Em Moçambique, o recenseamento
eleitoral chegou ao fim esta quinta-feira (30.05) com mais de um milhão de
pessoas por recensear. Na província de Inhambane, por exemplo, não se atingiu a
meta estabelecida.
Em Moçambique, o recenseamento
eleitoral chegou ao fim esta quinta-feira (30.5)
com mais de um milhão de pessoas por recensear, segundo noticiou
a imprensa local. No sul do país, na província de Inhambane, por exemplo,
não se conseguiu atingir a meta estabelecida, depois de um processo marcado
por denúncias de irregularidades.
A lista de problemas
é grande, de acordo com o maior partido da oposição, a Resistência
Nacional Moçambicana (RENAMO). Alguns exemplos são avarias nas impressoras dos
cartões de eleitores, problemas com os computadores portáteis ou a falta de
inversores para os painéis solares.
Ainda segundo o partido da
oposição, houve vários locais onde o recenseamento começou mais tarde do que
o previsto. E, noutros sítios, os postos terão encerrado antes do
recenseamento terminar.
O cenário descrito terá
contribuído para que muitas pessoas não conseguissem obter o cartão de eleitor
para as eleições gerais agendadas para 15 de outubro.
"As pessoas vão ficar em
casa"
O presidente da
RENAMO, Ossufo Momade, disse esta semana que as alegadas irregularidades
põem em causa o "direito legítimo e constitucional que assiste aos
moçambicanos de serem eleitos e elegerem os seus representantes".
E, de acordo com Gany Mussagy,
deputada deste partido da oposição, os problemas não ficaram por
aqui: "Há funcionários que foram obrigados a recensear-se duas vezes.
Tiraram os nossos fiscais nos postos de recenseamento". Para a deputada,
"trata-se de um processo manchado, de preparação de fraude
eleitoral".
Assim, é natural que as pessoas
percam a vontade de votar, acrescenta. "Como nunca tiveram uma democracia
séria, cansaram-se", afirma. "As pessoas vão ficar em casa".
O porta-voz do Movimento
Democrático de Moçambique (MDM) em Inhambane, José Sinequinha, concorda com as
afirmações de Mussagy. "As pessoas dizem que recensear para votar não muda
nada. Isso porque, por mais que votem na oposição, o partido no poder é
sempre o ganhador. Dá impressão que a questão das máquinas e a falta de
impressoras para imprimir os cartões é uma coisa deliberada", explica.
STAE responde
Em resposta, o Secretariado
Técnico da Administração Eleitoral (STAE) diz que conseguiu resolver os
problemas técnicos na fase final do recenseamento, embora ainda
houvesse queixas nos últimos dias. Mas o STAE rejeita comentar
as denúncias de alegada fraude, referindo apenas que essa é "uma
questão para os partidos".
Por sua vez, o partido no
poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), diz ser prematuro falar
sobre o processo, pois ainda se está a recolher dados nas bases, e só mais
tarde se deverá pronunciar.
Em todo o país, mais de um milhão
de eleitores não conseguiu obter o cartão de eleitor este ano,
segundo a imprensa moçambicana. O objetivo do STAE era registar sete
milhões. Até domingo (26.05), tinham sido apenas registados 73% do
total de eleitores previstos, de acordo com as informações oficiais. Os
eleitores registados neste recenseamento juntam-se aos cerca de seis
milhões de eleitores inscritos para as autárquicas de 2018.
A província de Inhambane, por
exemplo, ficou bastante abaixo da meta pré-definida. Mas, segundo José Nguila,
porta-voz do STAE na província, isso está relacionado com o registo de
2018.
"Foram registados no total
302.449 eleitores contra a meta de 478.023. Em termos percentuais, estamos na
fasquia dos 63,2% de eleitores. Este baixo resultado deve-se ao maior
registo dos eleitores que ocorreu no processo da inscrição para as
autarquias", afirmou Nguila aos jornalistas.
Luciano da Conceição (Inhambane),
Agência Lusa | Deutsche Welle
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