Chefe das Forças Armadas
guineenses, Biaguê Na Ntan, afasta cenário de um golpe de Estado no país,
contrariando rumores. Entretanto, líder do PAIGC faz ultimato a Presidente
O chefe do Estado-maior General
das Forças Armadas guineenses, Biaguê Na Ntan, afastou esta quinta-feira (30.5)
"qualquer cenário de um golpe de Estado" no país, contrariando
rumores que circulavam nos últimos dias.
"O povo da Guiné-Bissau pode
dormir tranquilo, sem ameaças de golpes, sem ameaças de nada", disse o
general Na Ntan em Bissau, durante declarações aos jornalistas no
final de uma reunião com as chefias das Forças Armadas.
Fora do "jogo político"
O dirigente militar afirmou ter
transmitido aos presentes na reunião, que decorreu no Quartel General, com a
presença de cerca de três centenas de oficiais, que as Forças Armadas "não
estão interessadas que haja conflito" no país.
"Estamos em paz e assim vamos
continuar, em segurança, ajudando o povo, sempre, para que durma
tranquilo", observou Biaguê Na Ntan, que disse ainda não sentir
"nenhum perigo iminente" no país.
Expressando-se em crioulo, o
responsável militar afirmou ter sido assumido "de forma unânime" na
reunião que as Forças Armadas "não vão entrar em nenhum jogo
político".
"Não queremos qualquer
aproximação dos políticos. Que fiquem longe de nós", sublinhou Na Ntan.
O Partido Africano para a
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) venceu as eleições legislativas de
10 de março sem maioria - conseguindo eleger 47 deputados - mas fez um acordo
de incidência parlamentar com a União para a Mudança, Partido da Nova Democracia
e a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau. Juntos,
representam 54 dos 102 deputados do parlamento guineense.
Contudo, quase três meses depois
das eleições legislativas, o Presidente guineense, José Mário Vaz, ainda não
designou o primeiro-ministro, o que permitirá a formação do Governo,
alegando desacordo para a eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular (ANP).
Líder do PAIGC faz ultimato
Esta quinta-feira,
o presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira (também antigo primeiro-ministro
guineense, demitido em 2015 pelo Presidente) disse haver
uma "correspondência interna onde a CEDEAO [Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental] reconhece que em relação à mesa da Assembleia
Nacional Popular não houve violação de nenhum dispositivo legal".
O líder do PAIGC avisou ainda,
numa entrevista à agência de notícias Lusa, que o Presidente guineense perde a
legitimidade do cargo se, até 23 de junho, não nomear o Governo e
marcar eleições presidenciais.
"Chegado a 23 de junho
[data final do mandato presidencial] sem que o Presidente da República por
vontade própria, não é por ter estado impedido de o fazer, não tiver nomeado o
primeiro-ministro, não tiver eventualmente fixado as eleições presidenciais e
não tiver permitido o desbloqueamento e funcionamento das instituições
políticas, a leitura política que faço é que o Presidente da República perde
qualquer capacidade de continuar a ser Presidente da República e primeiro magistrado",
disse Domingos Simões Pereira, salientando que a legitimidade passa a ser da
Assembleia Nacional Popular, a cuja mesa o PAIGC preside.
"O Presidente da República
já está a violentar este país, já está a abusar deste país, já está a obrigar
ao conflito entre guineenses, não é quem o chama à razão que está a provocar a
violência, nós estamos a tentar evitar a violência, quem está a querer provocar
a violência e o uso de outros mecanismos é o senhor Presidente da República.
Ainda tem semanas para evitar isso e é esse apelo que eu lhe faço que evite
colocar a Nação guineense, os cidadãos guineenses, numa situação que ninguém
pretende", afirmou, na entrevista à Lusa, Domingos Simões Pereira.
Agência Lusa, tm | Deutsche Welle
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