Sete dos oito detidos que
compareceram este sábado perante o Tribunal Judicial de Maputo, no âmbito do
caso das dívidas ocultas, ficam em prisão preventiva. Ndambi Guebuza deverá ser
o próximo a ser ouvido em tribunal.
As audições perante o juiz de
instrução no Tribunal Judicial de Maputo, no âmbito da investigação às dívidas
ocultas, prolongaram-se por 12 horas, este sábado (16.02), com o acesso vedado
aos jornalistas. No final da sessão, nenhum dos advogados de defesa dos oito
arguidos aceitou prestar declarações à imprensa.
A DW África apurou de fonte
ligada ao processo que o Tribunal decidiu conceder liberdade provisória a Elias
Moiane, mediante o pagamento de uma caução de um milhão de meticais, o
equivalente a 14 mil euros.
Ainda não é público o nível de
participação de Elias Moiane, sobrinho de Inês Moiane, antiga secretária
particular de Armando Guebuza, Presidente da República durante o período da
contração das dívidas ilegais que lesaram o Estado moçambicano em mais de dois
mil milhões de dólares.
Tal como Inês Moiane, o Tribunal
legalizou a prisão preventiva do administrador delegado das três empresas
envolvidas nestes empréstimos, António do Rosário, do ex-Director do Serviço de
Informação e Segurança do Estado (SISE), Gregório Leão, e de Bruno Tandade,
operativo daquele serviço da secreta moçambicana.
O grupo inclui Teófilo
Nhangumele, que teria desenhado o projeto que resultou no desfalque do Estado
moçambicano.
Mais detenções nos próximos dias?
O número de detenções em
Moçambique, no âmbito da investigação às dívidas ocultas elevou-se
este sábado a nove com a detenção de Ndambi Guebuza, filho de Armando Guebuza.
Ndambi Guebuza deverá comparecer perante um juiz dentro de 48 horas para a
legalização da sua detenção.
Fontes ligadas ao caso admitem
que novas detenções aconteçam nos próximos dias, ao mesmo tempo em que decorre
a apreensão de vários bens. A Procuradoria-Geral da República divulgou em
janeiro que 18 arguidos estavam a ser investigados num processo aberto por
aquela instituição em 2015 relacionado com as dívidas ocultas.
As nove detenções efetuadas nos
últimos três dias são as primeiras feitas pela justiça moçambicana após três
anos e meio de investigação e aconteceram depois de a justiça norte-americana
ter mandado prender Manuel Chang, antigo ministro das Finanças de Moçambique,
detido a 29 de dezembro, quando viajava pela África do Sul.
A acusação norte-americana afirma
estar na posse de correspondência e documentos que a levam a concluir que três
empresas públicas moçambicanas de pesca e segurança marítima terão servido para
um esquema de corrupção e branqueamento de capitais com vista ao enriquecimento
de vários suspeitos, passando por contas bancárias dos Estados Unidos.
As justiças norte americana e moçambicana
solicitaram já a extradição de Manuel Chang, estando a análise destes pedidos
pelas autoridades sul africanas marcada para uma sessão no próximo dia 26.
Chang viu na última sexta feira
(08.02) rejeitado um pedido de liberdade provisória por decisão do tribunal de
Kempton Park em Joanesburgo na África do Sul.
Leonel Matias (Maputo) | Deutsche
Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário