Empresários desmentem Nyusi,
perspectivas caíram “para o nível mais baixo em quase dois anos e meio” em
Moçambique
Os indicadores macroeconómicos
que o Presidente Filipe Nyusi afirmou demonstrarem fortes sinais de “retoma da
economia” não passam de retórica política. Os empresários em Moçambique sentem
que as perspectivas para o futuro caíram “abruptamente para o nível mais baixo
em quase dois anos e meio”, revela o mais recente índice Purchasing
Managers’ Index (PMI) do Standard Bank.
Discursando no encerramento do
Comité Central do seu partido o Presidente Filipe Nyusi declarou que:
“Reconhecemos contudo que o desempenho dos indicadores macroeconómicos
situam-se fora dos parâmetros inicialmente previstos no Programa Quinquenal do
Governo, mas demonstram fortes sinais de resiliência e retoma da economia. Os
resultados sobre o desempenho do Governo da Frelimo motivam-nos o facto de
constatarmos o aumento da produção agrícola, o controlo da inflação, criação de
postos de emprego (...) observa-se a estabilização dos indicadores
macroeconómicos, condição indispensável para a atracção dos investimentos”.
Porém para o economista-chefe do
Standard Bank: “Os dados disponibilizados recentemente pelo Instituto Nacional
de Estatística demonstram que a economia cresceu 3,3 por cento face ao ano
anterior durante 2018, tendo sido a taxa de crescimento mais baixa desde 2001” .
Na óptica de Fáusio Mussá o Banco
de Moçambique (BM) “evidenciou alguma preocupação relativamente às possíveis
pressões de liquidez cambial, limitações fiscais e implicações a nível da
inflação. A flexibilização da política monetária estagnou, tendo a taxa de
política principal ficado inalterada com 14,25 por cento desde Dezembro de
2018, e com um aumento inesperado do rácio de reservas mínimas de divisas para
36 por cento. A inflação nacional encerrou o mês de Março com 3,4 por cento, um
valor ligeiramente mais elevado que os 3,1 por cento que haviam sido registados
para o mesmo período em 2018. Continuamos a observar a evolução do aumento da
inflação média de 12 meses, apesar de continuar dentro das previsões de 6 por
cento a 7 por cento” do BM.
“O par USD/MZN continua a
aumentar, reflectindo uma combinação de fatores que continuam a pressionar a
liquidez cambial no mercado. Desde o final de setembro do ano passado, o par
aumentou em 6,5% para 64,6, o nível mais elevado em 24 meses. O par vai
continuar a aumentar antes de inverter a tendência no segundo semestre,
provavelmente devido às decisões finais quanto ao investimento no gás natural
previsto para este ano”, indica ainda o economista-chefe do Standard Bank no
índice económico PMI tornado público nesta terça-feira (07).
O @Verdade revelou recentemente que o Governo vai em breve rever em baixa
as projecções de crescimento real do Produto Interno Bruto em 2019 de
4,7 por cento para apenas 1,8
a 2,8 por cento. A taxa de inflação média anual que foi
estimada em 6,5 por cento será revista para 8,5 por cento até ao final do ano.
“Sentimento empresarial em
relação ao futuro decaiu abruptamente em Abril”
O Purchasing Managers’ Index de
Abril revela que: “As condições para as empresas do sector privado na economia
de Moçambique foram fracas em Abril, com a produção, novas encomendas e o
emprego a crescerem a taxas mais lentas. Os preços dos meios de produção
aumentaram a um ritmo relativamente moderado, enquanto que o sentimento das
empresas relativamente ao futuro caiu abruptamente para o nível mais baixo em quase
dois anos e meio”.
“O indicador PMI caiu de 50,4 em
Março para 49,9 em Abril, assinalando uma deterioração muito ligeira nas
condições para as empresas no início do segundo trimestre. Foi a primeira vez
em dez meses que o PMI deslizou para baixo da marca inalterada dos 50,0” , refere o documento que
é produzido través de inquérito mensal aos gestores de compras de um conjunto
de cerca de 400 empresas a operarem em Moçambique.
No Purchasing Managers’
Index de Abril “As firmas moçambicanas consideraram que as condições de
funcionamento foram prejudicadas por um crescimento da produção mais fraco
durante o mês de abril. A taxa de expansão abrandou para o valor menos
acentuado desde Agosto de 2018. Evidências pontuais refletiram uma redução
menos acentuada das pressões da procura por todo o sector privado, tendo
algumas companhias referido a falta de stocks e problemas de financiamento que
conduziram a uma menor produção”, pode-se ler.
“De acordo com os relatórios do
painel, a procura foi parcialmente afectada pela réplica do Ciclone Idai. Não
obstante, as novas encomendas parecem ter ultrapassado a actividade, dado as
empresas terem declarado um ligeiro aumento de encomendas em atraso pela
primeira vez até à data, em 2019” ,
indica o PMI.
“Com o crescimento da procura a
deslizar e a economia a sofrer o impacto do Ciclone Idai, o sentimento
empresarial em relação ao futuro decaiu abruptamente em Abril. As expectativas
permaneceram globalmente positivas, mas encontravam-se no seu nível mais baixo
desde Novembro de 2016” ,
concluiu o barómetro empresarial do Standard Bank.
Adérito
Caldeira | @Verdade
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