A polícia guineense dispersou
hoje uma manifestação de alunos das escolas públicas que reclamam o fim de mais
uma greve dos professores.
Centenas de alunos das escolas
pública guineenses foram impedidos pela polícia guineense de dar início nesta
segunda-feira (27.05.) a uma série de manifestações pelas ruas da capital
guineense, que deveriam decorrer até sexta-feira (31.05.), para exigir o o fim
de mais uma greve dos professores.
Os estudantes que se mobilizaram
esta manhã ao longo das principais ruas da capital, Bissau, foram surpreendidos
e dispersados pela polícia. Uma situação que, o presidente da federação das
associações dos estudantes das escolas públicas e privadas, Bacar
Mané repudia.
Violação das leis do país
O líder estudantil considerou que
na Guiné-Bissau os políticos estão a violar constantemente as leis da República
e não deixam aos cidadãos a possibilidade de manifestarem o seu repúdio, mesmo
no que concerne a uma manifestação "que até foi comunicada ao Ministério
do Interior".
"Estamos munidos de todos os
documentos que comprovam a nossa manifestação de rua. Esta manhã os nossos
colegas estiveram no espaço verde de bairro D`Ajuda, alguns na Chapa de Bissau
e outros na mãe de água, mas a polícia usou da força para dispersar as pessoas.
Saímos pacificamente desses locais e fomos concentrar num outro sítio, onde
registamos a presença de mais de mil pessoas, porque estava tudo bem
coordenado.
Mesmo ali fomos confrontados, se assim posso dizer, com um batalhão
de polícias a carregar em cima de nós. Lamentamos a forma como os agentes da
polícia nos abordaram".
Demissão do ministro do Interior?
Perante esta violência policial,
Bacar Mané exige a demissão do ministro do Interior, Edmundo Mendes, a quem
acusa de irresponsabilidade e responsável pela "carga policial".
"Queremos pedir ao
Presidente da República e seus ministros, que tal como tínhamos combinado com
ele [ ministro do Interior] uma coisa foi-nos prometida mas a polícia fez
precisamente o contrário. Isso demonstra que o ministro do Interior não tem a
noção de responsabilidade como governante e pelo facto deve demitir-se das
funções ou então que o Presidente da República o demita dentro de 24 horas.
Aliás, o Presidente da República tinha dito que durante o seu mandato que
ninguém seria espancado e preso, mas o que aconteceu hoje contraria as palavras
do Presidente José Mário Vaz".
Mesmo assim, Bacar Mané promete
não baixar braços para além de garantir que vão ser adotadas novas estratégias
de luta para travar esta paralisia das aulas nas escolas da Guiné-Bissau.
Ano letivo em perigo
Os estudantes consideram que a
vaga de greves que assola o setor da educação guineense pode levar
nulidade do presente ano letivo. Isto numa altura em que, as duas
centrais sindicais do país, UNTG (União Nacional dos Trabalhadores da Guiné e a
Confederação Geral dos Sindicatos Independentes (CGSI) prometem observar a
partir desta terça-feira (28.05.) e durante três dias a quarta vaga de greve
nofuncionalismo público.
As sucessivas paralisações na
administração pública guineense têm afetado sobremaneira, o setor da educação,
visto que, os dois sindicatos de professores SINAPROF e SINDEPROF são filiais
das centrais sindicais em greve.
Recorde-se que as aulas nas
escolas públicas têm decorrido de forma intermitente desde a abertura do ano
letivo, em outubro, devido a ondas de greves dos professores que reclamam
salários e subsídios em atraso, bem como aplicações de diplomas legais.
Os alunos têm exigido ao Governo,
através de manifestações de rua, a anulação do ano letivo ou a retoma das
aulas, satisfazendo as exigências dos professores.
Fátima Tchumá Camará (Bissau),
Agência Lusa | Deutsche Welle
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