Macau, China, 29 mar (Lusa) --
Vários especialistas defenderam hoje que Macau deve transformar-se num centro
do financiamento chinês às indústrias sustentáveis nos países lusófonos,
definindo-o como um mercado de risco, mas rico em recursos naturais.
"Os países de língua
portuguesa são a 'casa' de 267 milhões de habitantes, têm vastas reservas de
petróleo, gás", possuem potencial turístico e recursos marinhos e, no seu
todo, assumem-se como "o quarto maior produtor de petróleo do mundo",
sublinhou o professor da Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de
Macau, Jacky So, no segundo dia do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação
Ambiental de Macau (MIECF, na sigla inglesa).
"É um mercado com os seus
riscos, mas de grande potencial" e "a China precisa de garantir
recursos energéticos", explicou o especialista.
"Portugal e Brasil poderiam
especializar-se no desenvolvimento de 'software' e tecnologia para combater o
aquecimento global" e os outros países lusófonos [Angola, Moçambique,
Timor-Leste, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe] "exportariam
os seus materiais e recursos para financiarem os investimentos 'verdes'",
defendeu.
Ou seja, os países de língua
portuguesa poderiam suportar os seus investimentos na indústria virada para o
desenvolvimento sustentável "com a receita do comércio com a China" e
com a nova metrópole mundial denominada de Grande Baía que envolve Macau, Hong
Kong e nove cidades chinesas da província de Guangdong, através de Macau,
resumiu Jacky So.
O papel de Macau como um centro
de financiamento de indústrias 'verdes' dos países lusófonos foi também
defendida na mesma sessão pelo diretor-adjunto do Instituto de Pesquisa
Financeira do Banco Popular da China (o banco central chinês), Mo Wangui, bem
como pelo fundador e vice-presidente da Fundação de Desenvolvimento Urbano da
China, Zheng Xiaoping, o presidente do conselho de administração da Autoridade
Monetária de Macau, Chan Sal San, e o chefe de divisão de Políticas e
Regulamentação, Administração e Supervisão Financeira Local da província de
Guangdong, Yang Yiming.
No discurso de abertura, o
presidente do conselho de administração da Autoridade Monetária de Macau lançou
desde logo o debate: "Macau envidará os seus maiores esforços para
aperfeiçoar as infraestruturas financeiras, conceber políticas e medidas de
estímulo (...) e maximizar o aproveitamento das vantagens de Macau como
plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, bem como promover a
comunicação e troca de informação entre os mercados financeiros verdes da
Grande Baía e do exterior".
Mais tarde, aos jornalistas, o
orador principal convidado pelo Governo de Macau, Michael Liebreich, alertou
para alguns desafios que se colocam a partir deste cenário.
"A questão é saber se os
países em desenvolvimento [em África] vão querer seguir um caminho 'verde', uma
vez que vão querer industrializar-se e fazer crescer rapidamente as economias,
seguindo velhos modelos", como aquele seguido pela China até há pouco
tempo, advertiu o consultor em financiamento climático e desenvolvimento
sustentável.
O MIECF acolhe mais de 500 expositores,
provenientes de cerca de 20 países e regiões.
As sessões integram oradores de
cerca de 70 pioneiros ambientais, líderes de empresas multinacionais e
criadores de políticas, provenientes de sete países e regiões, nomeadamente, da
China, Holanda, Portugal, Timor-Leste, Reino Unido, Hong Kong e Macau.
O MIECF 2019 ocupa uma área total
de exposição de mais de 16.900 metros quadrados .
JMC // VM
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