Protestos em França entram no
quinto mês com alusões ao incêndio de catedral. "Milhões para
Notre-Dame, e para nós, os pobres?", estampava cartaz de um manifestante.
Manifestantes entraram em
confronto com policia em Paris neste sábado (20/04), que marca o 23° fim de
semana de protesto do movimento dos "coletes amarelos". Os choques
ocorreram após manifestantes vestidos de negro atirarem pedras na polícia.
Alguns também atearam fogo em motocicletas e latas de lixo no centro da cidade.
Os agentes da lei responderam
disparando gás lacrimogéneo. Até o início da tarde, pelo menos 126 pessoas
foram presas, 11 mil passaram por controle de identidade, informou a
promotoria de Paris. Segundo o Ministério francês do Interior, os protestos
reuniram cerca de 9.600 manifestantes em todo o país, dos quais 6.700 em Paris.
A polícia parisiense teme que entre
os manifestantes haja "um bloco radical de 1.500 a 2 mil
pessoas" determinadas a semear o caos na capital. Em protestos anteriores
dos "coletes amarelos", prédios foram incendiados, vitrinas,
estilhaçadas e lojas, saqueadas.
Desta vez, vários manifestantes
fizeram alusões ao incêndio que atingiu a Catedral
de Notre-Dame, na última segunda-feira. O episódio provocou uma onda de
comoção nacional e levou famílias ricas da França e empresas a oferecer cerca
de 1 bilião de euros (4,4 biliões de reais) para sua reconstrução.
"Milhões para Notre-Dame, e
para nós, os pobres?" dizia um cartaz de uma manifestante neste sábado.
"Você está aqui, vendo todos
esses milhões se acumulando, depois de passar cinco meses nas ruas lutando
contra a injustiça social e fiscal. Isso parte meu coração", disse Ingrid
Levavasseur, uma das líderes e fundadora do movimento pouco antes dos protestos
deste sábado.
A capital francesa permanece em
estado de alerta após o ministro do Interior, Christophe Castaner, afirmar que
os serviços de inteligência alertarem sobre a presença potencial de
manifestantes com a intenção de causar estragos em Paris, Toulouse, Montpellier
e Bordeaux – em uma repetição de protestos violentos de 16
de março.
A polícia também impôs
uma proibição de manifestações para a ilha fluvial Île de la Cité , onde se encontra a
catedral de Notre-Dame, e para a margem esquerda adjacente do Sena.
Várias estações de metro de Paris
foram fechadas hoje e cerca de 60 mil policias foram mobilizados em toda a
França.
Os protestos dos coletes amarelos
surgiram em meados de novembro, originalmente em protesto contra um aumento dos
preços dos combustíveis e o crescente custo de vida. As manifestações logo se
transformaram em um movimento mais amplo contra o presidente Emmanuel Macron e
sua política de reformas económicas.
JPS/AV/rt,ap,ots | Deutsche Welle
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