HeliBravo omitiu à Força Aérea
que precisa de subcontratar para garantir 30 aeronaves que o Estado quer.
Explicações têm de chegar até segunda-feira.
A Força Aérea deu um prazo até
segunda-feira à empresa que ficou em primeiro lugar no concurso internacional
dos meios aéreos de combate a fogos para que esclareça diversas declarações
alegadamente falsas detetadas na proposta que apresentou. A HeliBravo, que
varreu toda a concorrência com os preços baixos que se diz disposta a fazer,
terá omitido que não tem os 30 helicópteros que a Proteção Civil pretende para
os próximos quatro anos e que terá de recorrer a subcontratações no
estrangeiro.
De acordo com fonte ligada ao
júri, presidido pelo major-general Paulo Guerra, na documentação entregue no
concurso - que é organizado pela primeira vez pela Força Aérea Portuguesa (FAP)
-, a empresa portuguesa assegurou ter todos os helicópteros ligeiros e médios
de combate a fogos, quando só tem cinco, neste momento, e que estão já a ser
usados num outro contrato com o Estado. Além disso, garantiu que não precisava
de subcontratar outras empresas.
Ao JN, a mesma fonte revelou que
foi pedido o "completo e claro esclarecimento", perante os documentos
entregues por dois dos maiores derrotados do concurso: a multinacional britânica
Babcock, que opera os hélis do INEM, e a HTA.
"Preços muito baixos"
Dos nove lotes de aeronaves que
foram a concurso por 80,2 milhões de euros, a empresa venceu a concorrência nos
sete a que se candidatou [ler ao lado].
Como o JN avançou na última
quarta-feira, aos 66,256 milhões de euros de preço base para 30 hélis, a
HeliBravo contrapôs com valores de 35,5 milhões de euros. Nas contestações
entregues à FAP, é apontado o "preço anormalmente baixo", quando no ano
passado todas as empresas pediram à Proteção Civil o dobro do preço base a
concurso.
O JN apurou também que a empresa
teria de subcontratar a espanhola Pegasus (até há pouco tempo FAASA) e a
italiana Elittelina. Ambas são investigadas por cartéis de fogo, a primeira em
Portugal, no âmbito da operação "Crossfire", em que é suspeita de
concertação de preços. A Babcock, que contestou o resultado, é também
investigada pelos mesmos motivos.
Questionado pelo JN, o Ministério
da Defesa confirmou que "o júri procede à avaliação das pronúncias
apresentadas por alguns concorrentes", recusando fazer "qualquer
comentário" sobre o assunto. Da HeliBravo não tem sido possível obter uma
reação.
Kamov na mira
A HeliPortugal terá de provar à
FAP se os Kamov moldavos que quer alugar ao Estado têm a capacidade técnica que
a Proteção Civil exige e pelo qual quer pagar 4,7 milhões de euros.
Espanhóis concertados
A FAP eliminou, no início do
concurso, a proposta da Sky Helicopteros, idêntica a uma da UTE Sky Rotorsun.
Apesar de concorrerem de forma isolada, o júri percebeu que se tratava de uma
só empresa espanhola. Ambas estão na mira da justiça de Espanha por
cartelização de preços. Também a moldava AIM Air concorreu, mas não apresentou
a documentação em português como era exigido.
Nuno Miguel Ropio | Jornal de Notícias
| Foto: Fernando Fontes / Global Imagens
Sem comentários:
Enviar um comentário