A eleição de Istambul vai ser
repetida após derrota do partido do presidente Erdogan. Não importa o resultado
da nova votação: democracia turca já estará perdida.
Erkan Arikan* | opinião
Derrotas estão fora de questão
para o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Especialmente quando se trata de
Istambul. Após o fim das eleições municipais na Turquia, em 31 de março, ficou
claro que elas iriam ter prosseguimento na metrópole do Bósforo.
Mesmo que Ekrem Imamoglu,
vencedor da eleição do partido CHP, já tenha recebido seu diploma de prefeito
da cidade de 15 milhões de habitantes, o AKP e Erdogan fizeram de tudo para não
perder Istambul.
A princípio, apenas nos distritos
com resultado final apertado devia haver recontagem, então se falou que houve
discrepâncias com as cédulas eleitorais. Mas agora se diz que os mesários nas
urnas não eram funcionários públicos. Estranhamente, a maioria deles era
formada por membros do AKP.
Mesmo que tenha havido mais do
que apenas incoerências em eleições anteriores, o Conselho Superior Eleitoral
sempre rejeitou todas as queixas da oposição. Mas agora o procedimento é
diferente.
Uma coisa é fato – a decisão do
Conselho é o golpe final contra a democracia na Turquia.
Mas então surgem perguntas: por
que o Conselho Superior Eleitoral aceitou a queixa do AKP? Por que a decisão
foi suspensa três vezes? Como os mercados financeiros estão reagindo à
repetição das eleições em Istambul? Não há respostas.
Existe apenas especulação. O
principal órgão eleitoral não resistiu à pressão de Erdogan. A propósito, a
decisão do conselho é final. Ela não pode mais ser contestada.
A escolha da data para anunciar a
decisão foi taticamente sábia. No primeiro dia do Ramadã, nesta terça-feira
(07/05), não há multidões nas ruas protestando. E divulgar a notícia após o
fechamento da Bolsa de Valores mostra que se espera que uma reação passe
despercebida dos mercados.
Mas longe disso. Especialistas
econômicos já especulavam nos últimos dias que a lira turca perderia bastante
valor em relação ao euro e ao dólar caso as eleições tivessem que ser
repetidas.
Uma coisa é certa: não importa o
resultado do pleito em 23 de junho – a democracia na Turquia já está perdida.
*Erkan Arikan é editor-chefe do
site em turco da DW.
Deutsche Welle
Na imagem: "Obrigado,
Istambul", diz cartaz eleitoral após reeleição de presidente turco Erdogan
neste ano
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