@Verdade | Editorial
Já se tornou num modus operandi,
por parte do Governo moçambicano, estender as mãos na expectativa de receber
milagres para resolver os inúmeros problemas que apoquentam o quotidiano da
população moçambicana. Essa atitude do Governo da Frelimo é um crime de bradar
aos céus.
Todos os anos, o nosso país tem
enfrentado situações adversas que urgem medidas por parte do Governo, com vista
a aliviar a situação sofrida em que os moçambicanos se encontra. Uma dessas
situações é a desgraça deixada pela passagem do ciclone IDAI na região Centro
de Moçambique, concretamente as províncias de Sofala, Manica, Zambézia e Tete,
onde pelo menos 900 mil pessoas foram afectadas, das quais pouco mais de 100
mil encontram-se abrigados em centros de acomodação.
Reconhece-se a gravidade da
situação, assim como o facto de se tratar de um desastre natural e o Governo
não tinha como impedir que isso acontecesse. Mas é importante que se diga em
abono da verdade que o Executivo moçambicano já devia ter criado um fundo de
resposta à emergência, tendo em conta as experiências amargadas das cheias do
ano 2000. Certamente, não fosse o pronto apoio internacional, a situação dos
moçambicanos afectados pelo ciclone seria bastante lastimável.
A cidade da Beira foi, sem
sombras de dúvidas, a mais arrasada pelo ciclone. Como uma forma de resposta à
reconstrução da Beira assim como das infra-estruturas danificadas pelo ciclone
e cheias de Março, o Governo moçambicano criou o Programa de Recuperação Pós-Calamidade
(PREPOC), aprovado pelo Conselho de Ministros, numa sessão alargada que
aconteceu em Maputo e que incluiu o edil Daviz Simango.
À semelhança de todas as
iniciativas do Governo da Frelimo, o PREPOC também nasceu sem dinheiro para a
sua materialização. Aliás, a curto prazo a única forma de iniciar a
reconstrução que o Governo tem em mente é a “reorientação” do actual Orçamento
de Estado de 340,4 biliões de Meticais, onde 196,6 biliões são para Despesas de
Funcionamento, 102,3 biliões para Investimento e 41,5 biliões para Operações
Financeiras. Se o Governo fosse mais organizado, certamente a saida não seria
esta.
Em suma, o Estado moçambicano tem
de criar um fundo de resposta à emergência para esse tipo de situações, e não
apenas ficar à espera de milagres, e nesse caso especial a realização da
Conferência Internacional de Doadores que está prevista para Maio, para
resolver os seus problemas.
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