O primeiro-ministro da Líbia,
Fayez al-Serraj, que é apoiado pela Organização das Nações Unidas, condena o
silêncio dos aliados internacionais perante a escalada da ofensiva militar
liderada pelo marechal Khalifa Haftar.
Pelo menos 205 pessoas morreram e
913 ficaram feridas desde o início da ofensiva do Exército Nacional Líbio (ENL)
do marechal Khalifa Haftar para conquistar Tripoli, capital líbia, indicou a
Organização Mundial de Saúde (OMS) num balanço divulgado na quinta-feira
(18.04).
Em entrevista à BBC, Fayez
al-Serraj diz sentir-se abandonado pela comunidade internacional. Para o
primeiro-ministro líbio, a falta de apoio dos parceiros internacionais poderá
"conduzir a outras consequências", citando o risco dos extremistas do
Estado Islâmico se aproveitaram da instabilidade naquele país.
França acusada de conluio com
militares de Haftar
O Governo de Acordo Nacional
(GAN) da Líbia acusou na quinta-feira, diretamente e pela primeira vez, as
autoridades francesas de apoiarem o marechal Khalifa Haftar. França já refutou
as acusações, qualificando-as como "completamente infundadas".
"As declarações de apoio e
cobertura diplomática a Haftar são completamente infundadas", disse um
alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros de França.
A posição do GAN foi assumida
pelo ministro do Interior, Fathi Bach Agha, que ordenou "a suspensão de
qualquer ligação entre (o Ministério do Interior) e a parte francesa no âmbito
de acordos bilaterais de segurança (...) por causa da posição do governo
francês de apoiar o criminoso Haftar que age contra a legitimidade".
Considerada por diplomatas e
analistas como um dos apoios do marechal Khalifa Haftar, juntamente com o Egito
ou os Emirados Árabes Unidos, a França já tinha negado ter apoiado a ofensiva
contra Tripoli. A 8 de abril, uma fonte diplomática francesa indicou que
Paris não tinha uma "agenda oculta" para colocar Haftar no poder, a
quem "não reconhecerá qualquer legitimidade" se assumir o controlo de
Tripoli com o recurso a armas.
Também na quinta-feira, o
procurador-geral militar do governo líbio emitiu um mandado de detenção contra
o marechal Khalifa Haftar, que controla o leste do país. O procurador-geral
militar do GAN ordenou a prisão de Haftar e de seis dos seus
oficiais, acusados de realizar ataques aéreos contra instalações e bairros
civis, segundo o documento publicado pelo gabinete de comunicação do executivo
liderado pelo primeiro-ministro, Fayez al-Sarraj.
Esta decisão surge em resposta ao
mandado de detenção emitido em 11 de abril pelo ENL, do marechal
Haftar, contra Fayez al-Sarraj e outros responsáveis do GAN.
Desde 4 de abril, combates opõem
as forças do GAN ao ENL. Segundo a OMS, as equipas médicas e os cirurgiões
mobilizados continuam a intervir em hospitais de campanha instalados nas áreas
adjacentes às linhas de frente da batalha.
Milhares de deslocados
Os combates
forçaram 25.000 deslocados, incluindo mais de 4.500 em 24 horas, "o
maior aumento de deslocações num dia", de acordo com a Organização
Internacional para as Migrações (OIM).
A comunidade internacional
continua dividida sobre a ofensiva e um projeto de resolução do Reino Unido no
Conselho de Segurança, pedindo um cessar-fogo e acesso humanitário às zonas de
combate, não obteve a unanimidade, de acordo com diplomatas das Nações Unidas.
A Rússia, que bloqueou um projeto
de declaração do Conselho pedindo ao ENL para suspender a ofensiva, continua a
levantar objeções às referências criticando Haftar, disse um diplomata.
A Líbia tem sido vítima do caos e
da guerra civil, desde que, em 2011,
a comunidade internacional contribuiu militarmente para
a vitória dos distintos grupos rebeldes sobre a ditadura de Muammar Khadafi
(entre 1969 e 2011).
nn, Agência Lusa, AFP, AP,
Reuters | Deutsche Welle
Imagens: 1 – Fayez al-Serraj,
primeiro-ministro líbio; 2 - Marechal Khalifa Haftar, líder do Exército
Nacional Líbio
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