das estratégias da referida Direita Mete Nojo.

Nada de euforias. A direita vai recompor-se e regressar aos poderes. Assim não será se Portugal e os portugueses adquirirem consciência dos perigos que representam para a democracia de facto, para a sua sustentabilidade digna e justa a todos os níveis.

O Curto de hoje vai a jogo no mini-descasque PSD. Autoria de Ricardo Costa, um senhor SIC, balsemanista. esse tema e muito mais. Vá ver. E então? Pois.

Bom dia, bom final de semana… Desde que consiga não passar fome, abrigar-se numa casa, dispor de um mínimo de conforto e harmonia familiar, já não será nada mau. Depois, na próxima segunda-feira… vira o disco e toca o mesmo. Pois. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

PSD, entre a revolução de fevereiro e a revolução de Outubro

Ricardo Costa | Expresso

O centenário da revolução bolchevique foi no ano passado, mas o PSD parece empenhado em seguir o guião dessa época de turbulência em 2019. Os críticos estão divididos entre fazer a revolução em fevereiro ou deixar a estocada final para outubro, quando o descontentamento das massas for maior e já se perceba quem é o Lenine capaz de levar a coisa até ao fim.

Para já, é fácil perceber que a revolução de fevereiro está em marcha. Uma simples frase de Manuela Ferreira Leite trouxe os revolucionários à rua a pedirem a cabeça de Rui Rio, que continua impávido e sereno no seu Palácio de Inverno, indiferente ao mundo, porque afinal, se esteve certo tantas vezes porque é que não há de estar certo esta?

Pois bem, hoje ao fim da tarde, Luís Montenegro, chefe da cavalaria passista, antecipa-se a todos (e são uns quantos) para dizer que está disposto a morrer pela causa, batendo-se como um cossaco. Vai desafiar Rui Rio a contar sabres num Conselho nacional de destituição do líder.

Se o perder, Montenegro parte para o exílio até outubro, à espera de um trambolhão nas legislativas. Se ganhar, fica com o poder nos braços, a muito pouco tempo das Europeias e das legislativas. Não é o primeiro, já aconteceu a Durão em 1999, mas digamos que a estaleca revolucionária e tribunícia do ex-MNE era doutro calibre, e tinha sido largamente treinada (parte física e cadeiradas incluídas) nos anos setenta.

A velocidade a que tudo isto aconteceu foi surpreendente, mesmo para quem conhece bem o PSD e a sua longa história de autofagia, altura deste Curto em que me atiro para adaptar um célebre poema de Carlos Drummond de Andrade:

Rio não amava Passos que não amava Ferreira Leite.
Manuela não amava Menezes que não amava Mendes,
que não amava Santana.
Durão foi para para Bruxelas, Marcelo para a televisão,
Nogueira foi para banca, Cavaco para o Banco de Portugal.
Montenegro casou-se com o aparelho que ainda não tinha entrado nesta história.

Como podem ver, a cronologia é longa e não há um líder desde Cavaco Silva que tenha tido descanso, salvo Passos Coelho ou Durão enquanto estiveram no poder. No PSD, oposição rima com revolução.

Vamos então ver o que a imprensa nos traz sobre a vida nas barricadas:

Calma, que há mundo além do PSD. Vamos a isso.

OUTRAS NOTÍCIAS 

Enquanto o PSD parte para a guerra, parece que o PS já terá candidato às europeias (já que Assis teve um desvio burguês e vai desaparecer das listas). O Expresso adiantou esta madrugada que Pedro Marques é o nome melhor colocado para ir a votos em maio. O ministro do Planeamento anda num frenesim a anunciar comboios, aeroportos e outros que tais, e tanto anúncio, tanto milhão por vir, tantas vezes na televisão, podem indicar… isso mesmo.

Pedro Marques fez o estágio na melhor academia de secretários de Estado do PS, que é sempre um ministério de Vieira da Silva. Com isso ganhou competência técnica, mas ninguém lhe conhece fulgor político, muito menos em campanha. A ver vamos.

No meio disto tudo, já me ia esquecendo da convenção do MEL, que não trouxe apicultores, mas gente do centro-direita, liberais, conservadores e afins à Culturgest para discutir o futuro do país. Hoje vão andar por lá Portas, Assunção, Montenegro, etc. Vai falar-se de muita coisa, mas o PSD é o elefante na sala.

Ontem foi dia de notícias importantes sobre o BES e as multas que inocentaram muitos administradores, mas acertaram em cheio em três: Ricardo Sagado, Morais Pires e Rui Silveira. A notícia saiu primeiro no Expresso, com este título: 3,4 milhões em multas. Salgado, Morais Pires e Silveira condenados por esconderem exposição e créditos em Angola. Os outros sete administradores do BES foram ilibados.

Segundo o Expresso, na base da condenação estão falhas graves nos mecanismos de controlo interno e o não cumprimento de obrigação de comunicação ao Banco de Portugal dos riscos inerentes à carteira de crédito. São ambas as infrações mais graves que levaram o Banco de Portugal a condenar Ricardo Salgado ao pagamento de uma coima de 1,8 milhões de euros e Amílcar Morais Pires a 1,2 milhões.

As reações foram imediatas. Ricardo Salgado criticou violentamente o Banco de Portugal, Morais Pires foi mais longe. O ex-administrador financeiro do BES, diz que a decisão é injusta porque estava a "pôr a funcionar bem o que anteriormente tinha sido posto a funcionar mal por Álvaro Sobrinho, como bem sabe o Banco de Portugal". Não deixa de ter alguma razão neste ponto…

Não se esqueça que hoje o país está todo em aviso amarelo devido ao frio. Pode ver e ouvir aqui as recomendações.

"O INEM deve avaliar a pertinência da continuidade desta prestação de serviços médicos, tendo em vista o interesse público e a garantia da eficácia das missões de emergência médica". Com esta frase, ficou ditado o afastamento de um médico do INEM que está no centro de várias polémicas relatadas pela SIC e pelo Observador desde o início da semana.

Donald Trump visita hoje o Texas para tentar marcar pontos no seu braço de ferro com o Congresso sobre a construção do muro na fronteira com o México. O chamado shutdown está a deixar parte da administração pública paralisada e não parece haver uma solução à vista. Vamos ver como corre este tour pelo sul.

Carlos Ghosn, o ex-super gestor da Nissan, está a ser alvo de novas acusações de má conduta financeira, podendo ter que aguardar o julgamento na prisão.

Nicolas Maduro tomou posse de novo, para mais uns anos na liderança do que parece ser um filme de terror. É melhor nem pensarmos no que ainda pode correr pior.

Andy Murray, um magnífico jogador de ténis, anunciou que vai deixar de competir. As lesões são muitas e as dores insuportáveis, confessa. O torneio da austrália pode mesmo ser o último.

O Braga empatou ontem com o Portimonense, perdendo gás na corrida pelo topo da tabela. Hoje, o Benfica joga nos Açores com o Santa Clara e amanhã há um jogo decisivo, um Sporting-Porto em Alvalade, que se vai jogar às… 15h30! Como é possível que alguém se tenha lembrado que se pode jogar futebol à tarde e que as pessoas até podem ir ao estádio a essa hora? Estes portugueses estão sempre a inovar.

FRASES

“O PSD quer curar as feridas com sal”. Manuel Carvalho, Público

“Sede violenta de poder vai destruir o PSD”. Ângelo Coreia, TSF

“Não sou opção para o Benfica”. José Mourinho, ex-treinador do Manchester United, Correio da Manhã

O QUE EU ANDO A LER

Li no final no ano passado, mas faço agora a recomendação, depois da morte recente do seu autor. Amos Oz era o nome maior da literatura israelita e o seu falecimento fez-me voltar a passar os olhos pelas páginas do pequeno ensaio Caros Fanáticos (D. Quixote).

Oz foi um romancista brilhante e este texto nem será a melhor introdução à sua obra. Mas Caros Fanáticos permite, em poucas páginas, perceber o pensamento de um intelectual brilhante, que nunca desistiu de ser moderado e lúcido, numa terra e num país em que o fanatismo tem conquistado espaço e toldado quase todas as discussões.

“O fanático é um ponto de exclamação ambulante. Não será pois conveniente que a luta contra o fanático se exprima por um ponto de exclamação contrário.”

Uma boa frase para os tempos que vivemos, onde o fanatismo ganha espaço e a radicalização nos quer fechar num mundo a preto e branco e simplista. Nesse (neste) mundo, convém não simplicidade demais para não ajudarmos o fanatismo:

“Quem não é capaz ou não quer hierarquizar o mal acaba prestando um serviço a esse mesmo mal. Quem mete no mesmo saco o apartheid, o colonialismo, o Daesh, o sionismo, a violação da integridade política, as câmaras de gás, o sexismo, as fortunas dos magnatas, a poluição, pode acabar prestando um serviço ao mal”.

O Expresso Curto fica por aqui. Vá espreitando o Expresso Online e amanhã tem o semanário na banca. Uma semana depois de ter abandonado o saco de plástico, o jornal prossegue a campanha “há coisas que fazem mais sentido em papel”. Neste sábado, será oferecido aos leitores um bloco de notas com capas desenhadas pelo artista plástico Pedro Proença. A não perder.

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