O investigador francês Vincent
Foucher classificou hoje como "um progresso" o afastamento de
militares da cena política na Guiné-Bissau nos últimos anos, no contexto das
eleições legislativas de 10 de março.
"O aspeto mais positivo
desde 2012 é o facto de, atualmente, os militares não terem lugar [na cena
política]. Não há assassínios políticos, não há golpes de Estado. É um
progresso", sustentou.
O investigador, especialista em Estudos Africanos ,
do Instituto Sciences Po Bordeaux, França, falava à agência Lusa, em Lisboa, à
margem de uma conferência internacional sobre o conflito de Casamança,
promovida pelo Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de
Lisboa (CEI-IUL).
Para Vincent Foucher, o
afastamento dos militares da política na Guiné-Bissau está ligada a "uma
presença internacional forte", nomeadamente da Comunidade Económica de
Países da África Ocidental (CEDEAO), que, segundo disse, "pacificou o
jogo".
"Espero que se mantenha assim", disse, ressalvando que o problema da Guiné-Bissau nunca foram as eleições.
"As eleições na Guiné-Bissau
correm geralmente bem. O problema é depois. Em 2014, discutíamos muito sobre as
eleições e a verdade é que se realizaram sem problemas e os resultados foram
credíveis", disse.
A Guiné-Bissau vive uma crise
política desde a demissão, pelo Presidente José Mário Vaz, do Governo liderado
pelo primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, do Partido Africano para a
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, vencedor das legislativas de 2014),
em agosto de 2015.
Em abril de 2018 foi alcançado
consenso para a organizar de eleições legislativas a 18 de novembro, que foram
posteriormente adiadas devido a dificuldades financeiras e técnicas, que
atrasaram o início do recenseamento eleitoral.
O país vai agora a eleições
legislativas a 10 de março e os 21 partidos políticos concorrentes assinaram um
Pacto de Estabilidade e um Código de Conduta Eleitoral para eleições livres e
pacíficas.
Para Vincent Foucher, a
instabilidade política na Guiné-Bissau está, em larga medida, relacionada com a
partilha de poder após as eleições.
"Há um pacto que vai tentar
estabelecer uma espécie de partilha do poder entre os diferentes atores da vida
política. É um pouco do mesmo, há uma pequena elite em Bissau que partilha os
cargos do Estado e, a dado momento, quando algumas pessoas não estão contentes,
ensaiam manobras políticas para alterar as coisas", disse.
Lusa | em Conosaba
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