terça-feira, 30 de abril de 2019

Nuno Melo, porta-Vox da extrema-direita


Mariana Mortágua | Jornal de Notícias | opinião

Para Nuno Melo, candidato pelo CDS às eleições europeias, o Vox é um simples partido de Direita, que cabe perfeitamente na sua família política, o Partido Popular Europeu.

Melo não só se esforça por normalizar os extremistas que canibalizaram a Direita tradicional no Estado espanhol, como nos incita à leitura do seu programa. E quando digo "seu", refiro-me ao programa do Vox que, por estes dias, parece ser também o de Nuno Melo.

Vejamos então o que é o Vox e o que propõe este partido-irmão do CDS.

O Vox é um partido nascido dos restos do franquismo. Integram-no saudosistas da ditadura e antigos apoiantes de Franco. Um partido que pertence à família política que une a extrema-direita que governa a Hungria e a Polónia aos populismos extremistas de Bolsonaro e Trump.

O programa político do Vox nega o princípio da igualdade entre homens e mulheres. Propõe acabar com a legislação de igualdade, incluindo a Lei de Violência de Género, e retirar os apoios públicos às organizações de defesa dos direitos das mulheres.


O programa político do Vox, como o seu discurso, é assente numa política de incitamento ao ódio e ao medo. É uma proposta racista e xenófoba, que promete construir muros "intransponíveis" nas suas próprias fronteiras, que pretende instituir a deportação de imigrantes como política comum e impedir a sua legalização. É uma proposta homofóbica, que quer retirar direitos às pessoas gays e transexuais. É uma proposta perigosa, que quer liberalizar o porte e uso de armas. É também uma proposta ignorante. Depois de ter afirmado que a imigração ilegal representava uma "invasão", um jornalista do "El Mundo" perguntou ao líder do Vox se sabia qual a percentagem de imigração ilegal no território espanhol. Não sabia. É de apenas 4,5%, diz-lhe o jornalista. Não tem importância, respondeu-lhe o líder do Vox, "pomos os dados de quarentena".

O programa político do Vox é ultranacionalista, nega o direito às autonomias regionais, quer ilegalizar partidos e organizações independentistas.

E o programa do CDS, qual é? O CDS tem tentado ensaiar uma proposta liberal-austeritária a la Ciudadanos. Mas a aproximação às ideias extremistas é óbvia. A conta oficial do CDS no Twitter escreveu no domingo que "as migrações são o tema que mais está a destruir os alicerces da Europa". Veremos como chega o CDS às legislativas. Nas europeias, Nuno Melo já definiu o partido convidando os franquistas para a casa da família.

*Deputada do BE

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